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Notícias Gil e Caetano se juntam a Roberto Carlos contra biografias não autorizadas

hum, agora que eu vi que ela fechou e deixou só para amigos. enfim, eu posso estar enganada, mas PARECE que alguém da folha escreveu uma matéria que sai amanhã falando de um parente do leminski que se suicidou. ela está puta porque acha que a informação não é relevante, que é só para vender mais.

Típica imprensa marrom.
 
é bem o termo que ela tá usando, por isso estou achando que é isso (e o fato de ela não poder fazer absolutamente nada sobre o que será publicado, e disso que ela diz defender a ideia do caetano sobre as biografias)

Complicado isso. Teve até uma reportagem da CULT sobre a Alice Ruiz onde ela não teve problemas para falar sobre o Paulo, comentou o divórcio, o alcoolismo, etc. E ei, o Paulo também é biógrafo! :lol:
 
Complicado isso. Teve até uma reportagem da CULT sobre a Alice Ruiz onde ela não teve problemas para falar sobre o Paulo, comentou o divórcio, o alcoolismo, etc. E ei, o Paulo também é biógrafo! :lol:

era o que eu estava pensando aqui, sobre como esse assunto de biografias surge junto com o lançamento do vida :rofl:

tem uma biografia sobre o leminski que é bem boa, btw (e acho que tem a benção da família) >> http://www.anica.com.br/2008/04/28/o-bandido-que-sabia-latim/
 
hmkay, entendi o rolo todo. saiu isso aqui na gazeta hoje:

Família barra obra sobre Leminski
Esgotada nas livrarias, a biografia do poeta curitibano Paulo Leminski (1944-1989), de autoria do escritor Toninho Vaz, não poderá ser publicada novamente. A poeta e viúva de Leminski, Alice Ruiz, e suas filhas, Estrela e Aurea, querem impedir a publicação da quarta edição do livro Paulo Leminski – O Bandido que Sabia Latim.

O livro, publicado pela primeira vez em 2001, foi autorizado por Alice. A viúva não teve participação nos direitos autorais da obra.

Para a produção da obra, Vaz afirma ter feito pesquisas durante um ano e realizado 81 entrevistas.

A redação da biografia, que seria publicada desta vez pela editora Nossa Cultura, de Curitiba, sofreria apenas uma modificação nesta edição: um parágrafo com o relato de um morador da pensão onde Pedro, irmão de Leminski, morava. Foi o vizinho de quarto de Pedro quem encontrou seu corpo quando ele se suicidou, em 1986.

As três familiares de Leminski enviaram à editora uma correspondência informando que não autorizavam a publicação da nova edição por causa do enfoque “depreciativo à imagem do retratado e seus familiares”. Quando recebeu a carta, a editora cancelou a publicação.

Vaz planejava entrar nesta semana com uma interpelação judicial no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, pedindo esclarecimentos à família. Quer saber o que é depreciativo na obra. O autor, segundo afirmou, deverá entrar também com uma ação por danos morais e materiais.

As filhas do poeta afirmam que barraram a publicação por causa do novo trecho. Via Facebook, Estrela questionou: “Qual é a relevância de detalhes sórdidos do suicídio para uma biografia dele? Que relevância tem para a obra? Ou seria para dar um molho e vender mais?”

“Pedro foi muito importante para a história do Paulo, ensinou o irmão a tocar violão”, diz Vaz. “Não é sensacionalismo. A morte do Pedro foi uma tristeza para mim. Se quiserem, tiro esse novo trecho. Mas é vil ter que tirar. É censura”, afirma Vaz.

O conflito entre as herdeiras e o biógrafo, que era amigo do poeta, é mais um capítulo no debate sobre a publicação de biografias, que esquentou com o apoio de músicos como Caetano Veloso à exigência de autorização prévia para a publicação.

Folhapress

e isso:

Queda de braço - Autor usou fatos sórdidos, dizem filhas do poeta

Para Estrela Ruiz Leminski e sua irmã, Aurea, o escritor Toninho Vaz incluiu fatos sórdidos sobre o suicídio de Pedro Leminski, irmão de Paulo, na quarta edição da biografia Paulo Leminski – O Bandido Que Sabia Latim.

“Somos contra a exploração de fatos que nada ajudam a elucidar a importância de Paulo Leminski na cultura brasileira”, diz Aurea. “Não é ser chapa-branca, é ser contra a imprensa marrom.”

“Vejo que estão crucificando o Caetano e esquecendo que o mesmo argumento deveria valer para os dois lados. Deveríamos defender o bom senso tanto do biógrafo, para inserir fatos, quanto das famílias, para garantir que o público tenha acesso a tudo o que for relevante da obra em questão”, afirma Estrela.


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Uma pena que seja sobre a biografia do Vaz, porque ela é realmente muito boa. que bom que eu já tenho a minha :hihihi:

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link para a matéria na folha >> http://www1.folha.uol.com.br/ilustr...aulo-leminski-por-trecho-sobre-suicidio.shtml
 
Última edição:
e o caetano falou:

Na primeira manifestação pública desde o início da polêmica sobre a publicação de biografias não autorizadas, o cantor e compositor Caetano Veloso, em sua coluna na edição dominical do jornal "O Globo", afirma que a imprensa trata o tema de modo "despropositado" e defende a posição dos artistas que lutam pela exigência de autorização prévia para a comercialização dos livros.

