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Eleições 2006 Movimento dos Sem-Terra

Eru disse:
Aonde você viu isso? Já ouviu falar do fenômeno da micro-polarização da propriedade fundiária no sul, nos anos 80? Sabia que a maioria dos sem-terra é ou obrigada a vender a terra pra sobreviver e retornar ao movimento, ou faz isso deliberadamente pra ganhar unzinho sempre?

Parte dos assentamentos da certo, tem gente que até consegue ganhar dinheiro com o pedaço de terra. O problema é que tem que trabalhar pakaz pra isso, e depois de anos sem fazer nada só invadindo isso fica meio dificil.

Eru disse:
Cara, o segredo aí é manter a terra com o Estado e creditar a ele a responsalibidade por gerir e fornecer equipamento. Se os sem-terra querem terra pra plantar e não terra pra possuir, então eles não deveriam ver essa sugestão com maus olhos...

Eu também concordo, mas pergunta se eles aceitam? :?

O MST pra mim já passou do tempo de ser extinto. Quando eles começaram a fazer aqueles protestos na cidades incluindo depredações o governo deveria ter intervido de forma dura e dado um fim no movimento. Hoje eles não estão mais tão agressivos por que sabem que não podem sair brigando por ai.

O problema é que ninguem ve eles invadindo com espingardas, foices, destruindo propriedades privadas. Agora imagina só, você trabalha uma vida (por que trabalho no campo não é nem um pouco fácil) e chega um coitado qualquer ai e pega o que é seu?
 
Lukaz Drakon disse:
O problema é que ninguem ve eles invadindo com espingardas, foices, destruindo propriedades privadas. Agora imagina só, você trabalha uma vida (por que trabalho no campo não é nem um pouco fácil) e chega um coitado qualquer ai e pega o que é seu?
meu avô foi trabalhador rural...trabalhou muito durante a vida e com esse esforço conseguiu formar todos os seus 4 filhos na faculdade...
por isso, eu e meu pai não vemos o mst com bons olhos...
seria a mesma coisa que alguém chegasse aqui em casa, que meus pais trabalharam muito pra construir, e dissese: "Não tenho casa e você tem. Como eu sou vagabundo e não quero trabalhar, vou invadir e tomar tudo pra mim à força!!!"
 
Vocês falam (sim, estou generalizando pra não parecer ataque pessoal) que todos que são pobres são vagabundos. Isso é ingenuidade e ignorância sobre a História e geografia do Brasil, além de muito preconceituoso. Realmente acham que um boia-fria não trabalha? Ou um pedreiro ou operário? Se essa nação é realmente de vagabundos quem construiu os prédios, as ruas? Quem faz os carros e televisões? Não são os engravatados, garanto. E parece que todos os de classe média e alta são merecedores do dinheiro. Eu por exemplo não fiz nada pra merecer o meu, e duvido que seja o único daqui.

A propriedade não tem a priori função necessariamente social. Se as propriedades improdutivas devem ser desapropriadas pelo governo, até vai, mas não devem ser dadas de presente pra ninguém, e permanecer, sim, como propriedade da união para acabar com esse assistencialismo barato que não resolve a vida de ninguém.

Não é questão de que as propriedades devam fazer algo pelo social (obras assistenciais). Mas tem uma função na sociedade que deve ser cumprida (tá na constituição). No caso de um propriedade rural, deve produzir produtos rurais. Não é legalmente aceito ter enormes fazendas servindo pra especulação. Essas terras tem que produzir, seja na mão dos latifundiários, dos sem terra (trabalhadores sem terra, não especificamente do MST) ou do governo. Mas seria muito melhor que essas terras fossem distribuidas entre os que trabalham no campo (não necessariamente dando o título de posse).

Eru, as minhas informações sobre os gulags são diferentes das suas. Pelo que sei as fazendas coletivas era ineficientes. Você tem certeza de serem realmente esses exemplos de eficiência?
 
Eu não digo que pobre é vagabundo (existe pobre vagabundo, como também rico vagabundo), mas digo SIM que muita gente que está no MST é vagabundo e só quer facilidade. É muito fácil aderir a um movimento de invasões pra conseguir terra de graça. Esse MST pode ser comparado a uma quadrilha, só que tem apoio governamental.

Mas aí é que está, não é nem um pouco fácil conseguir terra no MST. É difícil viver em acampamento e é difícil tomar tiro de segurança. Invadir terras é medida desesperada, não uma aventurazinha em busca de terras de forma fácil. Como eu já disse o MST é fruto da tensão no campo, não seu causador.

Achei um texto interessante no Observatório da Imprensa:

"Uma luz no fim do túnel", copyright Agência Carta Maior (www.agenciacartamaior.com.br), 25/06/03

"Pareceu que tanto o discurso do governo como a retórica da mídia cederam espaço nas manchetes para outra coisa que não as reformas e os juros. Foram os minutos dados ao anúncio do plano para agricultura familiar.

Ora vivas! Algo se mexeu! Afinal durante alguns poucos minutos pareceu que tanto o discurso do governo como a retórica da mídia (assim, em conjunto) cederam um pouco de espaço nas manchetes para outra coisa que não a reforma de previdência, os privilégios do funcionalismo, a administração da taxa de juros e de como é impressionante a recepção dada pelo governo Bush ao nosso presidente. (Até o fato de que a assessora Condoleezza Rice ficou tomando notas a reunião inteira foi citado como índice da importância dada ao evento pelo povo da Casa Branca!).

Refiro-me aos minutos, com direito até a entrevista, que o ministro Miguel Rossetto ganhou para expor as novas facilidades na obtenção do crédito rural. O anúncio ainda foi tímido: tratou-se sobretudo da diminuição do número de páginas do formulário a ser preenchido e da criação de um cartão de identificação válido por seis anos. Mas nem por isso o fato é de somenos. De coisas desse tipo depende a viabilidade da reforma agrária, a revitalização dos assentamentos, a valorização dos acampamentos do MST, tratados à míngua no governo FHC, e a formulação de uma política alimentar consistente para o Brasil.

O assunto é da maior importância, de qualquer ângulo que seja abordado. Duas semanas atrás levei um grupo de professores universitários do Canadá e dos Estados Unidos a um acampamento e a um assentamento do MST em São Paulo. O acampamento ficava na própria Grande São Paulo, a noroeste. A vida lá, embora ordeira, é muito precária, como em todos os acampamentos do MST. Padecem também com a hostilidade de alguns vizinhos, embora tenham a solidariedade de outros.

Um dos professores perguntou-me qual era a diferença entre aquele acampamento e uma favela. Para começar falando de coisas bem sensíveis, mostrei-lhe e ausência de ‘gatos’, isto é, aquelas ligações ilegais dos fios de força que cortavam o acampamento. Depois falei da ausência de narcotráfico, da presença de escolas, da organização, da solidariedade, do cuidado com as crianças, os velhos e os doentes, e dos demais valores que faziam a diferença.

Expliquei também que aquele acampamento (e isso é muito significativo no caso de São Paulo) era formado por pessoas que desejavam sair das grandes cidades e ir para o campo, em busca não só de um pedaço de terra mas de uma nova vida e de um futuro para seus filhos. Isto vale como um revirar a roda do tempo no Brasil, onde tradicionalmente as cidades eram vistas como focos de esperança e de uma nova vida, antes de se transformarem no pesadelo de hoje. Falamos da mística do movimento, isto é, da idéia de que os militantes não estão lutando só pela reforma agrária, mas por um novo estilo de vida para eles e para o Brasil, e falamos dos prós e dos contras disso, ajudados por entrevistas com dirigentes estaduais. Os visitantes ficaram siderados, confesso.

Discutimos também um pouco da história do movimento. Curiosamente, ele nasceu numa região do Rio Grande do Sul onde, trezentos anos atrás os jesuítas e os guaranis criaram comunidades agrárias que, em termos da época, poderiam ser descritas como cooperativadas, e que depois foram destruídas pelos portugueses e pelos espanhóis.

Sabe-se lá por que alquimia da história o movimento das ocupações, daqueles que não queriam mais migrar para as cidades, nasceu justamente lá. Como no caso do MST de hoje, as Missões, como ficaram conhecidas as antigas comunidades, despertaram paixões desabridas: ninguém fica impassível diante delas. Todos, desde os enciclopedistas franceses, os árcades mineiros, até os historiadores e escritores de hoje tomam pontos de vista apaixonados, satanizando as missões ou louvando-as como uma das experiências mais avançadas que se fizeram nestas Américas de todas as tragédias e todas as conquistas.

