Cantona
Tudo é História
Boa reportagem/entrevisa na Revista Alfa de jul/11, da Ed. Abril, sobre Clint Eastwood.
Ele é o responsável por uma das melhores cenas do cinema, na minha opinião. O duelo final do filme Os Imperdoáveis.
O último durão
Aos 81 anos, Clint Eastwood se prepara para lançar seu 35º filme, diz que não vai parar e conta como a mulher e a filha o tornaram um outro homem
Ele é a personificação do homem calado, que conquistou sua grandeza com persistência e determinação. Virou uma lenda na Europa com os spaghetti westerns de Sergio Leone. Criou o mais cool dos justiceiros como Dirty Harry e, aos 61 anos, dirigiu e atuou em Os Imperdoáveis, uma reinvenção radical do western que lhe deu o Oscar de melhor diretor. Hoje, é difícil imaginar que Clint Eastwood tem 81 anos. Ele é um dos mais robustos e saudáveis octogenários que se pode encontrar. Talvez sua jovem esposa — Dina Ruiz, de 45 anos — ou a filha deles, Morgan, de 14 anos, tenham ajudado a subtrair anos de sua mente. Ou o regime consistente de exercícios que Clint seguiu por toda a vida — levantando peso, correndo e jogando golfe — tenha mantido essa lenda das telas com tal físico e energia. Seja lá qual for a explicação, Eastwood é alguém para se estudar. Com um currículo de 35 filmes como diretor e outros 66 como ator, sua vida é uma fórmula no sentido de atrasar o relógio e reter o vigor, sempre olhando adiante.
“Envelhecer foi uma liberação pra mim”, diz Clint. “Quando era jovem, tinha raiva do mundo porque ambicionava me tornar um músico de jazz e esse sonho foi interrompido quando tive de me preparar para a guerra da Coreia. Eu era muito estressado. À determinada altura, percebi que não precisava tornar tudo tão pesado. Me sinto muito mais livre hoje.” Ele continua adicionando elementos à lenda a cada novo trabalho. Na última década, provou sua supremacia na direção com filmes como Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro, com o qual ganhou seu segundo Oscar de melhor diretor. Em 2009, o festival de Cannes lhe concedeu uma Palma de Ouro especial como “grande mestre em sua arte”. Para além de prêmios e reconhecimento, Eastwood sente que nada importa mais que a felicidade que encontrou em seu casamento com a jornalista Dina Ruiz, que já dura 12 anos. O relacionamento lhe trouxe a paz de espírito que ligações anteriores não conseguiram providenciar.
“Meu trabalho tem sido importante, mas levei um longo tempo para encontrar uma verdadeira companheira”, diz. “Hoje minha mulher representa a felicidade e é nesse campo que me sinto mais bem sucedido. Sabe, aquele monte de rifles e revólveres impediu as pessoas de enxergarem em mim um romântico.” Esse renascimento que Eastwood parece sentir é a recompensa por seu espírito desafiador. Não só ele desafiou os críticos que nunca levaram seus primeiros trabalhos a sério, como desafiou as inibições e limitações que o mundo impõe a quem já passou dos 60. A genética pode bem tê-lo ajudado — a mãe de Clint viveu, vigorosamente, até os 98 — e sua devoção por se exercitar certamente representou um papel em mantê-lo forte e estruturado. “Sempre gostei da sensação que levantamento de peso dá. Traz mais energia do que quando simplesmente corro. Também é uma maneira de relaxar e limpar a mente de preocupações do dia”, diz. Mas há algo mais. “Estive aberto à mudança e em sincronia com a evolução do mundo. Me intrigava por que diretores como Billy Wilder ou Frank Capra pararam de trabalhar tão cedo. Penso que os 60 e 70 podem ser os melhores anos desde que você mude e evolua. Quando você alcança essa idade, aprendeu tanto e sua perspectiva se aprofundou tanto que somente um bobo não se beneficiaria desse conhecimento.”
