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Asas dos Balrogs

Balrogs Tinham asas

  • SIM

    Votos: 79 47,3%
  • NÃO

    Votos: 73 43,7%
  • ALGUNS

    Votos: 15 9,0%

  • Total de votantes
    167
Isso, isso, isso. Agora de que tipo de corrupção estamos falando?

Sim, porque a corrupção órquica foi física, mental, espiritual E ontológica.

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Daí a gente entra na discussão sobre se os orcs tinham alma ou não, se os comandantes órquicos eram algum tipo de espírito aparentado dos ainur porém com maior capacidade de encarnar-se/desencarnar-se etc.

Tópico fadado ao sucesso!

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Daí a gente entra na discussão sobre se os orcs tinham alma ou não, se os comandantes órquicos eram algum tipo de espírito aparentado dos ainur porém com maior capacidade de encarnar-se/desencarnar-se etc.

Tópico fadado ao sucesso!

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Na minha opinião a visão madura de Tolkien era que os orcs eram seres dotados de corpo (óbvio) e alma, elfos na sua origem, uma deturpação da obra de Eru. E o fato de não serem imortais aponta para uma corrupção ontológica.
 
Na minha opinião a visão madura de Tolkien era que os orcs eram seres dotados de corpo (óbvio) e alma, elfos na sua origem, uma deturpação da obra de Eru. E o fato de não serem imortais aponta para uma corrupção ontológica.

Esse teria sido justamente um dos motivos para Tolkien preterir a origem élfica dos orcs - a imortalidade não era algo que simplesmente pudesse ser retirada, e ainda mais sua falta tornada hereditária. Isso chegou a ser comentado nesse tópico.
 
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A origem dos "bonitinhos" é tema de livre escolha, tal a quantidade de versões criadas pelo Professor. Atualmente, ando "namorando" a versão de que eles tinham sido criados pela Dissonância e que seus chefes (Shagrat e Gorbag, por exemplo) seriam encarnações órquicas de espíritos corrompidos aparentados dos ainur.

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Última edição:
Ah cara, qd fala em Balrog eu penso naquele do filme (pq vi primeiro o filme que os livros), mas eu não consigo imaginar, por exemplo, Gothmog com asas. Se eu começar a pensar em Balrogs com asas, acabo confundindo balrogs com dragões, e dragões são dragões, dragões não podem ser confundidos xD
 
Penso em dragões como 100% "répteis" e em balrogs como 1/2 "animais" e 1/2 "humanos".

E sim, consigo imaginá-los com asas.
 
Muita coisa foi dita no tópico, vou fazer um resumão do que achei mais convincente.

Trechos relevantes (de O Senhor dos Anéis e pós-O Senhor dos Anéis), com negritos meus:

His enemy halted again, facing him, and the shadow about it reached out like two vast wings. (The Lord of the Rings, The Bridge of Khazad-dûm)

...suddenly it drew itself up to a great height, and its wings were spread from wall to wall... (The Lord of the Rings, The Bridge of Khazad-dûm)
Thus they roused from sleep a thing of terror that, flying from Thangorodrim, had lain hidden at the foundations of the earth since the coming of the Host of the West: a Balrog of Morgoth. (The Lord of the Rings, Appendix A, Durin's Folk)
Swiftly they arose, and they passed with winged speed over Hithlum, and they came to Lammoth as a tempest of fire. (Morgoth's Ring, The Later Quenta Silmarillion: Of the Rape of the Silmarils)

Uma coisa a se observar na discussão é que, como o César falou...

Todas as citações dos textos escritos antes dos anos 40, que indicam a inexistência mesma de asas nos Balrogs - como no trecho que indica que eles marcharam até Morgoth, ou no que diz respeito a Ancalagon como a primeira criatura de Morgoth a ser lançada aos ares, ou a batalha em Gondolin - são inúteis. (...) Não adianta nada usar esses trechos que só comprovam que eles não tinham asas ANTES da finalização da redação do Senhor dos Anéis.

