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Autor da Semana David Herbert Lawrence

Spartaco

Anton Bruckner - 200 anos do nascimento
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David Herbert Lawrence ou D. H. Lawrence
(Nottingham, 11 de Setembro de 1885 - Vence, 2 de Março de 1930)

D. H. Lawrence foi um dos escritores britânicos que mais gerou polêmicas e opiniões controversas. Sua obra, apesar de redimida e considerada como renovadora na estética da literatura inglesa do século XX, ainda hoje é incompreendida pelas pessoas, que já o chamaram, entre muitos adjetivos, de poeta indecente, imoral e pornográfico.

O que mais causou repulsa na obra de D. H. Lawrence aos seus contemporâneos, foi a coragem de dar sexualidade às personagens. Longe de ser obscena, a escrita de Lawrence faz do sexo algo natural, parte da essência humana e da sua conduta na sociedade. A entrega dos corpos é o momento que homem adquire contacto com a natureza e a sua verdadeira vertente. O autor não se esquiva de dar importância ao encontro de peles, desnudando a sociedade da sua época, sem fazê-la obscena, mas erótica e humana, sem os preconceitos dos costumes que se fariam decadentes ao longo do século XX, encerrando de vês os resquícios da moral vitoriana na Grã-Bretanha.

A obra de Lawrence reflete um caráter social evidente, onde a industrialização desenfreada da Inglaterra contrastava com o homem do campo, com as tradições. Dar sexualidade às personagens era retratar o mais recôndito dos segredos da intimidade de uma sociedade. De maneira obsessiva, as mulheres, o sexo e o amor afloram como temas latentes no universo de Lawrence. A ousadia custou caro ao autor, que viu a sua obra ser censurada dentro do próprio país. Clássicos como “O Amante de Lady Chatterley”, ou “O Arco-Íris”, foram proibidos por décadas na Grã-Bretanha. Uma obra magnífica foi reduzida à obscenidade do puritanismo da época. Somente o tempo provaria a beleza literária e eterna das palavras de Lawrence, mas ele não viveria para ver este reconhecimento. Morreu sendo injustiçado por seus contemporâneos, aos 44 anos.

D. H. Lawrence deixou uma obra que se estende por quase todos os gêneros literários, dela faz parte romances, contos, peças teatrais, livros de viagem, crítica literária, cartas pessoais e livros de arte, além de muitas traduções. Além de escritor, Lawrence também era pintor e produziu muitas obras expressionistas.

Mergulhar na obra deste autor modernista é beber da essência humana, sentir o pulsar sexual daqueles que enfrentam o seu tempo sem as roupas que se lhe foram impostas, de cara lavada, sem as maquiagens dos costumes de uma sociedade. O homem e a mulher são seres que lutam, sonham, amam e fazem sexo!

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CRONOLOGIA
1885 – Nasce, em 11 de setembro, David Herbert Lawrence, em Eastwood, Nottigham, Inglaterra.
1897 – O pequeno David é admitido na escola secundária de Nottingham.
1902 – Deixa a escola, arrumando um emprego de escriturário. Torna-se amigo da jovem Jessie Chambers. Sucumbe a uma pneumonia. Durante a convalescença escreve os seus primeiros poemas.
1905 – É admitido na Universidade de Nottingham. Dá início ao seu primeiro romance, O Pavão Branco.
1909 – Enviados por Jessie Chambers, são publicados alguns poemas de D. H. Lawrence na revista English Review.
1910 – Morre, em 9 de dezembro, Lydia Lawrence, mãe do escritor.
1911 – Publicado, em janeiro, O Pavão Branco.
1912 – Conhece Frieda von Richthofen, esposa do seu antigo professor de francês. Apaixonada, Frieda abandona o marido e os filhos para seguir o escritor. Parte com Frieda para a Alsácia-Lorena; a seguir, vão para a Itália.
1913 – Publica O Intruso. Termina de escrever Filhos e Amantes e inicia outro romance, Crepúsculo na Itália.
1914 – D. H. Lawrence e Frieda voltam para a Grã-Bretanha, onde se casam em Londres, após o marido de Frieda conceder-lhe o divórcio. Inicia o projeto que resultaria no romance Mulheres Apaixonadas.
1916 – Publica Crepúsculo na Itália.
1917 – Sob suspeita de espionagem, D. H.Lawrence e Frieda são expulsos da Cornualha. Vão morar em Londres até o fim da Primeira Guerra Mundial.
1919 – O casal parte para a Itália.
1920 – Escreve duas coleções de poemas e vários contos.
1921 – Escreve o romance O Mar da Sardenha.
1922 – Viaja com a mulher para o Ceilão e para a Austrália.
1923 – Escreve o romance Canguru. Viaja para o continente americano, passando pelos Estados Unidos e fixando residência no México.
1925 – Começa a escrever Ternura, título que mais tarde seria mudado para O Amante de Lady Chatterley. Dedica-se à pintura.
1926 – Escreve A Serpente Emplumada.
1927 – Visita a Toscana, na Itália. Com gravíssimos problemas de saúde, parte para a Suíça. Para dar seguimento aos tratamentos de saúde, segue com Frieda para a Alemanha.
1928 – Publica, em Florença, o romance O Amante de Lady Chatterley. Realizada em Londres, apesar das maledicências da imprensa, uma bem sucedida exposição com as pinturas de D. H. Lawrence.
1929 – Viaja com a mulher para Paris, hospedando-se na casa de Aldous Huxley. Agravado o estado de saúde do escritor. Inicia um tratamento intensivo no sanatório de Vence, na França.
1930 – Morre, em 2 de março, em Vence, França, vítima de uma meningite tuberculosa.

