O Galo foi Galo. O Corinthians foi galinha
Juca Kfouri 15/10/2014 23:50
O primeiro tempo no Mineirão começou como todos os corintianos sonhavam: logo aos 4 minutos fez o gol que obrigava o Galo a fazer quatro.
Num chutão de Fagner, Guerrero ganhou de Jemerson e chutou cruzado, sem chance para Victor.
Mas o primeiro tempo tempo no Mineirão acabou como todos os atleticanos sonhavam: com o Galo precisando de apenas mais dois gols no segundo tempo para chegar às semifinais da Copa do Brasil.
Porque Luan, de casquinha com a cabeça, em passe de Guilherme, aos 23, e Guilherme, em bola desviada em Felipe, aos 31, virou para 2 a 1.
Virou porque fez por virar.
Era justíssimo, porque o Corinthians não conseguia ficar com a bola nem com a baita vantagem que havia estabelecido, levava um vareio do Galo e Cássio era o melhor dos corintianos, enquanto Guilherme esbanjava consciência e Diego Tardelli dava um show de abnegação.
O primeiro tempo terminou com o Galo muito perto, mas muito perto mesmo, de fazer o terceiro.
O Mineirão não recebia o número de torcedores que o jogo merecia e o segundo tempo prometia ser de matar.
O Corinthians, que na Copa do Brasil, já havia perdido para o Bahia e para o Bragantino, decepcionava e corria o risco de um vexame.
Para aumentar o drama mineiro, Luan voltou a sentir dor na costela e teve de sair no intervalo, substituído por Maicosuel.
Pois eis que com menos de dois minutos, Tardelli deixou Maicosuel na cara do gol e ele desperdiçou, em grande defesa de Cássio. Mas se fosse o Luan…
O Corinthians tinha dois jogadores que honravam a camisa do clube: Cássio e Guerrero, não por acaso os heróis do Mundial de 2012.
Só aos 7 minutos, enfim, como conjunto, o Corinthians deu o ar de sua graça, em jogada que culminou com arremate de Renato Augusto.
Aos 9, Josué entrou porque Leandro Donizete também se machucou no Galo.
Os paulistas conseguiam equilibrar o jogo e, aos 13, em cruzamento de Renato Augusto, quase Guerrero empata.
Era visível que o Galo diminuía sua intensidade, mas, aos 15, Josué roubou uma bola de Renato Augusto, e Carlos a mandou com violência na trave de Cássio.
Luciano, o amuleto corintiano, entrou no lugar de Malcon, que sentia a dureza do embate.
O Corinthians voltava a dar chutões, incapaz de prender a bola no seu ataque.
Um dos responsáveis por isso, o técnico Mano Menezes, aos 25, simplesmente quase impediu que Marcos Rocha batesse um lateral…
Desespero pouco é bobagem.
Aos 28, o heróico Tardelli pediu para sair e Marion entrou.
No minuto seguinte, Guilherme fez 3 a 1, em rebote da defesa corintiana.
O Galo merecia a vaga e por pouco, em dividida entre Cássio e Dátolo, não saiu o quarto gol salvador.
Faltando 10 minutos, Elias foi para o jogo, no lugar de Guilherme Andrade.
Danilo também entrou, no lugar de Renato Augusto.
Segurar a bola, fechar, usar a experiência, eis as chaves para classificar o Corinthians e, por pouco, ou melhor, por Victor, Danilo não fez o 2 a 4 em seu primeiro toque na bola, aos 37.
Quase 33 mil torcedores sofriam no Mineirão, milhões pela televisão.
E o ex-são paulino Edcarlos, de cabeça, em cobrança de escanteio pela esquerda, fez o 4 a 1, como o Galo e o Corinthians mereciam.
O quinto gol, do meio de campo, de Marcos Rocha, quase saiu, sem goleiro, porque Cássio estava no campo do Galo, mas Fagner evitou, embaixo do travessão.
Galo e Flamengo, que passou pelo América por 1 a 0, farão uma das semifinais da Copa do Brasil.
O Mineirão viveu uma nova jornada histórica que coroou dois acertos em duas apostas arriscadas: tirar o jogo do Independência e escalar Tardelli.
Porque o Galo foi mais Galo do que nunca.
E o Corinthians, desculpe, o Corinthians foi galinha.
Aliás, na saída de campo, Cássio disse que “tem jogador que não está preparado para jogar no Corinthians”.