De fato, os balrogs nas primeiras fases do legendário eram mais numerosos e menos poderosos.[1] Assim sendo, Tolkien pode muito bem ter adotado, durante a escrita de O Senhor dos Anéis, novas concepções também sobre a aparência dos balrogs. É o que o Ilmarinen defende aqui (ele aponta que a mudança teria se dado, possivelmente, por influência do filme Fantasia da Disney). Destaco a discussão sobre a propositada dubialidade por parte de Tolkien ao descrever o balrog:

(...)
A coisa toda nasce de duas descrições incluídas na passagem por Moria, "a sombra que o envolvia se estendeu como duas imensas asas" e, em seguida, "suas asas se estenderam de parede a parede". (...) O dilema com as duas passagens em Moria não é o fato delas poderem ou não ser interpretadas em conjunto. Elas têm que ser interpretadas juntas porque o "suas asas se estenderam de parede a parede" precisa, pelo contexto, estar ligado às "asas" mencionadas antes, independente de qual for a sua natureza. (...) A questão é que, como o Conrad Dunkerson explicou, a interpretação que coloca a segunda passagem sendo metafórica depende da primeira ser interpretada como símile (o "como duas imensas asas") e essa é só uma de duas possibilidades distintas, já que pode indicar, também, evolução de distinção de incerteza pra claridade. (...) Similar ao poço em Moria no mesmo capítulo, que era "like a well", "como um poço", e depois foi confirmado pelo Gimli como sendo precisamente isso mesmo. Também como a sombra de Gwaihir salvando Gandalf no sonho na casa de Bombadil, onde ela era "como a sombra de grandes asas". Foi só depois do Conselho de Elrond, vários capítulos depois, que ficou realmente claro que era mesmo uma águia, um animal alado, que projetou a sombra.
Nós, em português, também usamos a expressão "como" em contextos assim pra descrever algo que parece difícil de definir à primeira vista. A evolução de "como duas imensas asas" pra "suas asas se estenderam de parede à parede", nessa interpretação, revelaria uma percepção mais acurada do que antes era difícil de discernir na figura do Balrog. Quando ele se aproximou, a escuridão que o cercava teria deixado entrever as asas "reais" que antes se confundiam com o cloak of darkness do Balrog. Então é mesmo o caso de haver duas interpretações diferentes para a mesma passagem e não há como saber qual das duas é a correta.
Além disso, Conrad Dunkerson aventa a hipótese de que Tolkien tenha usado a linguagem de forma ambígua e optado por usar verbos ambivalentes como o "flying from Thangorodrim" ("fugindo" de Thangorodrim) e expressões dúbias como "winged speed" (velocidade "alada") porque, nos escritos mais tardios, ele queria que os Balrogs tivessem asas e, talvez, até voassem, mas se deparou com a necessidade de rever toda a cronologia pra introduzir a nova idéia, preferindo ficar no meio do caminho enquanto não revisasse completamente a mitologia do Silmarillion.
(....)

Aqui o Snaga chamou a atenção para um trecho que tende a aparecer menos nos debates:

- Elbereth Gilthoniel! — suspirou Legolas ao erguer os olhos. No momento em que falava, uma forma escura, como uma nuvem mas que não era uma nuvem, pois movia-se muito mais rápido, surgiu do negrume do Sul, correndo em direção à Comitiva, vedando toda a luz conforme se aproximava. Logo se definiu como uma grande criatura alada, mais negra que os abismos da noite. (...)
(...)
- Louvados sejam o arco de Galadriel e a mão e o olho de Legolas - disse Gimli, enquanto mastigava um pedaço de lembas. - Aquele foi um belo tiro no escuro, meu amigo!
- Mas quem poderia dizer o que o tiro atingiu? - disse Legolas.
- Eu não - disse Gimli. - Mas fico feliz em pensar que a sombra não se aproximou mais. Não gostei dela nem um pouco. Pareceu-me semelhante demais à sombra em Moria - a sombra do balrog - finalizou ele, num sussurro.
- Não era um balrog - disse Frodo, ainda tremendo pelo frio que o assaltara. - Era algo mais gelado. Acho que era... - Parou neste ponto, e ficou em silêncio.