"Censor, eu? Nem morta!", escreve Caetano, para quem "no cabo de guerra entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade, muito cuidado é pouco".

Caetano diz ser a favor de biografias não autorizadas de figuras como José Sarney ou Roberto Marinho. Mas cita "o sofrimento de Gloria Perez" e o "perigo de proliferação de escândalos" como justificativas para uma atenção maior ao direito de privacidade.

Guilherme de Pádua, assassino de Daniela Perez, filha de Gloria, escreveu um livro enquanto estava na cadeia chamado "A História Que o Brasil Desconhece". Ela recorreu à Justiça para impedir a circulação.

Caetano defende uma espécie de caminho do meio e chega a citar uma fala sua de 2007 na qual se coloca claramente contra a exigência de autorização prévia por parte de biografados.

"Tenho dito a meus amigos que os autores de biografias não podem ser desrespeitados em seus direitos de informar e enriquecer a imagem que podemos ter da nossa sociedade. Pesquisam, trabalham e ganham bem menos do que nós (mas não nos esqueçamos das possibilidades do audiovisual)", escreve.

Logo em seguida, pondera: "Mas diante dos editoriais candentes, das palavras pesadas e, sobretudo, das grosserias dirigidas a Paula Lavigne, minha empresária, ex-mulher e mãe de dois dos meus três filhos maravilhosos, tendo a ressaltar o que meu mestre Jorge Mautner sintetizou tão bem nos versos 'Liberdade é bonita mas não é infinita /Me acredite: liberdade é a consciência do limite'. Mautner é pelo extremo zelo com a intimidade".

Na defesa que faz de Lavigne, porta-voz do grupo "Procure Saber", o compositor critica aFolha. "Repórter da 'Folha' cita trechos de algo dito por Paula Lavigne em outro contexto para responder a sua carta de leitor. Logo a 'Folha', que processou, por parodiá-la, o blog Falha de S.Paulo."

Caetano se refere à ação movida pela Folha contra o blog "Falha de S.Paulo", criado pelos irmãos Mario e Lino Bocchini, por violação da propriedade da sua marca --e não por parodiar o jornal.
 
nuss, muita treta. tá, primeiro o texto do caetano:

Cordial
Aprendi, em conversas com amigos compositores, que, no cabo de guerra entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade, muito cuidado é pouco
Tenho um coração libertário. Sou o típico coroa que foi jovem nos anos 60. Recebi anteontem o e-mail de um cara de quem gosto muito — e que é jornalista — com proposta de entrevista por escrito sobre a questão das biografias. Para refrescar minha memória, ele anexou um trecho de fala minha em 2007. Ali eu me coloco claramente contra a exigência de autorização prévia por parte de biografados. E pergunto: “Vão queimar os livros?” Achei aquilo minha cara. Todos que me conhecem sabem que essa é minha tendência. Na casa de Gil, ao fim de uma reunião com a turma da classe, eu disse, faz poucos meses, que “quem está na chuva é para se molhar” e “biografias não podem ser todas chapa-branca”. Então por que me somo a meus colegas mais cautelosos da associação Procure Saber, que submetem a liberação das obras biográficas à autorização dos biografados?

Mudei muito pouco nesse meio-tempo. Mas as pequenas mudanças podem ter resultados gritantes. Aprendi, em conversas com amigos compositores, que, no cabo de guerra entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade, muito cuidado é pouco. E que, se queremos que o Brasil avance nessa área, o simplismo não nos ajudará. O modo como a imprensa tem tratado o tema é despropositado. De repente, Chico, Milton, Djavan, Gil, Erasmo e eu somos chamados de censores porque nos aproximamos da posição de Roberto Carlos, querendo responder ao movimento liderado pela Anel (Associação Nacional dos Editores de Livros), que criou uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade) contra os artigos 20 e 21 do Código Civil, que protegem a intimidade de figuras públicas. Repórter da “Folha” cita trechos de algo dito por Paula Lavigne em outro contexto para responder a sua carta de leitor. Logo a “Folha”, que processou, por parodiá-la, o blog Falha de S.Paulo.

A sede com que os jornais foram ao pote terminou dando ao leitor a impressão de que meus colegas e eu desencadeamos uma ação, quando o que aconteceu foi que nos vimos no meio de uma ação deflagrada por editoras, à qual vimos que precisávamos responder com, no mínimo, um apelo à discussão. Censor, eu? Nem morta! Na verdade a avalanche de pitos, reprimendas e agressões só me estimula a combatividade.

