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Curitiba tem bares em atividade desde o início do século XX

Brunno Zenni

Usuário
[h=2]Fundado em 1904, o Bar Stuart é o mais antigo em atividade na cidade.
Casa Velha (1928) e Bar Palácio também integram lista da velha guarda.[/h]
“O Rio é o mar. Curitiba, o bar”. A frase é do já falecido poeta curitibano Paulo Leminski e retrata, além do posicionamento geográfico das duas capitais, um costume peculiar de lazer de curitibanos em qualquer tempo – o bar. Leminski, aliás, era um dos frequentadores mais recorrentes do Bar Stuart, o mais antigo em atividade na cidade e referência de longevidade no setor.
Se o Stuart, fundado em 1904, ostenta o título de mais antigo, pelo menos outros dois estabelecimentos que datam do primeiro terço do século XX também permanecem abertos ao público, que se renova, mas aprecia as tradições dos veteranos do ramo. São eles: o Casa Velha (1928) e o Bar Palácio (1930).
À exceção do Casa Velha, localizado no bairro Abranches, região norte de Curitiba, os outros estão no centro da cidade. Reflexo de uma capital que teve no eixo central o seu desenvolvimento.


Bar Stuart
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Aberto desde 1904, o Stuart é comandado há 61 anos pelo italiano Dino Chiumento, de 75, que chegou ao Brasil em 1949 e se considera satisfeito pela vida passada atrás do balcão. O bar nem sempre ficou no mesmo local, tendo passado por duas sedes até que se fixasse na esquina da Praça Osório com a Alameda Cabral em 1954, já sob administração de Dino.

O italiano começou a trabalhar no Stuart aos 14 anos, e quando surgiu a oportunidade de adquirir o estabelecimento, em 1975, não hesitou. "O último dono que teve ficou doente e disse que iria vender. Ele virou para mim e para o cunhado dele e disse: ‘Se vocês não comprarem vou vender para outro’. Aí nós compramos”, contou.
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Desde então, o bar passou por poucas mudanças, muito por conta do apreço dos clientes pelas tradições do lugar. Dino lembra que até tentou empreender uma mudança das mesas de madeira por outras de fórmica branca em 1977, mas o protesto dos fiéis frequentadores foi veemente. “De tanto a freguesia reclamar, trouxe tudo de volta, tudo antigo. Eles falavam que parecia lanchonete de hospital. Tudo branco”, disse.
Além de Leminski, que tinha mesa cativa na entrada do bar, outros artistas, jornalistas e políticos de renome passaram (e ainda passam) pelas mesas do Stuart. Esse, segundo Dino, é um dos motivos pelo qual o bar sobreviveu por tanto tempo, sempre atraindo grande público. Em uma cidade onde as figuras políticas não se renovam com facilidade, é normal que nas mesas do Stuart fossem tratados assuntos referentes ao tema, seja em forma de discussões, planejamentos, uniões, e até mesmo alguns encontros inesperados.
Dino lembra que era comum que em determinada época os ex-governadores Jaime Lerner e Roberto Requião, clientes assíduos e adversários políticos, evitassem se encontrar. “Eu via que vinham os seguranças do Lerner, olhavam, e dali a pouco vinha ele. Se o Requião estivesse aqui ele não vinha”, lembrou.


Um dos chamarizes do Stuart, e segundo Dino o prato mais vendido do bar, são os testículos de touro. A ideia foi de um fazendeiro do interior do estado, que levou 10 kg da exótica carne para os clientes experimentarem. “Nós não contamos o que era e o pessoal adorou, quando vieram perguntar só que nós contamos”, lembra o italiano, que admite nunca ter provado a receita, servida à milanesa, ao molho, e ao alho e óleo.
Em 2008 Dino resolveu vender grande parte dos seus direitos sobre o bar. Ele fez questão de manter uma pequena porcentagem, que o motiva a permanecer atrás do balcão, mas tira o peso acumulado dos anos de trabalho. “Foi uma vida aqui dentro, não tem como largar de repente assim, a gente sente”, afirmou.


Casa Velha
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Não é apenas o nome. Desde 1928 o bar está na mesma casa de madeira do bairro Abranches, ao lado do cemitério da região. Esse, aliás, é uma das razões pelas quais os clientes antigos seguem frequentando o bar, de acordo com o atual proprietário, Aluísio Fernando Mickosz. O Casa Velha foi aberto por um primo do pai de Aluísio, mas a administração familiar passou por um hiato até 1991.