...no original...

'Elbereth Gilthoniel!' sighed Legolas as he looked up. Even as he did so, a dark shape, like a cloud and yet not a cloud, for it moved far more swiftly, came out of the blackness in the South, and sped towards the Company, blotting out all light as it approached. Soon it appeared as a great winged creature, blacker than the pits in the night. (...)
(...)
'Praised be the bow of Galadriel, and the hand and eye of Legolas! ' said Gimli, as he munched a wafer of lembas. 'That was a mighty shot in the dark, my friend!'
'But who can say what it hit?' said Legolas.
'I cannot,' said Gimli. `But I am glad that the shadow came no nearer. I liked it not at all. Too much it reminded me of the shadow in Moria - the shadow of the Balrog,' he ended in a whisper.
''It was not a Balrog,' said Frodo, still shivering with the chill that had come upon him. 'It was something colder. I think it was—' Then he paused and fell silent.
O Ilmarinen discutiu aqui a significância desse trecho:

(...)​
Tremendamente significante é o fato que nenhum dos dois mencionou o detalhe de que a Besta Alada estava voando como elemento discriminador. Voando com asas "pterodáctilicas" como esclareceu Tolkien ao falar das "fell beasts". Isso sugere que nem o anão e nem o hobbit achavam estranho que o Balrog, no fim, pudesse ser capaz de voar, já que na Terra-Média, até onde sabemos, vôo é prerrogativa de seres dotados de asas.
Ou seja: as sombras das "asas" no Balrog se assemelhavam o suficiente a asas reais capazes de produzir vôo para que o próprio Frodo tivesse que se pautar em um sentido além da visão para distinguir as duas sombras.
Lido no seu contexto, o diálogo entre os personagens parece ser indicativo de que as asas do Balrog em Moria, com certeza, PARECIAM com asas reais o bastante para justificar a confusão. A descrição dada no texto do Livro Vermelho da Marca Ocidental, em passagens como essa, necessariamente reflete um consenso entre as percepções de todos os membros presentes da Fellowship, e não uma impressão visual subjetiva do Gimli sozinho (que é o que alguns tentam usar como argumento para refutar a confiabilidade do relato).

Em resumo, acho bastante defensável que a linguagem dúbia adotada por Tolkien espelha-se na visão turva que a Sociedade teve do balrog, e que a situação era tal que era bem possível sim que o balrog tivesse asas, tanto é que os membros da Sociedade discutiram se a besta alada do nazgûl era ou não um balrog. Que Tolkien repita essa linguagem dúbia tanto no apêndice quanto em texto tardio mostraria que se trata de uma escolha consciente por parte do autor em deixar a questão aberta.
 
Última edição:
Vale lembrar tb outras coisas... além do Chernabog no Fantasia , outra possível, provável e até anterior fonte da mudança do balrog de não alado pra alado, assim como a adição do "manto de sombra"*, foi o Cthulhu de H. P. Lovecraft, já aparecendo no Chamado de Cthulhu em 1928, 13 anos antes da exibição do Fantasia na Inglaterra.

*importantíssimo tanto pro Balrog quanto pra Ungoliant pós anos 30. A escuridão, a sombra "antiluz like" era uma característica ausente das descrições de ambos os tipos de criaturas na versão "Contos Perdidos" do Legendarium e só apareceu pós publicação do conto de Lovecraft que, como explicado já, podia ser encontrado em locais especializados em revistas ianques no Reino Unido. O Tolkien e o C.S. Lewis NÃO teriam dificuldade alguma de achar esse material na Inglaterra contanto que soubessem onde procurá-lo e se dispusessem a fazê-lo**.