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OBRAS
Romances
1911 – The White Peacock (O Pavão Branco)
1912 – The Trespasser (O Intruso)
1913 – Sons and Lovers (Filhos e Amantes)
1915 – The Rainbow (O Arco-Íris)
1920 – Women in Love (Mulheres Apaixonadas)
1920 – The Lost Girl
1922 – Aaron’s Rod (A Vara de Aarão)
1923 – Kangaroo (Canguru)
1924 – The Boy in the Bush
1926 – The Plumed Serpent (A Serpente Emplumada)
1928 – Lady Chatterley’s Lover (O Amante de Lady Chatterley)
1929 – The Escaped Cock (posteriormente publicado como The Man Who Died)
1930 – The Virgin and the Gypsy (A Virgem e o Cigano

Contos

1914 – The Odour of Chrysanthemums
1914 – The Prussian and Other Stories
1922 – England, My England and Other Stories
1922 – The Horse Dealer’s Daughter
1923 – The Fox, The Captain’s Doll, The Ladybird
1925 – St Mawr and Other Stories
1926 – The Rocking-Horse Winner
1928 – The Woman Who Rode Away and Other Stories
1930 – The Virgin and the Gipsy and Other Stories
1930 – Love Among the Haystacks and Other Stories
1994 – Collected Stories

Poesia
1913 – Love Poems and Others
1916 – Amores
1917 – Look! We Have Come Through!
1918 – New Poems
1919 – Bay: A Book of Poems
1921 – Tortoises
1923 – Birds, Beasts and Flowers
1928 – The Collected Poems of D. H. Lawrence
1929 – Pansies
1930 – Nettles
1932 – Last Poems (póstumo)
1940 – Fire and Other Poems
1964 – The Complete Poems of D. H. Lawrence
1972 – D. H. Lawrence: Selected Poems

Teatro
1912 – The Daugher-in-Law
1914 – The Widowing of Mrs Holroyd
1920 – Touch and Go
1926 – David
1933 – The Fight for Barbara
1934 – A Collier’s Friday Night
1940 – The Married Man
1941 – The Merry-go-Round
1965 – The Complete Plays of D. H. Lawrence

Não-Ficção
1914 – Study of Thomas Hardy and Other Essays
1921 – Movements in Eupean History
1921 – Psychoanalysis and the Unconscious
1922 – Fantasia of the Unconscious
1923 – Studies in Classic American Literature
1925 – Reflections on the Death of a Porcupine and Other Essays
1929 – A Propost of Lady Chatterley’s Lover
1931 – Apocalypse and the Writings on Revelation
1936 – Phoenix: The Posthumous Papers of D. H. Lawrence
1968 – Phoenix II: Uncollected, Unpublished and Other Prose Works by D. H. Lawrence
2004 – Introductions and Reviews
2004 – Late Essays and Articles
2008 – Selected Letters

Livros de Viagem
1916 – Twilight in Italy and Other Essays
1921 – Sea and Sardinia (O Mar da Sardenha)
1927 – Mornings in México
1932 – Sketches of Etruscan Places and Other Italian Essays

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A Holy Family (pintura de D.H. Lawrence)

Fonte:

Wikipedia
jeocaz.wordpress.com
 
Sobre o D. H. Lawrence enquanto poeta:

O resgate de D. H. Lawrence como poeta
por Euler de França Belém

D. H. Lawrence é Virginia Woolf de calça? A sensualidade à flor da pele do Lawrence dos romances “Mulheres Apaixonadas” (traduzido com excelência por Renato Aguiar) e “O Amante de Lady Chatterley” (tradução de alta qualidade de Sergio Flaksman) difere da contenção e da ousadia relativamente sutil da autora do romance “Orlando”. Mas, para a literatura universal, não apenas para a inglesa, os dois têm importância similar e cânones sérios não podem exclui-los. Eles têm um quê de outros autores, mas, quando se lê algumas de suas páginas, percebe-se, de imediato, que são autônomos, têm identidade. São filhos de alguém, mas não são cópias. Não são simulacros. Lawrence começou mal traduzido no Brasil, pela Record, mas começa a ser vertido para o português por tradutores do primeiro time da Companhia das Letras e da própria Record. Tem-se a impressão que sua literatura crua, ou descarnada, chegou a ser vista, pelos leitores iniciais, como pornográfica, ou erótica, pelos leitores mais qualificados. Se o erotismo — sexualidade refinada? — é um dos focos da prosa do autor, talvez não seja o centro. Há mesmo uma sensualidade espiritualizada em Lawrence, mas é também corpórea. O núcleo da literatura do prosador é a própria riqueza da vida, na qual a sexualidade é um dos elementos vitais, não “o” único. Na Europa e nos Estados Unidos, tanto o prosador, autor de romances e contos, quanto o poeta ganham cada vez mais destaque. No Brasil, apesar do menor destaque, o poeta ganhou traduções caprichadas. Sérgio Milliet o traduziu pioneiramente, mas, salvo engano, apenas um poema. Jorge Wanderley traduziu muito bem três poemas — “O mosquito sabe”, “Bons maridos fazem mulheres infelizes” e “Serpente” — no livro “22 Ingleses Modernos — Uma Antologia Poética” (Civilização Brasileira, 162 páginas, 1993). Aíla de Oliveira Gomes é responsável por uma tradução elogiada pelo mestre dos mestres Paulo Rónai — “Alguma Poesia” (T. A. Queiroz, Editor, 213 páginas, 1991) e por uma introdução que explica fases, percalços e avanços do bardo britânico. Leonardo Fróes é responsável por excelente coletânea, “Poemas de D. H. Lawrence” (Alhamba, 103 páginas, 1985). Mário Alves Coutinho é autor de bons achados em “Tudo Que Vive é Sagrado” (Crisálida, 287 páginas), de William Blake e Lawrence.

Mário Alves Coutinho traduz o belo e inquiridor “A confusão do amor”, exibindo toda a rebeldia poética e, digamos assim, filosófica de Lawrence, um gênio literário que viveu apenas 44 anos e deixou dezenas de obras: “Fizemos uma grande confusão do amor/desde que fizemos dele um ideal.//No momento em que juro amar uma mulher, uma/certa mulher, toda minha vida/nesse momento começo a odiá-la.//No momento em que digo a uma mulher: te amo! —/meu amor diminui consideravelmente.//No momento em que o amor é uma coisa certa entre/nós, estamos seguros dele,/ele é um ovo frito, não é mais amor.//Amor é assim como uma flor, precisa florescer e fenecer;/se não fenece, não é uma flor,/ou é uma flor despetalada e artificial, ou uma sempre-/viva, de cemitério.//No momento em que a mente interfere no amor, ou a/vontade fixa nele a atenção,/ou a personalidade o considera como um atributo, ou o/ego toma posse dele,/não é mais amor, é apenas uma confusão./Fizemos uma grande confusão do amor, pervertido/pela mente, pela vontade, pelo ego”.

