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[L] [Anglachel] [Estrela Negra]

Anglachel

Usuário
[Anglachel] [Estrela Negra]

Bom, finalmente eu tomei coragem e vou postar alguma coisa aqui. Trata-se de uma estorinha bem despretensiosa, não pretendo causar comoção ou nada parecido, sou apenas um pobre ser que cismou de escrever umas linhas tortas de uma estorinha de fantasia. Não sei que tamanho vai ter mas pelo jeito vai ficar bem longo, vou postar o comecinho agora. espero que gostem ao menos um pouquinho.
 
PRÓLOGO



Numa desolada e fria trilha das montanhas negras, vários pares de atentos olhos vermelhos observam escondidos uma estranha dupla, que sobe rumo à vila de Altaneve. Um deles, aparentando ter por volta de quarenta anos, segue à frente, seu passo decidido denota ser ele um conhecedor da região. Sua capa de viajem cinzenta se mescla com facilidade na paisagem árida, e apesar da grande mochila as costas não aparenta nenhum cansaço, além disso, os olhos que observam percebem por baixo da capa uma armadura de couro e uma espada na bainha. A intervalos regulares ele se detém e espera seu companheiro que vem bufando muito atrás. Ao olhar para esse último, os donos dos olhos se perguntam se vale a pena se arriscar por uma presa tão desprezível, o vento forte das montanhas faz esvoaçar o grande manto branco do rapaz, que de tão magro parece que vai sair voando junto, ele não carrega quase nada e ainda assim sobe devagar e resmunga o tempo todo na língua desconhecida dos “sem-pelos”. Carne ruim e fraca com certeza, mas com o inverno chegando qualquer oportunidade de uma refeição deve ser aproveitada.
Sem saber de nenhum desse sinistros planos, o jovem Yoric luta para tentar controlar o seu manto, sua respiração e a profunda irritação que lhe consome devido à esdrúxula situação em que se encontra. Ele, um promissor noviço da Estrela Negra, a mais poderosa guilda de magos jamais sonhada, os senhores incontestáveis de todo o mundo, receber ordens de ir a uma vila insignificante, num fim-de-mundo qualquer, para investigar um ínfimo distúrbio na Maldição! Quem se importa se os camponeses de uma ou outra vila fedorenta estão nascendo mais ou menos deformados? Que se explodam todos! A única utilidade deles é pagar impostos não é mesmo? E pensar que ele podia neste exato momento estar exercitando suas magias de êxtase induzido em uma deliciosa cortesã, numa taverna bem quentinha e com bastante vinho em Vindgard. Para piorar um pouco as coisas, não conseguia se lembrar do único encantamento de calor que sabia. Tinha de ficar ali, tiritando de frio e ainda agüentando o sorrisinho idiota do guia malcheiroso e analfabeto que arranjaram para ele. Yoric parou um pouco para esfregar as finas, brancas e geladas canelas e resmungou em voz alta:
- Diabos! Não posso ficar congelando assim com esse manto voando como uma bandeira! – então recitou um encantamento que fez o seu manto ficar duro como madeira e continuou subindo tentando manter a imponência apesar de estar vestindo um caixote.
O guia podia ser analfabeto e malcheiroso, mas sorrisinhos irônicos com certeza não eram uma característica do sério Margu, entretanto ele teve de suprimir um ao ver o mago apressar o passo para alcança-lo, dentro daquele ridículo manto endurecido. Este breve momento de distração era tudo que as famintas criaturas a espreita desejavam. Antes que pudesse sacar sua espada, Margu tinham três pequenos seres, de longos pelos brancos e dentes afiados sobre si.
- Kobolds das neves! Fuja patrão! – disse ele enquanto cortava duas das criaturinhas com apenas um golpe de espada.
Os kobolds enxameavam em volta de Margu, seu número tornando inútil a tentativa de resistência do velho guia. Yoric observava a cena entre amedrontado e indignado. – “Como aquelas estúpidas criaturas se concentravam em um velho camponês e deixavam um mago como ele livre para agir? Mas essa ofensa seria a sentença de morte deles!” As palavras mágicas fluíram em seus lábios e jatos de fogo saíram de suas mãos estendidas atingindo os kobolds e ateando fogo a seus pelos.
- Um bruxo, um bruxo, peguem-no! – Berrou em sua língua cheia de uivos e latidos o líder dos atacantes. Cheios de medo e ódio os kobolds deixaram Margu, agora pouco mais de que um monte de carne sangrenta, e se voltaram para a ameaça flamejante, cinco deles pularam ao mesmo tempo, os dentes brancos reluzindo à luz clara e fria do sol de inverno, nenhum deles aterrissou com vida, fulminados pelos dardos místicos de Yoric. O jovem noviço estava agora confiante, rindo enquanto lançava pequenas bolas de fogo nos kobolds em fuga. Tão confiante que não percebeu a aproximação do líder deles pelas suas costas até ser tarde demais, o pequeno monstro se lançou em sua garganta mordendo com raiva, perfurando a traquéia de Yoric, ao mesmo tempo em que se agarrava ao mago com toda a força de seus diminutos braços. Yoric bem que tentou se livrar, mas sem poder pronunciar seus encantamentos, seu frágil corpo não era páreo para a fúria predadora de seu oponente. Rolaram no chão por alguns segundos até que o mago parou de lutar e o grito de triunfo do kobold foi o último som a quebrar o silêncio daquela manhã nas montanhas negras. _________________________________________________________________________