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Inclusive é fato comprovado que C.S. Lewis tinha, por exemplo, em sua biblioteca, exemplares da Astonishing Science Fiction de meados dos anos 30, onde Lovecraft teve sua novela Nas Montanhas da Loucura publicada ( outra possivel e provável influência por detrás da passagem das Minas de Moria no SdA). Vide os paralelos entre o Shoggoth e o Watcher in the Water e as analogias das situações dos recém despertados "Old ones", recém saídos da hibernação com a trupe-expedição "zionista" de Balin topando com o|(s) Shoggoth(s) e com a coalisão Balrog-Orcs-Watcher in the Water.

**Do mesmo jeito que, na comparação, eu li o RG Veda da Clamp 13 antes de sua publicação no Brasil e até mesmo cinco anos antes da criação de scanlations, indo em São Paulo, comprando o mangá no original em japonês e lendo com scripts em inglês disponibilizados na Internet entre 1998 e 2004. Where there is a will there is way pro verdadeiro aficionado.

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Como Ungoliant é, obviamente, um dos elementos mais "lovecraftianos" do Legendarium, junto com os Sem Nome, é muito apropriado que as correlações Tolkien/Lovecraft estejam sendo cada vez mais estudadas nos dias de hoje.
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Tolkien and Weird Tales-Part 1

E esse aí era o livro de astronomia com o qual Tolkien presenteou Priscila Tolkien.

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Tolkien e Lovecraft compartilhavam um interesse grande em astronomia.

Astronomy of Lovecraft

(...)

A coisa toda nasce de duas descrições incluídas na passagem por Moria, "a sombra que o envolvia se estendeu como duas imensas asas" e, em seguida, "suas asas se estenderam de parede a parede". (...) O dilema com as duas passagens em Moria não é o fato delas poderem ou não ser interpretadas em conjunto. Elas têm que ser interpretadas juntas porque o "suas asas se estenderam de parede a parede" precisa, pelo contexto, estar ligado às "asas" mencionadas antes, independente de qual for a sua natureza. (...) A questão é que, como o Conrad Dunkerson explicou, a interpretação que coloca a segunda passagem sendo metafórica depende da primeira ser interpretada como símile (o "como duas imensas asas") e essa é só uma de duas possibilidades distintas, já que pode indicar, também, evolução de distinção de incerteza pra claridade. (...) Similar ao poço em Moria no mesmo capítulo, que era "like a well", "como um poço", e depois foi confirmado pelo Gimli como sendo precisamente isso mesmo. Também como a sombra de Gwaihir salvando Gandalf no sonho na casa de Bombadil, onde ela era "como a sombra de grandes asas". Foi só depois do Conselho de Elrond, vários capítulos depois, que ficou realmente claro que era mesmo uma águia, um animal alado, que projetou a sombra.

Nós, em português também usamos a expressão "como" em contextos assim pra descrever algo que parece difícil de definir à primeira vista. A evolução de "como duas imensas asas" pra "suas asas se estenderam de parede à parede", nessa interpretação, revelaria uma percepção mais acurada do que antes era difícil de discernir na figura do Balrog. Quando ele se aproximou, a escuridão que o cercava teria deixado entrever as asas "reais" que antes se confundiam com o cloak of darkness do Balrog. Então é mesmo o caso de haver duas interpretações diferentes para a mesma passagem e não há como saber qual das duas é a correta.

Além disso, Conrad Dunkerson aventa a hipótese de que Tolkien tenha usado a linguagem de forma ambígua e optou por usar verbos ambivalentes como o "flying from Thangorodrim" ("fugindo" de Thangorodrim) e expressões dúbias como "winged speed" (velocidade "alada") porque, nos escritos mais tardios, ele queria que os Balrogs tivessem asas e, talvez, até voassem, mas se deparou com a necessidade de rever toda a cronologia pra introduzir a nova idéia preferindo ficar no meio do caminho enquanto não revisasse completamente a mitologia do Silmarillion.

