Dando uma volta pela Livraria Cultura dei de cara com "Delírios Cotidianos", título que só havia ouvido falar em lendas urbanas, aquelas que dizem que um primo-irmão do amigo do sobrinho de terceiro grau de seu tio-avô viu num sebo no interior do Suriname num dia de chuva.
"Delírios Cotidiano" traz para o mundo dos quadrinhos 8 contos escritos por Bukowski. Adaptados pelo quadrinista alemão Mathias Schultheiss, esses contos ganham uma nova dimensão narrativa, não apenas por causa da linguagem dos quadrinhos, que consegue condensar as idéias e dizer o indizível, mas também porque os desenhos de um autor conseguiram traduzir visualmente o que o outro colocou em seus textos.
Os desenhos do Mathias Schultheiss são incríveis. Por que? Difícil explicar. Por que o céu é bonito? Porque é azul? Ele só é azul por causa do oxigênio. Mas, mesmo assim, o céu é bonito.
O que o Schultheiss faz com a pena é teoricamente simples: ele traça contornos, e depois coloca várias camadas de detalhes. Hachuras, pontinhos, risquinhos, linhas que definem músculos, veias e pele. Seus riscos não delimitam os personagens em figuras chapadas e recortadas: esculpem pessoas vivas no papel, cheias de rugas, cabelo, pêlos, e todos os detalhes nojentos que fazem de uma pessoa uma pessoa. Ele não desenha ninguém bonito, ou sublime, ou suave: todo mundo parece sujo e vil, usado, amassado, gasto, cansado, pobre, amargurado, meio burro. Os lugares que sua pena descreve são duros, ásperos e humilhantes, sempre claros demais ou escuros demais, quentes demais ou frios demais. Como a vida real.
"Delírios Cotidiano" traz para o mundo dos quadrinhos 8 contos escritos por Bukowski. Adaptados pelo quadrinista alemão Mathias Schultheiss, esses contos ganham uma nova dimensão narrativa, não apenas por causa da linguagem dos quadrinhos, que consegue condensar as idéias e dizer o indizível, mas também porque os desenhos de um autor conseguiram traduzir visualmente o que o outro colocou em seus textos.
Os desenhos do Mathias Schultheiss são incríveis. Por que? Difícil explicar. Por que o céu é bonito? Porque é azul? Ele só é azul por causa do oxigênio. Mas, mesmo assim, o céu é bonito.
O que o Schultheiss faz com a pena é teoricamente simples: ele traça contornos, e depois coloca várias camadas de detalhes. Hachuras, pontinhos, risquinhos, linhas que definem músculos, veias e pele. Seus riscos não delimitam os personagens em figuras chapadas e recortadas: esculpem pessoas vivas no papel, cheias de rugas, cabelo, pêlos, e todos os detalhes nojentos que fazem de uma pessoa uma pessoa. Ele não desenha ninguém bonito, ou sublime, ou suave: todo mundo parece sujo e vil, usado, amassado, gasto, cansado, pobre, amargurado, meio burro. Os lugares que sua pena descreve são duros, ásperos e humilhantes, sempre claros demais ou escuros demais, quentes demais ou frios demais. Como a vida real.