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[COLUNA] Ateísmo, um caso de polícia

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
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Grupo de militantes ateus faz campanha perto de comício republicano em Washington (Foto: Rafael Garcia)​

UM DOS FENÔMENOS mais curiosos envolvendo religião aqui nos EUA, algo que não se observa no mesmo grau no Brasil, é o preconceito que grande porcentagem da população religiosa nutre contra os ateus. Pesquisas de opinião indicam que 55% dos eleitores cristãos não votariam em alguém de seu partido que não acreditasse em Deus. Mais da metade dos americanos também não gostaria que seus filhos se casassem com pessoas atéias.

Supor que quem não crê em Deus carece de moralidade não é uma invenção nova, mas a polarização ideológica do país parece estar exacerbando isso. O ateísmo militante, uma prática que também é menos comum no Brasil, parece ser a reação de um grupo de pessoas que vêm se sentindo acuadas. Quem não professa nenhuma fé religiosa acaba tendo que ir para a rua e fazer campanha para ser respeitado, como o grupo da associação de ateus da foto acima, que flagrei nas proximidades de um comício republicano alguns meses atrás.

Acredito que o preconceito contra ateus seja um problema menor no Brasil, um país que já reelegeu Fernando Henrique Cardoso, candidato que em eleições anteriores se recusara a declarar sua crença (ou falta de). Nas duas eleições que venceu, contou com a decência de seu adversário Lula, que não apelou para acusações religiosas durante a campanha. Não imagino isso acontecendo aqui nos EUA, onde a desconfiança de cristãos contra ateus é até maior do que contra outras religiões.

Na tentativa de entender a raiz desse preconceito na América do Norte, uma dupla de psicólogos fez um curioso experimento em Vancouver, no Canadá. (OK. O Canadá não é os EUA, mas o país possui uma pequena amostragem da cultura conservadora que os cientistas estavam estudando.)

Ara Norenzayan e Will Gervais, da Universidade da Columbia Britânica, supõem que o preconceito contra os ateus surge da crença de que quem não teme a punição divina tende a agir de maneira egoísta e inconsequente.
“Há muito tempo os ateus são alvo de desconfiança, em parte porque eles não acreditam que um Deus vigilante e julgador monitora seu comportamento”,
dizem os pesquisadores.

O experimento dos cientistas consistiu em dividir um grupo de pessoas que se declaravam cristãs em dois e exibir diferentes vídeos para cada um deles, antes de submetê-los a um questionário. Um dos grupos assistiu a um filme genérico sobre turismo em Vancouver, e o outro assistiu a um vídeo do chefe de polícia da cidade relatando a eficiência da corporação.

Esse segundo vídeo, segundo os psicólogos, servia como uma mensagem subliminar para lembrar às pessoas de que a vigilância da autoridade policial também ajuda a fazer com que as pessoas andem na linha. Em outras palavras, o filme reforçava a idéia de que os ateus não temem a punição de Deus, mas devem temer a punição do Estado contra atitudes que prejudiquem outras pessoas.

Após a exibição dos filmes, os voluntários respondiam a um questionário para dizer o quanto desconfiavam do comportamento de diversos grupos minoritários, incluindo ateus, gays, judeus e muçulmanos. O resultado foi o esperado pelos psicólogos: aqueles que tinham assistido ao vídeo do chefe de polícia eram menos inclinados a declarar a falta de confiança nos ateus.

“Lembretes sobre a autoridade secular podem, então, reduzir a desconfiança dos teístas contra os ateus”,
escreveram os psicólogos.
“Tanto os governos quanto os deuses podem encorajar o comportamento pró-social.”

Um dado curioso do estudo de Norenzayan e Gervais é que o preconceito contras judeus, muçulmanos e, sobretudo, contra os gays, não se atenuava após os vídeos. Isso reforça a interpretação dos autores sobre os resultados, pois a orientação sexual das pessoas não está sob controle do Estado.

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O LADO IRÔNICO do clima de animosidade entre ateus e teístas é que ele está deixando o ateísmo militante quase tão chato quanto o fanatismo religioso. Minha cartunista preferida, Alexandra Moraes, ilustrou isso na série "o pintinho"​

Achei o estudo interessante, mas não sei o quanto pode ser útil para combater esse preconceito nos Estados Unidos. Como ateu, acho incômodo pensar que uma pessoa só depositaria sua confiança em mim se eu estiver sob vigilância da polícia. Sei que não são todos os religiosos que pensam dessa maneira estúpida, mas é triste pensar que muitos ainda têm essa mentalidade retrógrada.

Pessoalmente, tenho impressão que o fanatismo religioso ignora um mecanismo psicológico muito mais fundamental. Quando fazemos mal a alguém, há algo que faz com que nos sintamos mal.

Nós, ateus, sentimos culpa, remorso, tanto quanto qualquer outra pessoa deveria sentir. E deixar alguém feliz faz com que nos sintamos bem. Será que o preconceito contra o ateísmo diminuiria se os teístas fossem lembrados disso?

PS. O inigualável Roberto Takata corrigiu um erro que cometi no primeiro parágrafo. A rejeição contra políticos ateus no Brasil na verdade é pior que nos EUA, atingindo 59%.

Fonte
 
Ara Norenzayan e Will Gervais, da Universidade da Columbia Britânica, supõem que o preconceito contra os ateus surge da crença de que quem não teme a punição divina tende a agir de maneira egoísta e inconsequente.
E de que vale alguém agir de maneira honesta e digna, se faz isso apenas pelo medo de ser castigada se agir de maneira contrária?
 
