Balbo Bolseiro disse:
Eu não vejo qual é a diferença de ter sido a 200 ou 5000 anos atrás, mas o que você disse está certo (Mozart não era alcoólatra, a propósito). Uns superam as dificuldades, outros se degeneram.
Balbo... você está desconsiderando um negócio importante: a escolha tem de ser do garoto.
Claro que a abertura de caminhos para ele é importante, mas quanto será que é escolha dele próprio ou que ele PENSA que é escolha dele?
Tipo, hoje em dia as pessoas escolhem caminhos para "ser feliz" que normalmente implicam em "ter sucesso". Isso todo mundo sabe, né? Mas então... quando tentamos aplicar a nós mesmos: conseguimos ver o mesmo tipo de obscessão que diagnosticamos no resto do mundo?
Eu por exemplo... volta e meia me pego "poxa, a lara já é professora no ITA e a patty no mackenzie", como se O CAMINHO de minhas amigas tenha de ser efetivamente bom também para mim. Não é muito diferente de pessoas que ficam amargas porque o resto dos amigos casou e só fulano ficou para solteirão, percebe?
Mas voltando ao garoto...
Pode ser que ele seja um autista, como outro prodígio com memória fotográfica que apareceu num documentário semana passada, Pode ser que ele seja como Rainman, e fique feliz no seu mundo, ou pode ser que ele queira ter ligações com as pessoas, como o menino que ganhou o jogo do colégio e até conheceu George Bush (não que isso seja coisa boa, mas...)
Imagine que ele seja apenas Rainman. Então que ótimo porque independente de conseguir se relacionar com as pessoas, ele está fazendo o que gosta. E mesmo que elas fiquem "enchendo o saco" ele não se conecta e não liga para a amolação, e por isso ele não vai se "encher" da coisa que gosta, por causa de outro fator que não tem nada a ver com a atividade que escolheu. (como a pessoa que diz que gosta de cantar, mas que desiste por conta da tietagem, ou da pessoa que gosta de algo mas que fica "entediado" quando vira "rotina")
Mas e se a inteligência dele foi a forma que descobriu para atrair atenção e simpatia das pessoas? A admiração e amor das pessoas? (incluindo pai e mãe)
Entenda que em termos emocionais, somos todos bebês: tentamos desde que nascemos chamar atenção, no começo para sobrevivência, e depois com o desenvolvimento do afetivo/emotivo... bem, também para sobrevivência porque aprendemos a "precisar" amar e ser amado, cuidar e ser protegido, e isto é essencial para a sobrevivência de animais sociais (elefantes, gorilas, etc).
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Então estamos falando de um menino prodigioso. Se no mundo moderno, tornou-se obrigação da sociedade proteger crianças "comuns", carente e marginalizadas, para que desabrochem e sejam "úteis" por muitos anos, no caso dos prodígios então seria lícito nos omitirmos porque que ele tem uma "vantagem" em relação aos outros? (Violência doméstica, é menos pior quando acontece dentro de uma família rica?)
Chamo atenção para esse cuidado é necessário, para que o dom realmente seja uma benção e não uma maldição para A VIDA DO PRÓPRIO INDIVÍDUO. Pois decerto que ganhamos muito com Mozart, mas e o próprio Mozart?
Sim, ganhou a imortalidade fama eterna... mas era isso mesmo o que Mozart queria, ou o que ele PENSOU que queria?