Xena é um seriado de fantasia, nunca procurou ser uma fonte confiável sobre história e mitologia (se alguma vez os criadores demonstrassem isso, aí sim, seria motivo de reclamação).
E qual a definição de mitologia? Uma tradicional e típica história antiga que lida com forças sobrenaturais, ancestrais, heróis que servem como ícones a um povo, e que ajudam a delinear a psicologia, costumes e ideais da sociedade.
Em outras palavras: uma ficção ou meia-verdade, especialmente as que formam parte de uma ideologia. E o mais importante, um mito é uma história de ficção, pessoa ou coisa. O que importa se é modificado? Não é uma história (com H), é uma estória (com E), então que seja.
Se todo mundo repetisse a mesma história exatamente como foi contada a primeira vez, seria algo bastante chato, e besta. A cultura americana pega e reinventa todas elas adicionando seus valores morais, únicos à mentalidade daquele povo. Mesma coisa com historinhas de mil anos atrás.
Se você recontar uma história mil vezes, a cada vez pode criar novos personagens, modificar os nomes, motivações de país pra país, e cada cultura adapta à sua forma, maneira de ser. Pra começar, a história de Hércules não passa de um mito, então de que importa? Alguns reclamam que se não estava escrito, então não poderia surgir um personagem de ficção no meio de uma história que já é assim? Por que não?
Ao contrário do que alguns acham, as atuações são boas. Muito boas, na verdade. Lucy Lawless (Xena) é de longe a melhor, mas tem vários atores que se destacam, como Renee O'Connor (Gabrielle), Kevin Smith (Ares), que infelizmente morreu em virtude de uma queda em um set de filmagens, e eu achava sensacional, Hudson Leick (Callisto), Bruce Campell (Autolycus), Michael Hurst (Iolaus) e Ted Raimi (Joxer).
Se você começar a ver alguns episódios fora de ordem da primeira temporada de Xena, e se basear em algumas atuações individuais, vai achar que são amadores. Mas na segunda temporada (e sem dúvida a terceira e a quarta), as interpretações dos personagens são muito superiores.
E por falar em Lucy Lawless, ela é bastante competente, e versátil. Quando não fazia o papel de Xena, sabia alternar as emoções muito bem. Amor, ódio, sofrimento, humor, etc., e de forma bastante convincente. Não foi à toa que ganhou seu próprio show (pra quem não sabe, ela apareceu primeiro em Hércules).
Não critique o seriado quem não viu (e quando falo em ver, me refiro a um episódio ou melhor, uma temporada INTEIRA). O personagem principal de Xena já seria suficiente pra atrair a atenção. Ela não é como as outras, qualquer comparação seria infrutífera.
Não é como a Mulher Maravilha, Mulher-Gato, Elektra, ou qualquer heroína feminina. Ela poderia chutar o traseiro de qualquer herói, homem ou mulher, e isso com as pernas quebradas. Ela não precisa de super-poderes, pra ser forte ou intimidar os adversários. Ela já é FODA sozinha, aliás, arrisco a dizer que é a melhor personagem feminina que já surgiu na TV.
Além das histórias otimamente escritas e da boa direção, a música de Joseph LoDuca é também, peça importante e torna o seriado mais divertido e memorável, é bastante exótica e cheia de ritmo. Quem não lembra da abertura? As montagens casam perfeitamente com a trilha, e isso nos dois seriados.
Eu já vi todos os episódios de Hércules e Xena.
Recomendo os dois seriados. Apesar de Hércules ser inferior a Xena, vários episódios são divertidos (principalmente aqueles que trazem personagens que também aparecem em Xena). Kevin Sorbo e Michael Hurst (Hércules e Iolaus) tem uma boa química, e formam uma excelente dupla também.