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José Carlos Fernandes: A Pior Banda do Mundo e etc

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A resenha abaixo é de Marcelo Alencar, do Universo HQ

"A série A Pior Banda do Mundo tem seis títulos publicados: O Quiosque da Utopia, O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante (ambos em 1998), As Ruínas de Babel (2003), A Grande Enciclopédia do Conhecimento Obsoleto (2004), O Depósito de Refugos Postais (2005) e Os Arquivos do Prodigioso e do Paranormal (2007).

Sarcástico, o texto explora a psicologia e o comportamento humanos em caráter individual e coletivo, reforçando a crença popular segundo a qual de perto ninguém é normal.

Nos álbuns, enquanto os burocratas do Ministério da Ergonomia aferem pesos e medidas de produtos inúteis, bibliófilos deleitam-se com versões ultracondensadas de romances obscuros e um crítico gastronômico com aversão a comida tece comentários barrocos sobre quitutes que jamais provará.

A PIOR BANDA DO MUNDO # 4 Alheio a tudo isso, o líder do Partido Idiossincrático discursa para as moscas, na esperança de que sua retórica distorcida afastará os potenciais eleitores. E um astrônomo amador concentra seu desespero na inevitabilidade do apocalipse cósmico - que deve ocorrer daqui a alguns bilhões de anos - sem perceber que, no próprio entorno, seu mundo particular desaba.

Em meio a isso, a formação da Pior Banda do Mundo ajuda o leitor a compreender sua má-fama: Sebastian Zorn, serrilhador de selos, sopra o sax; Idálio Alzheimer, verificador meteorológico, dedilha o piano; Ignácio Kagel, fiscal municipal de isqueiros, arranha o contrabaixo; e Anatole Kopek, criptógrafo de segunda classe, castiga a bateria.

A PIOR BANDA DO MUNDO # 5 Desprovido de swing, ritmo e carisma, o conjunto fez uma única apresentação pública, num restaurante - com resultados catastróficos, claro. E agora estuda uma proposta para tocar num parque de perversões sadomasoquistas.

José Carlos Fernandes, nascido em 1964 na região do Algarves e diplomado em engenharia ambiental, despontou nos fanzines lusitanos no fim dos anos 1980, com uma paródia cômica de Alix, quadrinho épico de Jacques Martin.

Em A Pior Banda do Mundo, lançada simultaneamente pela Devir em Portugal e na Espanha, o autor exercita sua capacidade de síntese em episódios de duas páginas cada um. Lidos isoladamente, eles apresentam narrativas autônomas com início, meio e fim bem definidos. Somados, porém, os enredos ganham força de um conjunto intrincado, complexo e profundo. E divertidíssimo.

A PIOR BANDA DO MUNDO # 6 O vocabulário esdrúxulo do quadrinhista funciona como uma faca de dois gumes. Para quem está disposto a ampliar o próprio repertório, os recordatórios e diálogos repletos de expressões como nefelibata, psicotroponauta, hipnopedia, gravítico, inflectir e ictiofauna são um convite a um mergulho num universo fantástico digno de Julio Cortázar em dias inspirados.

Para aqueles que não têm familiaridade com a etimologia da língua nem costumam consultar dicionários, no entanto, o texto se torna um obstáculo quase intransponível.

O desenho, caricato e colorido por tons de sépia, reforça a noção de que as ações transcorrem num passado recente. A indumentária dos personagens, seus veículos, a arquitetura e os objetos do dia-a-dia têm um ar nostálgico que remete ao período imediatamente posterior à Segunda Guerra. Mas os calendários mostrados em cena confirmam: as histórias são atuais. Mais uma contradição que faz pensar.
"

* * *
Comentários meus:

Em dia de luto por Saramago, gostaria de lembrar deste quadrinho escrito e desenhado por um português. Provavelmente, o quadrinho mais literário que já li.

Em Portugal, para quem não sabe, quadrinhos são conhecidos como Banda Desenhada, ou através da abreviatura BD. "Banda" vem de "Tira", então é uma referência às tiras de jornais.

Os volumes (fininhos e sempre com histórias de duas páginas) podem ser lidos sem uma ordem pré-definida... Isto ajuda bastante até pelo fato que é meio complicado encontrar estes quadrinhos aqui no Brasil. O volume mais fraco em minha opinião é justamente o primeiro... Mas a série toda compensa muito.

Pessoalmente, não achei tão complicado assim o "português" das histórias... Alguns termos "assustam" mas não impedem o usufruir da história. E a procura no dicionário (ou pela etimologia) irá revelar novas ironias...
 
Um outro motivo para eu abrir este tópico é o seguinte: acabaram de sair por aqui dois dos livros do José Carlos Fernandes; um é o volume 6 da séria "Pior Banda do Mundo", o outro inaugura uma série nova, muito boa também chamada "Black Box Stories", desenhada por Luís Henriques. O primeiro volume desta nova série chama-se Tratado de Umbrografia.

Vejam o texto da contra-capa e me digam se não é irresistível:

"Abrindo a caixa-negra: O voo 713 para Belize nunca chegou a seu destino. O aparelho foi encontrado dois dias depois, nas profundezas da selva de Yucatán, perto de Uxmal, não muito danificado, mas da tripulação e dos passageiros, nem rastro. Quando os peritos aeronáuticos analisaram as caixas negras do aparelho ficaram perplexos: em vez do registro das conversações no cockpit e das comunicações entre o avião e os controladores aéreos, as fitas continham apenas histórias insólitas e aparentemente sem nexo, narradas por uma voz arrastada e monocórdica, que não foi identificada como pertencendo a qualquer dos membros da tripulação..."


Abs
 

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