Bem, desculpe contestar isso, mas o Papa TEM certa razão em dizer uma coisa dessas.
Ele já viu no mínimo três gerações (cada geração dura 25 anos) de jovens, e pode compará-las mais do que nós jovenzinhos.
Os jovens de 1940 que ele viu não se distraíam tanto. Não havia tantas opções de lazer, e normalmente havia de se pensar em coisas "importantes" antes mesmo de se fazer 18 anos. O lazer em geral era mais voltado a passeios, excursões, esportes, etc..
O lazer de hoje em dia se resume a televisão, videogame, clips da MTV e internet.
As angústias de antigamente eram angústias que a vida impunha aos jovens. As angústias de hoje em dia são baseadas mais nos medos de quando for enfrentar a vida de verdade.
Entendam que toda angústia provém de medos e
fantasmas (ilusão). Isso tanto hoje quanto ontem.
No entanto, ultimamente o ser humano se angustia muito antes de ter um problema real. Quantas
crianças de 16 anos não ficam desesperados em arranjar namorada/o porque pensa que nunca vai conseguir achar cara metade? Pensem: isso é um problema maior do que escolher uma carreira? (nem que seja para virar hippie fazendo artesanato!)
Digo isso em termos estatísticos. Vejam pelo fórum mesmo quantos adolescentes fazem perguntas a respeito de seus medos de escolher uma profissão errada, e vejam quantos fazem perguntas a respeito de conseguir arranjar namorado.
Há sempre as exceções, claro.
O ponto é que as drogas por exemplo raramente seriam um problema para as exceções (gente com cabeça no lugar), mas numa população entediada ela se torna rapidamente moda, e raramente essas pessoas tem uma estrutura psicológica forte para entender o que se passa consigo mesmo para sair disso.
O Papa não se preocupa com as exceções. Esse pessoal já encontrou seu rumo, sabe o que quer da vida, e sabe separar medos reais de imaginários. Lembrem-se que Cristo não manda salvar os sãos.
No entanto, realmente um grande número de jovens tem esses sintomas de vida "ociosa" (que na verdade devia ser usado para eles acharem seu rumo: o que querem da vida?, etc), e as distrações realmente os distraem. Lazer é importante para descansarmos, mas quando se torna ópio para não enfrentarmos os reais problemas de nossa vida então é preocupante.
As pessoas para terem sucesso em suas vidas dependem de disciplina em conseguir o que querem. A religião sempre proveu isso no passado, e mesmo hoje em dia, vede as pessoas religiosas: elas são cegas em muitos pontos, claro, mas se elas encucam com uma coisa elas vão atrás. O mesmo não é tão frequente em pessoas letradas - poucas são obstinadas em perseguir seus objetivos.
Se a pessoa se distrai muito em seguir seus objetivos então ela não consegue seus objetivos e se torna infeliz. Ela procura mais paliativos (anestésicos) para esquecer seus problemas. Aí realmente é que as pessoas se perdem. Não é Deus quem perde elas, mas elas próprias se perdem para si próprias.
O Papa está sendo mal entendido como o reitor de Harvard, Dr. Summers (
http://forum.valinor.com.br/viewtopic.php?t=41996)
Na palestra do Dr. Summers, as pessoas ficaram ofendidas quando o Dr. Summers disse que mulheres são DIFERENTES de homens, e já saíram concluindo que ele disse que mulheres são INFERIORES aos homens. O ponto central de Dr. Summers na palestra é que homens fazem mais facilmente a escolha de se sacrificar pela carreira, enquanto as mulheres acabam escolhendo mais a família. Daí o fato de que no final, as mulheres realmente nunca vão ter chance de se tornar LÍDERES em suas carreiras (chefe de departamento, reitora, etc.)
A escolha de Sofia das mulheres é esta: se ela escolher a carreira, seus filhos vão pra cucuia... ainda mais se o marido também só pensa em trabalho.
No caso do Rock, do Pop, etc., há um problema mesmo... há muito o rock não é mais contestação, uma forma de expressão. Alguns poucos ainda pensam rock (assistam Escola do Rock... "e agora nem rock mais temos, porque veio a MTV!!!") mas no geral, não tanto mais é algo para expressar uma opinião, mas é mais uma forma de ganhar dinheiro e de conseguir fama (ego).
E no caso dos que gostam de rock, deixaram a empatia para entender que outras pessoas também tem questionamentos, e se tornou algo apenas para "curtir". A facilidade de se tornar anestésico é real e está aí para todos verem.
SE o rock nas suas origens foi uma coisa, não tenho dúvidas. Eu mesmo gosto muito de rock por conta de sua originalidade por contestar um padrão musical anterior.
Mas hoje veja o que é considerado "grupo". A primeira coisa que vêm à mente é comprar guitarra, baixo e bateria.
Quantas pessoas pensam "vou usar um atabaque, uma cítara e um berinbau"? ou qualquer OUTRO instrumento!
Padronização no rock. Paradoxo. Rock não devia ser PADRONIZADO.
Quando há uma deturpação do conceito de qualquer coisa, as coisas degeneram.
Se há deturpação de um ideal, então o que dizer dos seguidores? Vide Socialismo, vide anarquia, vide Revolução Francesa, vide Cuba.
O fato é que o velhinho tá dizendo algo muito interessante. O problema é que todo mundo só fica revoltadinho, logo pensa ele é de uma época ultrapassada, tá caduco, etc., e não quer nem ouvir o que ele tá dizendo (sem falar que o ser humano sempre ouve só o que quer ouvir). Repetimos os mesmos erros que odiamos dos nossos avós.
Ele só tem culhões de dizer que o rei está nú. No caso, o rei é a juventude e a nudez é porque está perdida. Não no sentido de perdido para Deus, mas para si mesmos. A pergunta que toda pessoa (ou jovem) deve sempre se fazer: Revoltado contra o que? E se quer mudar o mundo, me diz onde quer fazer a mudança.
Já se passou a época de ficar revoltado porque o mundo é uma merda. Ainda bem que é uma merda: temos o que fazer para torná-lo melhor. Esse segundo passo poucos ousaram dar.