Tenho dito a meus amigos que os autores de biografias não podem ser desrespeitados em seus direitos de informar e enriquecer a imagem que podemos ter da nossa sociedade. Pesquisam, trabalham e ganham bem menos do que nós (mas não nos esqueçamos das possibilidades do audiovisual). Não me sinto atraído pelo excesso de zelo com a vida privada e muito menos pela ideia de meus descendentes ficarem com a tarefa de manter meu nome “limpo”. Isso lhes oferece uma motivação de segunda classe para suas vidas. Também neguinho pode vir a ter um neto que seja muito careta e queira fazer dele o burguês respeitável que ele não foi nem quis ser. Mas diante dos editoriais candentes, das palavras pesadas e, sobretudo, das grosserias dirigidas a Paula Lavigne, minha empresária, ex-mulher e mãe de dois dos meus três filhos maravilhosos, tendo a ressaltar o que meu mestre Jorge Mautner sintetizou tão bem nos versos “Liberdade é bonita mas não é infinita /Me acredite: liberdade é a consciência do limite”. Mautner é pelo extremo zelo com a intimidade.

Autores americanos foram convocados para repisar a ferida do sub-vira-lata. Nada mais útil à campanha. (Americanos são vira-latas mas têm uma história revolucionária com a qual não nos demos o direito de competir.) Sou sim a favor de podermos ter biografias não autorizadas de Sarney ou Roberto Marinho. Mas as delicadezas do sofrimento de Gloria Perez e o perigo de proliferação de escândalos são tópicos sobre os quais o leitor deve refletir. A atitude de Roberto foi útil para nos trazer até aqui: creio que os termos do Código Civil merecem ser mudados, mas entre a chapa-branca e o risco marrom devem valer considerações como as de Francisco Bosco. Ex-roqueiros bolsonaros e matérias do GLOBO tipo olha-os-baderneiros para esconder a força que a luta dos professores ganhou na cidade me tiram a vontade de crer em opções fora da esquerda entalada. Me empobrecem. Ficaremos todos mais ricos se virmos que o direito à intimidade deve complicar o de livre expressão. E se avançarmos sem barretadas aos americanos. Ouve-se aqui minha voz individual. Quiçá perguntem: ué, os jornais deram espaço, pediram entrevistas: Tá chiando de quê? Pois é. Meu ritmo. Roberto, Chico, Milton e os outros estão mais firmes: nunca defenderam nada diferente. Esperei o Procure Saber buscar seu timbre, olhei em volta e deixei pra falar aqui.

e agora a notícia

Biógrafo de Clarice Lispector se diz 'chocado' com Caetano Veloso

O debate envolvendo o impasse em relação às biografias continua neste sábado (12) na Feira do Livro de Frankfurt. Convidado do evento, o escritor norte-americano Benjamin Moser, autor de uma biografia sobre Clarice Lispector, declarou-se "chocado" com Caetano Veloso e com a posição da associação "Procure Saber" acerca do tema. O grupo é formado por vários músicos e compositores, que defendem direitos autorais. Indignado, Moser procurou o jornal Folha de S. Paulo e publicou uma carta aberta direcionada a Caetano no último dia 9.

O grupo "Procure Saber" defende a proibição de biografias não autorizadas pelos biografados ou por suas famílias, em caso de morte. Estes artistas se baseiam nos artigos 20 e 21 do Código Civil Brasileiro, de 2002. O artigo 20 determina que o uso da imagem de uma pessoa pode ser proibido ou gerar a "indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais". Já o artigo 21, dispõe que "a vida privada da pessoa natural é inviolável". O grupo é coordenado por Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano Veloso, assinado por vários artistas, como o próprio Caetano, Roberto Carlos, Djavan, Gilberto Gil, Chico Buarque e outros.

A mensagem de Moser enviada ao cantor se inicia com um conselho. "Nos EUA, quando eu era menino, havia uma campanha para prevenir acidentes na estrada. O slogan rezava: 'Amigos não deixam amigos bêbados dirigir'. Lembrei disso ao ler suas declarações e as de Paula Lavigne sobre biografias no Brasil. Fiquei tão chocado que me sinto obrigado a lhe dizer: amigo, pelo amor de Deus, não dirija".

Por conhecer o músico baiano e admirá-lo, Moser afirmou que se sentiu "pessoalmente traído". Ele argumenta que símbolos da luta contra a ditadura militar, como Caetano e Chico, não podiam estar do lado de quem é contra as biografias não autorizadas. "Por que quem mais defendeu a cultura nacional? Chico Buarque e Caetano Veloso. Quem são símbolos do orgulho do Brasil, da dignidade do país frente à ditadura e à censura? São eles. Eles devem saber que não é jornalismo, não é biografia, é uma questão de se eu posso falar em público coisas que talvez não agradem outra gente. Esse é o fundamento", justifica.

O escritor conta que "por um engano" começou a se interessar pelo português e, na sequência, enveredar-se pela obra de Clarice Lispector e tornar-se biógrafo da escritora. Quando estudava chinês na faculdade, e mal falava o idioma do Brasil, por uma obrigação do curso, leu "A Hora da Estrela". "Surgiu uma emoção daquela página que me segurou, grudou, e isso faz quase 20 anos, quando eu tinha 19 anos", relembra.

Depois do primeiro encanto pela história da sonhadora Macabéa, Moser viajou o mundo, fez mais de 250 entrevistas até publicar "Clarice". "Tudo que eu fiz, eu fiz por amor a ela, eu fiz por empolgação e por querer divulgá-la no exterior", conta.