O destino do movimento de hoje e de sua empreitada de fato, em grande parte, está nas mãos do governo e de sua condição de construir a realidade e a viabilidade dos assentamentos. A oposição aos assentamentos vem de duas vertentes. A primeira é a truculência dos fazendeiros, dos que reclamam que ‘deve-se cumprir a lei’ para desocupar as terras mas ao mesmo tempo empregam pistoleiros armados com carabinas e escopetas exclusivas das forças armadas. A outra, mais sutil, vem da descrença no tipo de produção que os assentamentos podem ter. Apostam seus partidários na idéia de que uma produção baseada na pequena propriedade familiar está condenada diante das exigências de vastas áreas de plantio e do controle de predadores através da transgenia e de suas conseqüências, como o controle das sementes e dos agrotóxicos convenientes.

Ocorre que a preocupação com a segurança alimentar vem ganhando espaço em todo o Brasil, assim como no mundo. Os novos assentamentos vêm descobrindo um mercado potencial nas cidades em que mais e mais cidadãos se preocupam em obter alimentação sadia, com a segurança de não se ingerir coisas exóticas e não declaradas. Os assentamentos têm portanto um potencial interessante e um canal de diálogo com o conjunto da sociedade que contrariam interesses e tendências muito encastelados em seus feudos de produção e mercado. Um dos professores contou-me que inclusive essa é uma tendência também visível e crescente nos Estados Unidos e no Canadá, a de se recorrer ao abastecimento alimentar através de plantios seguros e administrados familiarmente. Portanto, para ele, nada havia de anacrônico na proposta dos assentamentos; ao contrário, estavam de passo acertado com uma tendência presente em países mais organizados do que o nosso.

Por isso o anúncio e a disposição por parte do governo de começar a tirar da gaveta políticas sociais consistentes, ao invés de ficar só defendendo as reformas e as políticas da agenda neoliberal, é de todo interessante. (Flávio Aguiar é professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e editor da TV Carta Maior.)"
 
Só que temos um pequeno problema Ringil...

A maioria dessas pessoas teria condições de manter o Brasil competitivo na exportação de soja, algodão, etc., etc.?

Temos de encarar o fato de que nossa economia é em grande parte sustentada pela tecnologia agrária. Não podemos nos dar ao luxo de voltar ao sistema subdesenvolvido (subsistência).

Mesmo que sejam ocupadas terras improdutivas - e daí temos de ter cuidado também para que não desmatem ainda mais o pouco de florestas que temos e na Amazonia e no Cerrado o cuidado deve ser triplicado antes que o "pedacinho meu de terra" se torne quintal de areia - deve haver acompanhamento pessoa a pessoa para que a produção seja aceita (qualidade de um produto cujo fazendeiro tem acesso a novas tecnologias não dá pra competir com o de subsistência), acesso a novas tecnologias e seu uso racional (para não terminarmos como alguns países africanos), enfim ENSINAR o pessoal a usar seu conhecimento da terra, tirar sandices arraigadas no folclore (queimar para limpar terreno) entre outras coisas para que finalmente esse pessoal possa ser LUCRO para todos nós e não nos ajude a afundar ainda mais.

Esse tipo de preocupação acontece mais com pessoal de fora dos movimentos sem-terra (até de universidades ensinando a cultivar algas de forma ecológica e economicamente mais lucrativas, ensinando comunidades indígenas a comercializar seus produtos frutos do extrativismo vegetal ecológico)

Dentro dos movimentos não está havendo sequer isso. Estão todos em suspense (prendendo a respiração) esperando pela terra. A terra por si só não provêm ninguém. Tem de tratar com carinho, e com consciência, e com inteligência.

Tratando da experiência nipônica no Brasil. E fazendo um paralelo com escravidão e exploração atual.

Quando os japoneses, alemães e italianos chegaram, não falavam português, eram enrolados por um monte de grileiro, me-eiro, etc.. Chegavam ao cúmulo (logo após 1888) de colocar grilhões nos pés dos imigrantes.

Não vão pensar que os japoneses e alemães e italianos da época eram alfabetizados, tinham conhecimento de Karl Marx e Che Guevara (que muitos assentados pseudo-tem). Eles era camponeses em seus paises de origem e vindo pra cá continuaram camponeses. O nível de alfabetização deles não era muito superior ao dos brasileiros.

No entanto, houve uma CONSCIENTIZAÇÃO dos imigrantes com relação à sua exploração. E perceberam que antes dos grilhões de ferro, tinham de libertar seus filhos dos grilhões da mente. Pergunta se tem alemão, italiano ou japonês cujo filho não foi pra escola?

A primeira geração era analfabeta. A segunda geração, formou-se nos SENAIS e colégios. Somente agora na TERCEIRA GERAÇÃO é que os privilegiados (ieu e os de minha idade) conseguiram chegar na faculdade.

Existe aqui um milagre que todos os brasileiros tiveram 500 anos para efetuar, feito em menos de 100 anos por "invasores" (não fomos bem vindos não! Teve época que queriam currar e queimar todo mundo que era suspeito de ser amiguinho de Hitler só por ser japones, ou italiano ou alemão). Por mais que negros, mulatos, pobrezinhos etc., tenham pastado e sido explorados, colocados em grilhões, impedido o acesso à cultura, o mesmo foi feito com os alemães e italianos, chineses e japoneses. Ou tentaram.

Mesmo com nível de cultura igual ao do brasileiro (e não venham dizer que japones tem cultura milenar: campones no Japão tinha tanto acesso à cultura quanto o camponês daqui! O mesmo com os italianos, alemães e o escambau), o brasileiro não desenvolve uma coisa chamada orgulho que o imigrante tem. E vamos ao conceito dessa palavra.

Orgulho aqui se desenvolve de maneiras muito pouco saudáveis. Ou fica muito arrogante para com quem acha que é empregado dele, ou é humilde apenas com quem humilha ele. Em associações de auxílio ao trabalhador pobre, chega o cúmulo do cara que vai lá rangar de graça, e já pegou quatro refeições, achar ruim se a moça/senhora que tá lá fazendo caridade (cozinhar para eles) tá guardando um pratinho ou doi para um pobrezinho que chegar atrasado.

Uma coisa é desenvolver amor-próprio, auto-confiança em quem não tinha nada. Outra coisa é piorar o egoismo de gente egoísta contra sua própria gente (companheiro que trabalha como ele, mas que vai chegar tarde porque trabalhou mais, e ainda por cima desconta na coitada da senhora que tá lá trabalhando para ele ter uma refeição decente). (ah, sim.. não estou inventando... foi uma constatação feia da realidade que fiz)

Opressão por opressão é igual em todo lugar no mundo. O problema a meu ver é que não há um equilibrio aqui na forma como o oprimido trata seus iguais, e pior ainda na hora de identificar opressor. Diálogo tornou-se gritar, exigir direitos é fazer baderna para muitas pessoas.

Exemplo dos camelos: eles exigem que tenha espaço pra trabalhar. No entanto, o simples fato deles competirem contra lojas que pagam impostos, aumenta o número de desempregados. (Lojas fecham, mandam empregados embora, viram camelos). Não partiu deles a idéia de aprimoramento profissional para recolocação no mercado de trabalho: partiu da prefeitura (Muito tarde também a meu ver... não gosto da Marta)

Outro exemplo: os sem-teto de São Bernardo. Fato: bons empregos existem em locais que existem indústria. Fato: as indústrias estão saindo de Sampa e ABC. Fato: sobram os poucos empregos merreca de empregada doméstica, pedreiro, e vendedor de lojas (as pequenas acabam também falindo e sobram apenas os empregos merreca de hipermercados).

Ironia: queriam um lugar para morar nos restos mortais do que outrara fornecia empregos decentes. Vao apenas aumentar o já excessivo contigente de camelos no futuro por falta de oportunidades.

Mesmo que eles fossem alocados em Sao Bernardo, que opções de emprego eles tem? Quanto me dão para que simplesmente eles se tornem mão de obra barata para o crime organizado?

