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Evento As 5 Melhores (41ª Semana) - Caetano Veloso

Eriadan

Well-Known Member
caetano1.jpg


Uma homenagem ao septuagenário do ano, um dos principais nomes da MPB nacional, Caetano Veloso. São mais de 40 discos na carreira, e um repertório que varia diversos estilos, mas sempre com a marcante qualidade poética.

Segue o meu TOP5:

5. Alegria, Alegria
Um dos hinos contra a ditadura, marcou época, e definitivamente marcou sua carreira.

Vídeo do Festival MPB de 1967, onde a música concorreu.


Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...


O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...


Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...


O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou...


Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não...


Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou...
Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...


Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...

4. Vaca Profana
Letra culta e impactante. É uma crítica à moralidade religiosa.

É uma das várias musicas de Caetano que caem como uma luva na voz de Gal. Preferi postar o vídeo com a interpretação dela.


Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da man...

Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas


Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horiz...

Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"

Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s...

Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas

Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos a...

Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas

Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é "meu bem, meu mal"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us plau"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us...

Ê, ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas...

3. Meia Lua Inteira
Uma das poucas que eu gosto mais pela melodia do que pela letra, mas uma das minhas preferidas.


2. Podres Poderes
Um professor de História rabiscou um trecho dessa música em minha prova e eu nunca esqueci. Um protesto contra os poderes, fantástica.

Clipe estranho, mas foi o único que achei sem anúncio.


Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais...

Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais...

Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...

Queria querer cantar
Afinado com eles
Silenciar em respeito
Ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau...

Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais
Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais...

Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais...

1. O Quereres
A genialidade do jogo antitético, por si, dá a beleza da música. Ela é do tipo que dá gosto ouvir várias vezes só para apreciar a letra. Belíssima!


Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão


Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês


Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor


Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói


Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és


Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor


Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock?n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus


O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim
 

Anexos

  • caetano1.jpg
    caetano1.jpg
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Última edição por um moderador:
1. Podres Poderes

2. Alegria Alegria

3. Trem Das Cores

4. O Quereres

5. Sozinho
 
Última edição por um moderador:
Agora aos poucos eu vou colocar em dia a minha lista dos eleitos e em tempo segue a minha do grande Caetano.

1º Alegria, Alegria - Musica de uma importância histórica eu diria que épica e que dispensa apresentações.


2° Tropicália - Letra e melodia que por amostragem representa o movimento tropicalismo que o Caetano ajudou a difundir bem.


3° Haiti - Adoro bastante essa letra que chegou a fazer um sucesso nos anos 90 na MTV Brasil num clipe que ele canta ao lado do Gil.


4° Terra - Por influência de ser a música da abertura do programa Planeta Terra da TV Cultura se tornou uma das minhas preferidas.

[YOUTUBE]eRWkg_h9vNo [/YOUTUBE]

5° Meia Lua Inteira - Uma faixa que sempre algum artista de tempos em tempos regrava ela na íntegra ou parcialmente por causa do seu refrão, fora a melodia que é bem agradável.

 
Última edição por um moderador:
Com exceção de "Haiti", gosto muito de todas as músicas citadas, o que mostra a dificuldade que tive em escolher apenas 5 canções dentro da gigantesca discografia de Caetano.


1Cajuína (Cinema Transcendental, 1979)

Existirmos a que será que se destina
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
Acho que foi numa regravação da Gal Costa (em Mina d'Água do Meu Canto) que eu fui realmente me apaixonar por essa música. Agora, o significado original da letra, só fui conhecer bem depois, quando li este texto do Caetano:
Numa excursão pelo Brasil com o show Muito, creio, no final dos anos 70, recebi, no hotel em Teresina, a visita de Dr. Eli, o pai de Torquato. Eu já o conhecia pois ele tinha vindo ao Rio umas duas vezes. Mas era a primeira vez que eu o via depois do suicídio de Torquato. Torquato estava, de certa forma, afastado das pessoas todas. Mas eu não o via desde minha chegada de Londres: Dedé e eu morávamos na Bahia e ele, no Rio (com temporadas em Teresina, onde descansava das internações a que se submeteu por instabilidade mental agravada, ao que se diz, pelo álcool). Eu não o vira em Londres: ele estivera na Europa mas voltara ao Brasil justo antes de minha chegada a Londres. Assim, estávamos de fato bastante afastados, embora sem ressentimentos ou hostilidades. Eu queria muito bem a ele. Discordava da atitude agressiva que ele adotou contra o Cinema Novo na coluna que escrevia, mas nunca cheguei sequer a dizer-lhe isso.