O mesmo ímpeto de emoção que o impulsionou a escrever a obra o fez redigir a carta aberta a Caetano Veloso. "Assim como a minha biografia surgiu de uma grande emoção, a minha carta também surgiu de uma grande emoção", compara.

Moser conta que resolveu se dirigir publicamente ao músico e ao "Procure Saber" por ter uma posição privilegiada frente aos escritores brasileiros nesta polêmica sobre biografias. "Eu falei na minha carta, eu tenho vantagens que ninguém tem", afirma. Segundo ele, além de não responder às leis brasileiras e ter tido o aval da família Clarice Lispector para a publicação da biografia, ele não corre o risco, por exemplo, de ser demito por sustentar sua opinião – temor, segundo ele, de alguns escritores brasileiros. "E como eu tenho esses privilégios, eu me sinto muito obrigado a falar", explica.

Ele diz que, sem conseguir encontrar razões evidentes para o posicionamento de Caetano, aguarda que o baiano também venha a público e faça um esclarecimento sobre a situação. "Não consigo entender por que ele está fazendo isso. Deve haver uma explicação. Estamos aguardando amanhã n'O Globo [jornal em que o músico escreve aos domingos]. Parece que ele vai responder", espera.

Em sua
coluna no Jornal O Globo
que foi publicada em versão digital neste sábado (12), Caetano disse que tem “um coração libertário” e faz reflexão sobre o motivo de se somar aos “colegas mais cautelosos da associação Procure Saber”. No texto, o músico faz referência a uma fala dele, de 2007, recuperada por um jornalista e diz que, à época, se posicionou claramente contra a exigência de autorização prévia por parte de biografados.


Caetano diz que mudou muito pouco e completa: “Mas as pequenas mudanças podem ter resultados gritantes. Aprendi, em conversas com amigos compositores, que, no cabo de guerra entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade, muito cuidado é pouco”. O músico também afirma que a imprensa tem tratado o tema de forma despropositada. "Censor, eu? Nem morta!", diz o cantor em outro trecho da coluna.
 
Biógrafo Toninho Vaz entra na Justiça contra família de Paulo Leminski

RIO - O jornalista e escritor Toninho Vaz entrou, na última sexta-feira, com uma interpelação judicial no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro exigindo esclarecimentos à família do poeta Paulo Leminski, que proibiu, há cerca de um mês, a publicação de uma nova edição da biografia "Paulo Leminski — O bandido que sabia latim". Planejada para chegar às livrarias até o final de outubro, pela editora Nossa Cultura, de Curitiba, a nova edição foi cancelada. Vaz já assinou o seu distrato com a editora e devolveu a verba de adiantamento que havia recebido pela publicação. Agora, planeja entrar com uma ação por danos morais e materiais.

Em entrevista ao GLOBO, o autor de livros como "Solar da fossa" e "Pra mim chega — Uma biografia de Torquatro Neto",que será relançada até o fim deste mês, diz que foi surpreendido "com a atitude de pessoas que eu vi crescer", diz, referindo-se às duas filhas de Leminski, Estrela e Aurea Leminski.

— Estava tudo pronto. Capa, revisão, diagramação. Tivemos de cancelar tudo por conta de uma acusação infundada dos familiares do Leminski — diz Vaz. — O livro do Leminski e o do Torquato iriam sair juntos, pela mesma editora. Fizemos inclusive uma edição especial, uma caixa que abrigaria os dois títulos, que seria chamada de "Micro antologia biográfica dos malditos". Agora só teremos a parte do Torquato.

Publicada em 2001 pela editora Record, a biografia sobre o poeta curitibano chegaria à quarta edição com uma alteração em relação às versões anteriores: um parágrafo de oito linhas contendo um relato em primeira pessoa de um morador da mesma pensão em que Pedro Leminski, irmão de Paulo, foi encontrado morto.

A descrição da cena do suicídio não agradou à viúva de Leminski, Alice Ruiz, e às suas duas filhas, Estrela e Aurea Leminski. Antes de enviar a nova edição à gráfica, os editores da Nossa Cultura submeteram uma prova da obra aos familiares de Leminski. Em resposta receberam um bilhete redigido a mão: "Nós, Alice Ruiz, Aurea Alice Leminski e Estrela Ruiz Leminski, herdeiras de Paulo Leminski Filho, não autorizamos a publicação de nova edição do livro "O bandido que sabia latim — Uma biografia de Paulo Leminski", pelo seu enfoque depreciativo à imagem do biografado e familiares. Motivos, aliás, já conversados anteriormente com o autor da biografia, Toninho Vaz". O bilhete foi datado em 22 de julho de 2013.

— Elas devem ter ficado pensando um bom tempo antes de encaminhar isso, porque não faz sentido — diz Vaz. — Agora elas terão de levar à Justiça uma definição do que classificam como "enfoque depreciativo". Diante dessa generalidade, elas terão de dar alguma resposta convincente. A partir daí iremos à segunda fase, que é a Justiça avaliar se o que foi acrescentado à obra é motivo para censurá-la. O que acontece é que elas blefaram e a editora decidiu não bancar. Mas agora o penalizado sou eu.

Vaz diz que teve de cancelar sua participação em eventos literários já agendados, em que iria lançar e falar sobre a nova edição da obra.

