Ana Lissë
Nazgûl boazinha
Oi, pessoal!
Recentemente tive uma ideia meio maluca, mas resolvi colocar no papel mesmo assim. Por mais que as coisas ficassem meio semelhantes àquelas historinhas mais "teen" que volta e meia a gente lê por aí (com todo o respeito) ao logo do tempo mais ideias surgiram e a coisa foi crescendo até saltar para um outro plano, ainda mais interessante do que parece à primeira vista!
Bem, tudo vai começar quando uma garota muito fã de Tolkien se encanta com um personagem e fica "sonhando" em conhecê-lo. Garanto que muitos de nós já passaram por isso, não é? Eu mesma, quantas vezes não quis conhecer esses seres fantásticos criados pelo Professor? Mas o que aconteceria se esses sonhos fugissem do controle da protagonista dessa história e, por mais maluco que pareça, virassem realidade?
Segue primeira parte da fic. Espero que gostem!
_____________________________________
Eu sempre estive muito perto desse mundo de fantasia, porque, sinceramente, nunca fui muito fã da realidade. Isso não significa que eu não enxergue ou não me importe com o que se passa no mundo em que vivo, mas gosto muito mais de uma boa rodada de RPG ou de um bom livro de fantasia do que de ficar assistindo ao jornal.
Há algum tempo eu vinha participando de um RPG baseado no livro O Hobbit, de J. R. R. Tolkien, de quem eu sou grande fã, e no filme de mesmo nome. Neste game, estávamos indo até Erebor junto com os anões e Bilbo Bolseiro, a fim de ajudá-los a resgatar seu ouro e seu reino do domínio do terrível dragão Smaug. Meu amigo, que havia dado essa idéia, era o único de nós que interpretava algum personagem do livro. E seu personagem era ninguém menos que o príncipe Thorin Escudo de Carvalho, personagem admirável, incrivelmente semelhante a ele em termos de personalidade. Ambos eram bastante altivos e determinados, além de leais e corajosos ao extremo (para não citar também a teimosia fora do comum).
Ver meu amigo, que imediatamente recebeu o apelido de Thorin, interpretar aquele personagem foi uma experiência única. O herdeiro de Erebor ganhou vida de forma régia, verdadeira e única. Se eu já simpatizava antes com Thorin Escudo de Carvalho, agora estava decididamente encantada por ele.
Bem, antes que vocês perguntem, meu nome é Lilian, mas todos me chamam de Lily. Vivo em uma pequena cidade, daquelas onde todo mundo conhece todo mundo. Trabalho como todo mundo, tenho amigos como todo mundo, mas um dia algo aconteceu de diferente, que não acontece com todo mundo. Ou melhor, não acontece com ninguém.
Eu andava pela rua ladeada por belas arvorezinhas amarelas, pensando em como Thorin deveria ser se fosse real. Eu gostaria realmente de conhecê-lo, saber como ele era, conversar com ele, ouvir suas histórias sobre Erebor em seus dias de glória e, se pudesse, evitar que muitas tristezas caíssem sobre ele, principalmente sua morte na Batalha dos Cinco Exércitos. Mas, como isso era tecnicamente impossível, contentei-me em sentar em um banquinho na praça do meu bairro e ficar olhando para o pequeno lago à frente, e para as verdes colinas mais além enquanto deixava minha mente trabalhar.
Havia uma colina que se destacava entre todas, com seu pico mais alto e pontudo. Eu a chamava de Montanha Solitária, e sempre imaginava que estava em Esgaroth, a bela cidade construída no Lago Comprido, olhando para a lendária morada dos gloriosos Anões do povo de Thror, avô de Thorin e rei de Erebor. E, como sempre, me perdia em pensamentos, esquecendo muitas vezes da hora (e levando muitas broncas de minha mãe por me atrasar para o jantar).
Naquele dia não foi diferente. Lá estava eu, “viajando” de novo, sozinha na pracinha do meu bairro. Sozinha não. Havia mais alguém ali, mesmo que eu não tivesse notado. Era uma mulher, que me arrancou de meus sonhos com Erebor (e Thorin) com uma saudação calorosa:
- Lily! - disse ela, sorrindo de orelha a orelha, como se fosse uma velha amiga minha (e eu nem a conhecia) - É com você mesma que eu quero falar!
Eu olhei para ela surpresa e desconfiada.
- Conheço você? - perguntei a ela, que continuava sorrindo, ali parada à minha frente.
- Não, mas eu conheço você. E sei exatamente o que está pensando agora.
- Desculpe, como é? - perguntei ainda mais surpresa e agora bastante incomodada. - Quem é você e como sabe meu nome?