Muito longe dali, num aposento envolto em trevas tão completas que olhos humanos não poderiam penetrar, alguém observara todo o desenrolar do combate através de uma bola de cristal. – É uma pena que tenha de terminar assim. Providencie para que as famílias dos dois recebam uma quantia em dinheiro, mas que nunca saibam quem a mandou. – Disse uma voz grave e profunda, praticamente inumana em sua tonalidade.
– Sim mestre. Respondeu uma segunda voz que parecia ser uma versão mais humanizada e suave da primeira. Seguiu-se um ruído de passos pesados se afastando e de uma porta se abrindo e tornando a fechar.





CAP 1 - ALTANEVE


Era a última semana antes das grandes nevascas começarem, e a pequena população de Altaneve trabalhava com afinco nos preparativos para o longo inverno. Os homens estavam quase todos empoleirados em cima das casas, vedando com piche quente cada fenda dos telhados inclinados, enquanto as mulheres cuidavam do estoque de alimentos para o longo inverno. As poucas crianças tratavam de ajudar as mães a empilharem os potes de conservas na despensa coletiva, enfim todos ajudavam como podiam. O Mesmo ritual se repetia todo ano, no último domingo antes do inverno, há incontáveis gerações. A única diferença era o número bem menor de pessoas na vila, principalmente de crianças, os mais velhos dentre os presentes podiam se lembrar claramente dos anos em que a vila possuía mais de duzentas almas, e era exatamente nisso que o velho juiz William estava pensando neste exato momento enquanto olhava para as crianças da vila: “Apenas quinze delas brincavam na despensa, hoje quase nenhum casal conseguia ter filhos e os que conseguiam nunca chegavam a ter mais de um rebento. Estaria o povoado fadado a sumir lentamente? E porquê?” Esses pensamentos lúgubres foram afastados da mente do magistrado pelo alarido provocado pela chegada de Kirman, as crianças soltavam gritinhos excitados e as jovens moças suspiravam disfarçadamente. Era quase impossível não gostar de Kirman, seu semblante sempre sorridente e sua alegria ajudavam todos a enfrentar os tempos difíceis. Mas ele não estava sorrindo agora, pelo contrario, seus olhos estavam prestes a verter lagrimas enquanto ele tentava sem sucesso não demonstrar sua aflição. Afastando delicadamente as crianças explicando a elas que não podia brincar naquele momento, chegou bem próximo à cadeira de balanço aonde o velho magistrado descansava e falou em seu ouvido: - O baú do imposto foi roubado magistrado. Marcos está lá fora, ele disse que todos os outros foram mortos por kobolds das neves em uma emboscada e o ouro foi levado, o que devemos fazer magistrado?
William estava desconcertado, O imposto anual para a Estrela Negra! Quinhentas moedas de ouro, ajuntadas durante o ano com muito esforço pelos aldeões, roubadas por infames kobolds. Ele simplesmente não sabia o que fazer, talvez o velho lorde, pai de Kirman soubesse, mas William simplesmente não fora talhado para comandar, faltava-lhe a decisão e a capacidade de buscar soluções criativas para os problemas que um bom líder deveria ter, mas infelizmente a responsabilidade de comandar a vila era dele desde a morte do lorde há alguns anos atrás, quando Kirman era apenas um menino. – Vá para casa meu jovem, eu preciso de tempo para pensar numa solução para este caso. – disse William tentando aparentar ter a situação sob controle, mas sua mente girava desesperadamente sem imaginar nenhuma solução possível para a situação. Kirman assentiu silenciosamente e saiu tornando a se desculpar com as crianças por não poder brincar com elas agora. Ao sair disse ao esfarrapado Marcos que ele podia ir para casa descansar. Marcos mal esperou Kirman terminar de falar e já estava correndo em direção a sua casa com uma disposição que não mostrara o dia todo.