A culpa é do governo? Certamente, mas boa parte da parcela dessa zona é culpa da própria população. Camelos não querem ver o aspecto desemprego que geram ainda mais. Sem teto não entendem o vazio de sua reinvidicaçào de morar em um lugar onde não tem emprego.

Pior, não querem pensar em nada além da fome que passam NO MOMENTO. Não é raro eu ver pais comendo pastéis no final da feira que seus filhos pediram para as madames lá na barraca de pasteleiro.

Tem de mudar a mentalidade. Parar de pensar em explorar a si mesmos, em ficar confortável na miséria pois sempre tem alguém que vai ajudar.

Na verdade, a idéia é bem simples: aprender a aprender. Sem panfletos, sem cópia-da-cópia-da-cópia-de-alguém-que-traduziu porcamente. Parar de apenas citar Karl Marx ou Che Guevara, ou usar a camiseta por usar.

E mais do que apenas comunismo, aprender o resto das coisas também :roll:

É uma idéia simples, que até a minha mãe (com seus parcos conhecimentos de 3o ano primário) entende! Mas que muita gente não entende! Quantas meninas eu vi "ajudando" a mãe em vez de se dedicar aos estudos? A própria mãe prefere que sua filha passe mais tempo cozinhando, lavando e passando do que chegar em casa e dividir as tarefas com a menina para que a filha seja o futuro da família.

O movimento dos Sem-Terra, dos sem teto, dos sem camisa, me deixa com vontade de fundar um movimento dos (professores) sem paciência.
 
Não é questão de que as propriedades devam fazer algo pelo social (obras assistenciais). Mas tem uma função na sociedade que deve ser cumprida (tá na constituição). No caso de um propriedade rural, deve produzir produtos rurais. Não é legalmente aceito ter enormes fazendas servindo pra especulação. Essas terras tem que produzir, seja na mão dos latifundiários, dos sem terra (trabalhadores sem terra, não especificamente do MST) ou do governo. Mas seria muito melhor que essas terras fossem distribuidas entre os que trabalham no campo (não necessariamente dando o título de posse).

Isso é um argumento muito usado por posseiros que sabotam a produção de algumas fazendas (conheço casos reais) para iniciar processo de desapropriação. Eu não tenho uma fazenda, mas se tivesse uma, quem armasse a primeira tenda pra ocupação ia ser recebido a pedrada ou bala até estar a quilômetros de distância (é assim que defendemos a nossa casa de ladrões, não?). Essas terras, se forem pra ser desapropriadas, tem que ir pra mão do governo. Como disse, dar terra de presente é assistencialismo barato.

E convenhamos, é muito cômodo entrar pro MST pra ganhar terra de graça né? Poupa anos de labor...

Se o cara é agricultor e só por isso quer uma terra, eu me vejo no direito de exigir do governo uma agência de publicidade, já que estou pra me formar nisso e não tenho uma. Ou posso exigir um atelier ou estúdio, já que sou designer formado e não tenho um.

Eru, as minhas informações sobre os gulags são diferentes das suas. Pelo que sei as fazendas coletivas era ineficientes. Você tem certeza de serem realmente esses exemplos de eficiência?

Se tornaram ineficientes nos anos 60 e 70, mas aí cumpre considerar a ineficiência e corrupção da administração do governo Brejnev, os investimentos massiços na improdutiva indústria armamentista e na corrida espacial e uma série de outros fatores como estagnação tecnológica nessa área e o desestímulo ao livre mercado. A princípio funcionaram e poderiam ter dado certo não fosse pelos fatores que acabei de discriminar.


Discutimos também um pouco da história do movimento. Curiosamente, ele nasceu numa região do Rio Grande do Sul onde, trezentos anos atrás os jesuítas e os guaranis criaram comunidades agrárias que, em termos da época, poderiam ser descritas como cooperativadas, e que depois foram destruídas pelos portugueses e pelos espanhóis.

Cooperativas em termos. E aquelas propriedades não faliram, foram usurpadas, invadidas, reconquistadas. Se havia uma semente de cooperativismo alí, foi soterrado em pólvora. E se pensarmos bem a região sul é uma das com melhor nível de vida no país, considerando também a menor incidência do fluxo de escravos e outras coisinhas nos tempos de Brasil colônia.



PS: Li o que a Prímula escreveu e concordo com tudo, em gênero, número e grau.
 
Prímula disse:
Só que temos um pequeno problema Ringil...

A maioria dessas pessoas teria condições de manter o Brasil competitivo na exportação de soja, algodão, etc., etc.?

Temos de encarar o fato de que nossa economia é em grande parte sustentada pela tecnologia agrária. Não podemos nos dar ao luxo de voltar ao sistema subdesenvolvido (subsistência).

Mesmo que sejam ocupadas terras improdutivas - e daí temos de ter cuidado também para que não desmatem ainda mais o pouco de florestas que temos e na Amazonia e no Cerrado o cuidado deve ser triplicado antes que o "pedacinho meu de terra" se torne quintal de areia - deve haver acompanhamento pessoa a pessoa para que a produção seja aceita (qualidade de um produto cujo fazendeiro tem acesso a novas tecnologias não dá pra competir com o de subsistência), acesso a novas tecnologias e seu uso racional (para não terminarmos como alguns países africanos), enfim ENSINAR o pessoal a usar seu conhecimento da terra, tirar sandices arraigadas no folclore (queimar para limpar terreno) entre outras coisas para que finalmente esse pessoal possa ser LUCRO para todos nós e não nos ajude a afundar ainda mais.

Esse tipo de preocupação acontece mais com pessoal de fora dos movimentos sem-terra (até de universidades ensinando a cultivar algas de forma ecológica e economicamente mais lucrativas, ensinando comunidades indígenas a comercializar seus produtos frutos do extrativismo vegetal ecológico)

Dentro dos movimentos não está havendo sequer isso. Estão todos em suspense (prendendo a respiração) esperando pela terra. A terra por si só não provêm ninguém. Tem de tratar com carinho, e com consciência, e com inteligência.

Até esse ponto concordamos, Prímula. Mas não é o povo quem pode pensar nas soluções, não quando ele tem preocupações imediatas que o absorvem. Mas qual é o esforço que o governo e o meio acadêmico tem feito para achar um modelo para a reforma agrária? Tudo até agora foram paliativos, nada que se proponha a alterar substancialmente e infra-estruturalmente a organização fundiária brasileira. Basicamente fumaça e espelhos para dispersar a atenção. A ignorância do povo não pode ser justificativa para não se fazer essa reforma, nem possíveis abalos imediatos na economia. Na pesagem do custo/benefício a vantagem deve ser da maioria.

Eu concordo que essa reestruturação deve ser bem mais profunda, passando pela conscientização da população, pelo ensino de base. Mas é preciso agir com urgência, sem empurrar com a barriga. Traçar um objetivo e percorrê-lo, pensando e atravessando os obstáculos um por um, durante o percurso.

Tratando da experiência nipônica no Brasil. E fazendo um paralelo com escravidão e exploração atual.

Quando os japoneses, alemães e italianos chegaram, não falavam português, eram enrolados por um monte de grileiro, me-eiro, etc.. Chegavam ao cúmulo (logo após 1888) de colocar grilhões nos pés dos imigrantes.

Não vão pensar que os japoneses e alemães e italianos da época eram alfabetizados, tinham conhecimento de Karl Marx e Che Guevara (que muitos assentados pseudo-tem). Eles era camponeses em seus paises de origem e vindo pra cá continuaram camponeses. O nível de alfabetização deles não era muito superior ao dos brasileiros.

No entanto, houve uma CONSCIENTIZAÇÃO dos imigrantes com relação à sua exploração. E perceberam que antes dos grilhões de ferro, tinham de libertar seus filhos dos grilhões da mente. Pergunta se tem alemão, italiano ou japonês cujo filho não foi pra escola?

A primeira geração era analfabeta. A segunda geração, formou-se nos SENAIS e colégios. Somente agora na TERCEIRA GERAÇÃO é que os privilegiados (ieu e os de minha idade) conseguiram chegar na faculdade.

