Em "Os Anéis de Poder", Ismael Cruz Córdova enfrentou racismo e aprendeu capoeira para dar vida ao elfo negro Arondir.
"Sem ruptura não há mudança", diz ator porto-riquenho de 35 anos em entrevista ao g1. Racistas não gostaram da escalação do primeiro negro e latino a interpretar um elfo da obra de Tolkien.
Aos 35 anos de idade, o ator porto-riquenho Ismael Cruz Córdova não está acostumado à fama e à atenção que resulta de estrelar uma série do tamanho da bilionária Os Anéis de Poder.
Como o primeiro negro e latino a interpretar um elfo em uma obra baseada em O Senhor dos Anéis, no entanto, ele já estava muito preparado para a reação racista quando seu rosto foi anunciado.
"A vida me preparou para isso. Porque não é a primeira vez que eu vivo qualquer tipo de preconceito ou racismo, que é o que essas pessoas fizeram", diz Córdova em entrevista ao g1.
Quando a primeira foto do ator como o elfo silvestre Arondir, um personagem original da série, foi divulgada em fevereiro, críticas preconceituosas nas redes sociais diziam que era um absurdo uma pessoa negra interpretar alguém da raça de imortais.
Comentários parecidos se dirigiam também às atrizes Sophia Nomvete, intérprete da anã Disa, e Cynthia Addai-Robinson, que dá vida à rainha Míriel. Muitos usavam os premiados filmes de Peter Jackson como exemplo.
Ironicamente, eles não levaram em consideração a opinião de alguém como Simon Tolkien. Neto do autor dos livros, J. R. R. Tolkien, certa vez ele falou em uma entrevista a uma rádio que seu avô sabia como ninguém como os elfos deveriam parecer "e com certeza não é com o Orlando Bloom".
Simon, aliás, trabalhou como consultor da série do Prime Video, que lança seu quinto episódio nesta sexta-feira (23).
"Por mais que seja um grupo pequeno, ele é representativo de coisas que acontecem no mundo. Então, minimizá-lo é um desserviço. No entanto, dar poder a ele é um desserviço ainda maior", afirma Córdova.
Paranauê, Arondir!
O personagem do ator, inclusive, vive um romance interracial pouco aprovado na trama. Arondir é um soldado raso, afastado dos membros de realeza que apareceram nas duas trilogias de Jackson, mas mesmo assim uma possível relação com uma mulher humana não é bem vista por ambas as raças.
Mas talvez por causa dessa ligação que ele assume o papel de protetor dos povos da região sul da Terra-média, uma área onde um inimigo antigo parece estar prestes a voltar em breve.
Como o único elfo restante após ataques furtivos de orques, Arondir ainda vai estrelar muitas cenas de ação. Nelas, o público brasileiro mais atento pode reconhecer movimentos familiares.
"Ele é um elfo silvestre. Ele está entre as árvores e a natureza. E temos a capoeira angola que é mais baixa, perto do chão, e tem esse aspecto de movimento quase animal. Fez muito sentido para mim", afirma ele, "100%" responsável pela ideia.
"Acima disso, eu queria trazer algo que fosse da diáspora africana, parte da nossa herança cultural, para esse novo personagem. Então, tudo funcionou muito."
"Os Anéis de Poder" é definitivamente o trabalho mais popular do ator, que cresceu em um pequeno povoado nas montanhas do território não incorporado dos EUA, mas que trabalha em Hollywood desde 2011.
Desde então, ele fez participações de alguns episódios em séries como "The Good Wife" e "Ray Donovan", mas nada a ponto de receber muita atenção.
Tanto que a única menção ao ator no g1 antes de seu projeto atual foi como o "terceiro personagem de língua espanhola de Vila Sésamo".
Em "Os Anéis de Poder", ele divide espaço com personagens clássicos de Tolkien, como Galadriel (Morfydd Clark) e Elrond (Robert Aramayo), mas seu Arondir é totalmente inédito – algo que Córdova apreciou.
"Eu tenho um personagem que parece que eu estou fazendo teatro. Porque eu cheguei com ideias e as pessoas falaram 'ok, vamos tentar isso'. Eu cheguei com toda uma sugestão sobre seu movimento, por exemplo. Como ele se moveria, como lutaria", diz ele.
"O quadro estava em branco, mas é, estamos guiando uma nova geração, então acho que todos tivemos um pouco de espaço nisso."
Fonte: g1
A Lei 12.288, de 20 de julho de 2010, instituiu o Estatuto da Igualdade Racial que em seu Art. 20, garante:
"O registro e a proteção da capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos termos do art. 216 da Constituição Federal."