Coitado, pensou Kirman, deve estar desesperado com essa situação. Mas a culpa não é dele, vou fazer o possível para que nada aconteça com Marcos, já deve ter sido suficiente ver todos morrerem. O estomago de kirman vez ele voltar à realidade, desde o café da manha ele não comia nada. Foi em passos rápidos ate a pequena casa de madeira, pintada de verde onde vivia com a família do magistrado desde a morte de seu pai. Quando William vez a proposta, Kirman deu graças a deus por poder deixar o castelo, aquela imperfeita construção de pedras desalinhadas que fora o lar de sua família por gerações sem conta. A casa dos Maltis era bem menor, mas infinitamente mais aconchegante e cheia de vida, com os dois cachorros, a velha e bondosa senhora Maltis, que Deus a tenha, e claro, talvez a maior razão para Kirman gostar tanto da casa, Adna a filha do velho casal. Kirman poderia ouvi-la falar por horas a fio, coisa que ela efetivamente fazia com qualquer um que quisesse ouvir, o que na maioria das vezes significava Kirman e Alucard, o velho cão de caça banguela. Kirman tinha duvidas sobre qual dos dois entendia mais das preleções de Adna sobre magias, estratégias e política, mas Alucard não parecia querer disputar o posto com ele e invariavelmente dormia após uma hora ou duas, então ele era o incontestável ouvinte numero um de Adna, coisa pela qual a moça lhe era muito grata. Adna devia andar lá pelos 20 e poucos anos e apesar de ser relativamente bonita não tinha nenhum pretendente, todos os rapazes da vila diziam preferir casar com um arquimago da estrela negra de que com ela, nessas horas Kirman precisa se segurar para não sair em defesa de seu amor secreto, mais de uma vez sonhou com que fazia discursos inflamados em defesa de Lady Adna, como ele costumava chamá-la para si mesmo. Será que eles não percebiam que ela tinha uma personalidade forte e admirável, uma força incrível. Mas o único comentário favorável que os rapazes tinham a fazer a respeito de Adna era sobre seus grandes seios brancos. Isso aumentava ainda mais a raiva de Kirman, pois apesar de tudo Adna sempre foi namoradeira e já beijara quase todos os rapazes da vila, infelizmente ele não estava entre eles. Uma vez, quando encorajado pelo vinho, Kirman declarou suas intenções, Adna lhe afastou carinhosamente com um sorriso: “Kimmy, nós somos quase irmãos, alem do mais eu sou muito velha e feia pra você, por que você não fica com a Tane, ela e uma gracinha”.
Assim pensando, Kirman subiu os degraus que davam para a varanda da casa, Adna estava sentada no balanço lendo um daqueles velhos livros de leis e juizes que ela adorava, seus cabelos negros com reflexos avermelhados da luz do sol que se punha. Ela apenas levantou os olhos e resmungou alguma coisa quando Kirman a cumprimentou sem animo e entrou para ver o que havia para jantar, estava ele levantando a tampa da panela e espiando dentro dela quando Adna entrou na cozinha e disse:
-Por onde andou hoje Kimmy? Não te vi desde cedo. - Estava fazendo o que todo homem de altaneve deve fazer nesse dia, calafetando telhados.- respondeu ele.
- Você sabe muito bem que um nobre não deve fazer este tipo de serviço!
- E você sabe muito bem o que eu penso sobre essa baboseira de nobre! Eu não
Tenho dinheiro, não tenho castelo, nem criados, o que me faz um nobre? Alem do mais eu nem tenho vontade de ter todo isso eu sou muito feliz aqui com você, quer dizer, vocês.