José Mickosz ficou apenas três anos com o bar. Uma família do bairro tocou o estabelecimento por cerca de 40 anos, até que também o passaram adiante. O bar ainda trocaria algumas vezes de mãos até que, por acaso, surgiu a oportunidade para que o Casa Velha voltasse a ser da família Mickosz. “Eu era frequentador da Casa e um dia estava passando aqui em frente quando o proprietário me parou e perguntou se eu não queria comprar o Casa Velha. Jamais tinha sonhado em trabalhar em um bar.”
A administração do Casa Velha é essencialmente familiar. Além de Aluísio e a esposa, três sobrinhos, a irmã, uma prima e a mãe também fazem parte da equipe que toca o Casa Velha. Um fator que, segundo o dono, agrada a clientela e cria vínculos. “O atendimento familiar conta muito, esse é o diferencial. As pessoas falam que vêm aqui por causa da nossa família”, afirmou.

É bem verdade que o bar mudou de perfil, principalmente nos últimos três anos, quando passou a ser premiado em concursos de gastronomia, o que trouxe clientes de outras regiões da cidade. Ainda assim, Aluísio garante que há espaço para todos. Ou quase, já que planeja a abertura de uma filial da casa no município de Almirante Tamandaré, nos mesmos moldes.


Palácio
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Nem o Palácio do Governo Estadual, tampouco o Bar Palácio, permanecem hoje em dia na Rua Barão do Rio Branco, onde um dia já foram vizinhos. A antiga proximidade é o motivo do nome do estabelecimento comandado pelo espanhol José Fraguas López, ou Pepe, ter recebido esta nomenclatura em sua inauguração, em 1930.

Pepe tem apenas dois anos a menos que o Palácio, 79, e começou a trabalhar cedo no balcão, com 23. A oportunidade de adquirir a propriedade viria sete anos mais tarde, em 1962, quando o sogro do espanhol, Antonio Umea, que havia comprado o bar em 1945, faleceu. Desde então, López toca o Palácio com rigidez e uma série de normas, que, segundo ele, foram fundamentais para a sobrevivência do bar.
A mais polêmica delas ocorreu em 1985, quando cansado de ver seus clientes sendo seduzidos por prostitutas do centro da cidade, proibiu a entrada de mulheres desacompanhadas no Palácio. A medida causou desconforto entre o movimento feminista, que se pôs em protestos à frente do bar, além de acionar Pepe na Justiça. Processo que o espanhol venceu, e relata com orgulho. “Eu não soneguei mercadorias, eu soneguei serviços. O juiz chamou as feministas e disse: ‘Quem manda no estabelecimento é ele, quem dita as normas lá é ele’”.
Outra norma que ainda vigora no estabelecimento é a proibição da venda de bebidas alcoólicas no balcão, sem que haja consumo também de alimentos. Pepe garante que a medida é para evitar confusões com bêbados, mas também serve como forma de estimular o consumo do carro-chefe da casa: o churrasco. “Tem o churrasco, o filé mignon, o frango. A gente faz aquele frango à crapudine, que leva 45 minutos para ser assado na grelha e fica a 35 centímetros do fogo para não queimar. Até hoje eu não achei um concorrente para bater esse frango”, afirmou.


Tais características dão um ar quase de restaurante ao Palácio, conhecido por ser reduto histórico de jornalistas. Estes utilizavam o bar com frequência, não apenas para o pós-expediente, mas também durante ele. “Três repórteres policiais se reuniam aqui. Cada um ia para uma delegacia buscar as ocorrências e depois repartiam as notícias aqui na mesa do bar”, lembrou.
Apesar de satisfeito com a trajetória à frente do Palácio, Pepe pensa que o fim do duradouro relacionamento está próximo do fim. Para tanto, já planeja a venda do estabelecimento. “A rotina é muito cansativa”, afirmou.

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Serviço
O Bar Stuart fica na Praça General Osório, 427, Centro.
Abre de segunda a sexta, das 9h às 23h. Sábados, das 9h às 20h. Domingo, das 11h às 15h.
(41) 3323-5504

O Casa Velha fica na Rua Mateus Leme, 5981, Abranches.
Abre de segunda a sexta, das 15h à 1h. Sábados, das 10h à 1h.
(41) 3354-4050
O Bar Palácio fica na Rua André de Barros, 500, Centro.
Abre de segunda a quinta, das 19h à 1h30. Sextas e sábados, das 19h às 3h.
(41) 3222-3626



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