- Quem eu sou? - respondeu ela, agora rindo - Você perguntou quem eu sou? Se quer um nome, melhor não perguntar, porque eu mesma não sei como me chamo exatamente. Tenho tantos nomes que nem sei qual é o verdadeiro. Alguns me chamam de Fantasia, e esse é particularmente o que eu mais gosto. Se quiser, pode me chamar assim. Mas você perguntou como eu conheço você, não é?
- Sim, e...
- Muito bem - interrompeu-me Fantasia - Eu a conheço porque você me dá muito trabalho e, mesmo que não me importe com isso, estou um pouco cansada. Além disso, creio que poderei atender a um desejo seu. Por isso vim. Quero saber se você está disposta.
Aí mesmo é que eu fiquei perdida. Muito trabalho? Desejo meu? Milhões de perguntas fervilhavam em minha cabeça e eu não fazia idéia de qual eu escolhia para fazer primeiro. Estava assustada mas bastante curiosa, então decidi saber primeiro que história é essa de “desejo”.
- O que você quer fazer? - perguntei a ela.
- Eu? O que você quer fazer; essa é a minha pergunta. Vejo que anda sonhando com anões. Quer conhecê-los? Posso mandar você para lá.
Agora eu estava sem ar. Que espécie de história absurda é essa de me mandar para conhecer anões? Será que essa louca ia me dar alguma espécie de droga alucinógena? Ou será que ela era simplesmente maluca mesmo? De qualquer forma eu estava assustada e queria sair dali o mais rápido possível. Levantei-me de um salto e apenas respondi:
- Obrigada, não quero conhecer anão algum. Boa tarde.
- Thorin Escudo de Carvalho, na Terra Média, correto? - perguntou ela, como se não tivesse ouvido o que eu disse.
Aturdida como eu estava, soltei um “correto” sem pensar, mas imediatamente me arrependi e, virando as costas, fui indo para casa. Por isso não entendi como, de repente, eu havia ido parar dentro de uma espécie de redemoinho, que girava e girava sem parar, e nem como fui bater com a cabeça num chão de grama verde, em uma planície em frente a altas montanhas cobertas de neve.
- Droga, o que foi que aconteceu? - resmunguei ao levantar a cabeça e olhar para as tais montanhas, sem entender absolutamente nada a respeito do que me levou até ali.
- Bem vinda a Terra Média! - Fantasia falou com alegria quase infantil, ali a meu lado, de pé e com o maior dos sorrisos.
(Continua)
Recentemente tive uma ideia meio maluca, mas resolvi colocar no papel mesmo assim. Por mais que as coisas ficassem meio semelhantes àquelas historinhas mais "teen" que volta e meia a gente lê por aí (com todo o respeito) ao logo do tempo mais ideias surgiram e a coisa foi crescendo até saltar para um outro plano, ainda mais interessante do que parece à primeira vista!
Bem, tudo vai começar quando uma garota muito fã de Tolkien se encanta com um personagem e fica "sonhando" em conhecê-lo. Garanto que muitos de nós já passaram por isso, não é? Eu mesma, quantas vezes não quis conhecer esses seres fantásticos criados pelo Professor? Mas o que aconteceria se esses sonhos fugissem do controle da protagonista dessa história e, por mais maluco que pareça, virassem realidade?
Segue primeira parte da fic. Espero que gostem!
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Eu sempre estive muito perto desse mundo de fantasia, porque, sinceramente, nunca fui muito fã da realidade. Isso não significa que eu não enxergue ou não me importe com o que se passa no mundo em que vivo, mas gosto muito mais de uma boa rodada de RPG ou de um bom livro de fantasia do que de ficar assistindo ao jornal.
Há algum tempo eu vinha participando de um RPG baseado no livro O Hobbit, de J. R. R. Tolkien, de quem eu sou grande fã, e no filme de mesmo nome. Neste game, estávamos indo até Erebor junto com os anões e Bilbo Bolseiro, a fim de ajudá-los a resgatar seu ouro e seu reino do domínio do terrível dragão Smaug. Meu amigo, que havia dado essa idéia, era o único de nós que interpretava algum personagem do livro. E seu personagem era ninguém menos que o príncipe Thorin Escudo de Carvalho, personagem admirável, incrivelmente semelhante a ele em termos de personalidade. Ambos eram bastante altivos e determinados, além de leais e corajosos ao extremo (para não citar também a teimosia fora do comum).
Ver meu amigo, que imediatamente recebeu o apelido de Thorin, interpretar aquele personagem foi uma experiência única. O herdeiro de Erebor ganhou vida de forma régia, verdadeira e única. Se eu já simpatizava antes com Thorin Escudo de Carvalho, agora estava decididamente encantada por ele.
