Editorial de hoje do Estadão:
MST já virou guerrilha
"Uns 30 homens entraram na casa e mandaram eu sair. Pedi para tirar os móveis, mas eles disseram que não, senão eu também iria ser queimado."
Seria isso a descrição de uma cena da "Noite dos Cristais", uma das primeiras manifestações ostensivas da sanha nazista, que chegou aonde bem sabemos? Ou seria uma operação típica das Farc, que há anos tentam tomar de assalto o Poder na Colômbia, por métodos violentos e terroristas? Nem uma coisa nem outra, embora guarde notórias semelhanças com ambas. Trata-se de uma operação do Movimento dos Sem-Terra (MST). Em sua revolta armada contra o "latifúndio", além de destruírem 4 casas, 1 galpão, 13 máquinas e demais pertences do Engenho Prado, em Tracunhaém (PE), os militantes emessetistas também atacaram os trabalhadores da Usina Santa Teresa - proprietária do engenho -, como o caseiro, que por 18 anos ocupava uma de suas casas, Manuel José da Silva. Os invasores queimaram sua cama, seu colchão, seu fogão, seu som e todas as suas roupas, quase chegando a queimá-lo vivo. Como se explica tanto ódio?
Atirando com armas de fogo - portanto, não armados apenas de enxadas, foices e pedaços de pau -, os sem-terra de Pernambuco perseguiram e prenderam os seguranças do engenho, queimaram suas motos e os entregaram à polícia.
Ameaçaram fazer refém o ouvidor-geral do Incra, Gersino Silva. E, apesar de a Polícia Militar não ter esboçado a menor reação, ante a desenfreada violência, teve um de seus veículos também apedrejado e impedido de passar, por um bloqueio do MST. Em Alagoas, os sem-terra invadiram uma agência bancária e, em Pedra Branca (MT), invadiram a prefeitura. O que mais seria preciso para colocar esse movimento no rol das guerrilhas latino-americanas?
Observe-se que todos os órgãos do governo federal, direta ou indiretamente relacionados com a reforma agrária, foram preenchidos pelos chamados movimentos "sociais", encabeçados pelo MST e a Comissão Pastoral da Terra (CPT). E, para se ter uma idéia de como anda a disposição do governo Lula, de dar combate a esse brutal desrespeito à lei e à ordem pública, basta mencionar o que disse o próprio ouvidor do Incra, que quase se tornou refém e sofreu a ameaça de ser amarrado: "Há desrespeito aos direitos humanos e às pessoas; é o poderio econômico se sobrepondo aos excluídos da sociedade."
Quer dizer, os direitos humanos desrespeitados, no caso, seria por parte do dono da usina que não oferece sua terra, benevolamente, aos invasores! Na mesma linha reagiu o superintendente-regional do Incra, João Farias, quando afirmou: "É uma situação difícil, que só se resolve quando se der a terra."
Pelo que se percebe por tais opiniões, de gente do governo, somente a capitulação, provocada pela ameaça e a violência - e que resulte na expropriação -, resolverá as situações de conflito criadas pelo Movimento dos Sem-Terra. Aqui já dissemos que, em muitas áreas de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma intervenção direta para corrigir rumos ou acabar com crises - mas não no ministério encarregado da reforma agrária que em má hora ele entregou a um "militante" do MST.
Novamente, esta semana, em seu discurso de Balsas, no Maranhão, Lula repetiu o que vem falando desde o primeiro dia do seu governo sobre "uma reforma agrária tranqüila e pacífica". O problema é que a "reforma pacífica" não interessa ao MST. Em outras palavras, ao contrário do que diz o ditado, neste caso "quando um não quer" o outro agride. E, se nem assim o que "não quer" brigar reage, apanha quieto e mete o rabo entre as pernas.
Quando nomeou Miguel Rossetto para o Ministério da Reforma Agrária Lula semeou os ventos. Agora colhe a tempestade. Nessa escalada pode-se não se saber, com precisão, até onde o MST irá ou quando assumirá, formalmente, sua qualificação de guerrilha. Certo é, no entanto, que nada indica a mais leve intenção de contenção, por parte de seus líderes, e que seu comportamento vai depender da reação do governo à agressão declarada.
Talvez o presidente Lula e seu partido estejam preocupados demais com suas dissidências internas, com os efeitos das posições de seus radicais nas votações do Congresso ou na ampliação de sua base partidária parlamentar, para enxergar o ovo que já saiu da serpente. Se não corrigir o erro inicial que foi a nomeação de Rossetto, a tempestade não vai amainar. Pelo contrário. Infelizmente, em certas regiões do mundo - e este é, precisamente, o caso da América Latina - não se pode se dar ao luxo de contemporizar com projetos, que se vão tornando notórios, de desmantelamento da Democracia.
O que vocês acham do MST? O que acham da posição do governo Lula frente a ele?
Eu, pessoalmente, concordo com o artigo aí em cima. Obviamente, o MST não tá mais nem aí pros sem-terra. Seu objetivo claro é, começando pelo campo, criar um clima de instabilidade que culminaria, segundo os ideais dos líderes do MST, no fim da democracia e na revolução socialista. Basicamente, eles querem fazer uma revolução socialista através do campo. Mais ou menos como as Farc, na Colômbia (mas as Farc são ainda pior, pois são narcotraficantes).