Existe aqui um milagre que todos os brasileiros tiveram 500 anos para efetuar, feito em menos de 100 anos por "invasores" (não fomos bem vindos não! Teve época que queriam currar e queimar todo mundo que era suspeito de ser amiguinho de Hitler só por ser japones, ou italiano ou alemão). Por mais que negros, mulatos, pobrezinhos etc., tenham pastado e sido explorados, colocados em grilhões, impedido o acesso à cultura, o mesmo foi feito com os alemães e italianos, chineses e japoneses. Ou tentaram.

Mesmo com nível de cultura igual ao do brasileiro (e não venham dizer que japones tem cultura milenar: campones no Japão tinha tanto acesso à cultura quanto o camponês daqui! O mesmo com os italianos, alemães e o escambau), o brasileiro não desenvolve uma coisa chamada orgulho que o imigrante tem. E vamos ao conceito dessa palavra.

Orgulho aqui se desenvolve de maneiras muito pouco saudáveis. Ou fica muito arrogante para com quem acha que é empregado dele, ou é humilde apenas com quem humilha ele. Em associações de auxílio ao trabalhador pobre, chega o cúmulo do cara que vai lá rangar de graça, e já pegou quatro refeições, achar ruim se a moça/senhora que tá lá fazendo caridade (cozinhar para eles) tá guardando um pratinho ou doi para um pobrezinho que chegar atrasado.

Uma coisa é desenvolver amor-próprio, auto-confiança em quem não tinha nada. Outra coisa é piorar o egoismo de gente egoísta contra sua própria gente (companheiro que trabalha como ele, mas que vai chegar tarde porque trabalhou mais, e ainda por cima desconta na coitada da senhora que tá lá trabalhando para ele ter uma refeição decente). (ah, sim.. não estou inventando... foi uma constatação feia da realidade que fiz)

Opressão por opressão é igual em todo lugar no mundo. O problema a meu ver é que não há um equilibrio aqui na forma como o oprimido trata seus iguais, e pior ainda na hora de identificar opressor. Diálogo tornou-se gritar, exigir direitos é fazer baderna para muitas pessoas.

Exemplo dos camelos: eles exigem que tenha espaço pra trabalhar. No entanto, o simples fato deles competirem contra lojas que pagam impostos, aumenta o número de desempregados. (Lojas fecham, mandam empregados embora, viram camelos). Não partiu deles a idéia de aprimoramento profissional para recolocação no mercado de trabalho: partiu da prefeitura (Muito tarde também a meu ver... não gosto da Marta)

Outro exemplo: os sem-teto de São Bernardo. Fato: bons empregos existem em locais que existem indústria. Fato: as indústrias estão saindo de Sampa e ABC. Fato: sobram os poucos empregos merreca de empregada doméstica, pedreiro, e vendedor de lojas (as pequenas acabam também falindo e sobram apenas os empregos merreca de hipermercados).

Ironia: queriam um lugar para morar nos restos mortais do que outrara fornecia empregos decentes. Vao apenas aumentar o já excessivo contigente de camelos no futuro por falta de oportunidades.

Mesmo que eles fossem alocados em Sao Bernardo, que opções de emprego eles tem? Quanto me dão para que simplesmente eles se tornem mão de obra barata para o crime organizado?

A culpa é do governo? Certamente, mas boa parte da parcela dessa zona é culpa da própria população. Camelos não querem ver o aspecto desemprego que geram ainda mais. Sem teto não entendem o vazio de sua reinvidicaçào de morar em um lugar onde não tem emprego.

Pior, não querem pensar em nada além da fome que passam NO MOMENTO. Não é raro eu ver pais comendo pastéis no final da feira que seus filhos pediram para as madames lá na barraca de pasteleiro.

Tem de mudar a mentalidade. Parar de pensar em explorar a si mesmos, em ficar confortável na miséria pois sempre tem alguém que vai ajudar.

Na verdade, a idéia é bem simples: aprender a aprender. Sem panfletos, sem cópia-da-cópia-da-cópia-de-alguém-que-traduziu porcamente. Parar de apenas citar Karl Marx ou Che Guevara, ou usar a camiseta por usar.

E mais do que apenas comunismo, aprender o resto das coisas também

É uma idéia simples, que até a minha mãe (com seus parcos conhecimentos de 3o ano primário) entende! Mas que muita gente não entende! Quantas meninas eu vi "ajudando" a mãe em vez de se dedicar aos estudos? A própria mãe prefere que sua filha passe mais tempo cozinhando, lavando e passando do que chegar em casa e dividir as tarefas com a menina para que a filha seja o futuro da família.

O movimento dos Sem-Terra, dos sem teto, dos sem camisa, me deixa com vontade de fundar um movimento dos (professores) sem paciência.

Aí já temos divergências. Você parece acreditar que o problema está na cultura do brasileiro, de certa forma preguiçoso, pouco combativo ou imediatista. Talvez você esteja certa, mas eu não vejo assim. A formação da cultura brasileira se teve sob imensa pressão e violência. O índio não só foi massacrado, mas sofreu uma aculturação planejada e vasta, e depois uma outra foi imposta. E desde o século dezessete pelo menos enormes quantidades de africanos cativos foram trazidos para o Brasil, sob ferro e fogo. Ainda pior que o índio, talvez, o negro sofreu um holocausto cultural. Não havia qualquer unidade de nação entre os escravos, nem mesmo de língüa, de forma de não havia cultura comum entre eles. Essa cultura foi se formando sob pressão dos portugueses, e baseada em tradições africanas remanescentes e as novas influências cristãs e indígenas, principalmente foi uma cultura de cativeiro, oprimida, servil e de resistência. Foi assim por exemplo que a indolência surgiu como arma do escravo para realizar uma pequena vingança contra o senhor. Ou seja, bem diferente da cultura de povos que vieram por livre e espontânea vontade. Aí a mentalidade era a melhorar as condições de vida, e eram livres pra praticar sua própria cultura. E se formou culturas de exílio, onde as comunidades desenvolvem senso de união e nacionalismo. Então é difícil por a culpa dos problemas nas costas do povo, e compará-lo com outros, que tiveram condições muito diferentes. E apesar de realmente os imigrantes serem também ignorantes, estavam em um outro nível de consciência. Tanto política quanto da vida em geral, os processos da luta proletária que já haviam ocorrido nesses países só ocorreram muito mais recentemente no Brasil (pelo menos em relação aos italianos e alemães). Essa comparação é injusta, e não leva em consideração muitos aspectos.

Eru disse:
Isso é um argumento muito usado por posseiros que sabotam a produção de algumas fazendas (conheço casos reais) para iniciar processo de desapropriação. Eu não tenho uma fazenda, mas se tivesse uma, quem armasse a primeira tenda pra ocupação ia ser recebido a pedrada ou bala até estar a quilômetros de distância (é assim que defendemos a nossa casa de ladrões, não?). Essas terras, se forem pra ser desapropriadas, tem que ir pra mão do governo. Como disse, dar terra de presente é assistencialismo barato.

Essa não é uma desculpa qualquer para invasão, é a Lei. Casos de sabotagem não justificam o descumprimento da lei. Existem os meios legais para que a reforma seja feita, que seja então que sejam usados. Sim, é ilegal invadir propriedade privada, mas aí deve se raciocinar de forma humanista. O trabalhador rural não é um delinqüente qualquer, suas ações são fruto de grande tensão que se tem no meio rural. O campo brasileiro é um barril de pólvora, negligenciar o problema como se tem feito pode ter conseqüências desastrosas.

Quanto a questão do título de posse, a princípio sou contra também. Mas tudo depende do modelo implantado. É possível se estabelecer um modelo agrário novo funcional baseado na propriedade pequena e individual. Essas questões não são simples, é preciso pensá-las. Eu vou pesquizar pra saber como foi a experiência chilena e volto se souber de algo.

Se tornaram ineficientes nos anos 60 e 70, mas aí cumpre considerar a ineficiência e corrupção da administração do governo Brejnev, os investimentos massiços na improdutiva indústria armamentista e na corrida espacial e uma série de outros fatores como estagnação tecnológica nessa área e o desestímulo ao livre mercado. A princípio funcionaram e poderiam ter dado certo não fosse pelos fatores que acabei de discriminar.

Mas é importante lembrar que o campesianato nunca aceitou essas coletivização, que foi forçada. Talvez esse modelo de fazenda coletivas só retarde um novo surto de tensão rural. Afinal o agricultor não teria sua condição elevada, não se tornaria proprietário, continuaria como funcionário, agora do estado.
 
