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Por que Tolkien é mitologia

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Relendo “Os Filhos de Húrin” pela enésima vez (não leu ainda?! Vassuncê tá esperando o quê, mizifi?), pus-me a refletir porque, em seus melhores momentos, o texto de Tolkien é tããão parecido com mitologia “de ...

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O Silmarillion inteiro tem (nas palavras de Tolkien) um "ar céltico que desagrada os Ingleses". A estória de Túrin ainda acrescenta elementos da tragédia grega, o que o torna ainda mais parecido com as estórias mitológicas.
 
Não entendo muito de mitologias em geral, mas o texto ficou muito bom, Cisne! E concordo totalmente com você quando diz que:

as narrativas míticas tradicionais estão cagando solenemente para coisas como ordem cronológica estrita ou suspense.
 
O universo criado por Tolkien abrange uma série de conceitos mitológicos vistos em várias mitologias históricas, como a dos celtas e nórdicos, mas acredito que o diferencial do Professor seja a genialidade e firmeza com que traça as nuances de cada elemento "mitológico". È difícil encontrar em outros autores de fantasia essa "firmeza" que expõem seus personagens e seu ambiente de forma categórica, como se aquilo fosse algo que já existisse e que o leitor, se interando disso, passa a querer saber mais sobre esse mundo fantástico. Com Tolkien, você sente vontade de ler mais e mais, com outros autores do estilo, os novos principalmente, você lê um, dois e depois para. A história não te absorve.
 
Até porque nem todos os autores de literatura fantástica escrevem suas obras tentando escrever uma mitologia.

É interessante que a abordagem mitológica de Tolkien gera um genuíno interesse na mitologia por parte dos leituras, tanto que muitos estudam e desbravam os trabalhos de Tolkien como um estudioso de mitologias (até porque, como em outras mitologias, existem estórias que são contadas por Tolkien em diferentes versões :mrgreen: ).
 
O universo criado por Tolkien abrange uma série de conceitos mitológicos vistos em várias mitologias históricas, como a dos celtas e nórdicos, mas acredito que o diferencial do Professor seja a genialidade e firmeza com que traça as nuances de cada elemento "mitológico". È difícil encontrar em outros autores de fantasia essa "firmeza" que expõem seus personagens e seu ambiente de forma categórica, como se aquilo fosse algo que já existisse e que o leitor, se interando disso, passa a querer saber mais sobre esse mundo fantástico. Com Tolkien, você sente vontade de ler mais e mais, com outros autores do estilo, os novos principalmente, você lê um, dois e depois para. A história não te absorve.

Disse bem Samuefran,

Essa sua fala parece fala de puxa-saco do professor, mas não é, eu sinto a mesma coisa.

Tolkien escreve de uma forma tão gostosa que só te instiga a ler mais e mais. Da vontade de conhecer todas as histórias da Terra-Média, de todas as eras e imaginar todas as lacunas que o professor deixou. São textos realmente belíssimos.

Esse trecho que você transcreveu, Imrahil, do Pippin ouvindo os "berrantes" :lol: de Rohan é extraordinário, uma frase simples, mas que aquieta o coração, nos dá esperança. Talvez até pelo autor já antecipar o final como você destacou, mas Tolkien faz isso como ums sutileza ímpar e nós quase não percebemos o detalhe. Eu mesmo ainda não tinha me atentado para isso, apenas tinha sentido esperança, o coração afagado.

A escrita de Tolkien também tem outra semelhança com a mitologia: parece história. Mitologia era a religião histórica das antigas civilizações, não é a toa que o Monte Olimpo dos deuses realmente existe na terra. Era história, os homens acreditavam nela, era a conexão que eles tinham com o passado de suas civilizações. Tolkien também escreve como se fosse história real mesmo, a gente lê o Silmarillion e tem a sensação que tudo aquilo de fato aconteceu. Eu mesmo não leio o Silmarilion, mas o estudo. A primeira vez que eu li fui fazendo um Guia de Nomes e Acontecimentos a mão para não me perder no decorrer do livro, deu algumas dezenas de páginas, rs. Essa semelhança com a mitologia é interessante também.