Adna ignorou o escorregão do rapaz e enquanto ele corava emendou logo: - Calma Kimmy, não precisa ficar nervoso, eu só disse o que era certo pelas tradições da vila, você sabe que meu pai ia ficar muito chateado se soubesse que você fica por aí fazendo serviço de plebeu, afinal sua maioridade é daqui a dois meses e você deve estar preparado para assumir seu lugar como governante de Altaneve, e esse é o maior projeto da vida dele e era o da minha mãe também. Você não vai querer desponta-los vai?
- Claro que não, mas também não tenho a mínima intenção de viver naquele monte de pedras decadentes fingindo ser governante de alguma coisa. Tudo o que eu quero... -Kirman quase completou que tudo que ele queria era viver ao lado de Adna para sempre, ter filhinhos e ser feliz. Mas parou a frase no meio e deixou-a incompleta.
- Mas não foi isso que eu vim falar com você – continuou Adna – Vim te perguntar por que você entrou em casa tão cabisbaixo, afinal alguém que calafetou telhados o dia inteiro devia estar mais feliz não e mesmo?
- E verdade, aconteceu algo horrível, a caixa com o ouro dos magos foi roubada.
- Como, por quem, aonde? - interrompeu Adna nervosa.
– Por kobolds das neves, eles fizeram uma emboscada. Apenas Marcos voltou, os outros todos morreram, Otis já buscou os corpos, já informei seu pai e ele deve estar achando uma solução para o assunto agora.
Adna se levantou sem dizer nada, a expressão pensativa, mordendo os lábios. – O que foi? – perguntou Kirman depois de alguns instantes – Alguma coisa não está batendo, desde quando kobolds atacam homens armados abertamente, e como eles poderiam saber que havia ouro na carroça? – tornou a moça, mais falando consigo mesma do que respondendo.
Kirman parou para pensar e viu que tinha sentido o que ela falava, mais uma vez Kirman se impressionou com a rapidez e clareza de raciocínio da moça.
Neste momento a porta se abriu e ouviu-se a voz de William mandando acender os lampiões grandes, pois ele não era nenhum morcego para enxergar no escuro. Adna correu para cumprir a ordem de seu velho pai e para recebe-lo com um beijo. Enquanto o ajudava a tirar o casaco perguntou como quem não quer nada: - Então pai, já decidiu o que fazer para recuperar o dinheiro do imposto? O velho olhou feio na direção de Kirman e disparou – Vejo que temos aqui um jovem lorde que não consegue ficar calado, não e mesmo? - Kirman apenas abaixou a cabeça envergonhado. Vendo o embaraço do rapaz, William emendou rapidamente - Não fique assim tão triste Kirman, o assunto não é mais segredo, convoquei uma reunião do conselho para discutir o assunto agora à noite.
- O conselho não, pai! Aqueles velhos vão debater e debater por dias a fio e não vão chegar a decisão nenhuma, e se chegarem os kobolds já vão estar longe, temos de fazer alguma coisa logo, organizar um grupo e caçar os monstrinhos, alem do mais...
- Chega Adna! – interrompeu bruscamente William – Você não entende nada desses assuntos, mas para você se calar eu vou lhe explicar. Ninguém caça kobolds nas montanhas negras, meu bem, eles conhecem este terreno como ninguém, se eles quiserem se esconder, ninguém vai acha-los. Agora vá preparar alguma coisa para os “velhos” como seu pai comerem sim?
Adna saiu bufando, Kirman fez menção de segui-la, mas William o deteve: - Kirman, você fica, quero que participe da reunião hoje, você precisa ir se acostumando com os assuntos de estado. - disse ele com a maior dignidade que conseguiu reunir para falar do governo de uma vila moribunda.
