Morg Moonlight disse:
Bem, na minha visão simples da coisa, o que acontece talvez seja que ninguém quer ver o cotidiano daqui... vai entender o porque, mas talvez seja isso.
Não é uma questão de "ninguém quer ver".
A
MANEIRA como é mostrado nosso cotidiano é que é indigesta.
O autor nacional de quadrinhos na verdade não sabe, nem se interessa em saber, o que é o seu próprio cotidiano.
E prefere desenhar colegiais japonesas, samurais, robôs guerreiros e seres espaciais do que olhar ao seu redor.
É uma espécie de feedback cultural, uma regurgitação daquilo que ele/ela tanto ama nos mangás e animes.
Isso seria interessante como material criativo, desde que houvesem algum tipo de
OUSADIA na criação.
Mas não ha. Porque o autor de mangá nacional é extremamente careta, é extremamente convencional e não quer sair um milímetro que seja da louvação ao seu "deus do mangá" pessoal.
Alie a isso o medo que o autor nacional sente de ser rejeitado e está feita a tragédia.
De qualquer forma, é só questão de tirar os olhos dos mangás e dos animes e prestar atenção ao mundo a nossa volta.
Porém, quando se rejeita o próprio país...
O pessoal já vive, pra que ler isso em quadrinhos? Eu já ouvi uma afirmação do tipo!
E com com razão!
Só que os quadrinhos não podem reproduzir o cotidiano da gente igualzinho.
Quero lembrar que quadrinhos são obras ficcionais e, por serem ficção, eles precisam do fantástico, do absurdo, do diferente e da crítica para se tornarem mais palatáveis ao gosto do leitor.
Contudo, o colonialismo mental dos autores de mangá brasileiro fala mais alto.
Ou a maioria do povo ainda tem aquela idéia absurda de que os produtos importados são melhores do que os nacionais...
E são.
Especialmente quando o autor nacional quer competir com o material estrangeiro fazendo exatamente o que o japonês faz!
Aí não tem dúvida, o leitor de banca vai sempre preferir Dragon Ball a Holy Avenger.
Por isso o autor nacional tem que deixar de lado a bajulação do material japonês e ir buscar no fundo do Brasil a resposta para poder agradar o próprio brasileiro.
Acho tudo de bom quando as coisas acontecem em um lugar que eu conheço, com situações que vivemos. É bem o que você falou, é essa a essencia do mangá, as situações cotidianas, os medos que as personagens enfrentam, a insegurança, amor, amizade, tudo o que na realidade passamos, só que com efeitos fantásticos dando um toque a mais à história.
Para que tudo isso seja exposto num gibi, é preciso que seu autor tenha, no mínimo, lido a respeito.
Um gibi é feito de 98% de texto e 2% de roteiro.
Se o autor nacional não lê nada, não pesquisa nada, não cria nada a não ser cópias do material japonês, evidentemente que, quando confrontado com o material importado, o desenho que ele faz pode até ser competente...
Mas em termos de roteiro ele leva uma surra tremenda e nunca mais volta às bancas.
E como se fazer um bom roteiro?
Olhando a nossa volta, as respostas estão todas aí.
É isso que faz com que o mangá seja tão forte lá no Japão. E é isso que talvez a maioria nao tenha entendido aqui.
Não.
O mangá é forte no Japão por diversos motivos, sendo que o principal é a cultura que incentiva a leitura, mais o comércio tremendo que incentiva a criação de roteiros adequados ao segmento de consumidores.
Não se trata de apelo emocional disso e daquilo, que os mangás são, em sua maioria, lixo comercial dos mais baixos e medonhos.
Porém, é da quantidade que se destaca a qualidade.
O mercado japonês tb é muito dificil, uma vez eu assisti uma palestra acho q foi em um dos Animecons que eu fui, falando o quão os japoneses são fechados para os mangás que são de fora do país deles. Absurdo. Acaba desanimando muita gente!
As palestras da Animecon são primores de desinformação: são pessoas que nunca estiveram no Japão, que jamais estiveram por lá, que nunca nem leram nada a respeito e de fontes neutras e sérias...
Mas que adoram sofismar.
Os japoneses não são fechados a nada. Eles publicam comics, fumetti, inclusive Asterix!
O que não rola é eles privilegiarem um autor de mangá estrangeiro quando, em seu país, ha milhares e milhares de autores que fazem a mesma coisa!
O mercado de quadrinhos japonês é muito conservador e ele respeita tremendamente seu autor local, favorecendo-o com toda certeza. Afinal, lá ha faculdades de mangá, cursos de todos os tipos e, na grade curricular japonesa, mangá é uma matéria optativa de Artes.
E ha critérios técnicos muito sérios que os japoneses se fazem basear, e a coisa é tão séria que nem o Cebolinha foi autorizado a ser publicado lá!
Mas tudo bem. Quem sabe um dia a coisa muda e finalmente haja algum mangá beeem brasileirão que vingue e acabe abrindo portas de verdade para outros? Vou estar na torcida ^_^
Antes de mais nada, deveríamos nos preocupar mais em criar coisas nossas, para nossos leitores.
Porque nosso mercado está nas mãos dos estrangeiros, dos EUA e do Japão e é uma amostra da incompetência nacional em não saber nem agradar ao próprio leitor...
Sendo preciso que estrangeiros venham aqui e nos ensinem como fazer!
E publicar lá fora é fácil.
Difícil é publicar em seu próprio país, o que é um absurdo.