O universo criado por Tolkien abrange uma série de conceitos mitológicos vistos em várias mitologias históricas, como a dos celtas e nórdicos, mas acredito que o diferencial do Professor seja a genialidade e firmeza com que traça as nuances de cada elemento "mitológico". È difícil encontrar em outros autores de fantasia essa "firmeza" que expõem seus personagens e seu ambiente de forma categórica, como se aquilo fosse algo que já existisse e que o leitor, se interando disso, passa a querer saber mais sobre esse mundo fantástico. Com Tolkien, você sente vontade de ler mais e mais, com outros autores do estilo, os novos principalmente, você lê um, dois e depois para. A história não te absorve.
Disse bem Samuefran,
Essa sua fala parece fala de puxa-saco do professor, mas não é, eu sinto a mesma coisa.
Tolkien escreve de uma forma tão gostosa que só te instiga a ler mais e mais. Da vontade de conhecer todas as histórias da Terra-Média, de todas as eras e imaginar todas as lacunas que o professor deixou. São textos realmente belíssimos.
Esse trecho que você transcreveu, Imrahil, do Pippin ouvindo os "berrantes"
de Rohan é extraordinário, uma frase simples, mas que aquieta o coração, nos dá esperança. Talvez até pelo autor já antecipar o final como você destacou, mas Tolkien faz isso como ums sutileza ímpar e nós quase não percebemos o detalhe. Eu mesmo ainda não tinha me atentado para isso, apenas tinha sentido esperança, o coração afagado.
A escrita de Tolkien também tem outra semelhança com a mitologia: parece história. Mitologia era a religião histórica das antigas civilizações, não é a toa que o Monte Olimpo dos deuses realmente existe na terra. Era história, os homens acreditavam nela, era a conexão que eles tinham com o passado de suas civilizações. Tolkien também escreve como se fosse história real mesmo, a gente lê o Silmarillion e tem a sensação que tudo aquilo de fato aconteceu. Eu mesmo não leio o Silmarilion, mas o estudo. A primeira vez que eu li fui fazendo um Guia de Nomes e Acontecimentos a mão para não me perder no decorrer do livro, deu algumas dezenas de páginas, rs. Essa semelhança com a mitologia é interessante também.
E parabéns pelo artigo Imrahil, belas sacadas!