Prímula disse:
Só que temos um pequeno problema Ringil...

A maioria dessas pessoas teria condições de manter o Brasil competitivo na exportação de soja, algodão, etc., etc.?

Temos de encarar o fato de que nossa economia é em grande parte sustentada pela tecnologia agrária. Não podemos nos dar ao luxo de voltar ao sistema subdesenvolvido (subsistência).

Mesmo que sejam ocupadas terras improdutivas - e daí temos de ter cuidado também para que não desmatem ainda mais o pouco de florestas que temos e na Amazonia e no Cerrado o cuidado deve ser triplicado antes que o "pedacinho meu de terra" se torne quintal de areia - deve haver acompanhamento pessoa a pessoa para que a produção seja aceita (qualidade de um produto cujo fazendeiro tem acesso a novas tecnologias não dá pra competir com o de subsistência), acesso a novas tecnologias e seu uso racional (para não terminarmos como alguns países africanos), enfim ENSINAR o pessoal a usar seu conhecimento da terra, tirar sandices arraigadas no folclore (queimar para limpar terreno) entre outras coisas para que finalmente esse pessoal possa ser LUCRO para todos nós e não nos ajude a afundar ainda mais.

Esse tipo de preocupação acontece mais com pessoal de fora dos movimentos sem-terra (até de universidades ensinando a cultivar algas de forma ecológica e economicamente mais lucrativas, ensinando comunidades indígenas a comercializar seus produtos frutos do extrativismo vegetal ecológico)

Dentro dos movimentos não está havendo sequer isso. Estão todos em suspense (prendendo a respiração) esperando pela terra. A terra por si só não provêm ninguém. Tem de tratar com carinho, e com consciência, e com inteligência.

Até esse ponto concordamos, Prímula. Mas não é o povo quem pode pensar nas soluções, não quando ele tem preocupações imediatas que o absorvem. Mas qual é o esforço que o governo e o meio acadêmico tem feito para achar um modelo para a reforma agrária? Tudo até agora foram paliativos, nada que se proponha a alterar substancialmente e infra-estruturalmente a organização fundiária brasileira. Basicamente fumaça e espelhos para dispersar a atenção. A ignorância do povo não pode ser justificativa para não se fazer essa reforma, nem possíveis abalos imediatos na economia. Na pesagem do custo/benefício a vantagem deve ser da maioria.

Eu concordo que essa reestruturação deve ser bem mais profunda, passando pela conscientização da população, pelo ensino de base. Mas é preciso agir com urgência, sem empurrar com a barriga. Traçar um objetivo e percorrê-lo, pensando e atravessando os obstáculos um por um, durante o percurso.

Tratando da experiência nipônica no Brasil. E fazendo um paralelo com escravidão e exploração atual.

Quando os japoneses, alemães e italianos chegaram, não falavam português, eram enrolados por um monte de grileiro, me-eiro, etc.. Chegavam ao cúmulo (logo após 1888) de colocar grilhões nos pés dos imigrantes.

Não vão pensar que os japoneses e alemães e italianos da época eram alfabetizados, tinham conhecimento de Karl Marx e Che Guevara (que muitos assentados pseudo-tem). Eles era camponeses em seus paises de origem e vindo pra cá continuaram camponeses. O nível de alfabetização deles não era muito superior ao dos brasileiros.

No entanto, houve uma CONSCIENTIZAÇÃO dos imigrantes com relação à sua exploração. E perceberam que antes dos grilhões de ferro, tinham de libertar seus filhos dos grilhões da mente. Pergunta se tem alemão, italiano ou japonês cujo filho não foi pra escola?

A primeira geração era analfabeta. A segunda geração, formou-se nos SENAIS e colégios. Somente agora na TERCEIRA GERAÇÃO é que os privilegiados (ieu e os de minha idade) conseguiram chegar na faculdade.

Existe aqui um milagre que todos os brasileiros tiveram 500 anos para efetuar, feito em menos de 100 anos por "invasores" (não fomos bem vindos não! Teve época que queriam currar e queimar todo mundo que era suspeito de ser amiguinho de Hitler só por ser japones, ou italiano ou alemão). Por mais que negros, mulatos, pobrezinhos etc., tenham pastado e sido explorados, colocados em grilhões, impedido o acesso à cultura, o mesmo foi feito com os alemães e italianos, chineses e japoneses. Ou tentaram.

Mesmo com nível de cultura igual ao do brasileiro (e não venham dizer que japones tem cultura milenar: campones no Japão tinha tanto acesso à cultura quanto o camponês daqui! O mesmo com os italianos, alemães e o escambau), o brasileiro não desenvolve uma coisa chamada orgulho que o imigrante tem. E vamos ao conceito dessa palavra.

Orgulho aqui se desenvolve de maneiras muito pouco saudáveis. Ou fica muito arrogante para com quem acha que é empregado dele, ou é humilde apenas com quem humilha ele. Em associações de auxílio ao trabalhador pobre, chega o cúmulo do cara que vai lá rangar de graça, e já pegou quatro refeições, achar ruim se a moça/senhora que tá lá fazendo caridade (cozinhar para eles) tá guardando um pratinho ou doi para um pobrezinho que chegar atrasado.

Uma coisa é desenvolver amor-próprio, auto-confiança em quem não tinha nada. Outra coisa é piorar o egoismo de gente egoísta contra sua própria gente (companheiro que trabalha como ele, mas que vai chegar tarde porque trabalhou mais, e ainda por cima desconta na coitada da senhora que tá lá trabalhando para ele ter uma refeição decente). (ah, sim.. não estou inventando... foi uma constatação feia da realidade que fiz)

Opressão por opressão é igual em todo lugar no mundo. O problema a meu ver é que não há um equilibrio aqui na forma como o oprimido trata seus iguais, e pior ainda na hora de identificar opressor. Diálogo tornou-se gritar, exigir direitos é fazer baderna para muitas pessoas.

Exemplo dos camelos: eles exigem que tenha espaço pra trabalhar. No entanto, o simples fato deles competirem contra lojas que pagam impostos, aumenta o número de desempregados. (Lojas fecham, mandam empregados embora, viram camelos). Não partiu deles a idéia de aprimoramento profissional para recolocação no mercado de trabalho: partiu da prefeitura (Muito tarde também a meu ver... não gosto da Marta)

Outro exemplo: os sem-teto de São Bernardo. Fato: bons empregos existem em locais que existem indústria. Fato: as indústrias estão saindo de Sampa e ABC. Fato: sobram os poucos empregos merreca de empregada doméstica, pedreiro, e vendedor de lojas (as pequenas acabam também falindo e sobram apenas os empregos merreca de hipermercados).

Ironia: queriam um lugar para morar nos restos mortais do que outrara fornecia empregos decentes. Vao apenas aumentar o já excessivo contigente de camelos no futuro por falta de oportunidades.

Mesmo que eles fossem alocados em Sao Bernardo, que opções de emprego eles tem? Quanto me dão para que simplesmente eles se tornem mão de obra barata para o crime organizado?

A culpa é do governo? Certamente, mas boa parte da parcela dessa zona é culpa da própria população. Camelos não querem ver o aspecto desemprego que geram ainda mais. Sem teto não entendem o vazio de sua reinvidicaçào de morar em um lugar onde não tem emprego.

Pior, não querem pensar em nada além da fome que passam NO MOMENTO. Não é raro eu ver pais comendo pastéis no final da feira que seus filhos pediram para as madames lá na barraca de pasteleiro.

Tem de mudar a mentalidade. Parar de pensar em explorar a si mesmos, em ficar confortável na miséria pois sempre tem alguém que vai ajudar.

Na verdade, a idéia é bem simples: aprender a aprender. Sem panfletos, sem cópia-da-cópia-da-cópia-de-alguém-que-traduziu porcamente. Parar de apenas citar Karl Marx ou Che Guevara, ou usar a camiseta por usar.

E mais do que apenas comunismo, aprender o resto das coisas também

É uma idéia simples, que até a minha mãe (com seus parcos conhecimentos de 3o ano primário) entende! Mas que muita gente não entende! Quantas meninas eu vi "ajudando" a mãe em vez de se dedicar aos estudos? A própria mãe prefere que sua filha passe mais tempo cozinhando, lavando e passando do que chegar em casa e dividir as tarefas com a menina para que a filha seja o futuro da família.

