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Espere a Primavera, Bandini (John Fante)

Acabei de terminar este livro e pensei, tenho que indica-lo aqui!

Conforme eu ia lendo fui identificando em como ele me lembrava um de meus filmes preferidos, NÓ NA GARGANTA (The Butcher Boy).

A narrativa do Fante é simples, ora tornando personagens diferentes em principais..... ora vc acha que é um livro sobre Svavo Bandini (o Pai), ora é um livro sobre Arturo Bandini (o Filho), ora é um livro sobre Maria Bandini (a Mãe)... mas no fundo é um livro sobre a vida de pessoas comuns, que enfrentam seus dramas pessoais da forma que conseguem.

Amei o livro.... recomendo.... LEIAM!
 
Esse Bandini é a personagem do Pergunte ao Pó? Sabe que eu morro de curiosidade de ler John Fante, mas vejo tão pouca gente comentando que acaba sobre esquecendo na hora de fazer a lista de livros para comprar =S
 
Éo mesmo Bandini, John Fante está pra Bandini como Bukowiski está pra Chinaski!

Quero ler o Pergunte ao Pó agora que terminei este livro
 
É inverno em Rocklin, Colorado. “Ele veio, chutando a neve funda”. Svevo Bandini. É assim que John Fante começa Espere a primavera, Bandini. O título, juntamente com a primeira frase, sintetiza a idéia a ser transmitida nas 204 páginas seguintes: os passos difíceis numa vida de pobreza e a vontade que não esmorece pela esperança no amanhã.

Espere a primavera, Svevo Bandini – Svevo é o pai de Arturo. Italiano, pedreiro, detesta o inverno, pois a baixa temperatura congela a argamassa, fazendo os serviços de alvenaria desaparecerem. A pobreza, de todas as estações, é mais gritante nessa época. Culpa-se por não conseguir dar uma vida melhor à família e distribui essa culpa entre Deus e os homens: à sogra, que expõe sua miséria; à casa, que não é sua; ao banqueiro a quem frequentemente tem que explicar os seus atrasos; ao dono do armazém; à má sorte no carteado do Salão de Bilhar Imperial; a Deus, o Dio Cane.
Há também o preconceito sofrido por ser italiano. Svevo se diz cidadão americano, membro do sindicato dos pedreiros, tentando diminuir a aversão através de um processo simples de negação. Fante, no entanto, descreve em muitas passagens o seu modo de caminhar, de cabeça erguida, passos decididos, praguejando os dias em sua língua natal, como se quisesse, inconscientemente, superar o preconceito com a autoafirmação e o orgulho de seu sangue.

O relacionamento com a sra. Hildegarde, americana, rica, diz muito sobre isso. Na primeira vez em que vão pra cama, Svevo a subjuga e o ato sexual serve para reparar as injustiças, para inverter a lógica: o imigrante pobre é o conquistador, não o conquistado. Segue um trecho:

" Nenhum outro ser vivo estava naquela casa, só ele e a mulher colada nele, gritando em dor e êxtase, chorando e implorando que tivesse misericórdia, seu choro um fingimento, uma súplica pra que não tivesse nenhuma misericórdia. Ele riu o triunfo de sua pobreza e de sua rudeza. Essa viúva! (...) E quando a deixou soluçando de satisfação, desceu pela estrada com um profundo contentamento que vinha da convicção de que era dono da terra (...) não havia povo na terra igual ao italiano, aquele júbilo de ser camponês..."

Arturo vibra com a situação. Apesar do sofrimento da mãe pelo adultério, sente um orgulho sem tamanho do pai.


A primavera, para Svevo Bandini, é a melhor condição para a família, através do seu trabalho. Além, é claro, de uma grande sorte no Salão de Bilhar Imperial.

Espere a primavera, Maria Bandini - É a mãe de Arturo. Devota ao extremo, orgulha-se de ter o mesmo nome da Virgem Maria, de ter os filhos estudando em colégio católico, todos coroinhas. Um deles, August Bandini, deseja tornar-se padre o que, no seu entendimento, a aproxima ainda mais da santa. Não pariu Jesus, mas deu a luz a um servo de Deus. Idolatra o marido, Svevo. Podemos dizer que suas duas grandes muletas são o catolicismo e o matrimônio.
A primavera, para Maria Bandini, é a conservação desses apoios.

Espere a primavera, Arturo Bandini - Arturo não almeja ser escritor. Muito menos pedreiro, como o pai. Arturo quer ser jogador de beisebol. Uma estrela, líder em rebatidas pelo New York Yankees ou em arremessos pelo Chicago Cubs. Tem nesse sonho a saída para se impor e deixar pra trás o estigma de carcamano pobre, com cabelos sem corte e roupas remendadas. Nesta obra, já temos o esboço do Arturo Bandini de Pergunte ao Pó, moço da imaginação galopante, corajoso e covarde, terno e agressivo. Em suas atitudes, vemos a herança do pai, pelo contato cru com o mundo, e a da mãe, pela religião que ao mesmo tempo o condena e liberta.
A primavera, para Arturo Bandini, é a ausência de neve dos campos de beisebol, onde se encontra o passaporte para a riqueza e o sucesso junto as mulheres.

O livro trata de outros Bandini, Federico e August, irmãos de Arturo, mas de forma secundária.

Recomendo. Mesmo sendo suspeito para falar de Fante ou Arturo Bandini.
 
Espero que você goste, Lucas. Enquanto lia Espere a primavera, Bandini, a leitura transcorreu como se eu também caminhasse pela neve. Não que o livro seja difícil, enfadonho, pelo contrário. Ele é envolvente, tão envolvente que a cidade de Rocklin, no Colorado, parece ser ali na esquina.
Fora os personagens. Svevo Bandini é cativante por todos os seus modos rústicos. Sem falar do Arturo... dia desses, insone na madrugada, ligo a TV e está passando um jogo de beisebol. Fiquei assistindo, mesmo sem saber nada sobre as regras. Tentei captar a "sutileza" do jogo, como diz Arturo. Influências de John Fante.
 

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