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Evento Cinco Games Favoritos Com Caio Paganus

Eu gosto muito da dublagem americana, mas nada se compara mesmo à atuação original, eu queria apenas que tivesse a opção de legendas em inglês já que não manjo nada de japonês. :cry:

Sobre o Vaan, ele foi preferido ao Bach, a meu ver, por ser mais parecido com os outros protagonistas dos Final Fantasies, juventude aliada a uma infância difícil e responsabilidades crescentes. É o típico aventureiro que deseja se livrar de uma rotina degradante, deseja conhecer mais e viver além de suas limitadas possibilidades e acaba se envolvendo em uma trama perigosa e de importância fundamental para o destino do próprio planeta. Gosto de chamar isso de 'complexo de Bolseiro'. Quem conhece a trilogia sabe do que estou falando.

Vaan foi vítima de um defeito na condução do enredo onde mais sentimos a falta da participação mais direta de Yasumi Matsuno nos estágios mais avançados de desenvolvimento. Basch tinha seu destino ligado fortemente ao destino de Ashe mas acho que nunca foi intenção dele ser criado pra ser algo diferente de um 'tutor' da aventura da rainha exilada, logo, ela precisaria de um companheiro mais jovem e leal a ela, até pelo fator romântico. Aí entraria Vaan, mas é substituído nessa 'função' pelo próprio Balthier, um personagem muito interessante mas mal aproveitado; a história pessoal do Vaan só foi enfocada no comecinho do jogo e depois ele praticamente é um peso morto, ajuda nas batalhas, mas não tem nenhum valor no enredo, como se acompanhasse Ashe apenas pra ter o que fazer e a própria Penelo o segue por lhe ser fiel. Nessa questão romântica, deveria haver uma dramaticidade menor na quebra com Penelo e uma valorização da rainha pelo plebeu. E existem indicações dessa grande importância de Vaan que foram simplesmente IGNORADAS.

Eu percebo que a ausência de Matsuno (ou sua falha) com Vaan só mostram a grande importância do personagem, porque todas as injustiças que os desenvolvedores cometeram com ele, acabam se refletindo em TODOS os personagens, que se unem mais em torno de Vaan que em torno de Ashe (a causa é dela mas ele foi concebido pra representar o verdadeiro fator espiritual de união do grupo, mas fator que desaparece por conta da merda que fizeram comele, do desleixo), e essas injustiças não só prejudicam o nosso olhar sobre a união do grupo como diminuem todos os personagens.

1- Vaan e Ashe: além do amor da rainha por Rasler, de Nabradia, a semelhança física dele com Lorde Rasler e o potencial de extrapolar a questão física (ver a troca de olhares entre a rainha e Vaan quando da destruição do Rasler-ghost que os Occuria usavam para manipular Ashe, e o significado dessa ação de Ashe como uma forma de superar o amor do passado, simbolizado pelo Vaan do presente), e ainda a teoria que eu pensei (e não creio ter sido o único) de uma possível origem de Vaan de Nabradia (explicando a semelhança física), talvez até como um irmão do senhor nabradiano, órfão refugiado em Rabanastre com Reks, seu outro irmão. Todo esse desenvolvimento, o crescimento de Vaan aos olhos de Ashe, de plebeu imaturo e inconsequente em leal soldado de sua causa, foi excluído e a história segue, sem conseguir linkar essas cenas, e sem concluir o drama de forma a colocar a verdadeira importância de Vaan na vida de Ashe. Importância que eu sempre pensei que seguiria a linda história de amor de Zidane e Garnet que, apesar de nunca óbvia, se mostrou forte o bastante para ser percebida ao longo de todo o Final Fantasy IX e no final, se concluir naquele final igualmente emocionante. Final que não revela muito mas que, talvez por isso, é tão significativo.

Ashe sai muito prejudicada porque essas coisas levavam a crer que seu destino estava ligado ao de Vaan e que ambos cresceriam aos olhos um do outro, e se uniriam cada vez mais pela causa da rainha exilada. Com a condução porca e esquecida de Vaan, a própria Ashe termina a história tremendamente incompleta, a gente vê que falta algo, uma motivação, algo que a faça sair da viuvez ressentida, que una a recuperação da coroa com felicidade verdadeira, fora que sua liderança do grupo sempre seria imperfeita sem o 'fator-Vaan' ('Bolseiro').

2- Vaan e Basch: no começo, a gente vê um Vaan que, quando acreditava que Basch era um traidor, sempre odiou pela morte de seu irmão. Quando a história é revelada eles ficam em paz, mas nasce uma relação entre os dois, uma relação como a de um mestre da guerra e um aprendiz. Uma amizade acaba surgindo daí, inexplorada e deixada de lado, mas que até que não foi tão mal-aproveitada.

