imported_Wilson
Please understand...
La Plage
[align=justify]Há paz no arrastar do mar sobre a areia, consistência em seu tom, fluidez em sua cantiga, infinitos seus grãos, todos únicos, a serem lavados, uma vez, e de novo. A paisagem esbranquiçada, a luz ofuscada, as cores apagadas, atrás do vidro, ela observa. Uma lágrima em seu olho teima em soltar-se. A tristeza dentro de si toma tudo ao seu redor, e o fantasma de toda essa dor recai, única, sobre ela, sozinha.
Dentro da casa, o eco de um tiro e o silêncio de um corpo. A paz nos olhos de um defunto, um anel vermelho a desenhar-se no peito, um filete a escorrer no assoalho, os pés para o alto, uma arma no chão, um jarro quebrado de flores, e ela, olhando a praia, perdida nos rumores de ondas distantes, enxugou a lágrima e saiu.
Havia lá fora um sopro cálido e gentil enrolado em seus cabelos, um filete de fumaça a escorrer no canto dos lábios, a marca única do batom no filtro, os pensamentos perdidos e distraídos, o asfalto a passar constante embaixo dela. Deixava para trás um crime e um amor, correndo ao longo da costa, ao lado dos rochedos, fazendo frente ao avanço metódico e ritmado da maré.
Havia no fim da estrada um cruzamento. No cruzamento, um caminhão. Acertaram-se em cheio. E ela rodopia, rumo ao final. Cacos de vidro bailando à sua frente. Entre mil reflexos de si própria, ela voou, como antes voava, como um dia dançou, em um passado agora distante. Ouvindo o mar indiferente, em um momento que era só dela, quase sorriu. E então morreu.[/align]
[align=justify]Há paz no arrastar do mar sobre a areia, consistência em seu tom, fluidez em sua cantiga, infinitos seus grãos, todos únicos, a serem lavados, uma vez, e de novo. A paisagem esbranquiçada, a luz ofuscada, as cores apagadas, atrás do vidro, ela observa. Uma lágrima em seu olho teima em soltar-se. A tristeza dentro de si toma tudo ao seu redor, e o fantasma de toda essa dor recai, única, sobre ela, sozinha.
Dentro da casa, o eco de um tiro e o silêncio de um corpo. A paz nos olhos de um defunto, um anel vermelho a desenhar-se no peito, um filete a escorrer no assoalho, os pés para o alto, uma arma no chão, um jarro quebrado de flores, e ela, olhando a praia, perdida nos rumores de ondas distantes, enxugou a lágrima e saiu.
Havia lá fora um sopro cálido e gentil enrolado em seus cabelos, um filete de fumaça a escorrer no canto dos lábios, a marca única do batom no filtro, os pensamentos perdidos e distraídos, o asfalto a passar constante embaixo dela. Deixava para trás um crime e um amor, correndo ao longo da costa, ao lado dos rochedos, fazendo frente ao avanço metódico e ritmado da maré.
Havia no fim da estrada um cruzamento. No cruzamento, um caminhão. Acertaram-se em cheio. E ela rodopia, rumo ao final. Cacos de vidro bailando à sua frente. Entre mil reflexos de si própria, ela voou, como antes voava, como um dia dançou, em um passado agora distante. Ouvindo o mar indiferente, em um momento que era só dela, quase sorriu. E então morreu.[/align]