Ja coloquei no face. Vou jogar aqui também:
Não sou muito bom escrevendo textos. Não sou jornalista, cronista ou pseudo-escritor de blogs de Internet. Só sou um torcedor apaixonado por um ídolo eterno, que realmente está triste com a já esperada, e agora anunciada aposentadoria de um homem que sempre foi muito mais que um jogador. Foi um símbolo.
A primeira vez que ouvi falar de Marcos foi em 1999. Não sabia naquela época, em que o caipirão Marcos já estava no Palmeiras há anos, sempre como terceiro goleiro. Mas com 10 anos de idade, já sabia o que era Libertadores, e sabia muito bem o que era Palmeiras X Corinthians. (Aliás, saber o que é o Derby é uma das primeiras coisas que aprendemos. Corinthians é nosso rival. Foda-se Santos e São Paulo. Corinthians é o cocô, é o ruim, é o “mal”. E Palmeiras é o campeão. Isso me lembro de ter aprendido com meu pai com menos de 4 anos. E isso já ensinei ao meu filho, que com menos de 4 anos já diz “puta que palil, libetadoles o curintia nunca viu”. )
Estávamos na Libertadores, e era contra o Corinthians que jogaríamos, se não me falha a memória. E Velloso, super goleiro, ídolo Palmeirense de uma geração multi-campeã, se lesionou. Felipão escala o tal do Marcos. Camisa 12. Cara de bobão. Alegria alvinegra? Nem tanto. Após dois jogos válidos pelas Quartas de Final contra o Corinthians, o “tal” do Marcos já era chamado simplesmente de São Marcos. Um santo que salvou a defesa alviverde do “Mal”, e que nos levou as semi contra o argentino River. E depois, ao título inédito da tão sonhada Libertadores. Pronto. Em 2, 3 meses, Marcos foi de reserva caipira a ídolo, e ao lado do Maestro Alex, o grande nome do nosso maior título.
No ano seguinte, o lance mais famoso de sua carreira, e o mais importante da história de Palmeiras e Corinthians. Era novamente Libertadores. Desta vez, uma semifinal, que seria mais uma vez decidida por cobranças de pênaltis. Palmeiras tinha acertado os 5 chutes, e o Corinthians, os quatro. Mas faltava um a cobrança.
Marcelinho X Marcos, numa cobrança de Penalti. Impossível lembrar de uma alegria maior para nós, e de uma tristeza equivalente dos Corinthianos. Pois Marcelinho correu, bateu...e SÃO MARCOOOOS silenciou um bando de louco, e enlouqueceu uma nação alviverde. Lance que me arrepia até hoje.
Em 2002, ele passa de ídolo Palmeirense a ídolo nacional. Nem todos queriam Marcos como titular da seleção de Felipão. Queriam Dida, ou até o Ceni. Scolari confiava no Santo, e o colocou como titular. Terminou a copa com uma atuação impecável contra a Alemanha, e excelentes partidas ao longo do mundial. Comemora o penta feito a criança que sempre foi.
No mesmo ano, o Palmeiras é rebaixado, e surge a chance dele jogar no Arsenal, no lugar do veterano Seaman, ídolo inglês. Em vez de jogar em um dos maiores clubes do mundo, ao lado de Bergkamp e Henry, resolve jogar a segunda divisão pelo Palmeiras.
De lá para cá, apenas um título, um estadual em 2008. Ele não simboliza uma geração vitoriosa. Velloso tem essa glória, de representar a Parmalat. Marcos significa, para mim e para muitos, o salvador de uma década perdida. Mesmo com péssimos esquadrões, eu sempre disse: Mas nós temos Marcos. E os rivais sempre o respeitaram. Pois só o Palmeiras teve Marcos. Tomamos de 6? Mas temos Marcos. Fomos eliminados, mas temos Marcos. Passamos um ano em branco? Mas temos São Marcos. Um consolo, um símbolo da grandeza do Palmeiras que nunca acabará. Por isso talvez eu esteja tão triste. Como será 2012 SEM Marcos. E 2013? Que temos bons goleiros, sim, sempre teremos. Deola fará um bom papel como substituto dentro de campo. Mas quem será nosso refúgio, nosso ídolo maior? Vai ser estranho ir ao estádio sabendo que o Camisa 12 não estará lá, nunca mais.
E que a diretoria faça algo que preste, aposente a camisa 12, crie um busto do Santo na Nova Arena, e que trate Marcos como ele merece, como um dos maiores jogadores da História do Palestra. Ensinarei ao meu filho sobre ele. Uma pena saber que dificilmente o moleque terá um ídolo como o que eu tive. Ídolo igual o Marcos é espécie em extinção. Talvez tenha sido o último grande jogador, querido por todas as torcidas, e amado incondicionalmente por nós Palestrinos.
Só digo a ele: Muito obrigado. 530 vezes obrigado, por ser o que sempre foi. Palmeirense como eu.
E assistam a preleção dele na final do Paulista de 2008. Sempre me emociona. “Ah, é só um paulista”. Não, é São Marcos, calem a boca e ouçam:
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Tô emo. Eu sei. Pode ser exagero. Não fiquei assim quando Alex se foi, Edmundo ou qualquer outro. Mas é que Marcos é muito único pra mim.