Re: Vale compra Inco e se torna 2a maior mineradora do Mundo
Então, achei uma matéria super interessante do Herald Tribune sobre países como o nosso, emergentes, estarem se destacando nessas empreitadas de compras de empresas em outros países:
Ascensão do Sul: novas potências disputam a Corus
Acordos globais costumavam ser dominados pelos habituais suspeitos em locais como Nova York, Londres e Tóquio.
Mas pode ser um sinal do poder em ascensão das economias emergentes quando uma empresa de Mumbai faz uma oferta de cerca de US$ 8 bilhões pela siderúrgica anglo-holandesa Corus Group, apenas para ter sua oferta superada na semana passada por uma empresa do Rio de Janeiro.
Brasil e Índia, que há muito se lançaram como líderes dos países oprimidos do mundo, agora estão duelando por uma empresa que sua encarnação anterior, estatal, era conhecida como British Steel.
Na segunda-feira, altos executivos da Tata Steel estavam reunidos em Mumbai para debater seu próximo passo, segundo a imprensa. A empresa indiana se recusou a comentar, mas analistas esperam que ela aumente sua oferta de 455 pences, ou US$ 8,62, por ação para equiparar a oferta de 475 pences da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) do Brasil.
"Sul-Sul" antes evocava a solidariedade dos países em desenvolvimento na causa do socialismo. Hoje ela se aplica igualmente às suas rivalidades na causa do capitalismo, os colocando uns contra os outros e contra o Ocidente.
"Os ventos dos fluxos de investimento e comerciais estão mudando, e isto significa maior integração da economia global", disse Kamal Nath, o ministro do Comércio indiano, em uma entrevista. "Você não apenas recebe investimento, você também investe."
Em outubro, Kofi Annan, o secretário-geral da ONU, escreveu no prefácio de um relatório que os países ricos "terão que se acostumar a muito mais transações envolvendo investidores de economias em desenvolvimento e transição, à medida que se expandem internacionalmente".
O relatório da ONU detalhou o crescimento do investimento originado de países em desenvolvimento. De 1985 a 2004, estimou o relatório, o fluxo de investimento originado nos países em desenvolvimento saltou de US$ 4 bilhões para US$ 61 bilhões, excluindo o volume significativo de capital transferido por razões contábeis. O mundo em desenvolvimento passou a representar 17% do investimento externo mundial e 17% de todos os acordos internacionais, em comparação a 5% em 1987.
"A forma mais rápida de estabelecer presença global é adquirindo empresas que já têm presença global estabelecida", disse Nagesh Kumar, diretor geral do Sistema de Pesquisa e Informação para Países em Desenvolvimento, uma organização de pesquisa em Nova Déli. Muitos dos negócios que mais chamaram atenção nos últimos meses envolviam empresas de países em desenvolvimento fazendo ofertas por empresas americanas ou européias mais conhecidas - e, em alguns casos, tentando superar ofertas umas das outras. Quando a Mittal Steel, fundada por um indiano e com operações em economias em desenvolvimento do Cazaquistão a Trinidad, fez uma oferta neste ano pela Arcelor, uma siderúrgica européia, isto provocou uma reação no continente. Mas para impedir a tomada por um empreendedor de um país em desenvolvimento, a Arcelor se voltou para outro, tentando uma fusão com a Severstal da Rússia.
Mais recentemente, a Cemex, uma empresa mexicana de cimento, fez uma oferta de US$ 12,8 bilhões pelo Rinker Group da Austrália. E apesar da Cemex ser a terceira maior fabricante de cimento do mundo, ela é moldada pelas suas raízes mexicanas. Ela é famosa entre os estudiosos de negócios por mudar normas da indústria, descobrindo uma forma custo-eficaz de vender pequenos sacos de cimento para legiões de moradores de favela do México, incluindo entrega a domicílio igual a pizza.
A Corus, formada da fusão da antiga British Steel com uma produtora holandesa, recebeu uma oferta em outubro da Tata Steel, no que foi amplamente visto como uma reversão do relacionamento tradicional entre as economias do Oriente e do Ocidente. Foi uma proposta Davi compra Golias, com a Tata buscando assumir o controle de uma empresa com uma capacidade de produção de 18 milhões de toneladas, em comparação à sua de 6 milhões.
O conselho da Corus votou pela recomendação da tomada. Mas a CSN do Brasil, com aproximadamente a mesma capacidade da Tata, fez sua oferta surpresa na sexta-feira pelo Corus Group, superando a oferta da Tata em cerca de 4,4%.
A CSN disse que não fará uma oferta oficial até estudar as operações e finanças da Corus. Ela também disse que deseja obter pleno apoio do conselho da Corus e assegurar o financiamento para a aquisição.
Os investidores em Londres elevaram o preço das ações da Corus em 4,76%, com um fechamento na sexta-feira de 495,5 pences. Na segunda-feira, as ações subiram ainda mais, para mais de 497 pences ao meio-dia em Londres. O aumento sugere que os investidores acreditam que a Tata poderá aumentar sua oferta. Os acionistas da Corus deverão se reunir em 4 de dezembro para votar a oferta da Tata Steel. Mas a oferta da CSN e o salto no preço das ações da Corus poderão adiar tal votação.
À medida que países como Índia e Brasil geram novas multinacionais, suas economias estão começando a ter um papel duplo nos mercados globais. Eles são, por um lado, recebedores de investimentos de empresas ocidentais como Coca-Cola e Boeing, em busca de novos mercados para seus produtos. Mas também são fornecedores de investimento para países ainda mais pobres, que precisam deles para capital e tecnologia. A África do Sul, por exemplo, é uma "queridinha" dos investidores estrangeiros, atraindo vastas somas de Wall Street e da City de Londres. Mas também é responsável por mais da metade de todo o investimento em vizinhos menos bem-relacionados como Botsuana, Congo, Lesoto e Maláui, segundo o relatório da ONU.