Mais tarde enquanto os velhos chegavam e comiam, Adna observava as ruas vazias da cidade da janela de seu quarto, a pequena casa verde dos Maltis era uma das únicas com um andar além do térreo o que proporcionava a moça uma visão privilegiada, e ela sempre ia até a janela quando estava muito triste ou pensativa. Ela costumava dizer que o vento trazia suas melhores idéias. Naquele momento entretanto, Adna não conseguia pensar em outra coisa a não ser a tolice daquela reunião no andar de baixo. Será que eles não percebiam que enquanto eles tomavam sopa e discutiam os ladrões se afastavam cada vez mais? Será que eles... – o pensamento de Adna foi interrompido quando seus olhos perceberam um movimento furtivo em uma das casas – alguém com um grande saco às costas estava saindo da casa da família Quarvil, e desde a morte da velha Hilda Quarvil há cinco meses, seu filho Marcos era o único morador da casa. Adna tomou a única decisão correta que poderia tomar, desceu pela janela e pôs-se a seguir o vulto encapuzado o mais silenciosamente que podia.
O vulto, que na opinião de Adna só podia ser Marcos, seguiu sorrateiramente até o estábulo da vila, onde se apropriou do mais rápido cavalo, um garanhão branco chamado Corisco, e começou a sela-lo. O fato de Corisco não estranha-lo confirmou que não se tratava de um forasteiro, e Adna achou que deveria fazer algo, pois parecia claro que Marcos estava fugindo. Então ela se postou bem no meio da trilha que dava saída para a vila e esperou o cavaleiro misterioso se aproximar. O homem encapuzado terminou de selar sua montaria e começou a conduzi-la vagarosamente pela rédea até a saída da vila. Neste momento Adna pulou das sombras onde estava escondida bem no meio da trilha, exatamente à frente de seu suspeito.
- Alto lá Marcos! Onde você pensa que vai a essa hora da noite? Encontrar os outros ladrões? – disse Adna no melhor e mais claro tom heróico que conseguiu encontrar, achando que nenhum dos heróis dos romances de aventura que ela adorava teria feito melhor.
Justiça seja feita, o vilão encapuzado até se assustou, mas quando viu que era apenas uma moça e sozinha, suspirou e sorriu: - O que foi Adna, que estória de ladrão é essa? – disse Marcos descobrindo o rosto e chegando mais para perto de Adna.
- Não adianta se fazer de desentendido, afinal por qual outro motivo você estaria deixando a vila na calada da noite se não fosse você que roubou o ouro? – disse Adna pondo as mãos na cintura e empinando o queixo.
- Realmente você é muito esperta Adnazinha, mas isso não vai adiantar de nada pra você agora. - disse Marcos sacando a espada até então oculta por debaixo do manto e segurando firme o braço de Adna com a outra mão. – Se você tentar gritar ou correr eu te mato na hora, portanto seja boazinha e venha comigo, você pode ser minha putinha e se você me servir bem eu ate deixo a sua lingüinha de víbora inteira, que tal hein?
Adna percebeu então que seu plano de heroísmo não contava com um vilão armado e hostil, e ela era suficientemente esperta para perceber que a mocinha que grita quando o vilão a manda calar-se sempre morre, a não ser que haja um herói por perto, o que não parecia ser o caso. A melhor coisa a fazer seria fingir submeter-se e aproveitar a primeira oportunidade para mata-lo e recuperar o dinheiro. Adna então engoliu o orgulho e o nojo que sentiu a subiu no cavalo sem mais palavras.
- Resolveu ser esperta não é mesmo? Pode ficar tranqüila que a gente vai se divertir bastante já a partir dessa noite. – disse Marcos dando um tapa nas nádegas generosas da moça enquanto ela montava. Quando ele se preparava para montar atrás dela, ouviu-se uma voz vinda detrás deles:
- Se quiser ir embora pode ir, não vou fazer nada com você, mas vai ter de deixar a moca aqui!
Ambos se voltaram para ver quem tinha dito essas palavras e se surpreenderam ao ver Faldron, um jovem pouco mais velho que Adna, muito tímido. Faldron e seu pai chegaram a Altaneve quando Faldron era um bebê, mas não tiveram, uma boa recepção. Faldron cresceu em meio a insultos e isolamento, tornando-se por sua vez esquivo e esquisito, ninguém nunca queria estar perto dele e muito menos brincar com ele. Ele era visto apenas como um alvo para piadas e brincadeiras de mau gosto, as quais ele nunca reagia apesar de ser mais alto e forte que a maioria dos garotos da vila. Alguns chegavam a dizer que ele era retardado. Marcos tornou a rir:
- E o que o nosso herói vai fazer se eu não concordar? – disse ele tornando a sacar a espada e andando na direção de Faldron ameaçadoramente, arrastando Adna pelo braço.
- Fuja Faldron! Não precisa se preocupar comigo eu ficarei bem.- disse a moça tentando desesperadamente aparentar calma.
- Ouça o que ela diz, seu retardado, ela vai estar muito bem comigo, agora saia daqui antes que eu perca a paciência! – rosnou Marcos por entre os dentes.
- Eu n-não quero te te machucar Marcos, la- largue ela e vai ficar tudo bem. – gaguejou Faldron.
Eu te avisei moleque! – gritou Marcos pulando na direção de Faldron brandindo a espada na direção da cabeça do rapaz.
O golpe nunca encontrou o alvo, rápida e decididamente Faldron pronunciou algumas palavras e estendeu as mãos na direção de Marcos, das mãos do rapaz saiu uma grande labareda, atingindo em cheio o rosto de seu atacante, que soltou um berro horrível e caiu no chão se contorcendo.
- Eu avi-visei. Disse Faldron pegando do chão a espada de Marcos e pondo a ponta encostada na garganta do seu inimigo batido, sob o olhar abismado de Adna.
- Você é da estrela negra? – conseguiu perguntar ela após alguns instantes.
Não, claro que não. – respondeu Faldron sorrindo. – aprendi magia com meu pai, que também era um mago, que aprendeu com meu avô, e assim por diante. Sobe, nem todos os magos são ruins, você mais do que ninguém deveria saber disso. – completou com um toque de tristeza na voz ao perceber que a moça mantinha uma distância considerável dele.
- Desculpa, é que eu nunca pensei que pudesse haver um mago aqui na aldeia. A estrela negra não caça os que praticam magia sem a autorização dela?
- Sim caça, e é por isso que eu tenho de ir embora o mais breve possível, meu pai sempre me falou para não utilizar a magia na frente de outra pessoa, exceto em caso de vida ou morte, e se fizesse isso deveria ir embora na mesma hora. Não foi bem uma situação de vida ou morte, mas eu não consegui resistir a idéia de esse sujo fazer alguma coisa com você. - Faldron abaixou os olhos ruborizado - Acho que ele desmaiou. – disse apontando para Marcos no chão – Tenho de ir Adna, se você puder entreter o conselho até eu sair da vila eu agradeço. Afinal ser mago é contra as tradições aqui também. – completou ele com um sorriso resignado.
- Espere! – disse Adna segurando Faldron pela manga esfarrapada de sua túnica. – Nós podemos inventar uma outra historia.
- Como? Assim que ele acordar vai me denunciar, e nós precisamos dele vivo para dizer onde está o ouro, alem do mais, mesmo se ele morrer, com nós explicaríamos essas queimaduras, uma tocha não faz isso. – Faldron pegou as mãos dela com carinho, parecendo tão maduro e seguro que ela não opôs nenhuma resistência. – tenho de ir realmente, mas vai ser melhor assim. – disse ele beijando as mãos de Adna com um sorriso nos lábios.
Além do mais, só a satisfação de salva-la já valeu qualquer complicação que eu possa ter. Adeus! – disse ele, e saiu correndo em direção à sua pequena casa, ao mesmo tempo em que o som de vozes preocupadas se aproximava.
Seu pai, Kirman e os outros chegaram alguns segundos depois e a encontraram exatamente na mesma posição em que Faldron a deixara, com o olhar fixo na ruela em que ele desaparecera. Todos se agitaram querendo saber o que acontecera e se ela estava bem, mas ela só pensava em Faldron e como ele faria para sobreviver fora da vila, ser um mago só piorava as coisas. Em volta dela os anciões começavam a fazer suposições, um deles disse que ela devia estar enfeitiçada. Essa palavra a fez lembrar da promessa de dar tempo para Faldron fugir e distrair os anciões.