E parabéns pelo artigo Imrahil, belas sacadas!
 
"[...]o narrador diz que, pelo resto de sua vida, o hobbit nunca mais conseguiu ouvir berrantes [...]soando ao longe sem que lágrimas aparecessem em seus olhos.

Pronto, Tolkien já contou, na prática, que o livro vai ter um final feliz, já que Pippin vai, afinal, viver para se lembrar da chegada dos guerreiros de Rohan ao Pelennor."

Nunca prestei atenção no intimo desse trecho.


Que Tolkien é pura mitologia todos nós já sabemos, o que faltava mesmo era um porque. Otima coleta de material, e uma revisão bem implicita da obra como um todo. Gostei principalmente que é um texto rápido e bem objetivo.
 
Saudações!

Bom, se pegarmos o ‘Morfologia do conto maravilhoso” do Vladimir Propp e aplicarmos às estruturas da obra de Tolkien, vemos que, estruturalmente falando, toda a obra trabalha como um compêndio de mitos. As personagens de Tolkien se encaixam perfeitamente nas funções estabelecidas por Propp. Mas só isso não seria suficiente. Em ‘O herói de mil faces’, Joseph Campbell fala que : “A função primária da mitologia e dos ritos sempre foi fornecer os símbolos que levam o espírito humano a avançar, opondo-se àquelas outras fantasias humanas constantes que tendem a levá-lo para trás.”
Acho que ninguém aqui discorda que a Obra de Tolkien cumpre essa função magnificamente. Esse era mesmo o propósito do Professor: Fornecer os valores que a sociedade parecia ter perdido. Claro que não é só isso. Existem ainda muitos outros meios de provar que a obra do Professor é mitologia, mas agora não tenho mais tempo pra ficar por aqui. Certo que ainda volto a escrever nesse tópico. A mitologia é um dos meus vícios.:mrgreen:
Adorei o tópico!
 
Bom gente, apesar de ser um grande fã de Mitologia Grega, Egípcia e Nórdica, tenho que admitir que o que Tolkien fez foi uma mitologia a parte, claro, com certos aspectos de outras, mas, ele fez uma Mitologia só dele, com deuses, raças, terras maravilhosas, e idiomas tão lindos que parece uma música só de se ouvir.
Mitologia Tolkieniana, como a chamo. xD
Mas, enfim, ele tirou muitas coisas de outras mitologias, nada que ficasse muito "plagiado", mas ele conseguiu fazer um equilíbro perfeito para isso.
Não é a toa que seu trabalho levou anos, e ainda sim não se concretizou durante sua vida. O que é uma pena, ele merecia viver o bastante para ver sua grande obra arrebatando milhões de fãs pelo mundo.
 
Muito bom o artigo mesmo.

As obras de Tolkien tem muitas dessas passagens "a-temporais". Não só as obras do Legendarium, mas ainda acrescentaria o Roverandom nessa lista.

Além dos trechos que o Cisne citou, acho interessante também quando Tolkien escreve: "e ele nunca mais voltou pra lá em vida", como quando Frodo e Sam saem de Lórien.

A primeira coisa que me vem a cabeça é:
"Poxa, que triste, era um lugar tão agradável, certamente os hobbits gostariam de retornar à terra de Galadriel".

Mas depois eu penso no "em vida". O que isso significa?
Que seus espíritos voltaram aquele lugar quando os hobbits morreram?

Ao invés de ficar bravo com a revelação, acontece justamente o contrário: o Professor me instiga a pensar sobre o que ele narrou!!!

Karma pro professor, porque ele é fod*!
 
