• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

[Elring] [O Livro de Malin] [L]

- Uruk-hai!!! Um grupo armado!!! - disse Elring, alertado pelo odor trazido pelo vento e pelo som de espadas - Orodris!

Prontamente, o anão colocou seu ouvido rente ao solo:

- Sim!!! Vinte ou mais deles!!! Estão lutando a meia légua daqui! Há mais... pelo menos dois elfos entre eles!

- Vamos!!!

O menestrel montou no cavalo deixado pelos anões. Relutante, Orodris subiu. O animal refugou, recusando-se a entrar na mata. Com uma risada da satisfação o anão saltou da sela e correu na direção do confronto, deixando para trás um cavaleiro injuriado com tamanha desfaçatez.

Não muito longe de onde os bardos partiram e encurralados numa ravina, um casal de elfos travava um combate feroz e desesperado contra a milícia uruk-hai. A mulher chamava-se Nárwen, uma remanescente dos caçadores de Beleriand Oriental; seu companheiro era Sorondil, um elfo do Povo-Águia. E com eles estava sua filha recém nascida, Rána Celebrimloth.

Apesar da desvantagem, o casal derrubava sem maiores dificuldades seus perseguidores. Com Heledhril, a lança engastada com duas pontas de diamantes aguçados, Sorondil girava e desferia golpes fulminantes na milícia orc; criando um círculo mortal ao qual nenhuma espada, escudo ou cota de malha resistia. Ao seu lado e com a criança envolta numa capa e protendo seu lado esquerdo, Nárwen demonstrava toda sua fúria e habilidade mortíferas no manejo de sua magnífica espada Rúthsil. Instilando o terror no grupo a cada guerreiro orc destroçado.

Mas o casal estava exausto. E os uruks já não lançavam-se ao ataque como antes. Somente mantinham uma distância segura da lança de Sorondil e gritando zombarias para cada golpe desferido no vazio. A milícia sabia que os elfos estavam feridos mortalmente por causa das setas envenenadas que dispararam quandos os dois escaparam. E numa mistura de jogo de paciência e passatempo cruéis, o capitão do grupo mandava um de seus guerreiros atacá-los. Garantindo não somente a diversão dos demais, mas também a certeza de que atingiria o seu objetivo: a captura da pequena Rána sem ferimentos.

Sorondil já arfava apoiado em sua lança quando escutou o zumbido estridente de algo cortando o ar. Vinha na direção do cerco. Os orcs urraram e pedaços de seus corpos espalharam-se em várias direções. No chão, o líder do grupo jazia com o ventre trespassado por um grande machado. A ensandecida milícia virou-se brandindo sua armas para um diminuto vulto que aproximava-se em grande velocidade e cruzando o riacho escuro da ravina. Logo atrás, Elring saiu da floresta montado no mesmo cavalo que recusara-se a a conduzi-los. Apoiado pela força das pernas, o menestrel ajustou a última das dez flechas no grande arco de prata que, graçar a ranhuras especiais, encaixavam-se perfeitamente nas hastes.

Aproveitando o momento de confusão e pânico gerado pelos dois, o casal reuniu o que restava de suas forças e avançou sobre a retaguarda da milícia; com Sorondil abrindo caminho na direção dos bardos. Ciente do que o bando faria aos casal, Elring começou a disparar velozmente suas flechas para proteger a mulher e a criança. Orodris sacou duas azagaias e arremessou-as. Os orcs, no entanto, são pegos de surpresa pelo inesperado salto que o anão executou sobre suas cabeças. Uma distração fatal que os impediu de desviar das azagaias afiadíssimas que mantinham a tragetória, inabalavelmente por entre seus corpos.

- Salve!!! Mais uma vez o destino nos colocou lado a lado em outro combate, meu bom amigo Orodris! - exclamou Sorondil ao relembrar seu primeiro encontro com o anão que o ajudara a sair de um emboscada que os homens orientais tinham lhe feito nas Colinas de Ferro, há trezentos anos.

- É bom revê-lo novamente, Jovem-Águia! - retribuiu Orodris, momentos antes de apanhar as azagaias. - Consegues lutar?

- Consegues acompanhar-me? - replicou Sorondil, fazendos os uruks recuarem com um violento giro da lança Heledhril, brilhante como um relâmpago.

Os orcs mal tiveram tempo de voltar sua cimitarras negra para o anão quando foram pegos por um deslocamento fortíssimo de ar sobre seus elmos. Ouviram sons de cascos. Um relinchar agudo e o desaparecimento da elfa e da criança diante de seus olhares incrédulos. Novamente o som de cascos. Algo ou alguma força derrubou os poucos combatentes a frente e afastou-se com rapidez da ravina.

Orodris sorriu. Elring tinha realizado um encantamento de desvanecimento e desta vez com o cavalo junto - Quando quiseres. príncipe dos Soronlië! - bradou ele, retirando do cadáver do líder orc o seu machado de guerra.

Os dois atacaram, promovendo o massacre da reduzida milícia.

Em uma clareira pouco afastada, Elring recostou cuidadosamente Nárwen em um frondoso carvalho de folhas rubras pelo crepúsculo. A mulher fitou demoradamente os olhos do menestrel, causando-lhe desconforto. Ela sorriu, entregando-lhe a criança.

- Esta é Rána Celebrimloth... ah, Elbereth Gilthoniel! Ela será tão bela e tão forte ainda na juventude! E isto eu vejo nos olhos de quem ainda carrega a luz dos Antigos Dias!

- Ainda é cedo para despedidas, jovem caçadora! Posso salvá-la! - disse Elring, retirando um pequeno frasco de seu cinto. Ela recusou.

- Por favor! Não nos odeie pelo Fraticídio... nem por pertencermos a Casa de Fëanor... - suplicou Nárwen com os olhos aflitos.
 
Última edição:
Elring estarreceu e antes que pudesse falar, Sorondil chegou ao local amparado por Orodris. Este, por sua vez, o colocou ao lado de Nárwen, que disse:

- Veja, meu amado! A Estrela que surge antes de nosso crepúsculo! A Última Luz do Reino Abençoado que encontraríamos em nossa jornada antes do fim!

- Sim, minha amada! A reconciliação da Casa de Finwë finalmente ocorrerá quando nossa filha erguer o estandarte das Casas de Fëanor e Fingolfin! - respondeu Sorondil, colocando-se de joelhos para beijar a fronte de Nárwen. - E assim estará decretado o fim do reinado de Taurog, o demônio usurpador de espíritos!

- Glorioso será este dia... mas tão dolorosa será a escolha que Rána terá de fazer... - completou Nárwen, com um olhar aflito.

- Taurog? Então, vocês viram o maldito? Ele não é uma invenção dos homens de Dorwinion? - assombrou-se Orodris.

- Não apenas o vimos... como também o enfrentamos para resgatar nossa filha. - disse Sorondil, inspirando pesadamente o ar - Gorlhac, a Necromante da Chamas predisse que, se uma criança nascesse da linhagem das Duas Casas mais poderosas entre os noldor, ela teria o poder para destruir o Grilhão de Espíritos; a jóia das trevas onde Taurog aprisiona o fëa de todos aqueles que tombaram em combate contra ele ou seus servos, os Vindimadores. Impedindo-os de partirem para os Palácios de mandos.

- Isso explica os gemidos que ouvimos quando acampamos às margens do rio Corrente. Eram os mortos clamando por ajuda. - disse Elring.