Esse trecho foi tirado lá do meu ensaio sobre o Balrog e suas Asas

Em 1978 o Ralph Bakshi queria ter incorporado ao seu filme animado um balrog que não somente tivesse asas mas fosse capaz mesmo de voar sem ambiguidade nenhuma como mostrado nessa cena deletada do filme mas recuperada pelo filho do cineasta e animador há alguns anos atrás. Vale a pena postá-la aqui ao lado da sequência de animação do Noite no Monte Calvo da Disney e à adaptação em stop motion do Chamado de Cthulhu.

( versão exibida no filme)



Chamado de Cthulhu como filme mudo dos anos 30

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Anexos

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trilha sonora PERFEITA pra quem for ler essas mensagens finais do tópico aí embaixo.

Pensem em Cthulhu e Ungoliant ouvindo isso... :drink: :drink: :cheers::cheers::banana::banana:


 
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Essa discussão é eterna. :lol: Eu nunca tive uma opinião firme e fiquei bem surpreso com a certeza que o povo da Live manifestou sobre o assunto.
 
Olhem aí os "olhos amarelos como fornalha acesa" da descrição de HoME VII-Treason of Isengard.

"A figure strode to the fissure, no more than man-high yet terror seemed to go before it. They could see the furnace-fire of its yellow eyes from afar

 
Última edição:
Balrogs não tinham asas, canonicamente, mas me apeguei, tanto, às asinhas que até aceito, de boa, essa invencionice.

É NÓIS QUE AVOA, BALROGUINHO!

P.S.: Balrogs num têm asas, não, mas que o post do migo Haranziz foi bem lúcido, foi, sim. :hihihi:
 


Balrogs não tinham asas, canonicamente, mas me apeguei, tanto, às asinhas que até aceito, de boa, essa invencionice.

É NÓIS QUE AVOA, BALROGUINHO!

P.S.: Balrogs num têm asas, não, mas que o post do migo Haranziz foi bem lúcido, foi, sim. :hihihi:

O "canonicamente" da sua mensagem se refere aos Balrogs descritos no Legendarium do Silmarillion Pré-SdA e/aos Balrogs que atacaram Gondolin na sua versão primitiva (HoMEs I a V).

Já no caso do Balrog de Moria, o Durin's Bane, Perdição ou Ruína de Durin, é de longe o mais provável ( IMHO- na minha modesta opinião in ingrish pra quem não sabe) que ele tinha asas, sim. O detalhe é que essa visão já tardia sobre o Durin's Bane parece ter sido a que Tolkien pretendia transformar no "novo" cânon do Silmarillion revisado. E o motivo, além dos mencionados, é esse aqui.

A descrição "moderna" (leia-se de HoME 10 pra frente, até o 12, pós redação do SdA, concluída em 1949) que Tolkien fez do episódio do resgate de Morgoth em Lammoth, combinando-se com o fato de Tolkien ter acrescentado a distância de 450 kms entre Angband e Lammoth, incluindo aí todo d diâmetro de Hithlum, vide mapa ( antes o ataque de Ungoliant a Morgoth foi, literalmente às portas de Angband), junto com a noção, muito tardia, de que os Balrogs de Morgoth, ao invés de formarem uma "hoste", sugerindo uma centena a mil deles, eram "no máximo sete", dá a entender que o último posicionamento de Tolkien era revisar os textos com o cânon anti-asista para torná-los todos compatíveis com o Durin's Bane e sua caracterização "Senhor dos Anéizica"....