"Sem ruptura não há mudança", diz ator porto-riquenho de 35 anos em entrevista ao g1. Racistas não gostaram da escalação do primeiro negro e latino a interpretar um elfo da obra de Tolkien.
Aos 35 anos de idade, o ator porto-riquenho Ismael Cruz Córdova não está acostumado à fama e à atenção que resulta de estrelar uma série do tamanho da bilionária Os Anéis de Poder.
Como o primeiro negro e latino a interpretar um elfo em uma obra baseada em O Senhor dos Anéis, no entanto, ele já estava muito preparado para a reação racista quando seu rosto foi anunciado.
"A vida me preparou para isso. Porque não é a primeira vez que eu vivo qualquer tipo de preconceito ou racismo, que é o que essas pessoas fizeram", diz Córdova em entrevista ao g1.
Quando a primeira foto do ator como o elfo silvestre Arondir, um personagem original da série, foi divulgada em fevereiro, críticas preconceituosas nas redes sociais diziam que era um absurdo uma pessoa negra interpretar alguém da raça de imortais.
Comentários parecidos se dirigiam também às atrizes Sophia Nomvete, intérprete da anã Disa, e Cynthia Addai-Robinson, que dá vida à rainha Míriel. Muitos usavam os premiados filmes de Peter Jackson como exemplo.
Ironicamente, eles não levaram em consideração a opinião de alguém como Simon Tolkien. Neto do autor dos livros, J. R. R. Tolkien, certa vez ele falou em uma entrevista a uma rádio que seu avô sabia como ninguém como os elfos deveriam parecer "e com certeza não é com o Orlando Bloom".
Simon, aliás, trabalhou como consultor da série do Prime Video, que lança seu quinto episódio nesta sexta-feira (23).
"Por mais que seja um grupo pequeno, ele é representativo de coisas que acontecem no mundo. Então, minimizá-lo é um desserviço. No entanto, dar poder a ele é um desserviço ainda maior", afirma Córdova.
Paranauê, Arondir!
O personagem do ator, inclusive, vive um romance interracial pouco aprovado na trama. Arondir é um soldado raso, afastado dos membros de realeza que apareceram nas duas trilogias de Jackson, mas mesmo assim uma possível relação com uma mulher humana não é bem vista por ambas as raças.
Mas talvez por causa dessa ligação que ele assume o papel de protetor dos povos da região sul da Terra-média, uma área onde um inimigo antigo parece estar prestes a voltar em breve.
Como o único elfo restante após ataques furtivos de orques, Arondir ainda vai estrelar muitas cenas de ação. Nelas, o público brasileiro mais atento pode reconhecer movimentos familiares.
"Ele é um elfo silvestre. Ele está entre as árvores e a natureza. E temos a capoeira angola que é mais baixa, perto do chão, e tem esse aspecto de movimento quase animal. Fez muito sentido para mim", afirma ele, "100%" responsável pela ideia.
"Acima disso, eu queria trazer algo que fosse da diáspora africana, parte da nossa herança cultural, para esse novo personagem. Então, tudo funcionou muito."
"Os Anéis de Poder" é definitivamente o trabalho mais popular do ator, que cresceu em um pequeno povoado nas montanhas do território não incorporado dos EUA, mas que trabalha em Hollywood desde 2011.
Desde então, ele fez participações de alguns episódios em séries como "The Good Wife" e "Ray Donovan", mas nada a ponto de receber muita atenção.
Tanto que a única menção ao ator no g1 antes de seu projeto atual foi como o "terceiro personagem de língua espanhola de Vila Sésamo".
Em "Os Anéis de Poder", ele divide espaço com personagens clássicos de Tolkien, como Galadriel (Morfydd Clark) e Elrond (Robert Aramayo), mas seu Arondir é totalmente inédito – algo que Córdova apreciou.
"Eu tenho um personagem que parece que eu estou fazendo teatro. Porque eu cheguei com ideias e as pessoas falaram 'ok, vamos tentar isso'. Eu cheguei com toda uma sugestão sobre seu movimento, por exemplo. Como ele se moveria, como lutaria", diz ele.
"O quadro estava em branco, mas é, estamos guiando uma nova geração, então acho que todos tivemos um pouco de espaço nisso."
Fonte: g1
A Lei 12.288, de 20 de julho de 2010, instituiu o Estatuto da Igualdade Racial que em seu Art. 20, garante:
"O registro e a proteção da capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos termos do art. 216 da Constituição Federal."
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