Anica
Usuário
Bom, acho que foi uma das melhores surpresas que tive em 2007, então vou abrir um tópico aqui. E na maior cara de pau, copiar e colar o que eu escrevi lá no Hellfire
Antigamente, quando eu ainda estava na fase das grandes descobertas literárias, lembro que terminar um livro do qual gostava muito era ao mesmo tempo bom e ruim: bom, porque eu sabia o destino de personagens que me cativaram. Ruim, porque a história acabava, e não existiriam novas histórias com essas personagens.
Dava saudade, sabe? E fazia muito tempo que não sentia isso. Ontem, depois de anos, senti novamente quando cheguei ao fim de A menina que roubava livros, do Markus Zusak. O enredo é interessante, Zusak utiliza técnicas bacanas durante a história toda, mas o que encanta mesmo são personagens como a roubadora de livros, Liesel, e seu pai de criação, Hans.
São personagens boas, mas não no sentido piegas da coisa, mas por causa da doçura com a qual atravessam uma guerra. E eu sei que enxergar os horrores da Segunda Guerra Mundial tendo como personagem principal uma criança não é exatamente algo novo, mas o modo como Zusak o faz, é.
Para começar, a questão da narração sob o ponto de vista da Morte. É esse distanciamento (o fato de não ser o humano contando a história) que talvez permite tirar a pieguice da obra, uma vez que você vê os fatos nu e crus a partir da visão de alguém que não entende o que é ser humano, mas ainda assim se permite observá-los (e como a narradora mesmo diz em certo momento, acaba por subestimar ou superestimar cada um que vê).
Outra coisas são os saltos temporais dentro da obra. Eu obviamente não revelarei spoilers porque acho que vocês devem (e merecem) ter o prazer da experiência de ler este livro, mas o fato é que a Morte, acaba em alguns momentos antecipando o destino das personagens. Chega até a ser cruel, porque parece que isso faz você gostar ainda mais delas.
E elas são apaixonantes, mesmo. Fazia tempo que eu não via um livro com um punhado de personagens tão carismáticas como Max, Liesel, Hans, Rudy, Rosa e outros. Acredito que principalmente porque há um balanço - eles não são perfeitos, ou seja, são humanos.
Ai, por fim, ainda há todas as imagens criadas pelo autor, que são poesia pura. Estrelas queimando os olhos, uma cozinha cheia de neve, o homem com a mão cheia de cerejas. As figuras criadas por ele servem como um contraponto ao horror que acontece na rua Himmel, espaço principal da obra, durante a guerra.
No final das contas, junto com Budapeste de Chico Buarque é o primeiro caso no qual concordo com uma lista de mais vendidos (e agradeço o fato de minha birra contra essas listas não ser tão forte). A menina que roubava livros é certamente uma das melhores obras lançadas recentemente e merece uma conferida.
Antigamente, quando eu ainda estava na fase das grandes descobertas literárias, lembro que terminar um livro do qual gostava muito era ao mesmo tempo bom e ruim: bom, porque eu sabia o destino de personagens que me cativaram. Ruim, porque a história acabava, e não existiriam novas histórias com essas personagens.
Dava saudade, sabe? E fazia muito tempo que não sentia isso. Ontem, depois de anos, senti novamente quando cheguei ao fim de A menina que roubava livros, do Markus Zusak. O enredo é interessante, Zusak utiliza técnicas bacanas durante a história toda, mas o que encanta mesmo são personagens como a roubadora de livros, Liesel, e seu pai de criação, Hans.
São personagens boas, mas não no sentido piegas da coisa, mas por causa da doçura com a qual atravessam uma guerra. E eu sei que enxergar os horrores da Segunda Guerra Mundial tendo como personagem principal uma criança não é exatamente algo novo, mas o modo como Zusak o faz, é.
Para começar, a questão da narração sob o ponto de vista da Morte. É esse distanciamento (o fato de não ser o humano contando a história) que talvez permite tirar a pieguice da obra, uma vez que você vê os fatos nu e crus a partir da visão de alguém que não entende o que é ser humano, mas ainda assim se permite observá-los (e como a narradora mesmo diz em certo momento, acaba por subestimar ou superestimar cada um que vê).
Outra coisas são os saltos temporais dentro da obra. Eu obviamente não revelarei spoilers porque acho que vocês devem (e merecem) ter o prazer da experiência de ler este livro, mas o fato é que a Morte, acaba em alguns momentos antecipando o destino das personagens. Chega até a ser cruel, porque parece que isso faz você gostar ainda mais delas.
E elas são apaixonantes, mesmo. Fazia tempo que eu não via um livro com um punhado de personagens tão carismáticas como Max, Liesel, Hans, Rudy, Rosa e outros. Acredito que principalmente porque há um balanço - eles não são perfeitos, ou seja, são humanos.
Ai, por fim, ainda há todas as imagens criadas pelo autor, que são poesia pura. Estrelas queimando os olhos, uma cozinha cheia de neve, o homem com a mão cheia de cerejas. As figuras criadas por ele servem como um contraponto ao horror que acontece na rua Himmel, espaço principal da obra, durante a guerra.
No final das contas, junto com Budapeste de Chico Buarque é o primeiro caso no qual concordo com uma lista de mais vendidos (e agradeço o fato de minha birra contra essas listas não ser tão forte). A menina que roubava livros é certamente uma das melhores obras lançadas recentemente e merece uma conferida.