E de que vale alguém agir de maneira honesta e digna, se faz isso apenas pelo medo de ser castigada se agir de maneira contrária?
Mas não é assim que a maioria das crianças são educadas com relação ao que fazer e o que não fazer?

Dentro das religiões eu também não concordo com essa ideia de ser bom só para não ser castigado, mas o "temor a Deus" seria equivalente ao respeito que toda a sociedade tem para com suas leis, afinal é proibido roubar, matar, estuprar, abortar... e eu acredito que quem segue as leis não faz isso por "ser bonzinho e honrado", mas pra não ir pra cadeia.
 
O LADO IRÔNICO do clima de animosidade entre ateus e teístas é que ele está deixando o ateísmo militante quase tão chato quanto o fanatismo religioso. Minha cartunista preferida, Alexandra Moraes, ilustrou isso na série "o pintinho"

Fato. Isso se vê bastante no neo-ateísmo brasileiro: pseudo-argumentos, birra adolescente e desrespeito. Mas isso só acontece porque fanáticos religiosos parecem querer impingir alguma moralidade ao 'ser religioso' e encaram o ateu como 'imoral'. Puro preconceito.

Ok, é fato que existe uma relação íntima entre moralidade e religião, uma desenvolveu a outra ao longo dos séculos, mas a filosofia moral é independente, ela pode sim ser exercida e ensinada sem referenciais absolutos como Deus. Ética ateia, laica. Uma ética mais relativista IMO mas nem por isso imoral ou amoral.

Agora dizer que Stalin e Mao fizeram o que fizeram porque eram ateus, consequentemente, imorais é tão imbecil quanto dizer que 'a religião matou mais que o ateísmo'. Sério, duas falácias frequentemente repetidas por gente estúpida, de ambos os lados.

E eu discordo veementemente dessa visão pragmática 'sou bom para não ser castigado'. Relativismo moral.

Lembro de um post de um blog tratando da encíclica Humanae Vitae do Papa Paulo VI sobre o assunto:
Mais do que padrões morais sendo derrubados, a própria existência de verdades morais objetivas vem sendo seriamente questionada nestes tempos de “ditadura do relativismo” em que vivemos. Os princípios de bem e mal são lentamente abolidos; ao invés, adota-se cada vez mais um princípio pragmático de pensamento: as ações do homem deveriam ser pautadas não pelo que é certo ou errado, mas pelo que é útil e vantajoso para o momento. As consequências passam até mesmo dos limites toleráveis, a ponto de lermos na Internet verdadeiras “apologias” de práticas vergonhosas, como a pedofilia. Contra estes, levanta-se o profeta Isaías: “Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!” (Is 5, 20).
É uma argumentação religiosa mas que pra mim tem todo o valor do mundo, mesmo fora da esfera religiosa. Todo relativismo moral (lembrando que absoluto não significa propriamente Deus, pode existir uma verdadeira filosofia moral não-relativista e ateia) é um atentado à dignidade humana, é um rebaixamento da mesma dignidade, uma incompreensão dela, um fruto da ditadura do relativismo que eu sempre critiquei e sempre vou criticar porque esquece que a base de todas as nossas valorações é a imutável dignidade do homem.

Fugir disso é cair no niilismo.
 
Última edição:
Na minha opinião ninguém deve sair por aí levantando causa. Evangélicos devem se resumir a suas igrejas, ateus aos seus livros de ciências, espiritas a suas reuniões. Cada um deve ficar na sua, respeitando ou não, o problema é que querem sair por aí atropelando tudo.
 
Na minha opinião ninguém deve sair por aí levantando causa. Evangélicos devem se resumir a suas igrejas, ateus aos seus livros de ciências, espiritas a suas reuniões. Cada um deve ficar na sua, respeitando ou não, o problema é que querem sair por aí atropelando tudo.
O problema é ser militante, divulgar/compartilhar com as outras pessoas a sua crença/estudos científicos não faz mal a ninguém, só para aqueles que não aguentam ouvir idéias contrárias as que acredita.
 
Pois é, é dever do cristão evangelizar mas é também dever do cristão evitar proselitismo porque isso fere a liberdade do homem. Ele pode aceitar ou recusar o Cristo, e ninguém tem nada a ver com isso.

Mas pra isso alguém tem de propor o Cristo pra ele como alternativa, tem de anunciá-Lo. É isso que as Igrejas fazem, pelo menos tentam (ou não, dependendo da igreja) fazer.
 
Mas não é assim que a maioria das crianças são educadas com relação ao que fazer e o que não fazer?
Parece que sim. Isso não é horrível?

Dentro das religiões eu também não concordo com essa ideia de ser bom só para não ser castigado, mas o "temor a Deus" seria equivalente ao respeito que toda a sociedade tem para com suas leis, afinal é proibido roubar, matar, estuprar, abortar... e eu acredito que quem segue as leis não faz isso por "ser bonzinho e honrado", mas pra não ir pra cadeia.
Que terrível Siker. Isso significa (ou significaria) que não existem pessoas honradas (o "bonzinho" é dispensável), apenas canalhas controlados.

Você não gostaria de repensar a sua crença?
 
Parece que sim. Isso não é horrível?
Para mim não, eu acho que é impossível educar sem nenhum tipo de repreensão, se não existissem os castigos moldando as crianças de que fazer o que é errado tem consequências ruins, estas crianças cresceriam quase que da mesma forma que as crianças mimadas, que recebem tudo o que querem e ninguém nunca diz não, ou seja, se tornariam pessoas adultas que se acham no direito de fazer o que quiser, independente de leis e regras. Afinal resolver questões de moral com conversa só é viável depois de uma certa idade, e caso a pessoa não tenha aprendido com certos erros na vida ela vai continuar achando que pode fazer o que quiser... castigo, em alguns casos, nada mais é do que a consequência natural que vem (nem sempre) ao se fazer algo errado.
E talvez seja apenas uma questão de ponto de vista, a pessoa pode fazer o certo somente por ter medo da punição ao fazer algo errado ou a punição ao fazer algo errado somente existe porque as pessoas (todas) precisam fazer o certo para viver em sociedade.

