Ainda mais importante do que esse briefing sociológico e histórico, está a questão metafísica.
Não, não tô falando de punhetagem pseudo-filosófica, mas de algo fundamental, que subjaz o texto. Primeiro, qual sua intenção em contar essa história?
Se a resposta é apenas para se divertir, e gerar entretenimento para o leitor, o mundo não precisa ser nem coerente, basta ser funcional e trabalhar bem dentro de uma estrutura ficcional e narrativa. Como fazer isso? Uma oportunidade boa seria fazer cursos de roteiro de cinema e teatro, de escrita criativa e formar teu repertório com leituras de histórias do gênero. Assim, você tem o mapa da mina para criar algo que funcione.
Agora se a resposta é diferente, se você tem algo a dizer com essa história, você vai precisar trazer essa temática ao centro da narrativa, e isso vai exigir que você baixe um pouco a bola com esse entusiasmo linguístico e de ser o deus do teu próprio mundo. Em certo sentido, a história vai ter de emular a história do nosso mundo real, os personagens terão que ser verossímeis, e você vai ter de trazer o mundo real ao mundo fictício. Talvez isso te desagrade pelas limitações que impõe, mas vai te livrar de ter que criar tudo do zero, lembre-se que uma língua não é apenas uma forma de comunicação, mas um elemento de identificação étnico, cultural, religioso (impensável pensar a língua fora de considerações espirituais e mágicas primárias), etc, você precisa criar todo um mundo ideológico e simbólico próprio para cada língua.
A segunda pergunta é se você tem condições de explicar esse mundo para além de sua Criação e possível Fim, em um sentido mitológico, mas se você pode criar e manter essa explicação como uma força narrativa dentro da própria história. Como fazer isso? Não tem jeito, só treino, treino e mais treino. E muita leitura.