No dia em que ele se matou, eu estava recebendo Chico Buarque em Salvador para fazermos aquele show que virou disco famoso. Torquato tinha se aproximado muito de Chico, logo antes do tropicalismo: entre 1966 e 1967. A ponto de estar mais frequentemente com Chico do que comigo. Chico eu eu recebemos a notícia quando íamos sair para o Teatro Castro Alves. Ficamos abalados e falamos sobre isso. E sobre Torquato ter estado longe e mal. Mas eu não chorei. Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental.

Quando, anos depois, encontrei Dr. Eli, que sempre foi uma pessoa adorável, parecidíssimo com Torquato, e a quem Torquato amava com grande ternura, essa dureza amarga se desfez. E eu chorei durantes horas, sem parar. Dr. Eli me consolava, carinhosamente. Levou-me à sua casa. D. Salomé, a mãe de Torquato, estava hospitalizada. Então ficamos só ele e eu na casa. Ele não dizia quase nada. Tirou uma rosa-menina do jardim e me deu. Me mostrou as muitas fotografias de Torquato distribuídas pelas paredes da casa. Serviu cajuína para nós dois. E bebemos lentamente. Durante todo o tempo eu chorava. Diferentemente do dia da morte de Torquato, eu não estava triste nem amargo. Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Eli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei. No dia seguinte, já na próxima cidade da excursão, escrevi Cajuína.

Fonte: O Globo
Nem preciso dizer que isso fez minha admiração por "Cajuína" aumentar ainda mais, não?

Quanto ao vídeo, escolhi essa versão de Noites Do Norte Ao Vivo porque a considero muito boa, tanto o arranjo quanto os solos de Caetano e Morelenbaum.
2Eclipse oculto (Uns, 1983)
Sim, é apenas um rockinho básico, mas sempre foi uma de minhas favoritas do Caetano (tanto que comprei Uns por causa dela e de "Você É Linda"). Simplesmente adoro a letra, que conheço de cor.
3The Empty Boat (Caetano Veloso, 1969)
[video=vimeo;36087419]http://vimeo.com/36087419[/video]
Do antológico Álbum Branco de Caetano, escolhi essa desoladora canção que fala sobre o isolamento no mar, a solidão e o vazio existencial.
4Este Amor (Estrangeiro, 1989)
[video=dailymotion;xan4ql]http://www.dailymotion.com/video/xan4ql_este-amor_music[/video]
Estrangeiro foi o primeiro vinil que comprei do Caetano, movido pelo sucesso de "Meia Lua Inteira". Embora não seja um dos melhores discos do artista, afeiçoei-me a várias das faixas desse álbum, em especial por "Este Amor", uma grande balada que permanece (injustamente, talvez) pouco conhecida.
5Desde que o Samba É Samba [com Gilberto Gil] (Tropicália 2, 1993)
"Haiti" nunca me desceu bem, principalmente por causa da letra (mesmo em termos de letra rapeada, prefiro "Língua"). Tropicália 2 está longe de merecer o nome que carrega, mas gosto de algumas de suas faixas, como "Cinema Novo", "Cada Macaco no Seu Galho" e, principalmente, "Desde que o Samba É Samba", uma bela canção que celebra o poder da música.

A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora

Gosto muito de Caetano como intérprete também, por isso fiz um outro top 5, com músicas de outros compositores cantadas por Caetano:
  1. Zumbi [Jorge Ben] (Noites do Norte, 2000)
  2. Sozinho [Peninha] (Prenda Minha, 1999)
  3. É Hoje [Mestrinho/Didi] (Uns, 1983)
  4. Fera Ferida [Erasmo Carlos/Roberto Carlos] (Caetano, 1987)
  5. Samba de Verão [Paulo Sérgio Valle/Marcos Valle] (Songbook Marcos Valle, 1998)
 
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