Que terrível Siker. Isso significa (ou significaria) que não existem pessoas honradas (o "bonzinho" é dispensável), apenas canalhas controlados.
Significaria que as pessoas supostamente honradas podem não ser essencialmente honradas, assim como quem não segue a lei pode estar seguindo uma honra pessoal, não é necessário generalizar, mas é difícil imaginar uma sociedade controlada apenas pela moral individual de cada um.

Você não gostaria de repensar a sua crença?
Crença religiosa, sempre repenso, crença do que eu acredito de uma forma geral, sempre mudo ao ler um bom argumento.

Agora, só para tirar uma dúvida, o "horrível" e "terrível" tinham algum objetivo? Porque algo ser horrível ou terrível não tem relação alguma com ser verdadeiro ou falso...
 
Na verdade tem sim, o belo e o bom tem uma ligação direto com o verdadeiro, como o feio e o mal uma estreita ligação com a mentira. Questão metafísica.

Eu simplesmente não consigo acreditar que bem e mal sejam conceitos relativos nem que a prática da virtude possa ser encorajada pelo medo. Pra mim isso é um sinal de sociedades profundamente doentes, que já perderam o senso do bem comum e moral faz tempo. Ou existe moral absoluta (ainda que relativa no que toque às suas formas) ou não existe moral alguma, somos macacos jogados no abismo do acaso e do indeterminado. É de um pessimismo mórbido pra mim, essa desconfiança no homem.

Uma sociedade sadia cria leis com o objetivo de guiar os homens na virtude, no bem, deseja criar o bem comum a todos. Ela não o faz para domesticar monstros, mas tem um objetivo concreto, e bem claro: o de buscar o bem, a paz, a concórdia. O mal será sempre ausência de objetivo, falha, tropeço, queda, sempre um desvio do bem, nada que tenha existência própria, será sempre uma fuga do referencial do bem comum. Não se trata de entender bem e mal como divindades opostas, como dualismo ou maniqueísmo, mas eu entendo o bem (individual e comum) como um referencial, uma base para toda valoração humana e ancorada na razão como na dignidade humana. O mal entendo como todo tipo de desvio e atentado contra esse referencial, que nos desumaniza e destroi as relações humanas, nos bestifica, embrutece.
 
Na verdade tem sim, o belo e o bom tem uma ligação direto com o verdadeiro, como o feio e o mal uma estreita ligação com a mentira. Questão metafísica.
É, eu lembro que você me respondeu isso uma vez, mas nesse caso não seria negar a existência de uma sociedade doente? Uma sociedade perdida em diversos níveis não pode existir?

Uma sociedade sadia cria leis com o objetivo de guiar os homens na virtude, no bem, deseja criar o bem comum a todos. Ela não o faz para domesticar monstros, mas tem um objetivo concreto, e bem claro: o de buscar o bem, a paz, a concórdia. O mal será sempre ausência de objetivo, falha, tropeço, queda, sempre um desvio do bem, nada que tenha existência própria, será sempre uma fuga do referencial do bem comum.
Foi nesse ponto que eu toquei ao falar sobre o ponto de vista no qual a punição somente existe porque as pessoas querem fazer o certo, não acho possível afirmar que uma sociedade inteira é honrada ou um bando de canalhas controlados, eu acredito que ela seja formada pelos dois tipos.
Uma vida em sociedade, na qual somos obrigados a viver bem com outras pessoas, necessariamente vai precisar domesticar alguns monstros.
 
É, eu lembro que você me respondeu isso uma vez, mas nesse caso não seria negar a existência de uma sociedade doente? Uma sociedade perdida em diversos níveis não pode existir?
Não negar a existência da sociedade doente, mas afirmar que a doença não é um tipo de monstro invisível mas uma falta de confiança e perseverança em algo que é sólido, verdadeiro, confiável: o bem.

Foi nesse ponto que eu toquei ao falar sobre o ponto de vista no qual a punição somente existe porque as pessoas querem fazer o certo, não acho possível afirmar que uma sociedade inteira é honrada ou um bando de canalhas controlados, eu acredito que ela seja formada pelos dois tipos.
Uma vida em sociedade, na qual somos obrigados a viver bem com outras pessoas, necessariamente vai precisar domesticar alguns monstros.
Ahhh, agora entendi melhor. De fato existem os dois tipos, e misturas dos dois, não creio que ninguém seja completamente bom ou totalmente mal, tudo depende dos afetos de cada um e como cada um lida com eles. O que eu digo é que existe um referencial, discordo apenas da visão da falta absoluta de referencial, de verdade, de bem.
 
Para mim não, eu acho que é impossível educar sem nenhum tipo de repreensão, se não existissem os castigos moldando as crianças de que fazer o que é errado tem consequências ruins, estas crianças cresceriam quase que da mesma forma que as crianças mimadas, que recebem tudo o que querem e ninguém nunca diz não, ou seja, se tornariam pessoas adultas que se acham no direito de fazer o que quiser, independente de leis e regras. Afinal resolver questões de moral com conversa só é viável depois de uma certa idade, e caso a pessoa não tenha aprendido com certos erros na vida ela vai continuar achando que pode fazer o que quiser... castigo, em alguns casos, nada mais é do que a consequência natural que vem (nem sempre) ao se fazer algo errado.
E a consciência das "consequências ruins" deve estar ligado aos castigos, normalmente corporais?
Por isso eu disse que era horrível. Porque no começo, a criança parece ser mais amestrada, do que educada... ou não? Talvez isso seja inevitável. Talvez ela (que seja uma de poucas) tenha que continuar sendo amestrada durante toda a vida.