- Que notícia terrível! Mortos impedidos de repousarem ou de encontrarem seus entes queridos?!! - exclamou o anão, torcendo o cabo reluzente de seu machado - Por Mahal!!! O que esse demônio deseja? Tornar-se Senhor dos Espíritos?!!

Instintivamente, Orodris ergueu os olhos par os amigos. Um arrepio percorreu-lhe a espinha e eriçando sua barba. Todos olhavam-no com expressão de terror. Ele tinha acertado em suas deduções. E como ele odiava quando os elfos lhe davam razão.

- Mas... por quê? E para quê? - balbuciou Nárwen, temendo pelo destino de seus espíritos.

- Não conheço outra maneira para desafiar os Senhores do Oeste - repondeu o menestrel em tom sombrio - Vamos! Eu posso curá-los com minha força e...

Sorondil retêm a mão esquerda de Elring - É tarde demais para nós. As setas dos arqueiros orcs foram banhadas com o sangue maldito de Taurog... - o Príncipe dos Soronlië mostrou-lh o braço com inúmeras perfurações e cortes.

- Era a única forma de protegermos nossa filha Rána. Tornamo-nos seu escudo durante a fuga. - completou Nárwen - Contudo, Gorlhac lançou um encantamento de morte sobre ela... por favor! Partam agora! Na face leste das Montanhas de Lasgalen, há uma caverna e em seu interior está uma mulher de grande poder chamada Ainaros! Foi ela que nos guiou em pensamentos até a fortaleza de Taurog! Somente ela poderá desfazer o encanto!

- Antes de partirem, prometam que cuidarão de nossa filha até que seu destino se cumpra! Orodris... corte minha lança em duas partes, meu bom amigo. - pediu Sorondil. Com um golpe rápido, Heledhril foi dividida. - Tomem. Enquanto a lança não for reforjada em Mindonuial... Rána não deverá saber sobre a sua origem... nem quem foram seus pais. Por mais doloroso que seja.

- Prometo! E tornarei Rána tão forte quanto o aço das forjas de Mahal!!! - jurou solenemente o anão.

- Sim! E sob as bençãos de Manwë e Varda, a jovem Celebrimloth será a maior guerreira noldorim que esta Era e taurog verão! - prometeu Elring.

O casal aprovou com um aceno de cabeça. O menestrel inclinou-se, estendendo a pequena Rána entre os dois. Algumas palavras em élfico são sussurradas por Nárwen e Sorondil em meio as lágrimas. Orodris afastou-se dizendo, com a voz embargada, que iria pegar uma bolsa de água na montaria. Voltou cabisbaixo.

- Rúthsil é sua, mestre Elring. Até que Rána possa emunhá-la. - disse Nárwen ao entregar-lhe a bela espada - Namarë, meliel Rána... salvem-na, eu imploro.

O menestrel fez menção de falar algo, mas foi repreendido por Orodris, que exclamou:

- VÁ DE UMA VEZ, ELFO!!! EU FICO COM ELES!!! SEI QUE PODES, COM TEUS PODERES, CORRER MAIS RÁPIDO DO QUE AQUELE BALROG EM DELENOST E ENCONTRAR A MULHER EM TEMPO!!! VÁ NOLDO!!!

Elring levantou-se, jogando a capa para trás. Ao erguer o braço direito para o céu, começou a entoar uma canção de poder à Manwë Súlimo na língua dos Valar. De súbito, sua capa fendeu-se e foi envolvida por dois feixes de luz azulado. Após um breve contração, os fachos explodiram e tranformaram-se em incríveis asas feitas de vento.

Em meio a um turbilhão de folhas, o menestrel e a pequena Rána alçaram vôo. Nárwen e Sorondil olhavam maravilhados para o rastro luminoso.

- Sim, agora eu vejo a Última Luz do reino Abençoado! sussurrou o Príncipe do Povo-Águia.

Nárwen não respondeu. Sua atenção, agora, estava voltada para os curiosos gestos que Orodris fazia com o punho depois de pegar algumas folhas que caíam ao seu redor. Entre grunhidos e resmungos, ela escutou: - Absurdo! Onde aquele noldo infeliz aprendeu a Doma dos Ventos?!! Maldito noldo! Maldito!

Um sorriso tímido brotou nos lábios da caçadora. Apesar das circunstâncias, era gratificante saber que seu povo não tinha sido esquecido totalmente da mente dos naugrim. Mesmo que a lembrança seja na forma de insultos.
 
Elring contornou a montanha. Seus olhos percrutavam cada fissura escura do paredão leste, enquanto subia em velocidade. O frio, aliado às rajadas traiçoeiras de vento e a neblina, agiam como arautos a serviço do rei ede pedra, numa clara desaprovação àquele ser que ousava os caminhos do ar como um pássaro. E o bardo percebeu o descontentamento da montanha em cada tentativa de empurrá-lo contra um de sua fendas aguçadas como presas. Prontas para destroçar que mcaísse nelas. O menestrel notou uma fraca luz dourada sumindo rapidamente em uma caverna à esquerda, vinte metros abaixo de onde se encontrava. Ele a seguiu, aproveitando uma corrente descendente que o jogou naquela direção. Elring adentrou a gruta, desfazendo o encanto das asas e desembainhando Rúthsil em posição defensiva antes de tocar o solo. Uma olhadela rápida ao redor. O lugar era uma antiga câmara que os anões escavaram em sua busca por novos minérios e pedras preciosas. O menestrel descobriu o rosto de Rána. Ela estava pálida e com dificuldades de respirar.

Do outro lado da montanha, o Sol iniciou sua lenta descida para o Oeste. Orodris estava apreensivo. A aparência de Sorondil e Nárwen era péssima. Os remédios de Elring apenas mitigavam a dor do casal. O anão sabia que os elfos suportavam com bravura todo o tipo de sofrimento. Por isso, condoía-se ao ver a agonia pela qual passavam naquele momento.

- Sim... pode ser a única alternativa para nos libertar do elo de Taurog... - balbuciou Sorondil, lançando para Orodris um olhar vago.

- O quê? - vacilou o anão, sentado a frente do casal e despertado abruptamente do transe - O quê disse?

- Compreendemos e concordamos com os desejos deo teu coração... nenhum guerreiro valoroso deve morrer desta forma... e sem descanço para o espírito. - respondeu Nárwen.

- Oh, não, não, não! Meus jovens! Foi um pensamento sinistro que tive por uns instantes... delírios de um velho cansado... perdoem-me. - desculpou-se Orodris, constrangido por perceber o que os dois elfos viram em sua mente desprotegida.

- Seu machado. Há um grande poder nele. - disse Sorondil, estendendo a mão trêmula na direção do cavalo. - Pude sentí-lo quando salvou-me dos orientais, há muito tempo. Vi que ele ostenta o emblema da Casa do lendário rei Elu Thingol.

- Sim, jovem-águia. - concordou Orodris, caminhando até a montaria e retornando com seu machado. - Esta arma foi forjada por Telchar, o mais respeitado ferreiro de Nogrod. Seu cabo e lâminas são de mithril. Foi um dos muitos presentes dos anões à casa real de Elu Capa Cinzenta. Séculos mais tarde, a belíssima rainha Melian honrou-me com tão inestimável criação do artífice, quando me ofereci para escoltar os armeiros que seriam enviados para Nargothrond em auxílio ao rei Orodred e ao Espada Negra. Ela disse: - "Que este machado seja o teu escudo contra as forças da Escuridão, pois nele está o selo da Rainha e da Casa Real de Doriath! Que ele o proteja em sua longa jornada, Orodris, filho de Glórfang!" - E em homenagem a Melian, chamo este machado de Turmatari, Escudo da Rainha.

