Concordo que seja um pouco de delírio pedir que a emissora siga corretamente as regras de um RPG de mesa. Só que o grande problema no Brasil é que Role Playing ainda é visto com reservas pela maioria da população, o que inclui nesta conta os pais, mães, tios, avós, primos, sogros, sogras; ou seja, praticamente o público-alvo desta novela.
E parte deste desconhecimento é cultural. O RPG nunca entrou oficialmente no Brasil até hoje. Posso estar enganado, mas os manuais são vendidos através de lojas especializadas, de público restrito. E mesmo em grandes redes como Saraiva, ou Cultura, os livros ficam em uma seção bem escondida láááá no fundo da loja, espremido entre os livros de fantasia como Harry Potter e Rick Riordan.
Se recuarmos no tempo, os RPG's chegaram ao Brasil graças a Geração Xerox que, por intermédio dos adolescentes de classe média-alta que viajavam para os EUA, trouxeram o game para cá e passaram a xerocar os livros e fichas de personagens. O negócio era feito na raça e no peito. E isso ocorreu por muitos anos. Nada de material oficial foi lançado por estas bandas até a entrada do GURPS em 1991 (sendo que o mesmo surgiu em 1986 nos EUA) e o AD&D em 1995, sendo que o D&D já estava entre os americano desde 1974.
Como pode ver, a história do RPG no Brasil é brevíssima, o que justifica o desconhecimento das pessoas até hoje. Mas nada justifica essa demonização de um jogo de estratégia e faz-de-conta que se desenvolve entre amigos numa mesa qualquer. Além de ser um cenário propício para muitas piadas e façanhas nonsense por parte dos jogadores.