- Sim foi um feiticeiro, um poderoso mago elfo renegado que me salvou. Da janela do meu quarto eu vi Marcos saindo de casa e resolvi segui-lo, quando percebi que ele ia fugir, eu o barrei aqui, mas ele estava armado e ia me fazer mal quando o lindo elfo chegou, decidido e imponente mandou o vilão me largar. Mas ele não me largou, e então o elfo queimou seu rosto para ele se lembrar eternamente de como não se deve se tratar uma donzela. E então ele se foi, num grande cavalo branco, garantindo que voltará sempre que nossa vila precisar de ajuda, e que olhará por nós sempre, lá do seu palácio nas nuvens. – falou Adna com um sorriso apaixonado no rosto.
- Essa estória está muito esquisita, para onde foi esse elfo? Ele deve saber que é proibido para qualquer um usar magia aqui em Altaneve, temos de prende-lo. – disse Kirman com a cara amarrada.
- Deixe de ser idiota Kimmy, é desse jeito que você quer agradecer por ele ter pego o ladrão e me salvado? Alem do mais você nunca seria páreo para ele.
- Calma, calma. Vamos todos voltar para casa e decidir as coisas lá, calmamente. Kirman, você cuida de amarrar o Marcos e arrasta-lo até em casa, certo? – disse William tentando pôr ordem nas coisas.
Kirman obedeceu com um resmungo, apesar de Adna estar bem ele não estava gostando nem um pouco dessa estória.
Chegando na casa, os velhos tornaram a se acomodar em suas cadeiras, a sopa foi requentada e servida as pedido de um deles e o fogo foi aceso novamente. Enfim tudo continuou como antes, exceto pelo bandido descordado e fedendo a carne queimada estirado no chão. Um dos anciões, que era também o curandeiro da vila cuidou de limpar a queimadura no rosto de Marcos, anestesia-lo, e por fim acorda-lo para responder as perguntas. Marcos contou a sua versão da historia, na qual o elfo é substituído por Faldron, o fato é que ambas as versões pareciam absurdas para os anciões, ou um grande guerreiro élfico resolvera apadrinhar a vila ou o retardado da cidade virara um mago poderoso da noite pro dia. Apenas William percebeu ser a segunda versão a verdadeira, pois ele sabia que o pai de Faldron era um mago que viera se esconder na cidade fugindo da estrela negra, ele só não sabia que ele tinha ensinado magia ao filho. William compartilhava a crença de todos acerca do rapaz ser meio retardado, agora ele percebia que isso devia ser uma fachada, uma defesa para esconder a sua real natureza. Que menino notável! Tinha de ir falar com ele assim que resolvesse esse assunto!
Mais algumas perguntas foram feitas, Marcos revelou que fizera um pacto com o líder dos kobolds, eles roubavam o dinheiro, ficavam com a carne dos guardas e alem disso, ele lhes levaria mais comida para o inverno. Marcos tinha enchido um grande saco com comida roubada no inicio da noite na despensa e iria troca-la pelo dinheiro esta noite, em uma caverna. Todos ficaram indignados com a atitude absolutamente hedionda do rapaz, alem de causar a morte de quatro jovens, roubara uma quantidade preciosa de alimento e o pior de tudo, iria expor a vila a terrível vingança da estrela negra. Alguns quiseram lincha-lo na hora, mas ficou decidido que ele já tivera castigo quase suficiente na destruição do seu rosto, ficou estabelecido que ele seria banido da vila, dariam a ele comida suficiente para chegar ate a cidade de Lis, aos pés das montanhas, de onde deveria seguir seu caminho, nunca mais voltando a por os pés em Altaneve. Ficou decidido também que no dia seguinte bem cedo seria mandado um grupo dos melhores guerreiros de Altaneve, liderados pelo jovem lorde Kirman, até a caverna indicada por Marcos, para recuperarem o ouro a qualquer custo, uma vez que não seria possível para a vila tornar a arrecadar a quantia na semana que faltava para entregarem o imposto em Lis. Tudo isso decidido, votado e aprovado, Marcos foi acorrentado no porão da casa de William e todos os outros se retiram com a sensação do dever cumprido. Entretanto no andar de cima, Adna que presenciara toda a reunião por uma fresta no assoalho de seu quarto, tinha planos bem diferentes, e já os estava pondo em prática.
 