- Mas ele é tão leve! E fácil de manejar como se fosse uma espada dos noldor! - espantou-se Nárwen ao empunhá-lo. Com muita dificuldade, a guerreira pôs-se de joelhos. Sorriu, entregando-lhe s arma. Sorondil repetiu o gesto e ficou ao seu lado. - Esperarás por mim, nos Salões de Mandos, meu amado Príncipe?

Sorondil retribuiu o olhar e, apertando sua mão, disse:

- Até o final dos tempo, meu grande amor...

Orodris inspirou pesarosamente. Os olhos marejados do anão buscavam algum consolo entre as primeiras estrelas da noite para o que teria de fazer. Ele, que já presenciou esse mesmo ritual em diversas tribos e clãs de homens e que tanto o encheram de admiração por seu profundo significado, agora fraquejava diante do cruel dilema: derramar pela primeira vez o sangue de inestimáveis amigos e salvá-los do elo de Taurog, ou deixá-los morrer e condenar seus espíritos a uma eternidade de tormentos sob o domínio de uma criatura que... NÃO!!! - repreendeu-se o anão - A escolha era óbvia. Fez uma rápida prece a Mahal e aos Sete Pais dos Anões para que os recebessem com honras e glórias. Fixou o olhar no casal enquanto levava o machado para trás, traçando mentalmente um arco na altura de seus pescoços. Apenas um rápido e certeiro golpe. Os elfos estavam imóveis, os queixos levemente erguidos. Suas expressões serenas.

- "Não sinta-se culpado por nossas mortes, não havia escolha. E tu sabias que mestre Elring jamais sacrificaria um parente seu, por mais que este suplicasse. Assumiste este fardo para ti em nome da amizade que tens por ele. Rána terá enorme orgulho de ti. Assim como temos agora! Nmarië, gonnhir Orodris!" - despediu-se Nárwen dentro da mente do anão.
 
Cara, a história tá tri legal, continua.

Mas se tu quer uma dica (a mesma que me deram um longo tempo atrás, e funciona muito bem): Tente reduzir os diálogos ao mínimo possível (embora seus diálogos sejam muito bons) e faça o seguinte... cada vez que mudar o cenário da história, descreva o local de maneira pessoal (mas cuidado para não se tornar descritivista demais).

Espero que tu não leve a mal... muito bom trabalho.
 
Achei que ninguém fosse notar :dente:

Concordo contigo, Aldamar. Há diálogos em excesso. E a razão disso foi que não "depurei" totalmente o texto. Como a estória é contada a partir de um livro de registros deixados por Malin, tentei fazer como uma coletânea de relatos colhidos de todos os personagens envolvidos na trama. Por isso, tem pouca descrição de cenários.

Digo que tentei, mas não fui muito feliz. Tem certos pontos um tanto confusos, pois, ao longo do texto, eu tentei de mudar o foco na narrativa para a primeira pessoa e dar ao livro um tom mais pessoal.

E mesmo fazendo as devidas correções quando posto aqui, sempre escapa algo. Espero que, ao fim do texo, a trama faça mais sentido. Valeu!
 
Com certeza. O que você pode fazer é o seguinte:

Escreva o texto nu, e deixe ele descansar por um tempo. Depois, comece a estender os parágrafos descritivos e a tranformar alguns diálogos em frases comuns. Isso dá uma tonalidade menos "quebrada" ao texto e tira aquele ar lúdico.

Quando acabar, deixe o texto descansar mais um pouco e depois revise as idéias, ordenando o que parecer estranho. Lembre-se: ninguém julga as idéias do texto melhor que o escritor. Se fizer sentido para você deverá fazer para o leitor.

Tente substituir expressões corriqueiras por termos mais elevados, se, no entando, deixar muito complicado. Cuide a virgulação também, pois a pausa é uma arma que o escritor tem para inserir sentidos novos ao texto.

Acho que é isso, praticamente uma receita de bolo, mas espero que ajude. :smile:
 
O anão preparava-se para desferir o seu golpe final quando foi impedido por uma enorme coluna de fogo que engoliu o casal; o forte delocamento de ar arremessou Orodris para longe. Ele escuta a mesma gargalhada estridente que ouviu nos salões em Delenost:

- NÃO, CRIATURA DESPREZÍVEL! ESSES ESPÍRITOS SÃO NOSSOS! - exclamou o rosto de feições femininas em meio as chamas - VOLTA PARA A PEDRA DE ONDE AULË TE TIROU, ESCRAVO!!! - zombou a mulher, antes de soprar sobre o anão uma violenta labareda.

Por um breve momento a demoníaca figura esboçou um sorriso vitorioso. Júbilo rapidamente desfeito quando viu Orodris ressurgir do fogo trajando uma armadura escarlate. A cota de malha Dragão Vígil protegeu seu dono com uma couraça metálica invulnerável ao fogo e armas comuns. O anão saltou sobre o rosto da mulher, aproveitando-se do espanto que causara na mesma para desferir seu ataque. A coluna desaparece, levando consigo nárwen e Sorondil. Orodris gritou furiosasmente e começou a correr, alucinado, floresta adentro e brandindo Turmatári em todas as direções.

Alheio ao que havia acontecido com seu amigo e seus parentes, Elring atingiu o interior da câmara e parou diante de um imenso portão de quatro metros de altura. O bardo tentou empurrá-lo, sem sucesso. Procurou por alavancas ou mecanismos ocultos que pudessem destravar o portão. O resultado é o mesmo. De súbito, a espada de Nárwen começou a emitir um intenso brilho azulado. Elring girou e com seu olhar penetrante vasculhou por todos os lados, mantendo Rúthsil em posição de ataque. Sussurrou uma prece à Elbereth para aumentar o brilho sobre a lâmina, mas não encontrou orcs ou qualquer outra criatura sinistra no local ou próximo dele. Voltou-se para o portão e viu uma sperie de palavras, até então invisíveis, surgirem em reação ao encantamento de luz provocado pelo menestrel.

Com alguma dificuldade, Elring consegiu traduzir os símbolos. Era uma advertência para afastar todos aqueles que por ventura chegassem aos Portões da Escuridão. O aviso dizia: "Presa na Escuridão ela está/ Aquela que, por eras, andou sob a Luz/ Porém contemplou e amou as Trevas de seu Senhor/ Recôndida e esquecida deverá ficar/ Aquela que renegou seu povo e as Terras Abençoadas para precipitar-se no mesmo abismo de seu amo/ Lamuriando e amaldiçoando ela permanecerá/ Presa atrás destes Portões/ Aquela por quem, no fim dos tempos, seu Senhor a chamará"

A estranha mensagem deixou Elring confuso e pensativo, pois ela fora escrita na bela e inconfundível escrita do povo das planícies da Taniquetil, os vanyar. O que era impossível. Nenhum deles jamais voltou à Terra-média depois de terem despertdado. Contudo, a letra era de alguém que morou em Aman... alguém cheio de rancor e maldade no coração.
 