Existem repreensões e repreensões. Você não está usando o termo “castigo” num sentido pra lá de amplo?
Até onde me lembro, meu pai nunca encostou um dedo em mim. Nada de surras, castigos relacionados a perda de privilégios... nem mesmo um tapa na bunda. Quando eu cometia um erro, o meu “castigo” era a decepção e a tristeza (real) dele.

E talvez seja apenas uma questão de ponto de vista, a pessoa pode fazer o certo somente por ter medo da punição ao fazer algo errado ou a punição ao fazer algo errado somente existe porque as pessoas (todas) precisam fazer o certo para viver em sociedade.
Como é que é?


Significaria que as pessoas supostamente honradas podem não ser essencialmente honradas, assim como quem não segue a lei pode estar seguindo uma honra pessoal, não é necessário generalizar, mas é difícil imaginar uma sociedade controlada apenas pela moral individual de cada um.
Moral individual? Como tal fator entrou nesta história?

Temos um grande problema aqui, Siker, porque de acordo com a sua convicção, ninguém é honrado. Todos são safados ou vilões, só que alguns são declarados, enquanto outros são enrustidos ou meramente covardes (ou controlados pelo medo de ir para a cadeia, se você quiser).
Essa convicção é perigosa, Siker, porque ela inclui você, eu... todos.
Mas você não conhece todos, Siker. Você não conhece a mim. Mas você se conhece.


Crença religiosa, sempre repenso, crença do que eu acredito de uma forma geral, sempre mudo ao ler um bom argumento.

Agora, só para tirar uma dúvida, o "horrível" e "terrível" tinham algum objetivo? Porque algo ser horrível ou terrível não tem relação alguma com ser verdadeiro ou falso...

O “horrível” veio de eu achar realmente horrível uma criança ser educada na base do ganha/perde (e como eu disse, talvez isso seja inevitável... pelo menos no começo). O “terrível” foi só para não usar o “horrível”, novamente. E realmente algo ser horrível/terrível não tem ligação necessária com verdadeiro/falso. Algo verdadeiro pode ser horrível, não?
 
Última edição:
Tudo é questão de comportamento e de tempo para promover a educação e a tolerância entre as pessoas, independente de que credo ou orientação sexual elas manifestem.

Todos sabemos que o ser humano em todos os níveis sociais e de qualquer escolaridade são bons e maus; e os fatores que vão determinar para que lado a conduta da pessoa irá pender serão o núcleo familiar (aqui incluo todas as pessoas que participam do crescimento afetivo da criança e adolescente) e as regras de convivência em sociedade (sim, é um mal necessário pois somos propensos a violência na mesma proporção do que para a paz) que são formadas por convenções pré-estabelecidas pelas pessoas que formam uma comunidade e que são benéficas aos desejos todos e não aos caprichos anárquicos de um indivíduo que resolve matar ou roubar por impulso.

E nem Cristão ou ateu deveria impor seus pontos de vista aos demais como acontece atualmente.
 
Eu acredito que conceitos de bem ou mal são relativos a moralidade que varia de cultura e época. Lembro de um livro que li na minha graduação chamado Construção Social da Realidade que o autor tentava distuir a pessoa de todos os preceitos iniciais dela, inclusive o pensamento. Se você pensar numa pessoa em uma ilha deserta, nascesse e crescesse sem o convívio de outras pessoas, qual seria a moralidade que essa pessoa teria para ela mesma? Ela provavelmente teria atitudes que consideraria certo e errado, mas será que seria o mesmo dos nossos, da nossa época? Eu duvido!

Reverendo disse:
Moral individual? Como tal fator entrou nesta história?

Temos um grande problema aqui, Siker, porque de acordo com a sua convicção, ninguém é honrado. Todos são safados ou vilões, só que alguns são declarados, enquanto outros são enrustidos ou meramente covardes (ou controlados pelo medo de ir para a cadeia, se você quiser).
Essa convicção é perigosa, Siker, porque ela inclui você, eu... todos.
Mas você não conhece todos, Siker. Você não conhece a mim. Mas você se conhece.

Não acho que o Siker quis dizer que ninguém é honrado. Existem aqueles que por caráter, índole, e convicção não tomam atitudes que consideram erradas, mas também existem aqueles que não o fazem por medo de punição. A pouco tempo apareceu uma dessas correntes de facebook que falava a diferença entre caráter e ética. Que caráter é aquilo que você não faria mesmo com ninguém vendo. Não sei se concordo. O que eu sei que todos nós temos os nossos freios que varia como a Elring falou. Vai ser construido com o tempo, conforme o universo de atitudes e valores que rodeia cada um de nós.
 
Na verdade tem sim, o belo e o bom tem uma ligação direto com o verdadeiro, como o feio e o mal uma estreita ligação com a mentira. Questão metafísica.

Só postando por aqui pra dizer que existe muito sangue, suor e lágrimas provindas das discussões sobre isso que o Paganus postou ali em cima, e que isso está looonge de ser um consenso. Carry on
 
E a consciência das "consequências ruins" deve estar ligado aos castigos, normalmente corporais?
Se "devem" eu não sei, se os castigos são normalmente corporais isso depende unicamente dos pais da criança, não é algo inerente à idéia de castigo.

