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Lolita - Vladimir Nobokov

nossa, barbie,
só posso concordar c vc.
e vc usou as palavras certas ao dizer:
"Não há como entendê-lo só pelo enredo aparente (homem maduro tendo relações com garotinha)".
de fato as pessoas ouvem dizer q lolita foi uma menina/mocinha q seduziu um homem. mas vai mt mais do q isso.
e vale ressaltar q o prof humbert nao era louco por crianças, por qlqr criança. ele era louco por lolita. por ela. unicamente por ela.
 
Olha, eu sofri para terminar de ler Lolita.
A literatura é boa, o tema também.. mas as vezes fica massante demais a narrativa e assim fica muito cansativo.
Porem gostei muito do final. Espetacular.
 
Barbie disse:
Bom, eu li, e confesso que mesmo estando acostumada a esse tipo de literatura, me deixou incomodada. Não pela pedofilia em si, mas pelo comportamento tirano do prof Humbert com relação à Lô, que não deixou ela ter uma vida normal, e ignorou todos os insistentes sinais que ela dava de que aquela situação a incomodava (uma coisa que me incomoda muito, muito mesmo, foram as vezes em que ela chorava baixinho antes de dormir e o Humbert sempre sabia quando ela fazia isso, ignorava, e dormia...).

Esse tipo de atitude muitos homens tem naturalmente, sendo que nesse caso ela não tinha poderes "aparentes" para se divorciar dele.

Ang disse:
nossa, barbie,
só posso concordar c vc.
e vc usou as palavras certas ao dizer:
"Não há como entendê-lo só pelo enredo aparente (homem maduro tendo relações com garotinha)".
de fato as pessoas ouvem dizer q lolita foi uma menina/mocinha q seduziu um homem. mas vai mt mais do q isso.
e vale ressaltar q o prof humbert nao era louco por crianças, por qlqr criança. ele era louco por lolita. por ela. unicamente por ela.

Na verdade não é bem assim. Logo no começo do livro o Humbert deixa claro qual é a preferência dele e o porque disso. Ele tem uma atração por jovens que lembrem aquela "namoradinha" que ele teve na infância/adolescencia, ou as jovens que tem esse "espírito" diferenciado, tanto que numa passagem do livro ele desdenha de uma amiguinha da Lola.
 
Breno,

É verdade, há muitos machistas soltos por aí e muitas "Lolitas", aquelas que são totalmente dependentes/submissas de seus parceiros...enfim, talvez por eu não ser assim e não gostar de tais atitudes o livro não foi um dos melhores para mim.XD
 
Li o livro há alguns anos e achei muito bom. O que me chamou a atenção foi o estilo da escrita. Como o próprio Humbert Humbert diz no primeiro capítulo (somente algumas linhas, de puro lirismo): "Pode-se sempre esperar, de um criminoso, uma prosa de estilo extravagante".
Será que os demais livros dele são tão "estilosos" assim ?
 
[align=justify]É difícil falar sobre um livro de tanto peso e de tão refinada lavra como Lolita. Além de ser um clássico, figurar no cânone mundial e ser aclamado por um sem-número de críticos (para se ter uma idéia basta dar uma olhada nessas 150 capas aqui), a obra é complexa e possui tantos meandros a serem percorridos que fica difícil inclusive apresentar e analisar minimamente a obra em um espaço tão curto como o que essa resenha ocupa (além disso, fica sempre a impressão de que, caso Humbert Humbert a lesse, ele certamente iria desferir toda a sua virulência erudita).

Vladimir Nabokov publicou Lolita em 1955, tendo sido recebido com choque pela temática realmente espinhosa que carrega em seu bojo: o relato do amor de um pedófilo por uma menina de doze anos. O simples fato de o autor ter “aceito o desafio” de escrever sobre algo tão polêmico deve ser tido como motivo para admirá-lo. Porém, a exploração desse amor não é feita de forma esdrúxula, mas sim reconhecendo implicações morais, posicionamentos éticos, sem, entretanto, cair no moralismo superficial ou em um proselitismo pelo amor livre ou algo do tipo.
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Catatau disse:
Li o livro há alguns anos e achei muito bom. O que me chamou a atenção foi o estilo da escrita. Como o próprio Humbert Humbert diz no primeiro capítulo (somente algumas linhas, de puro lirismo): "Pode-se sempre esperar, de um criminoso, uma prosa de estilo extravagante".
Será que os demais livros dele são tão "estilosos" assim ?

