Ah, você achou bonito o desenho? Legal. Obrigada.
Não, não imaginei isso, não. Quer dizer eu sonhei uma vez que...
Quer saber? Vou te contar a verdade!
Sei que você está aqui só de passagem mesmo, e dificilmente voltará a esta cidade, então...
Essa casa, desse jeito mesmo que você está vendo aí, fica do outro lado do morro, no lado oeste, aqui do vilarejo.
Você não se lembra de ter visto nada quando foi lá em cima, não é?
Não, não dê "uma nova olhada" porque de nada vai adiantar. Só eu é que vejo essa casa, desde criança.
A princípio isso era motivo de piada na cidade toda e depois, quando eu era adolescente e insistia nisso, começou-se a falar em tratamento psiquiátrico e até em internação.
Me levaram a um médico uma vez e então eu vi que podia me prejudicar bastante se continuasse a falar disso, aí mudei a versão, disse que era invenção minha e tal.
Fazer o que, né? A gente tem que sobreviver nesse mundo.
Eu sei que um dos primeiros sinais de loucura é a pessoa dizer que não é louca.
Mas puxa, eu sei que não sou.
Só consigo ver essa casa quando estou em um certo ponto, no alto do morro.
Coloquei uma pedra lá no local exato, pra marcar, mas nem precisa mais, eu sei exatamente onde fica.
A casa pertence a uma família grande, pai, mãe, seis filhos e uma filha. Todos ruivos. Eles são simpáticos, mas meio estranhos. Se vestem com umas roupas antiquadas, como se vivessem na metade do século passado.
Às vezes aparecem aqui na vila, principalmente o pai das crianças.
E ele é engraçado. Fica olhando pras coisas, tem especial interesse nas que funcionam com eletricidade, fica meio meio fascinado e faz mil perguntas sobre como funciona isso ou aquilo.
Me falaram que eles são de outra cidade, por isso raramente aparecem por aqui, que o nome de família deles é Wesley, Wembley... sei lá.
Mas eu sei que eles moram mesmo é ali, perto do laguinho, atrás do morro.
Dizem que aquela parte pertence ao governo, por isso não é habitada apesar de ser um lugar bem agradável e bonito pra se morar, mas sabe, eu acho até que eles não são os únicos que moram por ali, deve haver outros, mas por alguma razão eu só consigo ver essa casa, da família dos ruivos.
E coisas estranhas acontecem por lá.
Às vezes dá pra ver uns seres estranhos no jardim, pequeninos e feios; eu vi com um binóculo, um dia.
Mas o mais estranho de tudo, e que já vi várias vezes, foram as pessoas voando.
Juro!
Tudo bem, pode rir, você está com cara de quem está segurando uma risada. Eu não ligo. Não mais.
Não tirei fotos porque as máquinas simplesmente não funcionam ali naquela região.
E isso pode ser comprovado até por você.
Máquina alguma funciona ali, em cima do morro ou lá embaixo.
E sabe da maior? ninguém tem explicação pra isso.
Hahaha... eu é que dou risada nessas horas, ao ouvir as "explicações" deles pra isso: que há um campo magnético ali, que existem jazidas de um determinado metal no solo, blablabla...
Enfim, quer saber a história desse desenho?
Eu estava uma manhã ali, sentada e pensando na vida quando, do nada, ou melhor, do meio das nuvens, surgiu esse carro. É um Ford Anglia, né?
É, eu não entendo de carros mas meu irmão me falou que é.
Enfim, o carro veio voando, "aterrisou" no quintal da casa e dele sairam três dos ruivos e mais um garoto de cabelos pretos que eu nunca tinha visto por ali.
Em seguida a mãe dos garotos saiu da casa. É uma senhora baixinha, e ela estava muito brava, eu conseguia ouvir os gritos dela lá de cima.
Foram todos pra dentro e mais tarde, vi os meninos da casa e o visitante fazendo algo no jardim, parece que pegavam os seres pequenininhos e jogavam pro alto ou algo assim e depois, começaram a voar em umas coisas que pareciam vassouras meio estilizadas, e jogavam maçãs uns nos outros.
Parecia ser bem divertido.
Aliás, eles parecem ser bem felizes ali.
Ah, você precisa ir embora? Tá bom...
Me faz um favor? Não diz que te contei essa história não, tá?
Principalmente pra minha mãe.
Ela fica sempre preocupada quando vou lá pra cima do morro e às vezes me pergunta se eu ainda vejo a tal casa.
Eu digo que "é claro que não" e dou risada, como se isso fosse uma bobagem e aí ela fica tranquila, mas acho que desconfia das minhas constantes idas até lá em cima.
Minha mãe se preocupa demais com que os outros pensam de nós e aqui é uma cidade pequena, sabe como é, né?