— Eu vivo do meu trabalho como autor. Sei que uma biografia não dá dinheiro, mas essa merreca é parte do nosso trabalho. Agora não terei o livro nas livrarias justamente neste final de ano. Por tudo isso, elas também terão de responder à ação por danos morais e materiais que darei entrada esta semana.

Em seu perfil no Facebook, Estrela Ruiz Leminski, uma das filhas do poeta, escreveu: "Qual é a relevância de detalhes sórdidos do suicídio de um parente do meu pai para a uma biografia dele? Que relevância pública tem para sua obra? Ou isso seria para dar um molho e vender mais?"

Sobre a lei que rege as condições para a publicação de biografias no Brasil, Estrela também se posicionou: "(...) Eu vou fazer biografias de certos biógrafos e dos jornalistas, contando em detalhes certos fatos muito pertinentes ao público. Por exemplo, como alguns causam polêmica só para vender mais ou manter o emprego na imprensa marrom".

Para Vaz, o novo parágrafo incluído em sua obra não deturpa a história e "muito menos deprecia o biografado", diz.

— Incluí uma passagem que dá voz a alguém que teve acesso às condições de suicídio do Pedro — conta Vaz. — Conversei com a ex-mulher do Pedro ontem e ela está do meu lado. Ela me disse: "Você não precisa se explicar, elas não estão preocupadas com o Pedro". Eu sei que não ofendi à família do Pedro. Nós somos filhos da contracultura. Hoje sou um avô, mas já fui um tremendo maconheiro, biriteiro... Eu sei o que eu fui, o que nós fomos. Mas há pessoas que não aceitam o passado e a realidade. E o que está no livro é a realidade.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/bio...ilia-de-paulo-leminski-10350382#ixzz2hc1EJh27
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Até a viúva tá de acordo - embora eu ainda não entenda a relevância do trecho -, logo, no que eles têm que se meter?
 
Uma pena que seja sobre a biografia do Vaz, porque ela é realmente muito boa. que bom que eu já tenho a minha :hihihi:
oba, mais 1 livro p minha lista mercenária d compre barato e venda super caro. kkkkkk, anica, te devo 1 chopz.
 
Luiz Schwarcz, sobre o assunto.

Um editor de biografias
16 outubro 2013, 2:42 pm


Por Luiz Schwarcz

Falei recentemente com o Chico Buarque sobre o assunto das biografias mais de uma vez. Como ele agora escreveu publicamente, utilizando-se de exemplos sensíveis à história da Companhia das Letras, “condenada” a pagar uma larga soma de indenização à família de Garrincha, preciso vir a público esclarecer minha posição e contar, pela primeira vez, minha versão de toda esta história.

Quando o livro Estrela solitária estava para ser publicado, uma matéria foi veiculada no Fantástico chamando atenção para o livro. As filhas do Garrincha, que não haviam se manifestado até então, me procuraram, através de um advogado, e, sem ler uma página sequer do livro, demandaram pagamento de direitos e ameaçaram com um pedido de indenização.

O representante da família, a essas alturas, não falava em “imagem denegrida”, mas em “ajudar o Natal das meninas”. Como não aceitamos nenhum acordo — por julgarmos que a biografia enaltecia o jogador como o melhor de todos os tempos e tratava do alcoolismo, conhecido por todos, de maneira absolutamente ética –, seguimos em frente com a publicação. A partir daí fomos processados, com a família exigindo, ao mesmo tempo, o pagamento de direitos autorais — como se a vida de um antepassado pertencesse a seus herdeiros — e reclamando da imagem do jogador supostamente denegrida pelo livro, de cujos rendimentos gostariam de participar.

A partir daí, uma longa e custosa história se instaurou e, em segunda instância, o Estrela solitária foi retirado de circulação, sem que todas as etapas do julgamento estivessem concluídas — situação que só a nossa lei permite. Assim como permite que um juiz ameace “quebrar” uma editora, ao ter amplos poderes para arbitrar a indenização. A biografia de Garrincha só voltou a circular mediante um volumoso acordo, e sem nenhuma condenação. Com o pagamento realizado, nem a capa ou muito menos o conteúdo voltou a preocupar as herdeiras. O fato é que a atual lei brasileira permite, singularmente, que se instaure um balcão de negócios, arbitrariedades e malversações.

Sei que Chico discorda da capa que escolhi pessoalmente para o livro do Ruy Castro. Estrela solitária termina com o triste fim do jogador, isolado e alcoólatra. Julguei que não devia, como editor, publicar um livro com tal força dramática colocando Garrincha com as mãos erguidas junto às pombas da Praça de Milão, foto que, aliás, teria sido a escolhida pelo autor. Aceito o julgamento público, confiante de que segui critérios editoriais corretos. O oposto significaria fugir da história para proteger a imagem de um ídolo nacional.

Pela lei vigente, os herdeiros se transformam em historiadores, editores e, desculpe-me, censores, sim. A foto que utilizamos foi retirada de arquivos públicos e, se não me falha a memória, havia sido previamente publicada em jornal. Existia uma muito pior para o Garrincha, capa de um jornal importante, com o ídolo desfilando no Carnaval, em carro alegórico, completamente entregue ao álcool. A família na época permitiu o desfile e a aparição do jogador na avenida. De quem é a culpa, então?

