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Ota deixa a 'MAD' brasileira e promete leiloar coleção particular

Ana Lovejoy

Administrador
Depois de 34 anos dedicados à “MAD”, o humorista Otacílio d’Assunção, mais conhecido dos leitores brasileiros por Ota, deixou a revista no início deste mês. Insatisfeito com os rumos da publicação desde sua – quarta – volta às bancas em março deste ano, Ota diz que “chutou o balde” e agora promete levar a leilão sua coleção particular de revistas, bonecos e quinquicalharias para se “desligar espiritualmente da ‘MAD’”.

A matéria continua aqui -> http://g1.globo.com/Noticias/PopArt...IRA+E+PROMETE+LEILOAR+COLECAO+PARTICULAR.html
 
Eu conheci o Ota em 1992 e o reencontrei em 1995. Gente finíssima, boa praça demais e um absurdamente talentoso artista de humor. Don Ináfio é uma das melhores charges publicadas no Brasil.

Ele sair da MAD parte o meu coração. Sério. :|
 
Post do Ota na comunidade dele:

Amigos, quero comunicar o meu desligamento da revista. Embora meu nome já não conste do expediente desde a edição 4 da série atual, eu ainda estava produzindo o conteúdo nacional.

Gostaria de falar isso de uma maneira elegante. Até porque devo satisfações a meus leitores, que ainda associam meu nome a essa revista, na qual trabalhei por 34 anos, em 4 editoras diferentes.

Infelizmente, os rumos da revista foram tomando um caminho que não me agrada. O certo seria eu não ter aceitado participar da nova série, mas por razões sentimentais acabei topando e deu no que deu...

Todo esse processo me deixou extremamente tenso durante os últimos meses e os que me acompanham de perto têm acompanhado o meu sofrimento. Agora que tomei a decisão de chutar o pau da barraca me sinto profundamente aliviado e espero voltar a ser feliz.

Enfim, para evitar especulações, quero dar a minha versão da história antes que a boataria se alastre.

Caso não saibam, tenho sérios problemas mentais. Transtorno bipolar, psicose maníaco-depressiva etc. Estou me tratando com homeopatia e o resultado é lento. Situações que provocam stress me deixam com os nervos à flor da pele. Algumas pessoas se aproveitam dessa minha fraqueza para me instigar e provocar mais crises.

Bom, enfim, a série atual funcionava num esquema de co-editoria, onde eu produzia a parte nacional e o outro editor a parte estrangeira. Entretanto, interferência feitas na minha parte me deixaram profundamente irritado.

A inclusão de matérias nacionais à minha revelia (o estopim foi uma sobre imigração japonesa que saiu na edição 5, a qual considero totalmente preconceituosa e de mau gosto) provocou o meu rompimento com o outro editor, o qual vem gerindo as coisas de um jeito que não me agrada. Entre eles um blog da Mad no site oficial da editora (no qual nunca tive qualquer participação) que não passa de um blog como outro qualquer, sem nada a ver com a revista. Simplesmente copia coisas consideradas engraçadinhas pelo outro. Ao invés de chupar coisas do site do Mad americano (que é ótimo) faz uma imitação malfeita de sites de humor de gosto duvidoso. Aquilo NÃO é o blog da Mad, é um blog qualquer que se apropria indevidamente do nome da revista, uma coisa que nem mesmo eu tenho o direito de fazer.
Bem como todas as "festas Mad" que alardeiam no nome da revista são apenas um pretexto para a venda de produtos piratas da revista e promover uma casa noturna paulista com a desculpa de "promover a revista", o que muito me entristece.

Não posso em hipótese alguma ter meu nome associado a essas coisas.

Bem, eles que continuem com isso, a história provará que não estou errado. A revista não vai durar muito mesmo, não vou ficar para vê-la decair de vez.

Não que eu esteja rogando praga, apenas estou sendo realista. As vendas em banca já não são essas coisas há muito tempo. A revista não dá lucro às editoras e foi mantida apenas por tradição, prestígios e conveniência editorial (a passagem para a Panini foi motivada por uma venda casada de um pacote de revista spertencentes à DC Comics). Não e promovendo festinhas onde vão 100 ou 200 pessoas (que nem são o público da revista) que vai dar uma levantada. A distribuição é precária, eu mesmo (que nem recebo as revistas, que "esquecem" de mandar) tenho que andar por 10 ou 15 bancas para encontrar uma para comprar.