O movimento dos Sem-Terra, dos sem teto, dos sem camisa, me deixa com vontade de fundar um movimento dos (professores) sem paciência.

Aí já temos divergências. Você parece acreditar que o problema está na cultura do brasileiro, de certa forma preguiçoso, pouco combativo ou imediatista. Talvez você esteja certa, mas eu não vejo assim. A formação da cultura brasileira se teve sob imensa pressão e violência. O índio não só foi massacrado, mas sofreu uma aculturação planejada e vasta, e depois uma outra foi imposta. E desde o século dezessete pelo menos enormes quantidades de africanos cativos foram trazidos para o Brasil, sob ferro e fogo. Ainda pior que o índio, talvez, o negro sofreu um holocausto cultural. Não havia qualquer unidade de nação entre os escravos, nem mesmo de língüa, de forma de não havia cultura comum entre eles. Essa cultura foi se formando sob pressão dos portugueses, e baseada em tradições africanas remanescentes e as novas influências cristãs e indígenas, principalmente foi uma cultura de cativeiro, oprimida, servil e de resistência. Foi assim por exemplo que a indolência surgiu como arma do escravo para realizar uma pequena vingança contra o senhor. Ou seja, bem diferente da cultura de povos que vieram por livre e espontânea vontade. Aí a mentalidade era a melhorar as condições de vida, e eram livres pra praticar sua própria cultura. E se formou culturas de exílio, onde as comunidades desenvolvem senso de união e nacionalismo. Então é difícil por a culpa dos problemas nas costas do povo, e compará-lo com outros, que tiveram condições muito diferentes. E apesar de realmente os imigrantes serem também ignorantes, estavam em um outro nível de consciência. Tanto política quanto da vida em geral, os processos da luta proletária que já haviam ocorrido nesses países só ocorreram muito mais recentemente no Brasil (pelo menos em relação aos italianos e alemães). Essa comparação é injusta, e não leva em consideração muitos aspectos.

Eru disse:
Isso é um argumento muito usado por posseiros que sabotam a produção de algumas fazendas (conheço casos reais) para iniciar processo de desapropriação. Eu não tenho uma fazenda, mas se tivesse uma, quem armasse a primeira tenda pra ocupação ia ser recebido a pedrada ou bala até estar a quilômetros de distância (é assim que defendemos a nossa casa de ladrões, não?). Essas terras, se forem pra ser desapropriadas, tem que ir pra mão do governo. Como disse, dar terra de presente é assistencialismo barato.

Essa não é uma desculpa qualquer para invasão, é a Lei. Casos de sabotagem não justificam o descumprimento da lei. Existem os meios legais para que a reforma seja feita, que seja então que sejam usados. Sim, é ilegal invadir propriedade privada, mas aí deve se raciocinar de forma humanista. O trabalhador rural não é um delinqüente qualquer, suas ações são fruto de grande tensão que se tem no meio rural. O campo brasileiro é um barril de pólvora, negligenciar o problema como se tem feito pode ter conseqüências desastrosas.

Quanto a questão do título de posse, a princípio sou contra também. Mas tudo depende do modelo implantado. É possível se estabelecer um modelo agrário novo funcional baseado na propriedade pequena e individual. Essas questões não são simples, é preciso pensá-las. Eu vou pesquizar pra saber como foi a experiência chilena e volto se souber de algo.

Se tornaram ineficientes nos anos 60 e 70, mas aí cumpre considerar a ineficiência e corrupção da administração do governo Brejnev, os investimentos massiços na improdutiva indústria armamentista e na corrida espacial e uma série de outros fatores como estagnação tecnológica nessa área e o desestímulo ao livre mercado. A princípio funcionaram e poderiam ter dado certo não fosse pelos fatores que acabei de discriminar.

Mas é importante lembrar que o campesianato nunca aceitou essas coletivização, que foi forçada. Talvez esse modelo de fazenda coletivas só retarde um novo surto de tensão rural. Afinal o agricultor não teria sua condição elevada, não se tornaria proprietário, continuaria como funcionário, agora do estado.
 
[quote="Ringil Juiz Dreed :mrgreen: ]
Essa não é uma desculpa qualquer para invasão, é a Lei. Casos de sabotagem não justificam o descumprimento da lei. Existem os meios legais para que a reforma seja feita, que seja então que sejam usados. Sim, é ilegal invadir propriedade privada, mas aí deve se raciocinar de forma humanista. O trabalhador rural não é um delinqüente qualquer, suas ações são fruto de grande tensão que se tem no meio rural. O campo brasileiro é um barril de pólvora, negligenciar o problema como se tem feito pode ter conseqüências desastrosas.

Quanto a questão do título de posse, a princípio sou contra também. Mas tudo depende do modelo implantado. É possível se estabelecer um modelo agrário novo funcional baseado na propriedade pequena e individual. Essas questões não são simples, é preciso pensá-las. Eu vou pesquizar pra saber como foi a experiência chilena e volto se souber de algo.
[/quote]

A questão é discutir a própria legitimidade da lei e a sua aplicação, como eu estou fazendo. Acho que a reforma agrária no Brasil atende mais a interesses individuais do que o bem estar coletivo. Não gera divisas, não aquece a economia nem resolve a situação do campo. E só corrigindo, alguns, não todos os trabalhadores rurais, são não delinquentes. No MST tem muito bandido e picareta travestido de camponês usurpado.


Mas é importante lembrar que o campesianato nunca aceitou essas coletivização, que foi forçada. Talvez esse modelo de fazenda coletivas só retarde um novo surto de tensão rural. Afinal o agricultor não teria sua condição elevada, não se tornaria proprietário, continuaria como funcionário, agora do estado.


Em Israel o modelo funcionou com primor nos kibutz. A experiência chilena poderia trazer nova luz ao debate. Posta aqui depois, não conheço como se deu o processo lá a fundo.
 
Não achei grandes informações a respeito da reforma agrária chilena, só um texto que não fosse de fonte muito partidária (como o site do PC do B ou da TFP, pra apresentar os dois pólos). Aparentemente não é muito positiva como exemplo:

A Reforma Agrária no Chile

A distorcida distribuição da terra é a causa fundamental da estratificação social-rural que, por sua vez, data do período das conquistas e da escravidão. No Chile: 3% do estrato elevado da população rural recebia 37% da agricultura, enquanto 71% do estrato mais baixo recebia somente um terço.

A primeira lei de Reforma Agrária foi promulgada em 1962, governo de Jorge Alessandri, que começa a aplicação da lei atingindo os latifúndios abandonados, mas em termos quantitativos não alcança uma expressão relevante.

E a segunda em 1967 pelo presidente democrata cristão, Eduardo Frei. Essa legislação permitiu ao governo marxista de Allende a implantação intensiva da Reforma Agrária no período de 1970 a 1973.

Em 1970, é eleito presidente Salvador Allende, depois de 80 anos de movimentos populares no Chile e depois da terceira tentativa do mesmo, com 32 anos de luta política.

Allende é eleito através de eleições diretas, como candidato da Unidade Popular (conglomerado de partidos de centro e esquerda). Apresenta-se com 40 medidas básicas antes da eleição, e onde um ponto básico foi o de fazer uma reforma agrária drástica, rápida e massiva, onde se desapropriaram todas as fazendas superiores a 80 hectares de irrigação básica, de acordo com a lei vigente.

Nos anos de 1971 e 1972 foram expropriadas praticamente todas as propriedades superiores a 80 hectares de riego básico (1 hectare de riego básico é a superfície de terra equivalente, em capacidade produtiva, a 1 hectare de área irrigada standard).

Os dados abaixo deixam bem evidentes as grandes transformações da estrutura fundiária chilena, após as reformas agrária citadas.

ESTRUTURA AGRÁRIA DO CHILE ANTES E DEPOIS DA REFORMA AGRÁRIA



ESTRUTURA AGRÁRIA DO CHILE ANTES E DEPOIS DA REFORMA AGRÁRIA

Estratos em HRB*
Explorações (%)
Superfície em HRB (%)

1965
1972
1965
1972

menos de 5
81,4
79,3
9,7
9,7

5 a 10
11,5
11,3
12,7
13,0

20 a 40
3,0
3,3
9,5
11,6

40 a 60
1,3
2,5
7,1
14,5

60 a 80
0,8
1,6
5,7
12,8

mais de 80
2,0
0,1
55,3
2,9

setor reformado
0,0
1,9
0,0





* Hectare de Rego Básico, unidade de medida correspondente a um hectare de terras irrigadas nas proximidades de Santiago.
Fonte: Celso Furtado, A Economia latino-americana, São Paulo, CEN, 1976.