Quem ajuda a moldar a vida e a cultura de um país, seja no futebol, na música ou na política, tem, desde sempre, menor controle de sua vida pública. Sempre foi assim, de Cleópatra à Maria Callas, passando por Getúlio Vargas e pelos ídolos do iê-iê-iê. A defesa da privacidade no mundo contemporâneo deveria nos unir, mas o custo que a lei brasileira cobra é inaceitável, é muito pior.

Espero que um dia escritor e editor se juntem na defesa das duas causas: a da liberdade de expressão necessária para a nossa profissão, e a da privacidade possível no mundo atual. O “Procure saber” escolheu o vilão errado e ofendeu os profissionais do livro ao defender a permissão apenas da publicação gratuita dos livros pela internet, apresentando editores e escritores como argentários e pilantras profissionais. Além do Chico Buarque, Gil e Caetano foram publicados com muita honra pela Companhia das Letras e me conhecem bem.

Agora, que o pagamento à família de Garrincha justificado pela fragilidade das leis brasileiras de defesa da liberdade de expressão foi indevido, sem dúvida nenhuma foi. E que divergências não abalam amizades como as que tenho com Chico Buarque e Caetano Veloso, é certeza e nunca esteve em discussão.
 
estrela publicou hj a tarde no facebook:

ESCLARECIMENTO À IMPRENSA
Herdeiras de Paulo Leminski esclarecem questões sobre as obras O Bandido que sabia Latim e Passeando por Paulo Leminski

(Curitiba, 17 de outubro de 2013) - Paulo Leminski chegou à projeção que existe hoje graças a diversas iniciativas que promovem a obra do artista. Cabe às herdeiras, Alice Ruiz, Aurea Leminski e Estrela Ruiz Leminski, tratar de questões editoriais das obras e também diversos projetos (exposição, peças teatrais, filme, documentário, discos, acervo digital, etc.) nos quais colaboram direta ou indiretamente. Juntas, mãe e filhas têm o direito por lei de serem consultadas em qualquer projeto ligado ao Paulo Leminski que venham a prover lucro a terceiros.
Em resposta às recentes publicações sobre a não-autorização da quarta edição da biografia O Bandido que sabia Latim, do jornalista Toninho Vaz, e do livro Passeando por Paulo Leminski, do autor Domingos Pellegrini, as herdeiras de Paulo Leminski se posicionam:

“O Bandido que Sabia Latim”, Toninho Vaz
Há 14 anos propusemos para o jornalista Toninho Vaz, amigo pessoal da família, escrever a biografia O Bandido que sabia Latim. Desta obra, que tem como base uma entrevista de 120 laudas de Alice Ruiz, além de diversos esclarecimentos por telefone e e-mail, nunca fez parte do acordo o recebimento de direitos autorais e só lemos a versão final quando já estava publicada. Depois de três edições, em 2009 a obra saiu de catálogo por anos por um desentendimento entre o escritor e a editora Record. O rompimento do jornalista com a editora anulou o contrato que continha a autorização das herdeiras para a publicação da obra.

Primeira violação dos direitos das herdeiras
Logo depois do lançamento do livro Toda Poesia fomos surpreendidas com notícias sobre a reedição da obra O Bandido que sabia Latim através da Editora Nossa Cultura. Tivemos conhecimento do fato, quando a editora, por precaução, nos procurou para confirmar se havíamos autorizado uso das imagens e dos poemas para a nova edição. Nessa altura, as negociações para publicação estavam bem adiantadas: Toninho Vaz já havia assinado o contrato com a editora assumindo a responsabilidade de possuir autorização para a publicação de todo conteúdo da obra e chegou a receber um adiantamento da editora, o qual teve que ser devolvido por descumprimento de cláusula contratual.

Segunda violação dos direitos das herdeiras
Quando o escritor ofereceu a obra à Nossa Cultura seria para uma reedição sem alteração do conteúdo já publicado. Porém, na fase de revisão, Toninho Vaz solicitou que um parágrafo fosse incluído no livro e foi quando a editora nos procurou para informar da modificação na obra original.
O ‘novo trecho’ tratava do detalhamento das condições da morte (suicídio) do irmão de Paulo, Pedro Leminski, fato que, acreditamos, não contribui para elucidar a personalidade e obra do biografado. Além disto, não concordamos com a atitude de explorar fatos trágicos.
Foi quando, então, diante destes dois episódios que desrespeitam nosso direito de sermos consultadas em qualquer projeto ligado ao Paulo Leminski que venham a prover lucro a terceiros, que decidimos não assinar a autorização à publicação da obra. Isto aconteceu em junho de 2013, no entanto, somente no início de outubro tornou-se público quando Toninho Vaz passou a noticiar à imprensa a não-autorização, omitindo parte dos acontecimentos como a inclusão de novo trecho na obra (matéria veiculada dia 12 de outubro de 2013, no http://www fabiocampana com br, que, após nosso contato, foi alterada).
Ainda através da imprensa, Toninho Vaz afirmou que aprofundar o tema (o novo trecho incluso) não era morbidez (matéria veiculada dia 12 de outubro de 2013, Folha de São Paulo) e buscou ‘forjar’ um conflito que inexiste entre a família, alegando que - por telefone - Elly e Ellynha Leminski estariam contrárias a nós (matéria veiculada dia 12 de outubro de 2013, O Globo).