Por isso eu disse que era horrível. Porque no começo, a criança parece ser mais amestrada, do que educada... ou não? Talvez isso seja inevitável. Talvez ela (que seja uma de poucas) tenha que continuar sendo amestrada durante toda a vida.
Caso educar signifique ter noção do que se está fazendo e do porque está fazendo determinada ação, então educação é o que vem depois do adestramento. Crianças fazem o que os pais mandam (ou não né) por causa das repreensões, de castigos, com o tempo é que estas crianças (agora crescidas) tomam conhecimento sobre o Universo e tudo mais e podem tanto continuar vivendo de acordo com a criação que receberam quanto questionar tudo e agir de forma contrária. Por exemplo, na escola nós "aprendemos" que 17+28=45 porque 8+7=15 e "vai 1", restando 1+1+2=4 na frente, ficando 45 no final, mas esse "vai 1" não é ensinado, o mundo todo simplesmente repete o "vai 1" sem nem entender o que é; como 15 é um resultado maior que a base (base 10 neste caso) então subtraímos 15-10=5, e somamos na próxima casa a quantidade de vezes que subtraímos, como foi apenas uma, somamos 1. O "vai 1" é uma analogia do que fazemos simplesmente por fazer, é o adestramento, uma ação repetida, e entender o que acontece por trás do "vai 1" seria a educação, o entendimento, o conhecimento, o porque fazemos de tal forma, o porque não matamos, não roubamos e não estupramos.
Prosseguindo com a idéia, eu não minto porque minha mãe falou que é errado, eu não minto porque isso não condiz com a minha moral, eu não minto porque é pecado. Durante a vida a moral pessoal de um determinado indivíduo pode permitir mentiras em algumas situações, pode permitir homicídios em algumas situações, a lei por exemplo abre brechas para alguns crimes, aborto por exemplo é permitido em alguns casos, já as religiões são mais rígidas, você não deve roubar e ponto final, e cada um segue a moral que quiser, independente do adestramento inicial dado pela mãe: mentir é errado, não minta. Agora se a pessoa prefere adotar uma atitude somente por ter sido criado assim ou se prefere questionar sempre tudo e mudar suas ações, isso depende de cada um, porém sob o ponto de vista de um governo que visa o "bem estar" de uma sociedade ele irá impor através das leis o que é certo e errado, e irá punir o que é errado, algumas religiões podem agir assim também passando a idéia de que pecadores serão punidos, porém se a pessoa vai se sujeitar a esta idéia ou se vai questionar e agir corretamente por si mesmo, novamente depende de cada um.

Existem repreensões e repreensões. Você não está usando o termo “castigo” num sentido pra lá de amplo?
Até onde me lembro, meu pai nunca encostou um dedo em mim. Nada de surras, castigos relacionados a perda de privilégios... nem mesmo um tapa na bunda. Quando eu cometia um erro, o meu “castigo” era a decepção e a tristeza (real) dele.
Me lembro que meu pai fazia o mesmo, não falava comigo, isso me deixava triste e sem vontade de cometer mais "erros", mas se você não considera isso um castigo então você está criando uma separação entre penas leves e penas mais severas, aonde a palavra castigo só se enquadra nas mais severas, como agressões físicas ou ir para o inferno, o que pra mim não faz muito sentido, punição é punição, seja passar 45 anos na prisão ou rezar 3 ave marias.

Como é que é?
Expliquei no post para o Paganus.

Moral individual? Como tal fator entrou nesta história?

Temos um grande problema aqui, Siker, porque de acordo com a sua convicção, ninguém é honrado. Todos são safados ou vilões, só que alguns são declarados, enquanto outros são enrustidos ou meramente covardes (ou controlados pelo medo de ir para a cadeia, se você quiser).
Essa convicção é perigosa, Siker, porque ela inclui você, eu... todos.
Mas você não conhece todos, Siker. Você não conhece a mim. Mas você se conhece.
A Pearl já respondeu essa por mim. :)
 
Complicada essa questão. Mas honestamente, deixando a questão de Deus de lado, a punição da sociedade costuma ser mais próxima e real para todo mundo. Por exemplo, mentir pode até te levar ao inferno depois de você morrer, mas naquelas, as pessoas mal conseguem planejar o dia seguinte, imaginem pensar algo do tipo: "ah, se eu mentir hoje, daqui a 60 anos, vou morrer e queimar no inferno para a eternidade, por isso nem vou mentir hoje". Pelo menos é o que eu observo, talvez seja diferente com as pessoas mais velhas.

De resto, eu como ateia não confio é em gente que cre em Deus, porque eles fazem merda, depois vão na igreja, se confessam, rezam alguma coisa, ou doam grana pro padre, ou sei lá, e saem como se não tivesse acontecido nada, portanto prontos para fazer merda novamente. Agora uma pessoa que não acredita em Deus não tem esse esquema de ser perdoada por uma entidade superior, e fica com peso na consciência ao menos.

Desculpem os termos, é que fico um tanto quanto revoltada com essas coisas. Dá vontade de fazer uma foto resposta com uma imagem deste simpático sujeito.
 
Complicada essa questão. Mas honestamente, deixando a questão de Deus de lado, a punição da sociedade costuma ser mais próxima e real para todo mundo. Por exemplo, mentir pode até te levar ao inferno depois de você morrer, mas naquelas, as pessoas mal conseguem planejar o dia seguinte, imaginem pensar algo do tipo: "ah, se eu mentir hoje, daqui a 60 anos, vou morrer e queimar no inferno para a eternidade, por isso nem vou mentir hoje". Pelo menos é o que eu observo, talvez seja diferente com as pessoas mais velhas.
O que mostra que você ignora o que é religião. E pecado. E céu. E inferno.