Ou seja: parece sim que a preferência final de Tolkien era tornar os balrogs alados mesmo, capazes de voar e "teleportar"-desfanizar e refanizar, ( como Melkor tinha feito andando "unclad", desnudo, sem fana em Valinor antes da destruição das Duas Árvores), até pelo menos o final do Cerco de Angband. E e eles seriam IMENSAMENTE mais poderosos que suas contrapartes dos textos pré 37-38; ( vide os Valar dando vários " um para subir, senhor Scott" )aí:



Beam me up, Scotty,


Então, na época da versão tardia do resgate de Morgoth e da "passagem de Hithlum" quando a briga dos "malfeitores", Morgoth e Ungoliant ( the quarrel of the thieves) não era mais em cima de Angband, mas sim depois do equivalente da distância entre Belo Horizonte e Sampa ( 45 minutos a uma hora de avião a jato), acrescentando-se o uso das expressões "se ergueram e atravessando Hithlum com velocidade alada" (expressão herdada do Paraíso Perdido )"chegaram a Lammoth como uma tempestade de fogo" implica, muito forte e claramente, na idéia de que os Balrogs em Angband eram capazes de voar e deixaram seus fanar se volatilizarem nas ruínas da fortaleza de Sauron como lugar tenente de Melkor pré Guerra dos Valar, pra se rematerializarem* acima do campo de batalha, em Lammoth, na costa do mar, onde Morgoth estava se esgoelando feito uma menininha histérica nas teias adumbrosas (adumbradas e viscosas) de Mamãe Ungwë.

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*na verdade a "ubiquidade", a celeridade dos demônios, como ex anjos e agora anjos caídos, para Tertuliano*, teólogo da Patrística, Cristianismo Pré-Queda de Roma, seria simbolizada pela asas e não causada por elas...Eles voavam pq tinham celeridade e o sinal externo disso ( uma manifestação espiritual estilo auréola) era a posse das asas.

É por isso que William Blake fez questão de pintar Lúcifer em Sua Glória Original com Asas mas representou sua posição como decaído sem elas pós seu banimento pro inferno.

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* Warnie Lewis, irmão de C.S. Lewis, e inkling honorário, disse que Tolkien, Lewis e os demais estavam estudando Tertuliano na época da redação do SdA.

Texto interessantíssimo aqui: “Sem a carne a alma não existe”Uma interlocução contemporânea entre Tertuliano de Cartago(A Ressurreição da Carne) e Richard Morgan (Carbono Alterado)

Reparar ao lê-lo como se conecta com esse outro aqui:
Letters to Malcolm and the trouble with Narnia: C.S. Lewis, J.R.R. Tolkien, and their 1949 crisis.

Daí é só ligar os pontilhados.... Tertuliano, Paraíso Perdido de Milton, William Blake, Chamado de Cthulhu, o Chernabog de Fantasia e achar a noção dos balrogs pós Retcon, Reboot do Legendarium pós publicação da Terceira Era (Hobbit -SdA) como sendo, sim, alados, gostemos disso ou não.
 
Última edição:
O "canonicamente" da sua mensagem se refere aos Balrogs descritos no Legendarium do Silmarillion Pré.SdA e/ou os Balrogs que atacaram Gondolin, mesmo pós revisão.

Já o Balrog de Moria, o Durin's Bane, Perdição ou Ruína de Durin, é de longe o mais provável ( IMHO- na minha modesta opinião in ingrish pra quem não sabe) que ele tinha asas sim. E o motivo além dos mencionados é esse aqui.

Migo, eu vim aqui movimentar o tópico. Até curti o que você e o Haranziz escreveram. :jive:

P.S.: Podem sair me quotando para eu poder postar, muito, aqui, e, assim, aumentar meu número de posts na A.T, que é escasso. :gira:
 
P.S.: Podem sair me quotando para eu poder postar, muito, aqui, e, assim, aumentar meu número de posts na A.T, que é escasso. :gira:

É eu percebi a trollagem de amiga e semi conterrânea-companheira atleticana (ei(n)ta Galo Doido!!) :ruiva: :ruiva: :ruiva: 😻😻🤟🤟🤘🤘🖖🖖, @Melian.