Rána começou a chorar convulsivamente, retirtando o menestrel da abstração momentânea: "não é hora para relembrar o passado, elfo tolo!" - repreendeu-se. Elring afastou-se alguns passos do portão e apontou Rúthsil, invocando um Comando. Os portões se abrem de forma violenta; no interior da câmara, uma estátua feminina e ressequida surge diante do bardo envolta em correntes de brilho funesto. Ele a toca e imagens em profusão invadem sua mente, fazendo-o cambalear.

- Quem escreveu aquela mensagem deveria estar nestas correntes! - exclamou o bardo - Que os Valar me perdoem para o que terei de realizar! - neste momento, ele começa a recitar um poderoso encantamento, em valarim - Ó Kementári! Provedora da vida! Conceda-me tua energia restauradora! Ó Ulmo! Senhor dos Mares que circundam Arda! Preencha com tua música o coração deste filho de Alqualondë! Aiya, Elentári Tintallië! Ilmunima-me nesta hora de escura e liberta este ser amado das maldades que a prendem! E sob as bençãos de Manwë e Eru Ilúvatar, eu suplico! Ajudem-me!

As formas escuras sobre o teto e as paredes contorciam-se freneticamente, como criaturas sendo chicoteadas pela luz fulgurante que saía do braço de Elring e envolvia a estátua.

Um súbito clarão e um baque. O bardo estava de joelhos e arfante, exaurido ao extremo pelo tremendo poder que realizou nas entranhas daquela montanha. Ao erguer a cabeça, o bardo vislumbrou uma belíssima mulher de pele corada, cabelos e olhos dourados que o fitavam de modo sereno. Com muito esforço, o menestrel conseguiu entregar-lhe Rána antes de desabar e entregar-se a um sono mortal.

Horas depois, ecos de um choro de criança ressoaram na mente de Elring, fazendo-o despertar de sobressalto.

- Aiya, Elennëar de Alqualondë! Filho de Fingalad dos teleri e Mirezel dos vanyar! Filho dileto de Uinen! - saúdou a mulher, com a chorosa Rána em seus braços.

O bardo sentou-se na mesa de pedra onde estava deitado. A cabeça girava e latejava, mas a dor não era maior que o espanto ao ouvir seu verdadeiro nome e sua origem; até então, esquecidas após incontáveis anos.

- Tu és do povo maiar, correto? - afirmou Elring, reconhecendo o tom de voz etéreo da mulher.

- Prodigiosa é a mente dos Primogênitos! Capaz de retornar aos Dias Antigos! Sim, meu nome é Ainaros e era criada de Estë, a Suave. - respondeu a maia com uma leve reverência.

O bardo levantou-se para retribuir a cortesia. Porém, foi interrompido pelo choro de Rána. Seus olhos agudos pousaram rapidamente sobre ela. Sua aparência era saudável.

- Encanto de Gorlhac foi desfeito e Rána está curada. Apenas seus lamentos são um mistério para mim... - disse Ainaros, visivelmente constrangida. Era a primeira criança do mundo dos vivos que segurava nos braços.

- Deve estar faminta! Elbereth! Quantos dias se passaram desde que foi resgatada? E quantos mais durante a fuga, até atingirem o limiar de Eryn Lasgalen? - assustou-se Elring - Irei imediatamente buscar algumas frutas!

Pouco mais de meia hora tinha passado quando o bardo retornou precedido por uma rajada de vento. Sobre a mesa de pedra, ele começou a esmagar as frutas. Levou a papa até a criança. Rána recusou. Ainaros e Elring olharam-se de modo desalentador.

A noite transcorreu devagar e os primeiros raios de sol atingiram a entrada da câmara. O menestrel olhava perdidamente para as frutas esmagadas, todas recusadas. Ainaros andava de um lado para o outro com Rána, entoando algumas cantigas de Valimar. Também dirigia seu olhar para algum ponto em busca de respostas.

- Oh, Eru... o que farei... - suspirou a maia que sentou-se num degrau da mesa e apoiou sua cabeça com a mão esquerda. Derrotada pela teimosia da criança. - Perdoe-me, mestre Elennëar, eu fal...

Ainaros calou-se. Atônita, ela sentia algo estranho umedecendo sua túnica púrpura na altura do peito. A maia descobre o seio direito e o líquido que vertia em gotas foi avidamente aparado pela esfomeada Rána.

- Veja! Ilúvatar concedeu-me uma dádiva além de qualquer poder que recebi!!! - exultou Ainaros que, por ser maia e pertencer a linhagem dos Fëanturi, não possuía a capacidade para gerar uma criança. Por isso, emocionou-se com esta graça de Eru.
 
Foi um momento de graça sublime. Quebrado apenas pelo som pesado de botas e por uma voz odiosamente familiar ao menestrel:

- Elring, onde está? Ó noldo! Responda!!!

- Os açoites de Udûn seriam menos dolorosos do que ouvir os insultos deste nanico! - resmungou Elring, virando-se para a entrada - Estou aqui.

- Por Mahal! Que lugar é esse? Onde está a pequena... - Orodris emudeceu, atônito, deixou seu martelo cair ruidosamente no chão enquanto seus olhos arregalados contemplavam uma cena que ele viria a reproduzir em suas obras até o fim de seus dias: uma deslumbrante mulher amamentando Rána... menos a imagem de um elfo profundamente envergonhado com tamanha indiscrição.

- Salve, Balbrith Orodris! Filho de Glórfang da família dos Corta-Montanhas! Sou Ainaros. - saudou a maia.

O anão começa a puxar a barba nervosamente. Tentando ignorar o sorriso escarnecedor de Elring ao ouvir a maia dizer todo o seu nome.

- Queira perdoar-me, mestre da Pedra. Não era minha intenção causar-lhe nenhum constrangimento. - pediu Ainaros.

- De modo algum! Eu é que peço as mais sinceras desculpas por meu deplorável comportamento! - disse Orodris que, ao ajoelhar-se ao lado de Elring, deixou "escorregar acidentalmente" seu martelo sobre o pé do menestrel. Este, por sua vez, deixou escapar com sutileza élfica um suave "yon en...!" de seus lábios.

Sem desmanchar o sorriso, Elring também ajoelhou-se ao lado do anão.

- Tem a minha profunda gratidão por ter salvo Rána, Senhora Ainaros. Meus serviços e meu arco - tunc! - Estão à vossa disposição! - jurou solenemente, antes de bater com a arma na nuca de Orodris e lançar-lhe um olhar de soslaio- Oh! Queira perdoar-me... Balbrith!

- Continue nesta posição, lailoth!!! Minha benção será rápida!!! - gritou o anão, balançando o machado sobre o menestrel.

Com surpresa e admiração, os bardos receberam as risadas melodiosas de Ainaros que com sua alegria, preencheram os escuros recôndidos das montanhas de Eryn Lasgalen.
 
- Agora sei que Rána e eu estaremos seguras e que nossos dias de espera jamais serão tediosos. - disse a maia - A experiência que adquiriram com os atani, se me permitem tal aferimento, em suas jornadas por Arda será crucial nos ensinamentos desta criança. Os perigos e provações pela qual Rána passará lhe causarão muito sofrimento, raiva e descrença. E estes sentimentos serão as armas utilizadas por Taurog contra todos os Reinos da Terra-média antes que ele se declare abertamente como o Inimigo dos Atani.

- Taurog...!!! - rosnou Orodris.