Bem, antes que vocês perguntem, meu nome é Lilian, mas todos me chamam de Lily. Vivo em uma pequena cidade, daquelas onde todo mundo conhece todo mundo. Trabalho como todo mundo, tenho amigos como todo mundo, mas um dia algo aconteceu de diferente, que não acontece com todo mundo. Ou melhor, não acontece com ninguém.
Eu andava pela rua ladeada por belas arvorezinhas amarelas, pensando em como Thorin deveria ser se fosse real. Eu gostaria realmente de conhecê-lo, saber como ele era, conversar com ele, ouvir suas histórias sobre Erebor em seus dias de glória e, se pudesse, evitar que muitas tristezas caíssem sobre ele, principalmente sua morte na Batalha dos Cinco Exércitos. Mas, como isso era tecnicamente impossível, contentei-me em sentar em um banquinho na praça do meu bairro e ficar olhando para o pequeno lago à frente, e para as verdes colinas mais além enquanto deixava minha mente trabalhar.
Havia uma colina que se destacava entre todas, com seu pico mais alto e pontudo. Eu a chamava de Montanha Solitária, e sempre imaginava que estava em Esgaroth, a bela cidade construída no Lago Comprido, olhando para a lendária morada dos gloriosos Anões do povo de Thror, avô de Thorin e rei de Erebor. E, como sempre, me perdia em pensamentos, esquecendo muitas vezes da hora (e levando muitas broncas de minha mãe por me atrasar para o jantar).
Naquele dia não foi diferente. Lá estava eu, “viajando” de novo, sozinha na pracinha do meu bairro. Sozinha não. Havia mais alguém ali, mesmo que eu não tivesse notado. Era uma mulher, que me arrancou de meus sonhos com Erebor (e Thorin) com uma saudação calorosa:
- Lily! - disse ela, sorrindo de orelha a orelha, como se fosse uma velha amiga minha (e eu nem a conhecia) - É com você mesma que eu quero falar!
Eu olhei para ela surpresa e desconfiada.
- Conheço você? - perguntei a ela, que continuava sorrindo, ali parada à minha frente.
- Não, mas eu conheço você. E sei exatamente o que está pensando agora.
- Desculpe, como é? - perguntei ainda mais surpresa e agora bastante incomodada. - Quem é você e como sabe meu nome?
- Quem eu sou? - respondeu ela, agora rindo - Você perguntou quem eu sou? Se quer um nome, melhor não perguntar, porque eu mesma não sei como me chamo exatamente. Tenho tantos nomes que nem sei qual é o verdadeiro. Alguns me chamam de Fantasia, e esse é particularmente o que eu mais gosto. Se quiser, pode me chamar assim. Mas você perguntou como eu conheço você, não é?
- Sim, e...
- Muito bem - interrompeu-me Fantasia - Eu a conheço porque você me dá muito trabalho e, mesmo que não me importe com isso, estou um pouco cansada. Além disso, creio que poderei atender a um desejo seu. Por isso vim. Quero saber se você está disposta.
Aí mesmo é que eu fiquei perdida. Muito trabalho? Desejo meu? Milhões de perguntas fervilhavam em minha cabeça e eu não fazia idéia de qual eu escolhia para fazer primeiro. Estava assustada mas bastante curiosa, então decidi saber primeiro que história é essa de “desejo”.
- O que você quer fazer? - perguntei a ela.
- Eu? O que você quer fazer; essa é a minha pergunta. Vejo que anda sonhando com anões. Quer conhecê-los? Posso mandar você para lá.
Agora eu estava sem ar. Que espécie de história absurda é essa de me mandar para conhecer anões? Será que essa louca ia me dar alguma espécie de droga alucinógena? Ou será que ela era simplesmente maluca mesmo? De qualquer forma eu estava assustada e queria sair dali o mais rápido possível. Levantei-me de um salto e apenas respondi:
- Obrigada, não quero conhecer anão algum. Boa tarde.
- Thorin Escudo de Carvalho, na Terra Média, correto? - perguntou ela, como se não tivesse ouvido o que eu disse.
Aturdida como eu estava, soltei um “correto” sem pensar, mas imediatamente me arrependi e, virando as costas, fui indo para casa. Por isso não entendi como, de repente, eu havia ido parar dentro de uma espécie de redemoinho, que girava e girava sem parar, e nem como fui bater com a cabeça num chão de grama verde, em uma planície em frente a altas montanhas cobertas de neve.
- Droga, o que foi que aconteceu? - resmunguei ao levantar a cabeça e olhar para as tais montanhas, sem entender absolutamente nada a respeito do que me levou até ali.
- Bem vinda a Terra Média! - Fantasia falou com alegria quase infantil, ali a meu lado, de pé e com o maior dos sorrisos.
(Continua)