Eu não peco porque 'Deus vai me castigar', ou porque é pecado. Eu evito pecar porque sei que é errado e errado não é só um termo, é uma REALIDADE.

1 - É uma realidade de afastamento de Deus, centro da minha vida, do meu ser, minha fonte e fim, meu universo e único e verdadeiro Amor que a tudo salva na minha vida, das circunstâncias particulares ao todo do meu ser.

2- É uma realidade de afastamento da humanidade porque cava um fosso naquilo que me caracteriza como pessoa, o ser-para-outrem. O pecado abala as estruturas da família, célula menor e importantíssima de sustentação da sociedade, destroi as relações de confiança entre os homens, causa competição e discórdia, afeta as condições de existência de uma sociedade sadia, instrumentaliza as pessoas, envenena amizades, falsifica o amor, torna o ser humano mera casualidade e eventualidade, ou mesmo uma coisa, que se pode descartar, limitar, usar, matar, destruir, dependendo de sua 'utilidade'.

3- É uma realidade de afastamento de si. O pecado nos faz mentir para nós mesmos, nos afoga em oceanos de vanglória, nos faz cair em abismos de egoísmo, torna a existência tremendamente mais difícil porque constroi mentiras e falsidades em torno da nossa personalidade que, em vez de se libertar através da verdade, torna-se ignorante de si mesma, deusa egoísta que apesar de nunca se colocar acima das próprias paixões vis se considera capaz de governar e possuir todos como coisas e de endeusar coisas que aparentemente necessita. O pecado diminui o ser humano, o escraviza, projeta suas deficiências e baixezas sobre o outro e sobre o mundo, falseando-o, emporcalhando-o e, em tudo, desumaniza o eu.

O pecado é uma doença espiritual, um atrofiamento da humanidade que, criada à imagem e semelhança de Deus renega sua alta dignidade, seu compromisso com a vida e com o próximo, sua alta liberdade e cai na libertinagem mais egoísta, no sensualismo mais vil. É uma entrada em um mundo desfigurado onde não só a mentira parece verdade e a verdade, mentira, como ele transforma todas as relações humanas em jogos de poder, todo relacionamento em lutas de instinto, envenena, suja, falsifica a vida.

De resto, eu como ateia não confio é em gente que cre em Deus, porque eles fazem merda, depois vão na igreja, se confessam, rezam alguma coisa, ou doam grana pro padre, ou sei lá, e saem como se não tivesse acontecido nada, portanto prontos para fazer merda novamente. Agora uma pessoa que não acredita em Deus não tem esse esquema de ser perdoada por uma entidade superior, e fica com peso na consciência ao menos.
Em primeiro lugar, a absolvição do pecado é gratuita. Quem te disse que a Igreja pede dinheiro por isso MENTE! E devo lembrar que quem apregoa mentiras sabendo que são mentiras, é igualmente MENTIROSO.

Catecismo da Igreja Católica disse:
1426. A conversão a Cristo, o novo nascimento do Baptismo, o dom do Espírito Santo, o corpo e sangue de Cristo recebidos em alimento, tornaram-nos «santos e imaculados na sua presença» (Ef 1, 4), tal como a própria Igreja, esposa de Cristo, é «santa e imaculada na sua presença» (Ef 5, 27). No entanto, a vida nova recebida na iniciação cristã não suprimiu a fragilidade e a fraqueza da natureza humana, nem a inclinação para o pecado, a que a tradição chama concupiscência, a qual persiste nos baptizados, a fim de que prestem as suas provas no combate da vida cristã, ajudados pela graça de Cristo (8). Este combate é o da conversão, em vista da santidade e da vida eterna, a que o Senhor não se cansa de nos chamar (9).

O pecador confessa todos os seus pecados, em estado de profundo ARREPENDIMENTO, desnuda sua alma para o confessor, expõe suas mazelas, sofrimentos, seus erros e misérias, se despe até a humilhação, desejoso de obter o perdão de Deus e a salvação de sua alma suja, emporcalhada, indigna de ser chamada de cristão, por causa d'Aquele que levou nossos pecados, do maior ao menor, na Cruz e por eles se sacrificou e ressuscitou para nos salvar.

Catecismo da Igreja Católica disse:
1431. A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um regresso, uma conversão a Deus de todo o nosso coração, uma rotura com o pecado, uma aversão ao mal, com repugnância pelas más acções que cometemos. Ao mesmo tempo, implica o desejo e o propósito de mudar de vida, com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda da sua graça. Esta conversão do coração é acompanhada por uma dor e uma tristeza salutares, a que os Santos Padres chamaram animi cruciatus (aflição do espírito), compunctio cordis (compunção do coração) (19).

O padre ouve, aconselha, se apieda, e, como ministro ordenado da Igreja de Deus, absolve os pecados em nome de Deus, aconselha, fortalece, consola, e dá como pena a penitência: obras de misericórdia corporais (doação de esmolas, visita a doentes, presos etc), espirituais (ser caridoso, aconselhar pessoas em dificuldade, perdoar ofensas, um tipo de oração qualquer com o intuito de fazer o pecador se comunicar com Deus, pedir seu perdão, se reconhecer fraco e indigno , mostrar-se alguém capaz de lutar e mudar a si mesmo, alguém que quer ser perdoado e readmitido na Igreja, ter sua consciência limpa interiormente pelo Deus que ama e salva).