Aproveitei a oportunidade pra conectar alguns dots, linhas e pontas soltas entre os posts dessa conversa e certas msgs pertinentes à questão mas encontradas em outros tópicos, e, também, pra deixar claro como e pq a concepção de qualquer coisa que evolua de algo pré-Terceira Era no Tolkien é, forçosamente, de uma natureza limítrofe, liminar ou ambivalente em termos de "cânon", minha forma preferida pra grafar "cânone" pra diferenciar do "cânone" religioso propriamente dito.

Minha opinião sobre como essa questão foi tratada pelo Tolkien acabou refletida e melhor explicada, além do meu ensaio sobre os próprios Balrogs e as "Asas da Imaginação", nesse outro aqui.

Outra versão salva aqui:


Cânons "pessoais", forças cósmicas e dialética- entre o misticismo e a mistificação

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Canon Versus Fanon Versus Authorial Intent

Merlin Missy
Merlin Missy has been active in online fandom since 1994. She likes fanfics with plots and happy endings.
(Note: The following contains spoilers for Harry Potter and the Deathly Hallows, Torchwood, Batman Beyond, and Justice League Unlimited.)
It's that time again, when something very popular and much-discussed has come to an end, and the folks over at Fandom Wank are delighting in the arguments that have ensued. Once again, the author is participating in the post-mortem with comments on what happened to whom and how and when, and what was meant here and what was just a typo there. Once more, it is time to delineate "Canon" from "Fanon" from "Authorial Intent."



Every fandom has a canon. Canon is most easily defined as "what happened in the source material." The source material is whatever one is fannish about, the book, the movie, the television series, or for the RPF folks, the things recorded in some manner that happened in the person's life. (For most of this essay, I'll be ignoring the RPF crowd for the sake of ease. Try not to feel to left out.) "Harry Potter" fans have two similar canons: the books and the movies. "Lord of the Rings" fans have the same. Fans of various television programs such as Supernatural have the episodes as broadcast. Fans of other shows such as Farscape and Firefly have episodes as well as a movie that takes place after the show's timeline. Fans of Doctor Who and Star Trek have all sorts of places that incorporate pieces of canon. Fans of Buffy, Angel and Gargoyles have canonical comic continuations. Fans of comics have my sympathies.



Canon is what happened. Sometimes that's hard to determine. In the case of changed media from a series to a movie or a comic, some fans will assume that canon continues and others will say it ended with the show. Both sets of fans are right. In some series, canon says one thing and then goes back and retcons (lit. "retroactive continuity) new canon overtop the old. For example, in the Star Trek: The Next Generation timeline, the Federation was canonically finishing up a bloody war with the Cardassians at the same time first season was running. Except they didn't decide that until season five. Both sets of canon are true; trying to fit them together is possible, though nosebleed-inducing. As for retconning films, there's a reason why the cry of the Wild Fanboy has been "Han Shot First!" for ten years now.



Some series air abroad before they air in the States and lose scenes due to time constraints. A good rule to follow is to include the cut scenes as canon. Whether the same should be true for films is up to individual fans. With the advent of DVDs, cut scenes are much easier to include, and "Director's Cut" is nearly a standard release format of anything successful enough to warrant a re-release.



This leads us to "personal canon." Personal canon is "What happened, as far as I'm concerned." Back in the day, I knew a lot of Buffy fans who thought the show jumped the shark after season two. I know more who thought it jumped after the end of season five. I know a lot of people who are saying right now that they're ignoring all "Harry Potter" books after The Order of the Phoenix. This happens a lot. Shows change hands and casts, quality diminishes (according to some), and whether or not fans continue to watch, they choose not to acknowledge what happens in canon. Season three of Beauty and the Beast? Season Three of Gargoyles? "Didn't really happen." (In the case of the latter, the comic is serving as alternate canon continuity.)