“Passeando por Paulo Leminski”, Domingos Pellegrini
Em decorrência do distrato da editora Nossa Cultura com Toninho Vaz no afã de haver mais relatos sobre Paulo Leminski, propusemos para o escritor Domingos Pellegrini criar uma nova biografia. Mas no meio do processo, Pellegrini recuou e rompeu o acordo com a editora. Dois meses depois, fomos informadas pela editora Record que ele havia iniciado um outro livro, de relatos, o qual recebemos para análise em meados de julho de 2013 – época que coincidiu com o a montagem da exposição Múltiplo Leminski, em Foz do Iguaçu. Nossa ‘relativa’ demora em responder Pellegrini sobre a obra recebida fez com que ele nos ameaçasse causando um constrangimento e, ao único movimento que Alice fez para conversar sobre o livro, Pellegrini não respondeu:

Trecho do e-mail enviado por Alice Ruiz para Domingos Pellegrini em 05/10/2013
“A ênfase no álcool, sua leitura de uma ‘precariedade’ de bens em nossa casa (você nunca ouviu falar em contra-cultura?) as observações exageradas sobre ‘falta de banho’, que corresponde a um período de maiores excessos, mas que foi superada, enfim, tudo isso serve para criar uma imagem bem negativa do Paulo em contraponto à sua, que aparece como O interlocutor por excelência e cheio das qualidades que supostamente ‘faltavam’ a ele. (…) Achamos – nós três - que se você estiver disposto a ‘ressuscitar’ o Dinho, aquele cara que era amigo do Paulo, deixando o ego de lado, e revendo essas questões, o livro merece ser publicado. Caso contrário, não poderemos autorizar, nem a publicação das imagens e nem a publicação dos inúmeros textos dele. (...)”



EM SUMA
1. Não houve qualquer ação judicial para impedir a publicação das referidas biografias;
2. Houve um mero comunicado encaminhado à editora Nossa Cultura declarando que os familiares não autorizavam a publicação;
3. A não autorização se dá por dois aspectos:
a) Pela ausência de autorização expressa aos escritores para inclusão de imagens e poemas de Paulo Leminski, direitos pertencentes às herdeiras, garantidos pela Lei de Direitos Autorais;
b) Pela inclusão de trechos nas biografias que violam a intimidade e honra do poeta, bem como da própria família, direitos personalíssimos assegurados constitucionalmente;
4. A Editora Nova Cultura e Editora Record não criaram óbices à oposição das herdeiras, sendo que apenas os escritores estão se insurgindo em relação à decisão;
5. Nós estamos e sempre estivemos abertas ao diálogo e acreditamos que esse é o melhor caminho para qualquer questão, em especial quando se trata da memória de alguém que não está aqui para se posicionar a respeito.

Sem mais para o momento, lamentamos que a falta de diálogo pessoal tenha vindo à imprensa, em um momento que a memória de Leminski e a difusão de sua obra, que é o que efetivamente o torna o artista fundamental que é, estão em franca ascensão graças às diversas ações da família, amigos, fãs e estudiosos de todo país.
 
Desculpem, mas não sei quem é esse "Lemming"... e se continuar assim, acho que qualquer importância cultural que ele tenha tido, também vai ser enterrado junto com ele no esquecimento.

(comentário a esmo, porque meu e-mail disse que valinor mudou de casa)
 
Você compraria uma biografia de Chico Buarque escrita por Chico Buarque?

Em artigo publicado quarta-feira no jornal “O Globo”, Chico Buarque fez uma acusação seríssima ao pesquisador Paulo César de Araújo: segundo Chico, Araújo teria mentido ao dizer que o havia entrevistado para a biografia de Roberto Carlos.

“[...] Me disseram que a biografia é a sincera homenagem de um fã. Lamento pelo autor, que diz ter empenhado 15 anos de sua vida em pesquisas e entrevistas com não sei quantas pessoas, inclusive eu. Só que ele nunca me entrevistou.”

Araújo rapidamente esclareceu: ele havia, sim, entrevistado Chico, em março de 1992. E publicou as fotos para provar.


No dia seguinte, Chico pediu desculpas. Havia esquecido que concedera a entrevista.

Normal. Erros acontecem. Não é fácil lembrar um episódio ocorrido mais de 20 anos antes.

Mas Chico poderia ter evitado o mico se fizesse o que qualquer curso de jornalismo ensina: checar a fonte. Bastaria uma ligação para Araújo.

Por que Chico errou tão feio?

Talvez pelo menos motivo que levou Djavan a escrever, também em “O Globo”, outra afirmação no mínimo questionável: a de que editores e biógrafos “ganham fortunas”.

De onde Djavan tirou tal informação? Qual a fonte? Será que o compositor poderia dar ao menos UM exemplo de biógrafo brasileiro que ficou rico com seu trabalho?