Catecismo da Igreja Católica disse:
1441. Só Deus perdoa os pecados (34). Jesus, porque é Filho de Deus, diz de Si próprio: «O Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados» (Mc 2, 10) e exerce este poder divino: «Os teus pecados são-te perdoados!» (Mc 2, 5) (35). Mais ainda: em virtude da sua autoridade divina, concede este poder aos homens para que o exerçam em seu nome.

Catecismo da Igreja Católica disse:
1443. Durante a sua vida pública. Jesus não somente perdoou os pecados, como também manifestou o efeito desse perdão: reintegrou os pecadores perdoados na comunidade do povo de Deus, da qual o pecado os tinha afastado ou mesmo excluído. Sinal bem claro disso é o facto de Jesus admitir os pecadores à sua mesa, e mais ainda: de se sentar à mesa deles, gesto que exprime ao mesmo tempo, de modo desconcertante, o perdão de Deus (37), e o regresso ao seio do povo de Deus (38).

1444. Ao tornar os Apóstolos participantes do seu próprio poder de perdoar os pecados, o Senhor dá-lhes também autoridade para reconciliar os pecadores com a Igreja. Esta dimensão eclesial do seu ministério exprime-se, nomeadamente, na palavra solene de Cristo a Simão Pedro: «Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus; tudo o que ligares na terra ficará ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra ficará desligado nos céus» (Mt 16, 19). «Este mesmo encargo de ligar e desligar, conferido a Pedro, foi também atribuído ao colégio dos Apóstolos unidos à sua cabeça (Mt 18,18; 28, 16-20)» (39).

1445. As palavras ligar e desligar significam: aquele que vós excluirdes da vossa comunhão, ficará também excluído da comunhão com Deus; aquele que de novo receberdes na vossa comunhão, também Deus o acolherá na sua. A reconciliação com a Igreja é inseparável da reconciliação com Deus.

Catecismo da Igreja Católica disse:
A CONTRIÇÃO

1451. Entre os actos do penitente, a contrição ocupa o primeiro lugar. Ela é «uma dor da alma e uma detestação do pecado cometido, com o propósito de não mais pecar no futuro» (43).

1452. Quando procedente do amor de Deus, amado sobre todas as coisas, a contrição é dita «perfeita» (contrição de caridade). Uma tal contrição perdoa as faltas veniais: obtém igualmente o perdão dos pecados mortais, se incluir o propósito firme de recorrer, logo que possível, à confissão sacramental (44).

Catecismo da Igreja Católica disse:
A CONFISSÃO DOS PECADOS

1455. A confissão (a acusação) dos pecados, mesmo de um ponto de vista simplesmente humano, liberta-nos e facilita a nossa reconciliação com os outros. Pela confissão, o homem encara de frente os pecados de que se tornou culpado; assume a sua responsabilidade e, desse modo, abre-se de novo a Deus e à comunhão da Igreja, para tornar possível um futuro diferente.

Catecismo da Igreja Católica disse:
A SATISFAÇÃO

1459. Muitos pecados prejudicam o próximo. Há que fazer o possível por reparar esse dano (por exemplo: restituir as coisas roubadas, restabelecer a boa reputação daquele que foi caluniado, indemnizar por ferimentos). A simples justiça o exige. Mas, além disso, o pecado fere e enfraquece o próprio pecador, assim como as suas relações com Deus e com o próximo. A absolvição tira o pecado, mas não remedeia todas as desordens causadas pelo pecado (57). Aliviado do pecado, o pecador deve ainda recuperar a perfeita saúde espiritual. Ele deve, pois, fazer mais alguma coisa para reparar os seus pecados: «satisfazer» de modo apropriado ou «expiar» os seus pecados. A esta satisfação também se chama «penitência».

1460. A penitência que o confessor impõe deve ter em conta a situação pessoal do penitente e procurar o seu bem espiritual. Deve corresponder, quanto possível, à gravidade e natureza dos pecados cometidos. Pode consistir na oração, num donativo, nas obras de misericórdia, no serviço do próximo, em privações voluntárias, sacrifícios e, sobretudo, na aceitação paciente da cruz que temos de levar. Tais penitências ajudam-nos a configurar-nos com Cristo, que, por Si só, expiou os nossos pecados (58) uma vez por todas.

Catecismo da Igreja Católica disse:
IX. Os efeitos deste sacramento

1468. «Toda a eficácia da Penitência consiste em nos restituir à graça de Deus e em unir-nos a Ele numa amizade perfeita» (72). O fim e o efeito deste sacramento são, pois, a reconciliação com Deus. Naqueles que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e disposição religiosa, seguem-se-lhe «a paz e a tranquilidade da consciência, acompanhadas duma grande consolação espiritual» (73). Com efeito, o sacramento da reconciliação com Deus leva a uma verdadeira «ressurreição espiritual», à restituição da dignidade e dos bens próprios da vida dos filhos de Deus, o mais precioso dos quais é a amizade do mesmo Deus (74).

Catecismo da Igreja Católica disse:
1485. «Na tarde da Páscoa, o Senhor Jesus apareceu aos seus Apóstolos e disse-lhes: "Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos"» (Jo 20, 22-23).

1486. 0 perdão dos pecados cometidos depois do Baptismo é concedido por meio dum sacramento próprio, chamado sacramento da Conversão, da Confissão, da Penitência ou da Reconciliação.

1487. Quem peca, ofende a honra de Deus e o seu amor, a sua própria dignidade de homem chamado a ser filho de Deus, e o bem-estar espiritual da Igreja, da qual cada fiel deve ser pedra viva.

1488. Aos olhos da fé, não existe mal mais grave do que o pecado; nada tem piores consequências para os próprios pecadores, para a Igreja e para todo o mundo.

