Bom cristão, mau muçulmano, vice-versa?
Estou cada vez mais desconvencido da influência prática de alguma liturgia sobre o complexo que mantém tradicionalmente o poder dentro das sociedades, e que casos como o de Ashoka são a exceção no mundo. Pois se o próprio Sri Lanka utiliza o budismo como fator de identidade nacional, de forma a descriminar as minorias islâmicas e hinduístas...
Ao longo da História, governantes usaram as ambiguidades presentes em suas liturgias locais, de acordo com o que convinha. Tanto a Bíblia quanto o Alcorão, além de várias outras crenças, possuem trechos de guerra e de paz, de convivência e de intolerância.
E sempre houve uma manipulação. Na hora em que a beligerância interessa economicamente, ressaltam-se os versículos, capítulos, hadiths, o que form, que incitam ao ódio aos "infieis". Quando o melhor é ficar na paz, manter a estabilidade social e (principalmente) vender alguma coisa, diz-se que todos são filhos do mesmo Deus, ou que as diferentes crenças só são modos de se dizer a mesma coisa.
A sociedade é religiosa quando precisa.