- Sim. E não tardará o tempo em que este nome deixará de ser apenas um rumor entre os aldeões de Dorwinion. - completou Ainaros em tom grave - Lamento profundamente por Nárwen e Sorondil.

- Não! A feiticeira maldita é quem lamentará pelo que fez!!!

- Precisamenos saber quem ou o que é ele, senhora Ainaros. - disse Elring, triste por saber da morte do casal. - Desde que retornamos para a Terra-média, temos ouvido inúmeros relatos envolvendo este cavaleiro. Segundo os eorlings, seus ataques ocorrem em intervalos regulares de tempos. Não descarto a possibilidade de que a ascenção do Bruxo Durandir, o desaparecimento dos corpos de guerreiros que tombaram pela espada dos Vindimadores; o exército-zumbi, o aparecimento de um Balrog em Delenost e o rapto de Rána não estejam entrelaçados com as atividades do Caçador de Homens.

- E não esqueça da Necromante!!! Foi ela quem trouxe aquele maldito demônio para Durandir e capturou os espíritos dos pais de Rána!!! - exclamou o anão encolerizado.

- Cuidado, mestre Orodris. A vingança não serve a ninguém, a não ser para aquele que a germinou. - advertiu Ainaros - E uma destas sementes nefastas está desenvolvendo-se no coração dos anões de Erebor como uma jóia de brilho irresistível. E, igualmente, está crescendo na mente daquele jovem terra-pardense que seus parentes pouparam, mas o abandonaram a própria sorte nos contrafortes de Dunland...

Orodris engoliu em seco.

- Mais do que armas, precisarás de toda a diplomacia para demover seu povo de reclamar algo que não lhes pertence - terminou a maia.

Senhora Ainaros! Com todo o respeito, os terra-pardenses não foram os únicos a encontrarem aquele veio de mithril!!! - retrucou o anão, percebendo que não adiantaria manter segredos diante da maia. - Logo, creio ser justo a reinvidicação de metade daquela região!

Ainaros não respondeu. Mas intensificou seu olhar severo.

- Não entende!!? O grau de pureza deste minério é maior do que de qualquer jóia ou artefato de mithril já encontrado por nossos melhores artífices de Lindon!!! Veja! - Exasperou-se Orodris ao retirar do bolso, com a mão trêmula, um pequeno pedaço do minério.

- Olhe outra vez. - disse Ainaros.

Intrigado e ao mesmo tempo maravilhado, o anão pousa seus olhos sobre o metal. De início, nada notou de estranho. No entanto, começou a perceber uma tênue névoa esbranquiçada elevando-se do mithril. Lentamente, o brilho magnífico da pedra diminuiu e um metal semelhante a prata fosca surgiu entre seus dedos.
 
- Bruxa!!! O que fez com minha pedra?!! - gritou Orodris, desferindo um ataque mortal contra a estarrecida maia. No entanto, teve seu golpe apartado por Elring que colocou-se velozmente entre os dois.

- Orodris!!!

- Mahal... o que fiz? - balbuciou o anão, que afastou-se do menestrel e deixou martelo pender ao lado do corpo.

Elring tinha bloqueado seu ataque com a metade da lança Heledril. Horrorizado, o anão passou a mão esquerda sobre o rosto para retirar o suor; seu olhar perdido buscava explicações para tal atitude covarde. Foi neste instante que ouviu o choro de Rána e percebeu que ela ainda estava nos braços de Ainaros quando atacou-a. Urrou. Desesperado, caiu de joelhos e , entre soluços, ocultou o rosto com as mãos.

- O que fiz... perdoem-me... perdoem-me...

- Lamento, Orodris. Mas foi necessário desfazer o encanto que obscurecia sua mente. - consolou Ainaros, ajoelhada ao seu lado - Precisavas ver o grande perigo que o teu povo está correndo neste exato momento. A ilusão que Gorlhac colocou naquelas pedras vai muito além da cegueira causada pela ambição, ela envenena também o coração de quem as encontra. E este presente foi colocado lá para os anões o encontrarem.

- Por que? - perguntou Orodris.

- Um povo que não pode ser escravizado, controlado pela força ou ter seus espíritos aprisionados representa um sério obstáculo às pretenções de Taurog. - respondeu a maia - Por isso a melhor forma de destruir seus exército ou, no mínimo enfraquecê-los, seria explorar a fraqueza dos anões por mithril e provocar uma nova guerra entra as Sete Casas naugrim e contra os edain; que igualmente possuem uma grande cobiça por riquezas.

- Entendo. O inimigo é mais terrível do que pensei. Mas basta de adversários semeando intrigas entre meu povo!!! A história dos Sete Anéis não será repetida enquanto eu viver!!! Venha, Senhora Ainaros!!! Eu a levarei até o local foi encontrado o veio do falso mithril!

- Infelizmente, os Valar impuseram-me algumas retrições antes de vir para a Terra-média. Meus dons serão limitados ao lugar que eu escolher como moradia. E uma vez fora dele, serei mortal com um tempo de vida entre o crepúsculo e a aurora, caso eu não retorne para o abrigo. Poderei curar os males da carne, porém estou proibida de interferir nas escolhas e decisões de cada povo. - disse Ainaros.

- (suspiro)... certo. Vamos embora! Aqui está uma gruta que não desejo retornar nunca mais!!!
 
- Sim. E quanto à sua pergunta, mestre Elring, creio que o mais apropriado seria dizer quem Taurog foi - disse Ainaros ao voltar-se para o menestrel - O nome dele era Aglarel e ele foi um poderoso capitão dos exércitos de Oromë em Valinor, antes que a sombra de Ungoliant o levasse em definitivo para as Trevas. E as criaturas que hoje os homens chamam de Vindimadores eram os fiéis soldados de Aglarel, apanhados juntos com seu capitão pela Teia que a Aranha teceu durante sua fuga da Ilha. Agora eles são Crias da Antiluz.

- Elbereth! Um capitão dos Valar?!! - sussurrou Elring, estarrecido pela revelação de que o Cavaleiro do Leste foi um renomado servo de Oromë - Até mesmo o nome Taurog é uma provocação a alcunha que Oromë recebeu dos sindar... Tauron, Senhor da Floresta! Mas desta vez foi o Demônio da Floresta quem surgiu nesta era! Ter enfrentado o Balrog em Delenost tinha sido uma tremenda loucura, face a enorme diferença de forças... agora... desafiar um antigo maia das hostes de valinor... está além de qualquer força que eu conheça sobre a Terra-média!

- Subestimas tuas habilidades já grandiosas entre os maiores de Casadelfos. Mas tens razão. Não há ser nestas terras capaz de opor-se ao poder do Caçador. - concluiu a maia.

- Então, tudo o que Sorondil e Nárwen disseram sobre Rána foi fruto de seus delírios. - suspirou o menestrel - Suas mortes foram em vão.

- Não se precipite em suas respostas, Elenëar de Alqualondë! Apesar da proibição, pressinto que Rána terá papel fundamental na batalha contra Taurog - respondeu Ainaros, antes de entregar a pequena Rána aos cuidados do anão - E, enquanto este dia não chegar, os seus conhecimentos e habilidades que adquiriram ao longo das Eras deverá ser tranmitido para a filha de Nárwen e Sorondil. Pois, a destruição do Grilhão de Almas de Taurog virá através desta criança! Obviamente, o Caçador de Homens e Gorlhac não permitiram que tal sina aconteça.