Observe, entre outros dados da tabela, a grande redução das grandes propriedades. Em 1965, 25 das explorações com mais de 80 HRB abrangiam 55,35 da superfície; em 1972, após as reformas agrárias, elas quase desapareceram.

Foram redistribuídos 47% do total das terras agricultáveis. Foram "beneficiados" 51% dos empregados permanentes nas fazendas e 13% das famílias camponesas.

Estavam sujeitas a expropriação todas as propriedades superiores a 80 hectares de riego básico. Pouco antes da queda do Governo Allende, estava tudo pronto para reduzir a áreas máxima a 40 hectares de riego básico. A terra era "paga" 10% à vista, e o saldo em bônus com 20 anos de prazo.

Desde o ínicio ficou proibida para a iniciativa particular a divisão ou parcelamento das propriedades superiores a 80 hectares de riego básico. Também foram promulgadas leis impedindo que os trabalhadores fossem despedidos (inamovibilidade no cargo) e leis que organizavam os camponeses (sindicalização camponesa). Essas leis foram complementos essenciais da execução da Reforma Agrária.

A fazenda expropriada era transformada em assentamento. Ou seja, em uma sociedade entre os camponeses e o estado, pela qual este último se comprometia a dar assistência técnica e financeira aos camponeses, Posteriormente foram criados os Centros de reforma Agrária (CERA), Comitês de Camponeses e Fazendas Estatais que, na prática, funcionaram como assentamentos.

Nos assentamentos se destinavam aos camponeses uma área para a exploração individual e pastoreiro. O resto ficava para a exploração comercial coletiva. O assentamento era dirigido por um comitê de camponeses eleitos entre si mesmos. Depois de três a cinco anos, os próprios membros deveriam decidir se continuavam em regime coletivo ou se transformavam os assentamentos em pequenas propriedades familiares.

Os resultados dessas reformas não foram positivas, ocasionou uma forte queda na produção. Enquanto na década de 60 o aumento anual do produto foi de 2,6% na pecuária e 1,8% na agricultura, no ano agrícola de 1971-72 a produção agropecuária diminuiu 3,6% (-6,8% na agricultura, +0,8% na pecuária), e no ano agrícola de 1972-73 a redução foi de 13,7% (-22,5% na agricultura e -6,4% na pecuária).

Com a necessidade, então, de importar alimentos, agravou-se a crise cambial e o esgotamento das reservas internacionais. Entre os anos de 1965 e 1970 gastavam-se 18% das exportações para importar alimentos. Durante o período 1971-73 chegou a 50% o total das exportações consumidas para importar viveres.

A queda na produção, a diminuição da capacidade para importar alimentos, e o aumento da capacidade de compra da população urbana, provocado por uma política salarial irresponsável, produziram grave falta de alimentos e a formação de mercados paralelos.

O não cumprimento das exigências contábeis, necessárias para se conhecer o resultado final da produção, causa o caos e a desorganização nos assentamentos. Não se sabia quais eram as dívidas para com a CORA (Corporação da Reforma Agrária) e o Banco do Estado.

Os financiamentos para investimentos e capital de exploração eram gastos pelos assentamentos como "adiantamentos salariais", prejudicando a produção e tornando-os incapazes de pagar as dívidas contraídas.

Tendo o salário garantido, os assentados empregavam seu tempo na exploração da parcela individual, em detrimento da exploração coletiva comercial.

Queda do investimento privado. O setor não-retormado com propriedades entre 40 e 80 hectares de riego básico, que ainda cultivava mais ou menos 30% da área agrícola total, diante do caos generalizado e do perigo da expropriação deixou de investir iniciativas que exigiam longo período de maturação.

Vários estudos realizados entre os anos de 1965 e 1970 – portanto, em tempos de Governo Frei e antes da aceleração da Reforma Agrária, ocorrida no período 1971 a 1973 (Governo Allende) – já mostravam que o ganho dos assentados, considerandos os custos de capital, era inferior ao obtido pelos empregados permanentes do setor não-reformado. E na maioria dos casos era negativo. A receita obtida nos assentamentos representava, em média, 78% das despesas.

A situação se tornou ainda mais grave quando se acelerou a Reforma Agrária no período de Allende. Uma análise do resultado de 103 assentamentos, no período agrícola 1970-71, mostra que só em 7 deles as receitas foram superiores aos gastos, sem considerar nestes últimos a depreciação e os juros do capital. Houve aumento da pobreza e diminuição das oportunidades de emprego.

Tal como no Brasil, os bolsões de pobreza se concentravam entre os empregados temporários, muitos dos quais Minifundistas. Eles representavam mais ou menos 50% da população ativa agrícola. Suas possibilidades de emprego diminuíram, tanto no setor reformado como no setor não-reformado, com o conseqüente agravamento em relação à situação anterior.

No setor reformado, no ano agrícola de 1971-72, só foram explorados 19% da área aproveitável. Ainda mais, 62% da área explorada eram dedicados a cereais. Isto revela sub-utilização da terra e tendência a cultivos extensivos, agravando o sub-emprego agrícola.

Todos esses problemas favoreceram ainda mais para o aumento da violência do campo. Entre 1960 e 1966 houve greves em 827 fazendas e 36 invasões de propriedades. Entretanto, já no Governo Frei, só em 1969 houve greve em 1127 fazendas e 48 invasões.

A partir de 1970 a situação se agravou ainda mais. Nesse ano houve greve em 1580 fazendas, e só nos últimos três meses daquele ano houve 192 invasões de fazendas.

Em 1971 as greves afetaram 1758 fazendas, e outras 1278 foram invadidas. Dezoito escritórios da CORA foram também invadidos.

O Chile praticamente acabou com o latifúndio (improdutivo), mas continuam persistindo certos problemas na sua estrutura agrária: a existência de minifúndios, pequenas propriedades de base familiar com poucos excedentes para comercializar (denominados fincas), e ainda restos de relações de trabalho historicamente atrasados, como o inquilinaje.


Mas eu estou procurando dados de como a essa estrutura se comportou nos anos subseqüentes, afinal a economia chilena da época estava perto de um colapso.
 
EM UM SÓ DIA, MST INVADE 15 PROPRIEDADES
06/03/2006


Ocupações fazem parte do ‘2006 Vermelho’ que o movimento deflagrou no fim de semana em Pernambuco




SÃO LOURENÇO DA MATA (PE). Cerca de 600 trabalhadores rurais ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ocuparam o engenho São João, de propriedade da Usina Tiúma, a 22 quilômetros do Recife, em uma das 15 invasões realizadas ontem em Pernambuco. A operação Jornada de Luta pela Reforma Agrária, também chamada pelos militantes de 2006 Vermelho, envolveu 2.530 famílias.



A ocupação do engenho, acompanhada pelo GLOBO, foi a segunda invasão do MST às terras do grupo Votorantim naquele município, de onde foram expulsos no ano passado por ordem judicial. Os lavradores romperam as cercas do engenho e, no início da manhã, depois de fincarem a bandeira do movimento, começaram a erguer suas barracas.

Fonte: O Globo




09/03/2006 - 20h19

Prejuízo da Aracruz pode ser de milhões de dólares, diz empresa
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LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

O prejuízo causado pela invasão e depredação do horto florestal da Aracruz Celulose por mulheres camponesas ligadas à Via Campesina, em Barra do Ribeiro (RS), pode chegar a milhões de dólares, segundo a empresa. Preocupado com isso, o governo gaúcho tentava hoje evitar a perda de um investimento da empresa avaliado em US$ 1,2 bilhões.

A depredação das instalações da Aracruz ocorreu na manhã de hoje e envolveu um grupo de 2.000 militantes da Via Campesina, na maioria mulheres.

Nota divulgada hoje pela Aracruz contabilizou os prejuízos: "Perda de aproximadamente 1 milhão de mudas prontas para plantio e 4 milhões de mudas revolvidas. O laboratório teve suas instalações totalmente destruídas, especialmente sementes e pesquisas, além dos computadores".