Basch parece ser um personagem, além de Balthier e Fran, não prejudicado pela inação de Vaan, porque possui uma história pessoal interessante que, desde o início, casa com todas as pretensões de Ashe pela sua fidelidade.

3- Vaan e Penelo: aqui temos a namorada de Vaan que, surpreendentemente, parece não possuir motivos para auxiliar Ashe a não ser por querer seguir Vaan. Isso é muito estranho. Ela não parece ser do tipo que largaria tudo em Rabanastre, mesmo por Vaan, apesar de amá-lo muito. Ela é crítica e dura com ele, mas acaba seguindo-o e se mostrando ainda muito ingênua e perde muito de sua pose como parceira inteligente e madura. Mostra ser sociável e boa companheira mas a gente fica chocado ao ver uma personagem com potencial estar em uma trama sem aparente motivação, e ainda sem a 'quebra'. Mas claro, o dito romance de Vaan e Ashe ter sido largado de mão contribuir pra isso.

Penelo é tão rasa por ser outra vítima da péssima relação (e que prometia tanto) entre Vaan e Ashe.

4- Vaan e Balthier: Aqui acontece algo parecido com Basch. Querendo ser um sky pirate, Vaan vê em Balthier um veterano e mestre além de um rival, e a relação deles vai crescendo, melhorando nesse sentido. A ideia era eles irem se tornando cada vez mais como irmãos e a história do sky pirate mais velho, tão genial, se imbricar com a de Vaan, mas o fator-Vaan foi maltratado e Balthier teve que desempenhar esse papel do meio para o fim da trama, ou seja, sua história acaba se super-valorizando e ele toma o papel que Vaan deixa vago, inutilizando-o ainda mais, tomando até o papel de mártir e par pseudo-romântico de Ashe. A importância de Balthier, embora existe desde o início, foi exagerada exatamente pra cobrir o buraco da incompetência de Vaan.

5- Vaan e Fran: Aqui nem precisa falar muito. Fran parece se relacionar exclusivamente com Balthier, se afastando sisuda do convívio com os outros. Talvez por sua história ser menos essencial à trama, ela foi bem tratada mas ainda sinto que ela poderia ser melhor aproveitada.

Na minha opinião, Vaan não é alguém criado pra tapar buraco, ou feito às pressas. Ele foi expressamente criado para ser o fator-Bolseiro, fator de unificação do grupo em torno da demanda de Ashe, par romântico com ela, mártir e aventureiro, líder do grupo que vai crescendo nessa posição aos olhos de Ashe, Basch, Balthier, e estreitando relações com Fran e Penelo, principalmente, esclarecendo com Penelo seu relacionamento. Ele deveria ser alguém que impressionasse Vayne, que liderasse, fosse forte e resoluto, fosse alguém que não desanima nem mesmo quando Ashe pensa em desistir. Fora um fundo de história do seu passado com uma importância muito grande.

Ele não só não conseguiu cumprir suas missões no enredo como foi tão desprezado no roteiro, tão diminuído e maltratado que não só enfraqueceu o grupo, como enfraqueceu os personagens mais importantes, que são importantes por desempenharem papeis centrais, e nesse centro, está a figura de Vaan, seu destino. Matando o fator-Vaan na história, mataram não só Vaan e o grupo, mas cada um dos personagens morreu um pouco, outros morreram muito. O próprio enredo ficou desfigurado, tendo de ter sido remendado por Ashe e Balthier e sua relação improvável.

Mas essa é minha opinião e posso ter viajado demais. Acho que o enredo ficou danificado por causa do que fizeram com Vaan, mas... mesmo esse enredo danificado não tirou o brilho do genial sistema de batalha nem o brilho muito particular, único, vibrante, da Ivalice mágico-tecnológica modernosa, um tipo de mundo que aprecio mil vezes mais que o tradicional canon medieval. Deve ser por isso que prefiro a mescla de medieval e futuro apocalíptico de FFVII ao mero medievalismo mágico do VI, V, IV, por exemplo. Pra mim a mescla original é um dos principais fatores de atração e de imersão e essa imersão, IMO, não só ofusca o enredo danificado como todo tipo de problema mais exterior.

Por isso meu personagem preferido é o Vaan. Estranho? Talvez, mas ele é por eu o achar tecnicamente mais equilibrado, ter um design tão bom e por ele encarnar o fator-Bolseiro tão bem, quase tão bem como um Cloud ou um Squall, Zidane, Tidus. Na verdade gosto mesmo do Vaan pelo que ele promete e não cumpre, pelo papel a ele designado, não sei, talvez mais pela minha imaginação mesmo. Mas o fato é que o verdadeiro Vaan não é essa coisa que está no jogo, ele é maior e muito mais importante que isso. Fica aí a verdade.

E design pra mim é essencial. Não vejo o Balthier como líder principalmente por isso, prefiro o Vaan no lugar dele. :obiggraz:
 

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