- Ouviste jovem Rána?!! Nosso inimigos não nos darão trégua!!! E devido a isso, seu treinamento começará logo que começares a caminhar!!! Será árduo e, algumas centenas de vezes, mortal!!! O que tens a dizer?!!! - exclamou orodris ao erguer Rána e fitá-la de modo ameaçador. Como em resposta, os olhos brilhante como estrelasde Rána pousaram impassíveis sobre o rosto feroz de orodris antes de desatar uma contagiante risada - Sim!!! Muito bom!!! É assim que receberás teus oponentes!!!

- Vamos, já escolhi o lugar de nossa breve morada. Uma caverna escondida sob uma cachoeira entre os contrafortes das Montanhas Azuis, a sudeste de Harlindon. Creio que conhecem a região.

Os bardos responderam com um sorriso e um meneio positivo. O vale mencionado por Ainaros foi o primeiro lugar onde os bardos habitaram, muitos anos artás.

- Viajaremos pelos mesmo caminhos que mestre Elring usou para chegar a minha prisão. - disse a maia que, ao afastar a manga da túnica, executou uma série de movimentos suaves e circulares. De suas mãos, gotículas douradas desprenderam-se e preeencheram com uma nuvem cintilante a câmara.

De súbito, os bardos sentiram seus corpos invadidos por uma força incomum. Ciente do que a maia pretendia ao ampliar seus poderes, Elring invocou outra vez a Doma dos Ventos. Minutos depois, uma grande espiral dourada irrompeu das Montanhas de Lasgalen em direção ao oeste.

Um rastro de luz que não passou despercebido aos olhares espantados de dois viajantes que acompanhavam o rio Corrente na direção dos reino de Thranduil.

- Digam-me que aquela luz não é obra do maldito Caçador, Malin! - sussurrou Eradan ao aproximar-se de minha montaria.

- Não sinto nenhuma maladade emanando daquela luz. Pelo contrário! Sinto meu espírito revigorar-se! - respondi, sem conseguir desviar os olhos do belíssimo facho de ouro que desapareceu sobre os picos de Moria.

- Aquela é a tal luz que os elfos emitem? Será um sinal de nosso amigo Elring?

- ... oremos à Elbereth para que seja uma mensagem de bons agouros, Eradan. - disse após alguns momentos de reflexão e torcendo de que não fosse um sinal de despedida do Alto-elfo de Valinor.
 
Elring eu ainda não li, mas me atrevi a ler alguns parágrafoas esporádicos e parece ser muito boa mesmo, assim que puder leio.
 
A Marcha da Morte e a Ascenção do Regente Negro

Três anos haviam transcorridos sem que ninguém tivesse notícias ou mesmo rumores sobre o paradeiro de Elring. Nem mesmo seu amigo Orodris sabia da localização do menestrel e não aparentava nenhuma preocupação sobre o fato.

Turembeth, agora o novo rei de Gondor, comandava seu exército em direção de Ost-in-Thalion - a fortificação construída ao sul de Eryn Lasgalen para evitar uma possível invação dos Vindimadores e de povos de Khând.

Era outono e o grupamento atravessava os bosques verdejantes de Ithien. O calor atípico e a falsa sensação de tranquilidade fizeram Malin recordar as palavras de Eradan e a funesta sensação de algo muito grave aconteceria no futuro. Três anos antes.

Longas foram as jornadas de Eradan e Malin em busca de Elring após terem visto a estranha luz dourada que saiu dos picos de Lasgalen e em todos os lugares conhecidos e desconhecidos da Terra-média a resposta era sempre a mesma: não sabemos. Ninguém o viu ou soube precisar quando fora a última vez que tiveram contato com o menestrel. Oito meses após muitas tentativas sem sucesso, os companheiros de aventura finalmente adentraram os campos do Pelennor em direção à Minas Tirith. A cidade estava em festa. Eradan e Malin foram informados pelas sentinelas dos portões de que tinham chegado em tempo de ver a cerimônia de coroação do príncipe Turenbeth. Também souberam que o rei Hadorion fizera a Passagem, duas semanas atrás. E a pedido da rainha Elenglin, a coroa deveria ser entregue a Turenbeth, pois ela não mais desejava permanecer em Gondor e após a celebração, ela viajaria para Valfenda com a princesa Líniel; onde permaneceria até seus últimos dias.

Apressados, Eradan e Malin adentraram o Palácio dos Reis onde Turenbeth terminara de declamar palavras em louvor a seu pai e a tudo a que o Rei construíra. O povo o aplaudia em meio as lágrimas de gritos de saudações. Admirados, o aventureiro e o mestre da cura viram Líniel a esquerda do trono e a Rainha Elenglin a direita. E entre as duas, ergueu-se majestosamente o agora intitulado Rei Turenbeth. E todos os convidados naquele imenso salão perceberam que ,diante de seus olhos, a linhagem dos Senhores de Andúnie manifestava-se mais uma vez em terras mortais.

De todos, no entanto, somente Malin não mostrava qualquer emoção pelo evento. Sua visão arguta observava algo que poucos na Terra-média poderiam notar. O inverno cinzento caindo lentamente sobre a face serena de Elenglin e que apagava o brilho de seus olhos.

Em Líniel, ainda que sua beleza superasse a de qualquer mulher mortal naquela era, sua tristeza não passou despercebida pelo mestre da cura; a perda do pai e a eminente separação de sua mão pesavam sobre seu espírito.

Enfim, o olhar de Malin se deteve sobre o novo soberano dos Reinos Unificados. O júbilo e a alegria radiante de Turenbeth contrastavam assustadoramente com sentimento de pesar da Rainha e da Princesa. No entanto, quando Malin tentou ver os pensamentos do Rei naquele momento, percebeu que este o fitava de modo sério. O herdeiro de Reis Númenoreanos já notara as tentativas anteriores de Malin para ler sua mente, anos antes. Um sorriso sinistro brotou no canto direito dos lábios. Lentamente, o novo soberano levou a mão esquerda até a cintura e pousou-a com suavidade sobre o cabo de uma espada protegida por uma belíssima bainha. Símbolos de Lórien. Era a espada de Elendil, Andúril, reforjada em Valfenda para o Rei Elessar. A mesma espada há muito cobiçada pelo jovem príncipe e que agora fulgurava ferozmente nos olhos do Rei Turenbeth. O mentre da cura cambaleou para trás, rechaçado pela dura confirmação que recebera ao ouvir a voz retumbante do Rei, quando este desembainhou a espada aos gritos de ELENDIL!!!
 
As festividades seguiram por toda a Cidadela. E a alegria do Rei somente terminou com os relatos que Eradan e os demais Guardiões fizerem de suas jornadas em um salão reservado. Turenbeth caminhava de um lado a outro, absorto. Com pesar, Malin percebia no semblante de seu antigo pupilo a certeza de uma vitória esmagadora contra os Vindimadores, caso Elring fosse encontrado e lhe entregasse todo o seu conhecimento da arte dos noldor de Eldamar. Devaneios e temores que rapidamente desapareceram com a dura realidade dos fatos expostos por seus mensageiros.