Sugiro a Djavan ler dois textos: o relato de Mário Magalhães, autor de “Marighella”, sobre o prejuízo financeiro que teve com a extensa pesquisa para o livro, e o relatório “Retratos da Leitura no Brasil” do Instituto Pró-Livro, publicado em 2012. Este documento traz alguns dados que poderiam ter levado o compositor a pensar duas vezes antes de decretar a riqueza de biógrafos:

- Brasileiros lêem, em média, quatro livros por ano, mas terminam apenas 2,1 livros. Isso inclui livros escolares.

- 75% dos brasileiros nunca pisaram numa biblioteca.

- A Bíblia é o livro mais lido no Brasil, seguido por livros didáticos, romances, livros religiosos, contos e livros infantis. Não há sinal, na lista, de livros biográficos.

Talvez Chico e Djavan tenham errado porque não se deram ao trabalho de checar a informação que estavam divulgando.

É curioso que artistas que brigam pela censura prévia a biografias e pelo poder de decidir quem não escreverá sobre eles, pareçam tão pouco preocupados com a checagem de fatos.

Em seu livro de memórias, “Verdade Tropical”, Caetano Veloso elogia o filme “À Meia-Noite Levarei Tua Alma”, de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Caetano diz que o nome do cineasta foi tirado de José Mojica (1896-1974), um frade mexicano que fez fama nos anos 50 cantando canções sentimentais.

Errado: nosso José se chama José porque sua mãe, Carmen Mojica, era devota de São José.

Na mesma página, Caetano chama José Mojica Marins de “estreante independente”.

Errado de novo: “À Meia-Noite Levarei Tua Alma” foi o quarto longa-metragem de Mojica.

Não são erros graves, mas são erros, que poderiam ter sido evitados com um mínimo de rigor na apuração.

Não estou dizendo que jornalistas não erram. Erramos sim, e muito, especialmente nessa época de encolhimento de equipes nas redações. E nada pior para a credibilidade de um jornalista que divulgar uma notícia falsa ou errada. É um desserviço.

Mas a solução para diminuir os erros não é controlar a informação, como defendem Chico, Caetano, Djavan e os outros integrantes do grupo Procure Saber, mas democratizá-la. Ninguém tem o direito de controlar a História.

Nossas livrarias não oferecem biografias decentes de Pelé, Xuxa, Maluf, Raul Seixas ou Sílvio Santos. Não temos uma biografia sequer de Roberto Carlos, o maior popstar que o Brasil já teve (quer dizer, teríamos, se o próprio Roberto não a tivesse censurado). Deveríamos, sim, ter quinze, vinte, trinta biografias do Rei, todas disputando para ver qual é a melhor e mais completa.

Escrever a verdade dá trabalho. Demanda tempo e determinação. Por isso, biografados deveriam incentivar a busca pela verdade, facilitando e auxiliando o trabalho de pesquisadores, e não iniciar uma cruzada obscurantista para impedi-lo.
 
Última edição:
bruce, copia e cola o texto da notícia em quote. especialmente quando for da folha, que tem limite de visualização* e talz. tem o problema também de eventualmente no futuro o link ficar quebrado e aí seu post não fará o menor sentido para quem chegar aqui =/

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* sim, eu sei que dá para abrir em janela anônima, mas nem todo mundo sabe disso.
 
vontade de vomitar cada vez que vejo algo dessas herdeiras do rosa. são malucas. a pira delas é em tirar a aracy da vida do rosa, fazer de conta que não existiu. detalhe é que tudo que o rosa fez de relevante como escritor foi quando já vivia com a aracy. aargh :x
 
vontade de vomitar cada vez que vejo algo dessas herdeiras do rosa. são malucas. a pira delas é em tirar a aracy da vida do rosa, fazer de conta que não existiu. detalhe é que tudo que o rosa fez de relevante como escritor foi quando já vivia com a aracy. aargh :x

Pois é, e isso me deixa puto também. É como se elas tivessem uma tal raiva da segunda esposa do pai que não podem nem ouvir o nome dela, querendo excluí-la da História. Aliás, tem uma biografia sobre ela, não? Que fala sobre como o Rosa se apaixonou por ela e como os dois ajudaram a salvar vários judeus da perseguição nazista. (Será que até na biografia da Aracy deram pitaco?)

EDIT: Olha o que eu acabei de achar sobre o tema:

"A mulher mais importante da vida de Guimarães Rosa foi minha mãe, que lhe deu duas filhas"
 
Pois é, e isso me deixa puto também. É como se elas tivessem uma tal raiva da segunda esposa do pai que não podem nem ouvir o nome dela, querendo excluí-la da História. Aliás, tem uma biografia sobre ela, não? Que fala sobre como o Rosa se apaixonou por ela e como os dois ajudaram a salvar vários judeus da perseguição nazista. (Será que até na biografia da Aracy deram pitaco?)

EDIT: Olha o que eu acabei de achar sobre o tema:

"A mulher mais importante da vida de Guimarães Rosa foi minha mãe, que lhe deu duas filhas"

Só de olhar a foto da cidadã e ver ela dizendo que vai ter "... Guimarães Rosa" na lápide dela, dá vontade de gritar IT'S SHOTGUN TIME!
 

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