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O Sol Também se Levanta-Hemingway

Esse foi minha terceira obra do autor, antes havia lido O velho e o mar e Adeus as armas, gostei muito da forma como a chamada "geração perdida" foi descrita, em meio aos escombros emocionais causados pela guerra esse grupo tenta em vão preencher o vazio espiritual através de homéricas farras regadas com muito álcool em meio a decadente Paris ou nas tradicionais corridas de touro em Pamplona. Seguem então uma rota de auto destruição mostrando-se cada vez mais infelizes em suas escolhas, moralmente pervertidos e definitivamente "perdidos".
 
Esse foi minha terceira obra do autor, antes havia lido O velho e o mar e Adeus as armas, gostei muito da forma como a chamada "geração perdida" foi descrita, em meio aos escombros emocionais causados pela guerra esse grupo tenta em vão preencher o vazio espiritual através de homéricas farras regadas com muito álcool em meio a decadente Paris ou nas tradicionais corridas de touro em Pamplona. Seguem então uma rota de auto destruição mostrando-se cada vez mais infelizes em suas escolhas, moralmente pervertidos e definitivamente "perdidos".

Acho que a força do nome "Geração Perdida" pode nos levar a uma interpretação mais grave e melancólica do que a expressão desses autores realmente foi. O nome veio pra nomear (lol), inicialmente, os autores americanos que surgiram no fim da primeira guerra (muitos deles tendo participado dela). Entretanto, a maneira como cada um desses autores "leu" sua geração é um tanto distinta - Hemingway, Dos Passos, Fitzgerald...

Aureliano.... acho que há menos "rotas autodestrutiva" e mais algo do tipo "A américa é uma provinciazinha... aqui estão os artistas".


Poderia apontar onde está a ideia de que Paris era "decadente" aos olhos da Geração Perdida?
 
Acho que a força do nome "Geração Perdida" pode nos levar a uma interpretação mais grave e melancólica do que a expressão desses autores realmente foi. O nome veio pra nomear (lol), inicialmente, os autores americanos que surgiram no fim da primeira guerra (muitos deles tendo participado dela). Entretanto, a maneira como cada um desses autores "leu" sua geração é um tanto distinta - Hemingway, Dos Passos, Fitzgerald...

Aureliano.... acho que há menos "rotas autodestrutiva" e mais algo do tipo "A américa é uma provinciazinha... aqui estão os artistas".


Poderia apontar onde está a ideia de que Paris era "decadente" aos olhos da Geração Perdida?

No próprio o sol também se levanta alguns fazem citações sobre uma Paris lúgubre, tanto e que estão sempre fugindo de lá para outras cidades européias embora sempre retornem pois parecem estar irremediavelmente ligados a ela. O que me impressiona e que todas as situações narradas na obra do hemingway parecem ter sido realmente vividas por ele, quase como num tom de documentário, atrelando pequenas modificações.
 
Acho que a força do nome "Geração Perdida" pode nos levar a uma interpretação mais grave e melancólica do que a expressão desses autores realmente foi. O nome veio pra nomear (lol), inicialmente, os autores americanos que surgiram no fim da primeira guerra (muitos deles tendo participado dela). Entretanto, a maneira como cada um desses autores "leu" sua geração é um tanto distinta - Hemingway, Dos Passos, Fitzgerald...

Aureliano.... acho que há menos "rotas autodestrutiva" e mais algo do tipo "A américa é uma provinciazinha... aqui estão os artistas".


Poderia apontar onde está a ideia de que Paris era "decadente" aos olhos da Geração Perdida?

Concordo contigo quando diz que o alcunha Geração Perdida pode ser limitador em diversos aspectos, mas devo dizer que a impressão que subjaz praticamente todos os textos de Hemingway, na minha modesta opinião, é precisamente o vazio existencial que se instaurou dentro dele depois da Primeira Guerra Mundial, fruto das experiências extremas e da proximidade da morte. Em todos os livros os personagens parecem assolados por uma angústia profunda, parecem estar sempre buscando algo longínquo, que não lhes parece palpável, parecem sempre incompletos em aspectos centrais da existência.

Daí é que vem, também, o furor aventuresco de Hemingway, sua vontade de não sucumbir ao macambúzio destino que parece lhe aguardar em cada esquina. Sua ânsia de arriscar sua própria vida, de viver cada dia ao máximo é fruto de sua vida passada, cujo estigma da morte ainda parece pairar sobre sua cabeça.
 
Sim. No mundo Hemingwayiano, tudo é preenchido com proezas físicas e uma oposição/desafio de proporções quase épicas. E é justamente isso que impressiona no romance de estreia do Papá: o personagem principal é incapaz de realizar essas proezas no aspecto mais elementar e valorizado por Hemingway, o sexo. É uma estreia memorável...

Há, creio, estudos Freudianos sobre "O sol também...", que, aliás, foi baseado em um camarada do época. Foi o próprio Hemingway que disse; à época, o cara disse que ia matar o Hemingway...

Ainda vejo poucas "rotas destrutivas" neste romance. Mas não posso negar a melancolia a um homem emasculado, claro :)
 
Sim. No mundo Hemingwayiano, tudo é preenchido com proezas físicas e uma oposição/desafio de proporções quase épicas. E é justamente isso que impressiona no romance de estreia do Papá: o personagem principal é incapaz de realizar essas proezas no aspecto mais elementar e valorizado por Hemingway, o sexo. É uma estreia memorável...

Há, creio, estudos Freudianos sobre "O sol também...", que, aliás, foi baseado em um camarada do época. Foi o próprio Hemingway que disse; à época, o cara disse que ia matar o Hemingway...

Ainda vejo poucas "rotas destrutivas" neste romance. Mas não posso negar a melancolia a um homem emasculado, claro :)

Parece haver uma veia mais dramático-lírica nesse primeiro volume, como um dilema espiritual que vem à tona pouco à pouco. Havia, ao que me parece, um sentimento menos amargo com relação às adversidades da vida e do mundo, coisa que vai declinando com o passar do tempo, em que os livros mais recentes vão dando espaço a uma melancolia menos espiritualmente valorizada, descambando mais para o "patético", embora não acho que o "patético" seja em nenhum livro o ponto dominante, ele é mais um desdobramento da condição de, como você bem notou, "emasculamento".

Cada vez mais também, creio que as aventuras e proezas físicas tomaram o palco central da obra de Hemingway. Se compararmos o peso que elas vão adquirindo em suas obras, é possível perceber como o batalha contra a morte - e, sempre, contra a mortalidade - vai tomando proporções cada vez menos épicas, como se o Hemingway mesmo se desse conta da implacabilidade do tempo. Não à toa, portanto, que o extremismo aventureiro vai acontecendo em cada página de sua vida, tanto que ele nem mesmo pode receber o Nobel em mãos, devido a um acidente decorrente de suas aventuras.

De fato Hemingway me parece uma figura que encerra dilemas muito humanos e que valem a pena ser explorados. Apesar de não ser o meu escritor norte-americano preferido (ao contrário das preferências de muita gente), ele tem muita coisa a dizer, e boa parte disso não é necessariamente o que está nos seus livros, mas no diálogo desses com sua vida.
 

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