MST já virou guerrilha
"Uns 30 homens entraram na casa e mandaram eu sair. Pedi para tirar os móveis, mas eles disseram que não, senão eu também iria ser queimado."
Seria isso a descrição de uma cena da "Noite dos Cristais", uma das primeiras manifestações ostensivas da sanha nazista, que chegou aonde bem sabemos? Ou seria uma operação típica das Farc, que há anos tentam tomar de assalto o Poder na Colômbia, por métodos violentos e terroristas? Nem uma coisa nem outra, embora guarde notórias semelhanças com ambas. Trata-se de uma operação do Movimento dos Sem-Terra (MST). Em sua revolta armada contra o "latifúndio", além de destruírem 4 casas, 1 galpão, 13 máquinas e demais pertences do Engenho Prado, em Tracunhaém (PE), os militantes emessetistas também atacaram os trabalhadores da Usina Santa Teresa - proprietária do engenho -, como o caseiro, que por 18 anos ocupava uma de suas casas, Manuel José da Silva. Os invasores queimaram sua cama, seu colchão, seu fogão, seu som e todas as suas roupas, quase chegando a queimá-lo vivo. Como se explica tanto ódio?
Atirando com armas de fogo - portanto, não armados apenas de enxadas, foices e pedaços de pau -, os sem-terra de Pernambuco perseguiram e prenderam os seguranças do engenho, queimaram suas motos e os entregaram à polícia.
Ameaçaram fazer refém o ouvidor-geral do Incra, Gersino Silva. E, apesar de a Polícia Militar não ter esboçado a menor reação, ante a desenfreada violência, teve um de seus veículos também apedrejado e impedido de passar, por um bloqueio do MST. Em Alagoas, os sem-terra invadiram uma agência bancária e, em Pedra Branca (MT), invadiram a prefeitura. O que mais seria preciso para colocar esse movimento no rol das guerrilhas latino-americanas?
Observe-se que todos os órgãos do governo federal, direta ou indiretamente relacionados com a reforma agrária, foram preenchidos pelos chamados movimentos "sociais", encabeçados pelo MST e a Comissão Pastoral da Terra (CPT). E, para se ter uma idéia de como anda a disposição do governo Lula, de dar combate a esse brutal desrespeito à lei e à ordem pública, basta mencionar o que disse o próprio ouvidor do Incra, que quase se tornou refém e sofreu a ameaça de ser amarrado: "Há desrespeito aos direitos humanos e às pessoas; é o poderio econômico se sobrepondo aos excluídos da sociedade."
Quer dizer, os direitos humanos desrespeitados, no caso, seria por parte do dono da usina que não oferece sua terra, benevolamente, aos invasores! Na mesma linha reagiu o superintendente-regional do Incra, João Farias, quando afirmou: "É uma situação difícil, que só se resolve quando se der a terra."
Pelo que se percebe por tais opiniões, de gente do governo, somente a capitulação, provocada pela ameaça e a violência - e que resulte na expropriação -, resolverá as situações de conflito criadas pelo Movimento dos Sem-Terra. Aqui já dissemos que, em muitas áreas de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma intervenção direta para corrigir rumos ou acabar com crises - mas não no ministério encarregado da reforma agrária que em má hora ele entregou a um "militante" do MST.
Novamente, esta semana, em seu discurso de Balsas, no Maranhão, Lula repetiu o que vem falando desde o primeiro dia do seu governo sobre "uma reforma agrária tranqüila e pacífica". O problema é que a "reforma pacífica" não interessa ao MST. Em outras palavras, ao contrário do que diz o ditado, neste caso "quando um não quer" o outro agride. E, se nem assim o que "não quer" brigar reage, apanha quieto e mete o rabo entre as pernas.
Quando nomeou Miguel Rossetto para o Ministério da Reforma Agrária Lula semeou os ventos. Agora colhe a tempestade. Nessa escalada pode-se não se saber, com precisão, até onde o MST irá ou quando assumirá, formalmente, sua qualificação de guerrilha. Certo é, no entanto, que nada indica a mais leve intenção de contenção, por parte de seus líderes, e que seu comportamento vai depender da reação do governo à agressão declarada.
Talvez o presidente Lula e seu partido estejam preocupados demais com suas dissidências internas, com os efeitos das posições de seus radicais nas votações do Congresso ou na ampliação de sua base partidária parlamentar, para enxergar o ovo que já saiu da serpente. Se não corrigir o erro inicial que foi a nomeação de Rossetto, a tempestade não vai amainar. Pelo contrário. Infelizmente, em certas regiões do mundo - e este é, precisamente, o caso da América Latina - não se pode se dar ao luxo de contemporizar com projetos, que se vão tornando notórios, de desmantelamento da Democracia.
O que vocês acham do MST? O que acham da posição do governo Lula frente a ele?
Eu, pessoalmente, concordo com o artigo aí em cima. Obviamente, o MST não tá mais nem aí pros sem-terra. Seu objetivo claro é, começando pelo campo, criar um clima de instabilidade que culminaria, segundo os ideais dos líderes do MST, no fim da democracia e na revolução socialista. Basicamente, eles querem fazer uma revolução socialista através do campo. Mais ou menos como as Farc, na Colômbia (mas as Farc são ainda pior, pois são narcotraficantes).