Sim... Inclusive tenho uma birra com Lolita por ser o mas famoso do Nabokov e, por conseguinte, o único livro que realmente é lido do velhinho... Lolita é fraco se comparado com o que Nabokov escreveu na sua tríade peso-pesado: Fogo Pálido, Ada ou Ardor e a autobiografia dele (A Pessoa em Questão).... Mesmo porque o tema do Lolita é, de certa forma, repetido: "Era uma vez um homem que se chamava Albinus e vivia em Berlim. Era rico, respeitável e feliz; certo dia abandonou a mulher por causa de uma jovem amante; amou, não foi amado; e sua vida acabou em desastre'' (Riso no Escuro, Nabokov). E Ada ou Ardor é ainda mais polêmico, por possuir um narrador noneagenário dependendo de uma tipógrafa idiota... Ou que tal Fogo Pálido, onde você tem um narrador que analisa um poema de 999 versos escrito por alguém que há pouco morreu? (apesar desse jogo de narrador-personagem fictício principal, numa espécie de crítica literária também já foi usado pelo Nabokov em "A Verdadeira Vida de Sebastião Knight...)

Não digo que Lolita é um livro ruim: é uma obra-prima que 99,9% dos escritores da história sequer igualaram.... A ironia nabokoviana é refinadíssima, e ouso dizer que nenhum escritor evoluiu a mesma a um nível tão específico como o de Nabokov. Mas o desagradar pela leitura do mesmo e apenas do mesmo é inevitável.
 
[align=justify]Justamente Mavericco, Lolita não é transcendental em relação ao tema e a discussão que faz. Polemiza, toca em questões intrincadas e trabalha com tabus, mas com exceção disso o que mais vale no livro é a acidez do Nabokov, o refinamento dele, a ironia e o sarcasmo que se estendem por todo o livro.

O lirismo com que ele pontua cada frase, com que sublinha cada opinião do Humbert Humbert e descreve os efeitos que Lolita causa nele é sublime, é de um preciosismo único, da mais fina lavra, que deixa o leitor saboreando cada palavra.

Tenho que ir atrás dos outros títulos dele. Mavericco, tu que é um "nabokovmaníaco", faça um guia para conduzir a leitura da obra dele. Já estou com Fogo Pálido na estante.[/align]
 
Hum... O Lolita já é uma introdução ao Nabokov. Ele é melhor que muitos outros romances anteriores do Nabokov, e acaba ocupando uma posição "mediana".

Mas creio que a escala pós-Lolita seja:

1 -- A Verdadeira Vida de Sebastião Knight ou A Defesa Luzhin (não são tão pesados e dá pra se continuar tendo uma ideia do estilo de escrita do Nabokov. O primeiro é interessante pois o personagem do Sebastião Knight é muito parecido e autobiográfico para com o Nabokov, então você tem uma ideia do estilo nabokoviano sob a ótica de outro personagem. Já o segundo é narrado em terceira pessoa, o que possui uma diferença do estilo em primeira pessoa -- eu diria que é menos ácido que o de primeira; mas diria que é mais sutil)

2 -- A Pessoa Em Questão: uma autobiografia revisitada (sem muito o que dizer, esse livro pra mim possui um estilo extremamente refinado. É uma evolução notória para com o Lolita, além de demonstrar a vida do Nabokov sob sua própria ótica, o que é crucial para a compreensão de todo e qualquer romance do dito cujo: basta ler o começo do capítulo "Mademoiselle O" e perceber claramente... -- além de prestar atenção no capítulo da "Colette" para entender a inspiração do H.H.)

3 -- Fogo Pálido / Ada ou Ardor (praticamente tanto faz qual dos dois. Mas jamais deixe de ler um ou outro. Leia os dois. O primeiro é composto de duas partes: a primeira é o poema homônimo, escrito pelo poeta John Shade e de 999 versos. A tradução do Jorio Dauster, da qual não possuo, traduziu o poema de forma metrificada e rimada, logo, creio ser a melhor tradução. A segunda parte do livro é uma análise feita por Kinbote acerca do poema de Shade, falando da relação entre os dois e da história do reino de Zembla, o qual Shade utilizou-se como base para o poema Fogo Pálido [além de aspectos autobiográficos do Shade]. É um livro de múltiplas leituras obrigatórias: a primeira apenas da notas, a segunda do poema, a terceira do poema acrescido das notas, a quarta das notas novamente, a quinta do poema novamente e a sexta do poema acrescido das notas; e uma possível sétima tentando localizar as referências externas de Nabokov para com o poema. Já o segundo livro, Ada ou Ardor, é uma espécie de ficção científica passada num país fictício que funde a Rússia com os EUA [isso e plena guerra fria {após se ter lido a autobiografia do Nabokov a escolha desses países adquire uma significância muito grande}], localizado na Antiterra, donde conta a paixão do narrador noneagenário Van por sua irmã Ada. As referências bibliográfica e literárias são variadas e são nítidas na primeira linha, numa paráfrase do começo de Anna Karênina. Acho esse livro inclusive superior ao Fogo Pálido e à autobiografia, ocupando o topo da literatura de Nabokov... É o livro com o qual Nabokov realmente queria ser lembrado.)