Mestre Tolkien era mestre em nos fazer pensar. Tanto no passado quanto no futuro de suas histórias ele nos fazia pensar e bolar pensamentos mirabolantes sobre o que realmente acontecia, ou o que de fato aconteceria depois. Um trecho marcante para mim foi nas últimas frases do livro, quando o autor narrava algo extraordinário até então, a amizade entre um elfo e um anão.

E quando aquele navio partiu e sumiu do horizonte, dando fim ao livro, eu pensei: Uau, e o que vem agora? Quer dizer, todos haviam tomado seu próprio rumo e ido em direções diferentes. Mas, pensando no fato de até mesmo Sam e Frodo, que outrora eram tão unidos, terem se separado... digo, porque Tolkien meio que priorizou a amizade entre os dois?
Talvez para mostrar que mesmo grandes inimigos de longas gerações podem se entender e trabalhar juntos.
Porque pelo livro todo fomos testemunhas das "disputas" dos dois, buscando ser melhor que o outro, e acho que nenhum deles percebeu que verdadeiramente estava nascendo ali uma amizade. Enfim, encurtando um pouco, fiquei um tempo pensando no futuro desses dois quando o livro acabou. Quer dizer, o livro acabou, mas Tokien fez com que a história continuasse em nossas mentes.

Salve, Tolkien!
 
Isso me lembra um tópico meu na época que eu era um novato-chato (hoje em dia só sou chato). O pessoal apontou exatamente era aura mitológica como motivo do que eu tava reclamando.
 
Até a maneira de Mestre Tolkien escrever era mitológica.
Como dito aqui, Mestre Tolkien se inspirou também nos famosos poemas da Edda, da Mitologia Nórdica. Adquiriu um tanto de conhecimendo, pegou um bocado de técnicas e fez uma narrativa tão sagaz e ao mesmo tempo singela, ao meu modo de ver, que a leitura se torna prazerosa e "convidativa", para que doemos horas e horas de nossas vidas nos deleitando com todo esse manancial de histórias.

Falei tão bonito. *-*
 
Ótimo artigo! :clap:

Eu sempre gostei de mitologias. Deve ser por isso que eu gosto tanto das obras de Tolkien. Elas tem uma conexão uma com a outra muito bem detalhada, e isso cria um plano de fundo muito vasto além da história, "nos bastidores". E isso é fascinante.

Outro ponto em comum com as mitologias que eu noto, é que embora os fatos e as conexões entre eles sejam muito detalhados, a descrição dos personagens é muitas vezes preterida.

Embora Tolkien sempre tenha pensado em criar a Terra-média como um pando de fundo mitológico para a Europa, eu vejo um aspecto de mitologia muito mais forte nos escritos mais antigos de Tolkien (como O Livro dos Contos Perdidos, a primeira versão do Silmarillion). O tom mitológico continuou claro, mas nos textos antigos cada diferença, cada detalhe, cada aspecto tinha uma descrição mitológica própria para si.

Um exemplo:
No Livro dos Contos Perdidos, a origem da Valacirca era um diferente. Aulë estava forjando uma foice quando Melkor veio e lhe contou uma mentira sobre Yavanna. Aulë ficou tão furioso que destruiu a foice. Sete faíscas voaram e formaram a Valacirca. Parece muito mais com uma história mitológica do que a que se encontra no Silmarillion, não acham? Afinal, a origem da Valacirca no Silmarillion é basicamente igual a das outras estrelas. Outro exemplo são os três filhos de Aeluin, o Tempo: Dia, Mês e Ano, que determinaram o tempo dos trajetos da nave do Sol e da Lua, com uma história bem mais "mitológica" que a que está presente no Silmarillion publicado (não lembro de cabeça a história, e não estou com tempo de reler a passagem do HMe I, mas se não me engano envolvia a fabricação de fios).
 
Isso ocorre muito também na Mitologia Grega, onde há várias versões para o nascimento de um mesmo herói ou de um deus. A que se parece mais mitológica, fica a cargo do gosto de cada um pelas histórias.
 

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