Além do mais, é uma questão de conceito. O que estão fazendo com o conteúdo é estragar uma revista que tão bem acompanhou várias gerações e traz lembranças queridas na memória de todos).
a prova disso é o conteúdo das matérias apócrifas, as gracinhas do blog, isso não é Mad... é uma coisa grosseira que fazem usando uma marca que licenciaram.

Enfim, o rapaz que tomou o meu lugar NÃO É humorista e devia ter consciência disso. Se cuidasse apenas da parte técnica da edição, até estaria ótimo, porque isso ele faz bem. O problema é quando ele tenta ser criativo, o que não é. é o mesmo que ter uma bola mas não saber jogar futebol, ou um piano pela frente e não saber tocar.

Não que eu seja insubstituível. Pelo contrário. Ninguém é insubstituível, e pelo tempo que estou na revista já seria hora de eu me aposentar ou tomar outro rumo (o que estou fazendo).

Se fosse um HUMORISTA a editar a revista, as coisas seriam diferentes. Se chamassem, por exemplo, o Allan Sieber, o Nani ou qualquer um BOM humorista, ela poderia ficar um pouco diferente, mas seria lível.


Bom, não é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece. Em fins de 1981 fui demitido da Vecchi e os últimos 10 números não foram editados por mim. Houve um golpe interno na editora, um gerente-aspone que não ia com minha cara promoveu uma secretária que plantou lá só para me derrubar, e eles puxaram o meu tapete, me demitindo quando saí de férias. A secretária ficou "editando" a revista. AS edições ficaram lamentáveis. As vendas despencaram. A editora acabou falindo (mas isso por outros motivos, nada relacionado à revista).
Fui expulso como um rato e os que conspiraram para a minha saída ficaram felizes. A festa durou pouco, porque a editora faliu e minha sorte foi ter saído antes.

Bom, enfim tive o maior trabalho para levantar a revista quando ela voltou pela Record. Mas para surpresa de todos, as vendas foram um estouro e ela voltou a ser popular e voltei a ficar por cima.

Minha maior "vingança" foi anos depois ver a menina que me derrubou ter que ficar uma hora na fila de autógrafos para que o filho dela pudesse ter seu autógrafo. Ela veio me cumprimentar. "Ota que saudade. Meu filho é sue maior fã". A mesma que arrumou toda a tramóia para me derrubar.

Fui gentil com ela, sorri como se nada tivesse acontecido, caprichei no autógrafo do moleque e fiz algumas gentilezas etc.

Assim é a vida. Um dia esse cara vai ter um filho e também vai ser obrigado a ficar numa fila de autógrafos, ou passará por uma situação qualquer.

Hoje ele está "por cima" e tecnicamente com razão, porque fui eu que dei piti, mandei todo mundo tomar no cu etc... meu histórico de maluco dá credibilidade à versão que ele contar.

Mas os anos passam. Essa menina do moleque da fila nunca mais trabalhou no mercado editorial. Talvez estjea aposentada, ou trabalhe em algum banco, coisa assim. Enquanto isso eu construí minha fama.

O caso atual, o outro até deve ser promovido num primeiro momento. Mas as vendas não vão se sustentar (com ou sem mim) e a revista vai ser cancelada de qualquer jeito...

Bom, deixa pra lá. Isso é o problema dos que ficarem. Só não ter mais que lidar com essas pessoas é o maior prêmio que posso ter conseguido.

Pode ser também que eu esteja defasado. Estou velho e o mundo de hoje não é mais o mesmo de 30 ou 40 anos atrás.
De repente o povo atual gosta mais do novo jeito, quem sabe.

Mas uma coisa é certa. Desde que o mundo é mundo, certas coisas nunca mudam. a História está aí para comprovar o que digo. O comportamento humano se repete, independente do século em que estejamos. As situações são as mesmas.

Eu já conquistei meu lugar na História. Isso é inegável. Não dá para um historiador de quadrinhos, ainda que não vá com a minha cara, omitir o que fiz. Minha história não se resume à Mad.

E aliás não acaba aqui. Continuo criando coisas. Hoje estou fazendo o Otatube, que vai bem, obrigado. Amanhã posso estar em alguma nova mídia que venha a ser criada.

Bom, enfim é isso que tinha pra dizer. Não quero ofender ninguém, apenas contar minha versão da história.

Do jeito que ele tá falando, eu faria o mesmo...
 
Do jeito que ele tá falando, eu faria o mesmo...

Ah, o velho ciclo de promover uns bostas e eles se acharem, expulsarem os poucos "caretas" que dão duro trabalhando, e no final, porque só ficaram os bostas, a empresa vai pro saco.
 

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