Most fans have some kind of personal canon. Personal canon also includes things that didn't happen on the screen, but one feels they happened off-screen. Personal canon tends to incorporate 'shipping desires, backstories, aftermaths, and anything else that might be found in fanfiction. If something didn't happen in canon, but you believe in your heart of hearts that it did happen, that is your personal canon.




Fanon is any personal canon held in common by two or more people. Lt. Commander Uhura has no first name in canon. One of her early fanon names was Penda. The most common fanon first name for her today is Nyota but since her name has never appeared in a canonical source, it remains fanon. Captain Sulu's first name Hikaru was fanon until George Takei asked to incorporate it into a film.



When one's group of fellow 'shippers look at two characters together and think that after the scene ended, the two of them began screwing like bunnies, that's fanon. When a character is not given a name in canon and more than one fan begins using a made-up name for the character, that's fanon. When fanfic writers share a universe, that's fanon too. Fanon is fun.



Author intent is the personal canon of the person (or people) who wrote the source. When J.K. Rowling said that Harry and Ron became Aurors as adults, that is author intent.



Author intent is not canon.



Let me repeat, because it's going to be important: author intent is not canon.



Most authors know what happens next to their characters, who they marry, how many kids they have, that the grandkids are called Vera, Chuck and Dave. Their favorite breakfast cereal. How they're going to die. Some authors end up giving out all this information, either via writing it in the text or including it as an appendix in the back ala J.R.R. Tolkien. Some writers can't, because the medium (TV, film) won't allow it, but that doesn't stop them from knowing what they want to do. In this day and age, message boards allow them to share with fans what they intended to do, had they time. It's lovely and helpful for fans who want to know more. It is not, however, canon.



The same thing can be said for authorial interpretation of the source material. Canon is what is in the source material. Reader/viewer interpretation is up to the individual, although the author may have intended something else entirely. For example, Ray Bradbury recently claimed that Fahrenheit 451 was not about censorship, but instead warned against the perils of too much television. In an episode of Torchwood, a character utilizes the alien equivalent of Rohypnol in order to get lucky. Showrunner Russell T. Davies was called on the carpet for this by some female fans, who said these actiosn made the character a rapist; Davies said it was "just a joke" and did not. Authors don't always intend to show what appears in the text, but the text is the canon.



Authorial intent tends to lead to fanon. After someone high-up involved with a series says "X is true," many if not most fans will follow in that direction. The problem comes in when authors change their minds, or projects change hands. In Batman Beyond, Terry McGinnis was Bruce Wayne's clone, as engineered by Catwoman. At least, that was the original idea. Creator Bruce Timm was going to use that storyline for a project codenamed "Catwoman Pitch Black." As fans of Justice League Unlimited know, what actually aired was a story where Terry was revealed to be Bruce's biological son via some SF technology handwaving. Authors change their minds. J.K. Rowling said in a chat at The Leaky Cauldron that Luna "ended up marrying (rather later than Harry & co) a fellow naturalist and grandson of the great Newt Scamander (Rolf)!" However, in an interview with Today, she said she was "feeling a pull" between Luna and Neville. Authors change their minds, or events happen that change things for them. Until it's written, until it's broadcast, until it out there somehow, it didn't happen, at least not in canon.



Canon is hard. Sometimes it contradicts itself. Sometimes it makes no sense. Sometimes it upsets what the fans thought was true for years. Sometimes we ignore it, for those reasons and more, to see what we can find on our own inside the world we've discovered. Many times canon says things that the author never intended, and many times, we sit with our books or in the theatres or in front of our TVs and we swear at what's presented. But there's always something in it that draws us back again.


Nele, por acaso, eu acabei de achar esse link (salvo na Wayback Machine) onde eu estava discutindo em inglês sobre isso com a galera.

Checa lá "PauloIapetus", para variar, levando a galera às chamas da ira e frustração eternas.





 
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