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Que bacana, estou interessada! Será que é mais interessante ler no original mesmo?
Verdade Manu, Hemingway faz isso com as pessoas. Depois dele passei a me interessar por touradas, caça, boxe, pescaria...
Lu, a prosa direta de Hemingway torna as coisas fáceis no inglês... vá de original, é sempre melhor.
Acabo de ler o romance de estreia do Hemingway. Digo "ler", mesmo o tendo feito há muitos anos. Tudo que eu me lembrava era de um camarada que gostava de uma mulher, e não podia amá-la, uma impossibilidade física. Hoje, passando os olhos na última página e fechando o livro, dá pra perceber muito mais.
Ele é frequentemente referido como registro absoluto da "Geração Perdida", grupo de expatriados americanos que vivia na Paris dos anos 20 - quem viu Meia-noite em Paris está por dentro;uma obra de estreia que recebeu recepção calorosa e catapultou Hemingway para a fama; um livro misógino sobre bebedeiras....
O que mais me chamou a atenção, entretanto, foi a coragem de Hemingway. Eu explico e especulo: como deve ter sido difícil descrever o modo de vida daquele grupo, tendo como críticos Fitzgerald e Stein! A escolha do autor, a de retratar seus amigos, autores do renome de James Joyce, embora muito natural, o expõe ao imediato escrutínio do grupo. Acredito que o romance, por tratar de algo tão próximo a todos, de suas vidas, em vez de tornar as coisas mais simples, agravou-as, na medida em que qualquer artificialidade seria flagrante.
Mas, das descrições das touradas às ressacas homéricas, passando por Brett (talvez a personagem feminina mais singular do Papa) nada é falso. O romance, como eu disse no início, é narrado por Jake Barnes (o tal do problema físico). Ele, o pugilista Cohn, o amigo Bill, o falido Michael e Brett partem de Paris para apreciar a Fiesta em Pamplona. E vão os homens, como planetas, orbitar Brett, cortejá-la, desejá-la e ser confundidos por ela, que com eles "joga", os manipula e os ama. Barnes, que lhe tem amor, mas não o pode dar; Mike alimentando ódio e repulsa e Cohn, que nutre um desejo masoquista se respeitam e se agridem, vivendo como se fossem morrer no dia seguinte, aproveitando tudo.
"Os únicos que vivem com a intensidade que desejam são os toureiros" - disse Barnes em resposta a uma crise existencialista de John Cohn.
Tive a mesma impressão Lucas. Como se todos os excessos fossem um disfarce, mas não acho que a expatriação tenha tido um papel tão forte, a não ser que o fato de eles parecem mais à vontade com a cultura européia que a americana (pelo menos Jake dava essa impressão) seja um disfarce também. Eu imagino que o pior foi a guerra, ter passado, tão jovem, por tantos horrores que aparentemente não resolveram nenhum problema ou trouxeram consequências diretas. É contra esse vazio, essa impressão de ter sofrido por nada (novamente, principalmente Jake que "perdeu a masculinidade" na guerra), que eles lutam.
Essa foi a minha impressão, não sei se ficou claro.
Maneiro seu comentário Vinnie. Estou na metade de O Sol Também se Levanta e devo dizer que há algo de melancólico por detrás de cada aventura que o Hemingway descreve. É bem velado, discreto mesmo, mas está lá. Acho que isso é reflexo do sentimento que ficou conhecido como 'Geração Perdida', né? São jovens que foram atingidos pela guerra ou pelo choque de serem expatriados e agora não possuem necessariamente um sentimento de pertença a algum lugar específico.
Quando eles flanam pela Europa, a meu ver, tanto estão em busca de aventuras e boa vida quanto estão também em busca de algum rumo, algum sentido para encaminhar suas vidas. Pescar, assistir às touradas, ter uma vida boêmia, enfim, ser um bon vivant tem algo de estar meio sem direção em O Sol também se Levanta. Ou estou exagerando?
"Lembrei-me de certos jantares durante a guerra. Muito vinho, uma tensão ignorada e o sentimento de que iriam produzir-se coisas inevitáveis. Sob a influência do vinho, perdi a sensação de repulsa e senti-me realmente bem. E todos me pareciam gentis."
Tem uma passagem na página 158 (minha edição é a da Coleção Imortais da Literatura Universal, publicada pela Abril Cultural em 1972 com tradução de Berenice Xavier) que parece exprimir o que a boêmia representava para a geração perdida e os personagens de O Sol também se Levanta:
Parece que antes de um engajamento mais direcionado ou de uma crítica elaborada, a geração perdida buscou 'esquecer' dos traumas através da boemia, da bebida, das festas, das aventuras românticas etc.
"Oh! Jake - disse Brett. - Poderíamos ter sido tão felizes juntos! (...)
- Sim - disse eu. - É sempre agradável pensar nisso." (p. 266)
Tem uma passagem na página 158 (minha edição é a da Coleção Imortais da Literatura Universal, publicada pela Abril Cultural em 1972 com tradução de Berenice Xavier) que parece exprimir o que a boêmia representava para a geração perdida e os personagens de O Sol também se Levanta:
Parece que antes de um engajamento mais direcionado ou de uma crítica elaborada, a geração perdida buscou 'esquecer' dos traumas através da boemia, da bebida, das festas, das aventuras românticas etc.