Página de "Cachalote", desenhada por Rafael Coutinho; álbum será uma das obras nacionais do novo selo da editora, dedicado só para quadrinhos
No mesmo dia em que a Pixel tornou pública uma ainda incerta mudança nos rumos editoriais, a Companhia das Letras enviava à imprensa um comunicado anunciando um selo próprio para a publicação de quadrinhos.
O "Quadrinhos na Cia.", nome do novo selo, representa um investimento maior da editora paulista no ramo de quadrinhos.
A Companhia das Letras programa pelo menos 20 títulos até 2010, parte deles nacional.
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O selo ficará a cargo de André Conti, que já atuava na empresa como editor. Segundo ele, a empresa percebeu que era chegada a hora de apostar mais no setor.
Um dos problemas -diz ele- era que os títulos em quadrinhos lançados pela editora nos últimos três anos entravam na área juvenil das livrarias. E isso "engessava" um pouco.
A proposta é que o novo selo tenha um catálogo bem mais variado. "A idéia é ser como a Companhia das Letras era no começo", diz Conti, por telefone.
"Levar clássicos, como [Will] Eisner, contemporâneos, como os de Chris Ware, e descobrir quem são os novos autores nacionais."
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É no rol brasileiro o principal diferencial do selo, pelos dados que se têm até o momento.
A editora pretende criar álbuns em sistema de duplas: um escritor faz o texto, um quadrinista, a arte.
Segundo Conti, já há quatro parcerias fechadas e outras seis em processo de definição.
A primeira parceira é entre Daniel Galera e o desenhista Rafael Coutinho, filho de Laerte.
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O álbum deles -intitulado "Cachalote"- já está em produção e está programado para 2009.
A história ainda é mantida em sigilo. Mas se sabe que serão seis contos narrados em três partes, voltados ao leitor mais adulto.
A obra deve ter em torno de 300 páginas. Coutinho disponibilizou quatro delas em seu blog. Uma é a que abre esta postagem.
Galera já teve outros livros publicados pela Companhia das Letras. O mais recente, "Cordilheira", foi lançado neste ano.
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Outro trabalho nacional deve anteceder o lançamento de "Cachalote". É a adaptação em quadrinhos do romance "Jubiabá", de Jorge Amado, já antecipada por este blog.
O álbum é feito por Spacca, quadrinista que tem lançado um trabalho por ano na editora.
Em 2005, publicou "Santô e os Pais da Aviação". No ano seguinte, um relato da passagem do pintor Jean-Baptiste Debret pelo Brasil.
No fim do ano passado, lançou em parceria com Lilia Moritiz Schwarcz "D. João Carioca", que mostra a passagem da família real portuguesa pelo Brasil.
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Do material estrangeiro do selo, além de Will Eisner, a editora programa novos trabalhos de Art Spiegelman e de Marjane Satrapi, autores de "Maus" e "Persépolis", respectivamente. Ambos foram publicados pela editora.
Dos contemporâneos, a lista se volta para os Estados Unidos. Um dos títulos é "Jimmy Corrigan: The Smartest Kid On Earth", de Chris Ware.
Também fazem parte da relação obras de Dash Shaw ("Bottomless Belly Button"), de Craig Thompson ("Blankets") e Gene Luen Yang ("American Born Chinese", que deveria ter sido lançada neste ano).
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Os investimentos da Companhia das Letras com quadrinhos começaram a ganhar destaque em 2004, com o lançamento do primeiro volume de "Persépolis".
No ano seguinte, a editora publicou "Maus" em volume único, a versão de Spacca para o início da aviação e iniciou o relançamento de Tintim no Brasil.
Desde então, o catálogo tem sido ampliado ano a ano.
Com a criação do "Quadrinhos na Cia.", a empresa passa a ter cinco selos editoriais: Companhia das Letrinhas, Cia. das Letras, Companhia de Bolso, Companhia das Letras, além do recém-inaugurado, dedicado exclusivamente a quadrinhos.
Fonte: Blog dos Quadrinhos
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O que isso quer dizer para mim e para você: que finalmente vão sair coisas boas e mais acessiveis.
Detalhe: a primeira vez que eu ouvir falar no nome Rafael Coutinho, foi no blog do desenhista do 5, Rafael Grampá.