A destruição do laboratório causou prejuízos de US$ 400 mil, segundo a empresa, e também "representa perda ainda não determinada em produtividade florestal da ordem de milhões de dólares, decorrente da perda de materiais genéticos que levaram cerca de 15 anos para serem produzidos e outros que não podem ser recuperados".

O secretário estadual de Desenvolvimento, Luís Roberto Ponte, demonstrou a preocupação do governo. ''Se a sociedade não repudiar esse ato, isso será mortal para as negociações com os investidores do setor", afirmou, salientando que os investimentos da Aracruz podem gerar 50 mil empregos diretos e indiretos.

O diretor operacional da Aracruz, Walter Lidio Nunes, disse que não há a intenção de cancelar qualquer investimento. ''Esse ato de barbárie é alienígena ao ambiente do Rio Grande do Sul. Está claro para nós que não expressa nem de longe o que pensa a sociedade como um todo.

Vamos manter nossos estudos no Estado", disse ele. Bahia e Espírito Santo disputam o novo investimento com o Rio Grande do Sul.

O governo gaúcho procura mostrar agilidade nas investigações. O governador interino, Antônio Hohfeldt (PMDB), anunciou que seis dos 37 ônibus que conduziram os invasores até o horto florestal já tiveram as placas identificadas, o que, segundo ele, facilitará a localização dos responsáveis.

A delegada Raquel Dornelles, de Barra do Ribeiro, pretende ouvir as camponesas que deram entrevistas depois da invasão, para chegar a seu comando. Os nomes estão sendo reunidos. Houve, segundo a delegada, crimes de seqüestro e cárcere privado (de dois vigias da empresa).

Exército

Em outro caso envolvendo sem-terra no Rio Grande do Sul, o Exército pode ser convocado a intervir caso a Brigada Militar não providencie a desocupação da Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, invadida no dia 28 de fevereiro. A juíza da 3ª Vara Cível de Carazinho, Ana Paula Caimi, enviou ofício ao Comando Militar do Sul comunicando que pode solicitar auxílio para a retirada dos invasores.

"Se não for cumprida a ordem [da retirada], pode haver intervenção federal", afirmou a juíza.

"Não precisamos do apoio do Exército para cumprir a ordem. A ajuda logística seria bem-vinda. Estamos monitorando a situação próximo ao acampamento. Ainda não há uma data para o cumprimento da desocupação", disse o comandante regional da Brigada Militar, Waldir Cerutti.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u76420.shtml




09/03/2006 - 19h45m
MST faz protesto contra agronegócio em criadouro da Avestruz Master em Pernambuco

Letícia Lins - O Globo

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO (PE) - Cerca de 200 militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ocuparam nesta quinta-feira a fazenda Marapicu, onde funciona o maior criatório da Empresa Agrocomércio e Representações Avestruz Ltda em Pernambuco. Com foices, facões, enxadas e porretes, eles derrubaram a cerca da propriedade e a placa que sinaliza a entrada da Avestruz Master, às margens da rodovia estadual PE-50, a 51 quilômetros de Recife.


Ao contrário das outras 19 ocupações realizadas essa semana, o MST não montou acampamento no local, justificando que o ato foi apenas um protesto contra o agronegócio, a exemplo do que já ocorreu no Rio Grande do Sul, onde na quarta-feira passada os sem-terra depedraram o laboratório e viveiro florestal da Aracruz Celulose.

- Isso aqui é o melhor exemplo da financeirização da agricultura. Não é preciso trabalhar. Basta criar um projeto, convocar as pessoas a investirem e enganar todas elas. Isso aqui é um símbolo do agronegócio e a produção pode parecer real devido ao número de animais aqui observados, mas a maior parte é virtual, não existe - acusou o coordenador regional do MST, Jaime Amorim, que liderou a ocupação.

Ele afirmou que o MST não vai se intimidar diante das repercussões negativas por conta da destruição na Aracruz, onde uma pesquisadora disse ter perdido 20 anos de estudos. A depedração foi no município de Barra do Ribeiro, a 56 quilômetros de Porto Alegre.

- Não estamos preocupados com a imagem do MST. Se essa pesquisadora fosse séria não tinha se vendido a uma multinacional, que adota a monofloresta. O Brasil não pode ficar refém da produção de pinho e eucalipto, até porque todos sabem que essa última espécie é danosa ao meio ambiente, tornando árido o solo onde ela é plantada. Florestas homogêneas acabam com a biodiversidade e reduzem as espécies de animais. De monocultura já basta a da cana em Pernambuco - disse.

- Se o ato lá no Rio Grande do Sul arranhou a nossa imagem não nos faz mal. O que interessa é levar ao centro da discussão produtos transgênicos, o agronegócio e as florestas homogêneas - disse Jaime.

http://oglobo.globo.com/online/pais/plantao/2006/03/09/192207738.asp



Vão ficar impunes?
 
Assim como os latifundiarios acusados de assassinatos no campo, como os mandantes do assassinato da irmã Dorothy...

Mas eu acho ótimo que o MST, mesmo com atitudes drasticas tragam a tona problemas como o da monocultura do eucalipto, extremamente prejudicial ao pais, não sabia que o MST estava envolvido com luta ambiental, mas alguem tinha que fazer isso né?
 
Vovin disse:
Assim como os latifundiarios acusados de assassinatos no campo, como os mandantes do assassinato da irmã Dorothy...

Mas eu acho ótimo que o MST, mesmo com atitudes drasticas tragam a tona problemas como o da monocultura do eucalipto, extremamente prejudicial ao pais, não sabia que o MST estava envolvido com luta ambiental, mas alguem tinha que fazer isso né?

Envolvido com luta ambiental? :rofl: :rofl: :rofl:
 
Envolvido com luta ambiental?

Pois é, já ouvi do MST ter invadido e danificado reservas ambientais, mas sei lá né, o MST pode ter 1000 defeitos mas também traz a tona temas como reforma agrária, os danos da monocultura do eucalipto, o mesmo se aplica a movimento negro e gay...
 
Enquanto o Brasil nao tiver vergonha de realizar uma reforma agraria, eu acho mais do que justo o prejuizo ser repartido por toda a sociedade. Entao nao me importo mesmo se a Votorantim está perdendo $, ou a Aracruz.

Só tenho a lamentar a maioria das opinioes postadas aqui...
 
Turba de ignorantes controlada por um grupo de marginais. Não me surpreende terem o repúdio de mais de 76% da opinião pública e só serem defendidos por extremistas.

Existem muitas e melhores maneiras de se levantar uma questão do que provocando balbúrdia, violência e vandalismo. Imagine se cada um que se julga no dever de "levantar questões" apela para essas táticas?
 
Última edição:
Deriel disse:
Turba de ignorantes controlada por um grupo de marginais. Não me surpreende terem o repúdio de mais de 76% da opinião pública e só serem defendidos por extremistas.

Existem muitas e melhores maneiras de se levantar uma questão do que provocando balbúrdia, violência e vandalismo. Imagine se cada um que se julga no dever de "levantar questões" apela para essas táticas?
não apenas marginais... são marginais extremistas, que utilizam-se da boa fé e da esperança dos ignorantes para instaurar o caos no campo....


se bem que eu tenho repudio do mst pq direto e reto fazem manifestação em brasília, e essa cidade vira um caos por isso.
 
Deriel disse:
Existem muitas e melhores maneiras de se levantar uma questão do que provocando balbúrdia, violência e vandalismo. Imagine se cada um que se julga no dever de "levantar questões" apela para essas táticas?
Eu já havia dito isso aqui, mas pelos defensores mis ferrenhos do MST fui atacado, chamado de inocente. :roll:

Chamar atenção é uma coisa, mas fazer essa zona é outra. Mas, como quererm acreditar os defensores do "os meios justificam os fins", deixem fazer.

Infelizmente não vão conseguir punir os responsáveis.

MST em causa ambiental? :lol:
 
O que eu mais lamento é que pessoas supostamente inteligentes realmente acreditam que o MST está fazendo um bem pra sociedade e que não está nessa por causa própria. Ou pior, que é JUSTO o que eles estão fazendo...Isso me espanta! 8-O :tsc:
 

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