Anica
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Acabei de publicar um post lá no meu blog sobre esse livro. Na verdade eu terminei de ler no domingo à noite, mas ele ainda está causando efeito sobre mim, digamos assim. É simplesmente brilhante, certeza que está entre os melhores que li esse ano.
(Link para o post: http://www.anica.com.br/2008/11/11/the-road-cormac-mccarthy/ )
Pense em um lugar morto. Sem árvores, sem o canto dos pássaros, dominado por cinzas. Na verdade, as cinzas cobrem inclusive a luz do sol, tirando as cores do céu, da terra e de tudo o que ela toca. À noite, não há mais iluminação artificial, não há mais a luz da lua ou das estrelas, há apenas uma escuridão total, que não permite que você enxergue um palmo diante de sua face. Silêncio quase enlouquecedor. A falta de vida significa falta de comida, e homens tornam-se canibais. É o fim da humanidade.
Nesse cenário que McCarthy (autor de No Country for Old Men) desenvolve o romance “The Road”, que conta a história de um pai e seu filho atravessando a estrada que dá título à obra, fugindo dos horrores causados por um desastre sem nome. A narrativa começa já anos após o que fez o mundo como conhecemos virar esse pesadelo, e o pouco que se sabe (e pouco mesmo) do que era antes vêm de flashbacks.
Lembrando bastante Saramago em O Ensaio sobre a cegueira, as personagens não têm nomes. São sempre “o homem”, “a criança”, “o velho” e assim segue. E o McCarthy também tem lá suas singularidades na forma de escrever - no post sobre o Nou Country… eu comentei sobre a falta de uso das aspas, certo? Aqui os poucos diálogos que surgem ao longo da travessia são de frases curtas, quase sempre encerrados com um “Okay” do garoto.
E sim, é angustiante ler o romance, porque em alguns momentos com uma única frase McCarthy cria todo um horror da situação que as personagens estão vivendo (como quando o menino vê um bebê sem cabeça sendo assado). Mas é como falo inclusive no caso do livro do Saramago (já que já o citei): qualquer livro que consiga causar reações fortes no leitor, já merece a leitura.
Mas indo mais além, nessa história de sobrevivência, de bondade, maldade e escolhas, McCarthy pinta a humanidade com todas suas características, não necessariamente perfeitos. Mesmo o menino que na grande maioria das vezes representa o “puro”, em dado momento sente raiva e deseja o pior para algumas pessoas que atravessam seu caminho na estrada.
É uma obra única, daquelas que dificilmente serão esquecidas. Por sorte, já tem tradução disponível aqui no Brasil (o título foi traduzido fielmente para “A estrada“, menos mal). E fiquem espertinhos que no ano que vem sai o filme, com Viggo Mortensen no papel do homem. E do jeito que o Viggo se entrega aos papéis, tenho certeza que será uma ótima adaptação.
(Link para o post: http://www.anica.com.br/2008/11/11/the-road-cormac-mccarthy/ )