Reuniões e mais reuniões seguiram-se ao longo daquela noite e por outras com diferentes delegações e emissários. O clima tenso aumentava a cada dia entre os líderes e capitães de Gondor na busca de soluções contra o exército do Caçador de Homens. Ao fim do trigésimo segundo dia, quando Turenbeth preparava-se para lançar todos os Guardiões do Norte em uma última de deseperada busca pelo Menestrel, um mensageiro dos Portões anunciou a chegada de Orodris em Minas Tirith. Antes mesmo do pobre soldado terminar seu relato, o Rei já tinha atravessado os corredores do palácio de modo alucinado para encontrar-se com seu antigo mentor em armas.

A alegria em rever o anão durou pouco, pois, as notícias trazidas por este deixaram Turenbeth perturbado. Orodris contou-lhe que, após encontrar os rastros de Elring, seguiu-os até chegar a um acampamento oriental próximo ao grande mar de Rhûn. O local estava destruído. Em meio a restos do que fora uma base militar, Orodris viu um grande círculo de área queimada e cadáveres espalhados em volta. Provavelmente, o resultado do embate entre o menestrel e o Balrog. Como prova, o anão trouxe ao olhos estupefatos do Rei Belegrín, o formidável arco de prata do qual Elring jamais separava-se. Ter escutado os relatos de Orodris sobre o local desvastado já fora um péssimo agouro, visto que lembrava-se do resultado da luta entre Ecthelion da Fonte e Gothmog na Queda de Gondolin. Mas, ao ver o arco nas mãos do anão, as esperanças de Turenbeth em formar um exército tão esplendoroso quanto o de Gil Galad findaram na mesma escuridão que envolveu Isildur ao recusar-se a destruir o Anel Governante.
 
Contudo, naquela noite, enquanto Turenbeth repassava todos os acontecimentos de Gondor a Orodris e juntos reavaliavam as chance de vitória contra Taurog, uma inesperada visita trouxe ventos favoráveis ao Rei. No salão real, uma comitiva de anões aguardava impacientemente a presença do novo soberano de Gondor. Colocados à par do surgimento de novos inimigos e da urgência de Turenbeth em rearmar seus exércitos, os anões propuseram um acordo: De Erebor e de Lindon viriam os melhores ferreiros para forjar-lhes poderosas armas; em contrapartida, o Rei conceder-lhes-ia a soberania sobre uma região das Montanhas Sombrias, a sudoeste de Moria, na Terra-Parda.

"Um acordo curioso" - pensou em voz alta, Turenbeth, pois, as habilidades dos anões na têmpera do aço eram supremas. - "Que façam bom proveito daquelas regiões sinistras!"

Nova comemoração. Brindes e saudações foram feitos ao povo de Durin. Malin iria tentar sutilmente entrar na mente do Rei para descobrir suas reais intenções, quando teve a atenção desviada para a figura de Orodris. Ainda que fosse impossível ler a mente de um naugrim, era notável o seu desconforto diante da chegada de uma comitiva de Erebor. E vice-versa. O líder do grupo - chamado Frír - acenou com um olhar Orodris e dois caminharam para um canto afastados de todos os presentes. Sussurravam ríspidamente enquanto seus olhos flamejavam em ódio mútuo. Turenbeth, em meio a um brinde e outro gole de vinho, também percebeu.

Os anões despediram-se retiraram-se para os aposentos de visitas. Turenbeth acertou mais alguns detalhes com seu capitães e retirou-se da mesa, antes fazendo uma leve reverência à Rainha e para a Princesa que, até então, acompanharam a reunião como meras espectadoras.

- "Majestade?" - chamou Orodris - "O que desejas fazer com Belegrín?"

- Turenbeth olhou com desdém para o arco - "Entregue-o à Líniel. Um arco, cuja a corda tensionava-se unicamente sob a vontade daquele que está morto, é inútil! Em Valfenda, pelo menos, ele será uma bela lembrança a ornamentar aquele lugar recoberto de poeira... élfica."

Com esta frase, o Rei despediu-se de todos. Deixanto atônita sua platéia.
 
Que vergonha, tanto tempo sem postar aqui!!! Mas vamos lá, de volta aos trabalhos!


A comitiva dos anões partiu da Cidadela pouco antes da aurora; aproveitando o denso nevoeiro que adentrava pelos portões, transformando os viajantes que descima os campos do Pelennor em formas espectrais.

Aonde está tua lealdade, agora, mestre Malin? - questionou Turenbeth, surgindo abruptamente da neblina em seu garboso meara negro e alinahndo-se com a montaria do elfo.

- A serviço de Gondor, majestade - respondi laconicamente, apos ser retirado de minhas lembranças sobre os últimos acontecimentos que presenciei ao lado de Eradan no grande salão. Cavalgávamos à frente da cavalaria de Rohan que partiu de Osgiliath a dez dias. Seguimos por Ithilien, sempre vigiados pelas funestas montanhas de Mordor. O silêncio reinava entre os soldados e poucos ousaram olhar para além do abismo onde outrora encontrava-se o Morannon. Atravessamos o Dagorlad e, apos avistarmos as Emyn Muil, viramos à direita, em direção de Ost-in-Thalion, nas Terras Castanhas. Estávamos chegando ao baluarte construído há mais de quatrocentos anos pelos homens para enfrentar o novo poder que erguia-se no Leste. Sem contratempos, chegaríamos ao meio dia para reforçar o exército local.

- Então, galoparás ao lado de seu Governante!- retrucou o Rei, afastando-se e desaparecendo do meu campo de visão.

Eradan, que escutara a intrigante pergunta de Turenbeth aproximou-se com cautela:

- O que aconteceu com Turenbeth? Desde que o vimos tornar-se Senhor de Gondor, seu comportamento mudou... aliás... arrisco um palpite de que o Príncipe, digo, Rei está estranho desde que voltamos de Delenost.

- ... ele não mudou, Eradan. - respondi e um longo suspiro escapou de meus lábios - Apesar de todos os esforços que a Rainha, Líniel e eu empregamos para torná-lo um governante sábio e benevolente como o pai.

- "Uma boa árvore nem sempre dá bons frutos!" Assim dizia o velho Tocafunda quando sua safra de maçãs não era boa, apesar de todos os cuidados observados durante o plantio e da colheita na época certa. - disse Hênrir, ao aproximar-se de nós em sua montaria - Turenbeth nunca foi de seguir conselhos de ninguém.

- Companhieros! Deêm um voto de confiança ao nosso amigo! redarguiu Éothor, reunindo-se ao trio - Os tempos são negros novamente e ser Rei em épocas de guerra exige pulso forte para manter o moral elevado das tropas.

- O capitão do Folde Oriental tem razão!!! - rosnou Orodris, que também ouvira a voz de Turenbeth e aproximou-se do grupo - Deveriam envergonharem-se por agirem como donzelas chorosas somente por serem serem repreendidas!

- Ei, amigos! Cuidado com o que falam! A audição dos anões fica mais acurada quando estão acima do solo! - provocou Eradan.

- O alcance do meu machado, também!!!

- Acalmem-se, os dois! - pediu Hênrir - Não estamos criticando Turenbeth, e sim, preocupados com algumas decisões que nosso estimado Rei têm tomado. Segundo os relatos de Voronwë, os homens de Harad estão agitados. Alguns espiões da Cidade dos Cosários foram pegos em Pelargir e interrogados. Voronwë descobriu que os sulistas capturaram e mataram um forasterio que tentava vender uma pedra a um preço cem vezes o seu peso em ouro! E isso atraiu a atenção de muitos ladrões, piratas e contrabandistas de tudos os lugares - Orodris empalideceu neste instante - contudo, em momento algum eles revelaram a natureza do tal minério.