Valeu, você é legal.
Não, não imaginei isso, não. Quer dizer eu sonhei uma vez que...
Quer saber? Vou te contar a verdade!
Sei que você está aqui só de passagem mesmo, e dificilmente voltará a esta cidade, então...
Essa casa, desse jeito mesmo que você está vendo aí, fica do outro lado do morro, no lado oeste, aqui do vilarejo.
Você não se lembra de ter visto nada quando foi lá em cima, não é?
Não, não dê "uma nova olhada" porque de nada vai adiantar. Só eu é que vejo essa casa, desde criança.
A princípio isso era motivo de piada na cidade toda e depois, quando eu era adolescente e insistia nisso, começou-se a falar em tratamento psiquiátrico e até em internação.
Me levaram a um médico uma vez e então eu vi que podia me prejudicar bastante se continuasse a falar disso, aí mudei a versão, disse que era invenção minha e tal.
Fazer o que, né? A gente tem que sobreviver nesse mundo.
Eu sei que um dos primeiros sinais de loucura é a pessoa dizer que não é louca.
Mas puxa, eu sei que não sou.
Só consigo ver essa casa quando estou em um certo ponto, no alto do morro.
Coloquei uma pedra lá no local exato, pra marcar, mas nem precisa mais, eu sei exatamente onde fica.
A casa pertence a uma família grande, pai, mãe, seis filhos e uma filha. Todos ruivos. Eles são simpáticos, mas meio estranhos. Se vestem com umas roupas antiquadas, como se vivessem na metade do século passado.
Às vezes aparecem aqui na vila, principalmente o pai das crianças.
E ele é engraçado. Fica olhando pras coisas, tem especial interesse nas que funcionam com eletricidade, fica meio meio fascinado e faz mil perguntas sobre como funciona isso ou aquilo.
Me falaram que eles são de outra cidade, por isso raramente aparecem por aqui, que o nome de família deles é Wesley, Wembley... sei lá.
Mas eu sei que eles moram mesmo é ali, perto do laguinho, atrás do morro.
Dizem que aquela parte pertence ao governo, por isso não é habitada apesar de ser um lugar bem agradável e bonito pra se morar, mas sabe, eu acho até que eles não são os únicos que moram por ali, deve haver outros, mas por alguma razão eu só consigo ver essa casa, da família dos ruivos.
E coisas estranhas acontecem por lá.
Às vezes dá pra ver uns seres estranhos no jardim, pequeninos e feios; eu vi com um binóculo, um dia.
Mas o mais estranho de tudo, e que já vi várias vezes, foram as pessoas voando.
Juro!
Tudo bem, pode rir, você está com cara de quem está segurando uma risada. Eu não ligo. Não mais.
Não tirei fotos porque as máquinas simplesmente não funcionam ali naquela região.
E isso pode ser comprovado até por você.
Máquina alguma funciona ali, em cima do morro ou lá embaixo.
E sabe da maior? ninguém tem explicação pra isso.
Hahaha... eu é que dou risada nessas horas, ao ouvir as "explicações" deles pra isso: que há um campo magnético ali, que existem jazidas de um determinado metal no solo, blablabla...
Enfim, quer saber a história desse desenho?
Eu estava uma manhã ali, sentada e pensando na vida quando, do nada, ou melhor, do meio das nuvens, surgiu esse carro. É um Ford Anglia, né?
É, eu não entendo de carros mas meu irmão me falou que é.
Enfim, o carro veio voando, "aterrisou" no quintal da casa e dele sairam três dos ruivos e mais um garoto de cabelos pretos que eu nunca tinha visto por ali.
Em seguida a mãe dos garotos saiu da casa. É uma senhora baixinha, e ela estava muito brava, eu conseguia ouvir os gritos dela lá de cima.
Foram todos pra dentro e mais tarde, vi os meninos da casa e o visitante fazendo algo no jardim, parece que pegavam os seres pequenininhos e jogavam pro alto ou algo assim e depois, começaram a voar em umas coisas que pareciam vassouras meio estilizadas, e jogavam maçãs uns nos outros.
Parecia ser bem divertido.
Aliás, eles parecem ser bem felizes ali.
Ah, você precisa ir embora? Tá bom...
Me faz um favor? Não diz que te contei essa história não, tá?
Principalmente pra minha mãe.
Ela fica sempre preocupada quando vou lá pra cima do morro e às vezes me pergunta se eu ainda vejo a tal casa.
Eu digo que "é claro que não" e dou risada, como se isso fosse uma bobagem e aí ela fica tranquila, mas acho que desconfia das minhas constantes idas até lá em cima.
Minha mãe se preocupa demais com que os outros pensam de nós e aqui é uma cidade pequena, sabe como é, né?
Valeu, você é legal.