4 -- Somos Todos Arlequins (bem... Esse é o último romance do Nabokov e o mais ácido e irônico e cômico de todos. Meu preferido, o livro é uma verdadeira vertigem na vida dum personagem fictício que se assemelha imensamente com o próprio Nabokov. É porque o livro é a fantasmagórica continuação da autobiografia de Nabokov que cobriria seus anos americanos: desta vez convertida numa ficção em primeira pessoa com direito a uma descrição final do estado físico e mental [o problema mental do narrador, tão simples e tão excruciante!] do personagem principal [ou do leitor, lendo o livro...])

5 -- Depois disso é ler qualquer um. Você já leu os ápices; agora é terminar de ler a obra de Nabokov... O que não é tarefa difícil. É comer os livros dele sem farinha e sem suco, e ainda querer mais -- mas jamais bandeando-se para o lado dum O Original de Laura, que é uma falta de respeito tremenda com o pobre Nabokov...
 
aproveitando a deixa, qual é a melhor tradução de lolita até o momento? existe alguma com notas, bilingue, etc?
 
Eu só li a do Jorio Dauster, mas já ouvi dizer que existem outras... Mas como o Dauster já traduziu outras obras do Nabokov, talvez seja correto pensar que a dele é realmente a melhor... Ele é considerado o "tradutor oficial de Nabokov"; um sobrenome que acho desnecessário mas enfim.

Agora quanto a edições com notas e bilíngues... Isso não tem .-.
Livros em prosa bilíngues são rarefeitos no Brasil... No caso do Nabokov até que não seria uma má ideia :sim:
 
[align=justify]Valeu Mavericco, agora é arranjar grana para tudo isso, hehe. Vou começar a fuçar nas bibliotecas que tenho acesso para ver se consigo economizar um pouco.

Fiquei empolgado com Fogo Pálido e Ada ou Ardor. Porque a indignação com O Original de Laura?[/align]
 
[align=justify]A outra tradução de Lolita é do Brenno Silveira, coincidentemente tenho as duas e folheei a do Brenno enquanto lia a do Jorio Dauster. Creio que a do Jorio consegue preservar melhor o lirismo e o preciosismo da escrita, mas falo isso sem pesquisar a fundo, de primeira impressão.[/align]
 
Lucas_Deschain disse:
[align=justify]Valeu Mavericco, agora é arranjar grana para tudo isso, hehe. Vou começar a fuçar nas bibliotecas que tenho acesso para ver se consigo economizar um pouco.

Fiquei empolgado com Fogo Pálido e Ada ou Ardor. Porque a indignação com O Original de Laura?[/align]

O Nabokov começou a escrever O Original de Laura quando estava internado, pouco antes de sua morte. Era pra ser sua obra-prima, de nível ainda maior que o de Ada ou Ardor. Mas ele morreu e não conseguiu concluir o trabalho...

1259076487_original_de_laura.jpg


Na capa do livro é possível se ver claramente as ordens de Nabokov para com o texto: clare, delete, wipe out, obliterate. Era o que ele queria... Nabokov tinha horror em sequer pensar em ver seus livros publicados sem seu ponto final definitivo. Sebastião Knight pede ao irmão que queime seus textos não concluídos após sua morte... A esposa de Nabokov guardou os textos e depois os deixou a cargo do filho deles, Dmitri, que, de forma vil e barata, mandou publicarem o livro "em respeito aos fãs". Fico me perguntando que tipo de fã é esse que só passou os olhos nas partes "picantes" de Lolita e provavelmente se decepcionou quando viu que as "cenas de sexo" tornar-se-iam rarefeitas...

P.S.: nunca abri esse O Original de Laura e também nem quero. Não vou perder meu tempo lendo um livro inacabado de um autor que detestava coisas inacabadas...
 