1489. Voltar à comunhão com Deus, depois de a ter perdido pelo pecado, é um movimento nascido da graça do mesmo Deus misericordioso e cheio de interesse pela salvação dos homens. Deve pedir-se esta graça preciosa, tanto para si mesmo como para os outros.

1490. O movimento de regresso a Deus, pela conversão e arrependimento, implica dor e aversão em relação aos pecados cometidos, e o propósito firme de não tornar a pecar no futuro. Portanto, a conversão refere-se ao passado e ao futuro: alimenta-se da esperança na misericórdia divina.

1491. O sacramento da Penitência é constituído pelo conjunto de três actos realizados pelo penitente e pela absolvição do sacerdote. Os actos do penitente são: o arrependimento, a confissão ou manifestação dos pecados ao sacerdote e o propósito de cumprir a reparação e as obras de reparação.

1492. O arrependimento (também chamado contrição) deve inspirar-se em motivações que brotam da fé. Se for motivado pelo amor de caridade para com Deus, diz-se «perfeito»; se fundado em outros motivos, diz-se «imperfeito».

1493. Aquele que quer obter a reconciliação com Deus e com a Igreja, deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não tiver confessado e de que se lembre depois de ter examinado cuidadosamente a sua consciência. A confissão das faltas veniais, sem ser em si necessária, é todavia vivamente recomendada pela Igreja.

1494. O confessor propõe ao penitente o cumprimento de certos actos de «satisfação» ou «penitência», com o fim de reparar o mal causado pelo pecado e restabelecer os hábitos próprios dum discípulo de Cristo.

1495. Só os sacerdotes que receberam da autoridade da Igreja a faculdade de absolver; podem perdoar os pecados em nome de Cristo.

1496. Os efeitos espirituais do sacramento da Penitência são:

– a reconciliação com Deus, pela qual o penitente recupera a graça;
– a reconciliação com a Igreja;
– a remissão da pena eterna, em que incorreu pelos pecados mortais;
– a remissão, ao menos em parte, das penas temporais, consequência do pecado;
– a paz e a serenidade da consciência e a consolação espiritual;
– o acréscimo das forças espirituais para o combate cristão.

1497. A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua a ser o único meio ordinário para a reconciliação com Deus e com a Igreja.

1495. Por meio das indulgências, os fiéis podem obter para si próprios, e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, consequência do pecado.

Portanto, essa ideia de que ateus ficam com peso na consciência e religiosos, não, é absurda. É o peso na consciência que nos leva ao confessionário, não o medo do inferno. E porque não temer o inferno, o estado da alma separada de Deus e de toda a felicidade? É um pensamento horrível de contemplar. Que cristão não quer a liberdade celestial e impecável dos filhos de Deus, o estado de 'conhecer como somos conhecidos'? Mas não é por isso que nos confessamos e evitamos pecar, é por amor, é por amar demais a Deus e aos homens, é no transbordamento desse amor que buscamos nos reconciliar com Deus E com os homens. A confissão é como pedir perdão ao amigo que ofendemos, ao inimigo que detestamos. Não é difícil? Doloroso? Não requer auto-sacrifício, entrega, piedade de si, requer amor e vontade enorme de ser readmitido à comunhão consigo mesmo e com quem ofendemos, e não requer paciencia, não pede contrição, arrependimento de nossos erros, confissão deles, não é uma reconciliação de todo jeito?

Então a confissão não é um 'consolo' qualquer e nem ateu ou cristão tem 'vantagens' quanto a isso. Todos tem de se examinar, se conhecer, sentir a dor, se enfraquecer, se arrepender, engolir o orgulho, pedir perdão, se confessar diante do ofendido, perdoar, relevar, esquecer, todos tem sua contrição e suas penitiências, mesmo suas 'orações'!

A única diferença é que se pede mais dos cristãos, porque se pede que sejamos como o Cristo e quem é como Ele? Não quer dizer que nós consigamos, mas quer dizer que é nosso dever tentar ser perfeito como Ele.
Desculpem os termos, é que fico um tanto quanto revoltada com essas coisas. Dá vontade de fazer uma foto resposta com uma imagem deste simpático sujeito.

Má resposta, e que vale meu 'péssimo'. A religião não se resume ao que conhecemos por Igreja inquisitorial.

A mesma Igreja da Inquisição e de Torquemada é a Igreja de santo Agostinho, santo Tomás de Aquino, Madre Teresa de Calcutá, santa Catarina de Sena, Beato João Paulo II e de tantos santos e mesmo mártires que lutaram para defender a fé e mesmo lutaram pelos valores da família, do amor, da misericórdia e do perdão, da paz, da liberdade e da razão.

Enfim, acho de extremo mau gosto essa comparação nem entendo a utilidade dela.
 
Última edição:
Isso de moralidade e certo e errado não é algo neutro, depende sim da época e do lugar e concordando de certa maneira com Siker, as pessoas obedecem às leis por medo (também de serrem punidas), basta ver quando houve o Katrina, quando o Estado se tornou incapaz de oferecer auxílio, as pessoas estupravam, saqueavam, pois para elas o Estado estava suspenso, mas não é só pelo medo do castigo, mas sim porque vale a pena se conformar com as convenções sociais, se as pessoas sabem que você não é confiável por algum motivo, elas não oferecerão mais auxílio e como você não sabe se e quando precisará de ajuda é melhor se manter fiel às convenções, eu não sou muito bom com palavras, essa teoria está muito melhor explicada no livro O Que Nos Faz Humanos (Matt Ridley), fazemos o bem porque convém, não porquê é certo.
 

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