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Na íntegra em Revista Alfa
Ele é o responsável por uma das melhores cenas do cinema, na minha opinião. O duelo final do filme Os Imperdoáveis.
O último durão
Aos 81 anos, Clint Eastwood se prepara para lançar seu 35º filme, diz que não vai parar e conta como a mulher e a filha o tornaram um outro homem
Ele é a personificação do homem calado, que conquistou sua grandeza com persistência e determinação. Virou uma lenda na Europa com os spaghetti westerns de Sergio Leone. Criou o mais cool dos justiceiros como Dirty Harry e, aos 61 anos, dirigiu e atuou em Os Imperdoáveis, uma reinvenção radical do western que lhe deu o Oscar de melhor diretor. Hoje, é difícil imaginar que Clint Eastwood tem 81 anos. Ele é um dos mais robustos e saudáveis octogenários que se pode encontrar. Talvez sua jovem esposa — Dina Ruiz, de 45 anos — ou a filha deles, Morgan, de 14 anos, tenham ajudado a subtrair anos de sua mente. Ou o regime consistente de exercícios que Clint seguiu por toda a vida — levantando peso, correndo e jogando golfe — tenha mantido essa lenda das telas com tal físico e energia. Seja lá qual for a explicação, Eastwood é alguém para se estudar. Com um currículo de 35 filmes como diretor e outros 66 como ator, sua vida é uma fórmula no sentido de atrasar o relógio e reter o vigor, sempre olhando adiante.
“Envelhecer foi uma liberação pra mim”, diz Clint. “Quando era jovem, tinha raiva do mundo porque ambicionava me tornar um músico de jazz e esse sonho foi interrompido quando tive de me preparar para a guerra da Coreia. Eu era muito estressado. À determinada altura, percebi que não precisava tornar tudo tão pesado. Me sinto muito mais livre hoje.” Ele continua adicionando elementos à lenda a cada novo trabalho. Na última década, provou sua supremacia na direção com filmes como Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro, com o qual ganhou seu segundo Oscar de melhor diretor. Em 2009, o festival de Cannes lhe concedeu uma Palma de Ouro especial como “grande mestre em sua arte”. Para além de prêmios e reconhecimento, Eastwood sente que nada importa mais que a felicidade que encontrou em seu casamento com a jornalista Dina Ruiz, que já dura 12 anos. O relacionamento lhe trouxe a paz de espírito que ligações anteriores não conseguiram providenciar.
“Meu trabalho tem sido importante, mas levei um longo tempo para encontrar uma verdadeira companheira”, diz. “Hoje minha mulher representa a felicidade e é nesse campo que me sinto mais bem sucedido. Sabe, aquele monte de rifles e revólveres impediu as pessoas de enxergarem em mim um romântico.” Esse renascimento que Eastwood parece sentir é a recompensa por seu espírito desafiador. Não só ele desafiou os críticos que nunca levaram seus primeiros trabalhos a sério, como desafiou as inibições e limitações que o mundo impõe a quem já passou dos 60. A genética pode bem tê-lo ajudado — a mãe de Clint viveu, vigorosamente, até os 98 — e sua devoção por se exercitar certamente representou um papel em mantê-lo forte e estruturado. “Sempre gostei da sensação que levantamento de peso dá. Traz mais energia do que quando simplesmente corro. Também é uma maneira de relaxar e limpar a mente de preocupações do dia”, diz. Mas há algo mais. “Estive aberto à mudança e em sincronia com a evolução do mundo. Me intrigava por que diretores como Billy Wilder ou Frank Capra pararam de trabalhar tão cedo. Penso que os 60 e 70 podem ser os melhores anos desde que você mude e evolua. Quando você alcança essa idade, aprendeu tanto e sua perspectiva se aprofundou tanto que somente um bobo não se beneficiaria desse conhecimento.”
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Na íntegra em Revista Alfa