Me parece que ninguém está nem um pouco interessado nessa porcaria que eu estou escrevendo, mas já que eu comecei , vou me torturar um pouco mais. Aqui vão mais algumas palavras embaralhadas, se alguém estiver lendo por favor me deixe saber, de repente eu até paro e deixo vocês livres disso para sempre.




Cap. 2 – O Plano

Assim que o último ancião saiu, Adna já estava com tudo preparado, bastou seu pai e Kirman entrarem nos seus quartos que ela desceu as escadas o mais silenciosamente que pode e saiu de casa com uma pequena mochila às costas: - Eles iriam ver se ela entendia ou não desses assuntos. – Ela foi até o estábulo, onde após uma pequena luta com Corisco, que se ressentia de ser acordado duas vezes na mesma noite, seguiu silenciosamente para fora da vila. Após descer a trilha por dez minutos puxando o cavalo, achou que já estava longe o suficiente, montou e seguiu montanha abaixo no galope, torcendo que seu conhecimento da trilha e a parca luz da lua fossem suficientes para ela não cair em um abismo.
Faldron já estava se preparando para dormir quando ouviu o cavalo se aproximando. Encolheu-se bem na fenda de rocha que seria sua cama pelo resto da noite e preparou-se para soltar um encantamento caso fosse necessário. O cavalo apareceu numa curva e chegou próximo o suficiente para que ele percebesse tratar-se de Corisco, ele não sabia como Marcos conseguira se recuperar e fugir, mas tinha certeza que dessa vez ele não iria escapar com vida. O que salvou Adna de uma morte certa nas chamas mágicas foram seu longos cabelos que saiam esvoaçantes pelo capuz, Faldron já estava na ultima palavra do encantamento conjurado por entre os dentes quando parou intrigado e depois de ter certeza, falou em voz alta: - Adna?
A moça freiou bruscamente o cavalo e virou-o para encarar Faldron. – Sabia que você não poderia estar longe - disse ela enquanto descia do cavalo – temos de fazer alguma coisa, os anciões vão ficar parados e vamos perder o dinheiro, mas nos podemos pegar os kobolds esta noite eu sei onde eles...
Adna foi interrompida gentilmente por Faldron, que levantou a mão e pediu para ela explicar mais devagar. Adna tomou fôlego e contou ao jovem toda a estória depois que ele deixou a vila. Faldron ainda tentou relutar, mas havia alguma coisa naquele olhar resoluto dela que era irresistível e ele acabou por concordar e invadir a caverna dos kobolds, recuperar o ouro e vingar a morte dos guardas.
Estavam eles se preparando para partir quando um outro cavalo pode ser ouvido descendo a trilha. Faldron a puxou para a fenda na rocha e mandou-a ficar calada. Apesar do momento de tensão a única coisa que Adna sentiu foi o calor e segurança vindos do moço, e pensou que poderia ficar ali naquela fenda para sempre.
O outro cavaleiro chegou no galope, depois, aparentemente por ter avistado Corisco, que ainda estava no meio da estrada, diminuiu o passo e foi se aproximando bem devagar, ele também usava um capuz e suas feições não eram visíveis, mas Adna reconheceu o cavalo: - É dançarina, a égua de meu pai! – sussurrou a moça para Faldron – Sshhh fez ele, - Não sabemos ainda quem a monta, portanto vamos esperar.
O cavaleiro desmontou, se aproximou de Corisco e fez um carinho em sua face, depois começou a vasculhar o local minuciosamente. Faldron sussurrou para Adna que iria espera até ele chegar mais perto para agir, a moça com medo apenas assentiu que sim enquanto Faldron silenciosamente desembainhava sua adaga e preparava-se para atacar. Então, apenas um instante antes de Faldron fazer seu movimento o outro foi mais rápido e, num relance uma longa lamina de aço reluzia apontando para o pescoço de Faldron e uma voz rouca e ofegante disse a ele: - Largue a moça agora ou morre!
 
çó agora q eu vi o topic pedro :oops: :oops: :oops:

mas kramba
mtu massa mesmo o texto... prende a atenção

nota 10
 
Gostei bastante....

Ta interessante o rumo da história....

pode continuar escrevendo q deve ter mais gente lendo(o pessoal deve ter se assustado pur causa do tamanho :mrgreen: )
 
Vou aproveitar esse tópico pra dar um conselho a todos vocês.

A leitura em tela é diferente da leitura em papel. Blocos de texto muito grandes acabam se tornando cansativos.

Tentem fazer parágrafos menores, pulando uma linha entre um e outro, principalmente quando a narração encontra os diálogos.

Assim fica muito mais agradável e fácil de ler aqui no fórum. :lily:
 

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