Comecei a ler numa edição antiga já, um cheiro de livro véio e páginas meio amareladas e etc. A ''editora'' (Círculo do livro) funcionava por um sistema de clube onde uma pessoa indicava outra pra virar sócia e se esta concordasse devia comprar pelo menos um livro de tantos em tantos meses. Então eu acho que a tradução é confiável.
Por enquanto tá espetacular, o jeito do Nabokov de escrever me agrada bastante, é um complicado que dá pra entender, eu sei lá.E a caracterização do casal principal tá muito boa até agora, eu daria muita porrada na Dolores se fosse pai dela porque PQP que vadiazinha.
 
Maverico, voce por acaso sabe se a edição do circulo do livro de fogo pálido é boa, porque a mesma consta na biblioteca da escola em que estudo...
Aliás, diga-me o que torna esse livro especial, instigante, não só como esse, como também da obra dele em geral...:pipoca:
 
Olha... Eu particularmente não gosto muito dessa edição tomando em conta o que os tradutores escreveram no final, que é aquele velho papo de "omitimos certas partes (...) que não atrapalharão na leitura". É a velha história de cortar pedaços à torto e à direito, tentando adaptar para o leitor brasileiro quando uma nota de rodapé seria mais eficiente. A tradução do poema "Fogo Pálido" dessa edição é também apenas metrificada (decassílabos); o que entra em confito com o poema original que é metrificado e rimado...

A melhor edição, digo e repito, é a da Companhia das Letras traduzida pelo bom Jorio Dauster (o Meia inclusive entrevistou-o), que não omitiu partes e traduziu o poema de forma metrificada e rimada.

Mas não quer dizer que você não deva pegar essa edição do Círculo do Livro. Nabokov, a meu ver, sempre compensa... Foi um dos maiores romancistas do século XX, ao lado de James Joyce, Virginia Woolf, Marcel Proust, William Faulkner... Tinha opiniões fortes, como diz o título dum livro que compendia entrevistas feitas com ele, a ponto de por exemplo execrar e humilhar Freud, Thomas Mann, comunistas e outros em seus livros.

Mas a questão é que Nabokov possui um estilo mágico... É o que o Lucas disse na resenha dele:

O preciosismo com que Nabokov escolhe as palavras e as dispõe no texto encerram um lirismo que congrega uma miríade de sentidos e explorações estéticas e semânticas, criando uma narrativa da mais alta significação literária. Mas não termina por aqui, pois toda essa circunstância, digna de cânone, é feita com perspicácia e humor, um humor tipicamente ácido e sarcástico que remonta da amargura pela perversão das tradições e das mudanças que se operavam a nível mundial.

(...)

O lirismo com que ele pontua cada frase, com que sublinha cada opinião do Humbert Humbert e descreve os efeitos que Lolita causa nele é sublime, é de um preciosismo único, da mais fina lavra, que deixa o leitor saboreando cada palavra.


Nabokov é o escritor do século XX que elevou o estilo ao nível mais alto... Nem mesmo Joyce tinha um estilo tão refinado quanto o de Nabokov. Nabokov é paralelo a Flaubert, escolhendo suas palavras, passando semanas, dias, quinzenas procurando um advérbio ou um adjetivo... Você percebe isso bem em Lolita; mas Lolita não é o melhor deles, e aí vem a minha birra... Já cansei de ler listas e ver pseudofãs querendo me fazer engolir que Lolita é o melhor dele. Fogo Pálido, além de mais engenhoso (um poema e posteriormente comentários fictícios sobre o mesmo!), tem um tratamento mais preciosista...

Leia sim Fogo Pálido. Você vai gostar. Mas esteja preparado pra ler mais de uma vez. Senão você não leu; passou os olhos...

(agora, é claro, que se puder, leia no original. É lirismo puro: Lolita, light of my life, fire of my loins...)
 
Valeu Maverico!
Vou procurar ler algo dele e se puder, no original, até porque tenho que exercitar o meu ingles...
Mas diz uma coisa... o poema de fogo palido já existia ou foi o próprio Nabokov quem o escreveu?
E também obrigado pela informação sobre a edição do circulo... Vou ler então pela edição da cia da letras...
Mas deve demorar um pouco pois estou meio sem tempo agora e ainda estou na metade de outro livro(o idiota do dostô)...
 
Foi o Nabokov. Ele também criou uma vintena de outras coisas no livro, inclusive John Shade e Charles Kinbote... Creio que Zembla também foi inventado pelo Nabokov; mas você não pode dizer que Zembla tenha muito da Rússia natal de Nabokov... O saudosismo de Shade-Kinbote para com Zembla é provavelmente o mesmo saudosismo incontido (Nabokov odiaria se lesse o que estou escrevendo; mas é a verdade) dos EUA de Humbert-Lolita, que são uma forma plástica da Rússia aristocrática (da qual a família de Nabokov fazia parte).
 

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