Kerdied disse:
Pois já ouvi alguns casos de uma filha prescisar de sangue e os pais não autorizarem a transfusão por serem testemunhas de Jeová.
Os pais fazem o que acham melhor para seus filhos... Isso pode parecer um tanto estranho, mas creio que a resposta não pode ser outra. Não pense que seja uma decisão fácil. Ter um filho entre a vida e a morte e, ainda assim, manter a fé na sua crença, sem se revoltar com Deus por estar impondo um destino tão cruel a um ser tão amado, é uma questão tão desesperadora que só cabe aos pais.
Sempre há aquela idéia de que Deus impõe dificuldades para testar nossa fé e fidelidade a Ele. Desta forma, a morte é tida como uma comprovação da fé em Deus. Cruel? Sem dúvida que sim, mas a decisão só cabe a quem passa por tal situação já que envolve a crença pessoal.
Uma coisa eu posso dizer para trazer alívio, não só a vc Kerdied, mas a muitos usuários desse fórum. A medicina tem evoluído muito, de modo que, hoje há substâncias que substituem com sucesso a transfusão em grandes cirurgias e tratamentos. Felizmente, esses avanços faz com que hoje as Testemunhas de Jeová não tenham de viver esse dilema. Por exemplo, posso citar três casos conhecidos de amigos de minha família.
1. Uma garotinha de 12 anos, cujos pais são Testemunhas de Jeová, sofre de uma doença grave que faz com seu organismo não produza plaquetas o suficiente, prejudicando o processo de coagulação do sangue. O tratamento mais usado nesses casos é a transfusão, mas seus pais se apoiaram em estudos de um novo tratamento desenvolvidos nos EUA. O tratamento consiste em usar substâncias que substituem a transfusão, até que o organismo comece a produzir, por si mesmo, plaquetas. Esse tratamento vem se mostrando até + eficaz que a transfusão, já que a inserção do sangue de outra pessoa pode ter efeitos colaterais no paciente e ainda, o sangue pode ser rejeitado pelo organismo do doente a certa altura do tratamento. Hoje, apesar de ainda estar sob tratamento, a guria está bem e seu corpo está començando a produzir plaquetas.
2. Uma mulher, tb Testemunha de Jeová, precisa se submeter a uma cirurgia no coração de peito aberto. Ou seja, em um procedimento de 5 horas o peito será aberto, costelas cerradas e o coração operado. Anos atrás, essa cirurgia seria impossível de se fazer sem transfusão. A solução foi proposta pelo médico de duas formas: a) Ela poderia ser sua própria doadora de sangue, doando seu sangue, que seria guardado para ser colocado nela durante a cirurgia; b) Outra opção era usar Expansores do volume de plasma (não tenho certeza de como se dá o funcionamento dessa substância, por isso prefiro apenas citá-la). A paciente resolveu optar pelas duas opções. Para surpresa dos médicos, os expansores foram eficazes a ponto dela não precisar nem da aplicação do seu próprio sangue.
3. Meu pneumologista afirma que opera, sem o uso da transfusão de sangue, o paciente que assim prefere e assina o termo de responsabilidade atestando sua vontade
Esses tratamentos, digamos, alternativos estão a disposição não só das Testemunhas de Jeová, mas de qualquer um, visto de os expansores existem nos hospitais e nem são usados. Outras substâncias que substituem o sangue são: dextran, a solução salina ou de Ringer, ou o hetastarch (hidroxietila de amido). Em vista de tantas alternativas, deviamos mudar a pergunta, afim de se saber por que os médicos insistem tanto no uso do sangue qd outras substâncias podem substituir a transfusão.