Lawrence é estudado por grandes críticos como Frank Kermode e Harold Bloom. Este dedica-lhe algumas belas páginas no livro “Gênio — Os 100 Autores Mais Criativos da História da Literatura” (Objetiva, 828 páginas, tradução de José Roberto O’Shea). Bloom diz que Lawrence “expressa, com eloquente desespero, a necessidade de um renascimento espiritual em nossa sociedade mercantil e uma ressureição sexual no corpo do indivíduo”. Não é o que nota o crítico, mas a prosa e a poesia de Lawrence, como o poema sobre o amor, sugerem uma reconstituição do indivíduo, uma recuperação de sua voz soterrada por tantas vozes — a religiosa, a moral, a comercial, a publicitária, a política. Há, por assim dizer, uma busca do rebelde original, uma redescoberta do olhar, do pensar e do agir.

Eliot, citado por Bloom, não compreendia muito bem o “profeta” liberatório Lawrence. “A questão é que Lawrence, desde cedo na vida, esteve inteiramente livre de qualquer restrição imposta pela tradição ou por instituição”, escreveu Eliot, um religioso empedernido, embora poeta dos melhores. A “espiritualidade apocalíptica”, ou desordenada, não era apreciada pelo poeta cartesiano e, moralmente, muito certinho. Bloom reconhece as qualidades de Eliot, mas o deprecia, não raro (Frank Kermode já o havia criticado por isso em “Um Apetite Pela Poesia”, Edusp, 256 páginas, tradução de Sebastião Uchoa Leite. Verifique as páginas 118 e 119): “Lawrence escreveu um número razoável de poemas que ficarão para sempre, mais do que o fez Eliot”.

Bloom aponta como “maravilhoso” o poema “Canção do homem que chegou” (traduzido por como “Canção do homem que conseguiu” por Mário Alves Coutinho). Trecho da versão de José Roberto O’Shea: “Não eu, não eu, mas o vento que sopra através de mim!/Um bom vento sopra a nova direção do Tempo./Se eu deixar me levar, me carregar, se ele me carregar!/Se eu for um mimo sensível, sutil, Oh, delicado, alado!/Se eu, o mais amável, me entregar e for tomado/Pelo bom vento cujo curso passa pelo caos do mundo,/Qual um bom, um raro cinzel, com lâmina na cunha;/ Se eu for afiado e rígido como a ponta de uma unha/Enfiada por golpes invisíveis,/A rocha se partirá, e ficaremos extasiados, encontraremos/as Hesperides.” “Terra Noturna”, no dizer de Bloom, é seu poema mais profético. Ele “confronta os Estados Unidos de Whitman”. Sobre o vate americano, Lawrence escreveu: “À frente de Whitman, nada” (ele era um filho de Whitman). “Cobra”, que é transcrito pelo Jornal Opção, também é visto como um dos grandes poemas de Lawrence. Em “Sombras”, que Bloom chama de “extraordinário”, Lawrence diz: “E se esta noite a minha alma encontrar a sua paz/no sono, e mergulhar em doce olvido/e de manhã acordar como flor recém-aberta — então é porque eu mergulhei outra vez vem Deus, fui recriado” (tradução de Aíla de Oliveira Gomes).

A prosa e a poesia de Lawrence eram intensamente morais. “Mas uma moralidade implícita, apaixonada, não didática”, nota Bloom.

FONTE: http://www.jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/o-resgate-de-d.-h.-lawrence-como-poeta

Recomendo MUITO que cliquem no link da fonte, pois lá ele cita vários poemas traduzidos por vários tradutores.

O Lucas Haas Cordeiro traduziu o poema Serpente no escamandro. Como dito no texto do Euler, é um dos melhores poemas dele.

Em tempo: na Folha, Poemas de D.H. Lawrence foram salvos da censura;
Alguns poemas de Lawrence traduzidos, em que destaco o Indecência Pode Ser Saudável, sob pena do José Paulo Paes;
Quatro poemas do Lawrence traduzidos;
Dois poemas do Lawrence traduzidos.

Faço notar também um volume de poemas do mesmo, Alguma Poesia, com tradução de Aíla de Oliveira Gomes.

E faço também notar um ótimo artigo publicado no Virtuália: D. H. Lawrence -- Quando a literatura ganhou sexualidade.

Destaco:

O que mais causou repulsa na obra de D. H. Lawrence aos seus contemporâneos, foi a coragem de dar sexualidade às personagens. Longe de ser obscena, a escrita de Lawrence faz do sexo algo natural, parte da essência humana e da sua conduta na sociedade. A entrega dos corpos é o momento que homem adquire contacto com a natureza e a sua verdadeira vertente.

Creio que o Paganus gostará de conhecer um pouco mais a poesia deste artista.
 
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