- Cem vezes?!! Elessar... se soubesse desta notícia antes, eu mesmo iria para Umbar...investigar - disse Eradan com olhos arregalados - Alguma idéia do que possa ser a substância da pedra, Orodris?

- ... c-como posso saber?!! Não possuo nenhuma Pedra-vidente na sacola! - retrucou o anão após cofiar a barba nervosamente - E que ligação tem esta estória de taverna com Turenbeth?!!

- Antes de matarem o forasteiro, os sulistas obrigaram-no a revelar o local onde encontrara a pedra. Ele não soube dizer, pois, junto com outos capangas a tinham despojado de um anão que emboscaram em uma floresta entre a Velha Estrada do Sul e a Estrada de Moria. Um atalho infeliz, diga-se de passagem. E rumores dizem que anões têm entrado em confronto frequentes com os terra-pardenses, desde que tomaram posse daquela região. O mais curioso é que, ambos os lados negam com veemência tais acontecimentos.

- Hum... parece que os dois lados desejam manter segredo sobre a região. - completou Eradan - Infelizmente, toda a Cidade dos Corsários e quem mais estiver por lá já está ciente do que se esconde naquelas monatanha, menos nós.

- É claro!!! Temos problemas mais urgentes para enfrentar do que disputas por supostas pedras de tolos - apressou-se Orodris, querendo encerrar o assunto.

- O quê!!! É assim que os anões classificam uma pedra cem vezes mais valiosa que ouro?!!! - exclamou Eradan, logo censurado pelos companheiros com chutes e tapas em seu elmo.

- Isso!!! Fale mais alto!!! Creio que as últimas fileiras da cavalaria não escutaram!!! - sussurrou rispidamente Éothor.

- Cavalgadura!!! Ao meio-dia o Rei terá somente cinco caveleiros como reforço!!! - rosnou Orodris em voz baixa, antes de afastar-se do grupo - Esqueçam este assunto e concentrem-se nos Vindimandores!!!
 
Orodris despediu-se após trocarmos um rápido olhar.

- O que houve, Malin? Permaneceu calado o tempo todo? - perguntou Hênrir, ele percebeu que eu mantive uma atenção ostensiva sobre o anão.

- Orodris esconde algo. Ele sabe o que está aocntecendo naquela região. Eu o vi conversar com o chefe da comitiva de Erebor durante o jantar que selou o acordo sobre a posse dos contrafortes da Terra Parda.

- É muito grave o que dizes, Malin - disse Éothor - se, de alguma forma, Orodris sabia o que seu povo encontrou naquele lugar, antes de terem proposto o acordo; o Rei precisará ser informado com urgência. Mas não agora e sem provas. Como o nosso "amigo" anão falou, a prioridade é enfrentar os Vindimadores.

Aos poucos, a névoa dissipou-se e uma vasta planície e desolada das Terras Castanhas foi descortinada. As florestas de Lasgalen eram um mero borrão verde-escuro a noroeste; mais longe, a nordeste, as montanhas de Rhûn onde ocorreu a já lendária luta entre o Balrog e Elring; as horripilantes Montanhas de Cinza qeu cercam Mordor ao sul e a oeste, as Emyn Muil. E a nossa frente, uma forma destacava-se aos olhos da cavalaria: as imponentes torres que demarcavam um muro de seis faces com vinte metros ao redor de um torreão de oitenta metros de diâmetro e que elevava-se a quarenta metros. Era Ost-in-Thalion.

Para meros viajantes e inimigos incautos, uma fortaleza fácil de conquistar, visto que encontrava-se isolada de tudo. No entanto, aqueles que porventura vencessem a distância e sobrevivesse a uma nuvem de flechas disparadas de pontos estratégicos entre os merlões da muralha, surpreender-se-iam com uma visão aterradora: o torreão central estava separado do muro por um fosso de vinte e três metros de largura e assustadores cento e vinte metros de profundidade. O local era um baluarte de guerra formidável. Cada torre da muralha era ligada ao anteparo do torreão por uma estreita ponte móvel, mas em níveis diferentes. Ao todo, seis anteparos com vinte metros de altura formavam o cinturão de defesa do forte. Tanto o torreão, como as torres e as muralhas foram construídas com as rochas retiradas das escavações de Ost-in-Thalion. E as surpresas não param nas muralhas; abaixo dos pavilhões internos das torres, diversas galerias e salões de armas foram construídos para além dos muros; originando uma cidadela subterrânea com túneis e rotas de fuga e ataques para reforçar a guarnição com suprimentos humanos e bélicos. Difícil acreditar que tudos isto tenha sido constuído há quatrocentos por Orodris e seu povo das Ered Lindon. Oficialmente, quatro mil soldados viviam com seus familiares na Fortaleza do Inabalável.
 
O som reverberante de clarins anunciaram a chegada do exército do Rei. Da torre sul - onde localizava-se o portão principal - soou a resposta. Mensageiros e a escolta real deram boas-vindas a Turenbeth e seus capitães e, ao atravessarem o grande arco da muralha e cruzarem a ponte levadiça que pendia sobre o precipício, uma expressão de espanto seguido de júbilo formou-se em seus rostos. No fundo do fosso rochas apontavam mortalmente para o alto.

O portão fechou-se. Do lado de fora, acampamentos militares foram erguidos rapidamente. Escudeiros, armeiros, serviçais e voluntários auxiliavam no tratamento das montarias e na manutenção de armaduras e armas. Colunas de fumaça ascendiam de cada tenda. Passava das duas da tarde e tropas de cozinheiros erforçavam-se para repor a energia dos homens de Rohan, Gondor, Ithilien e Fornost. Apesar da descontração e da curto periodo de confraternização entre os soldados, todos ficavam com os corações e a mente anuviados ao contemplarem na linha do horizonte nuvens escuras que rodopiavam em compasso sinistro entre as Montanhas de Rhûn e Mordor.

- Voronwë, meu amigo! Sua arte na culinária supera minhas expectativas cada vez que nos encontramos! - exultou Eradan, aprovando a terceira porção servida pelo amigo.

- Sem dúvidas! Creio que a Marinha Mercante de Pelargir terá sérios problemas em manter tão habilidoso cozinheiro depois deste acampamento! - disse Éothor, após escutar os companhieros eorlingas rasgarem elogios ao "capitão cozinheiro de Pelargir".

- Sem exageros, amigos! O segredo está no tempero. - respondeu o modesto e encabulado Voronwë - Vocês precisam ir à Pelargir, um dia! É impressionante a diversidade de viajantes e comerciantes de especiarias que vendem seus produtos pela cidade! E se consideram minha comida boa, então, devem experimentar a legítima culinária do porto! É algo...

- Convidando nossos amigos para conhecerem a típica comida portuária outra vez, Voronwë? - exclamou Hênrir as gargalhadas - Perdoe-me pela interrupção, Malin e eu estivemos reunidos no Pavilhão das Águias com o Rei e os demais comandantes. Está tudo em ordem. As companhias já estão dispostas em pontos estratégicos e prontos para receber o ataque dos Vindimadores. Lanceiros e arqueiros estão eem trincheiras camufladas a quatrocentos metros das torres sudoeste, leste e nordeste. E caso vençam as linhas de cavalaria e infantaria... ainda há os Dragões Flamejantes como último recurso.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo