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Do you know what time it is?
Eis a lista do Elendil.
O Mais Longo dos Dias (The Longest Day – 1962)
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Para mim é O Filme de guerra por excelência. Pelo menos o melhor filme ambientado durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45) feito até hoje. A produção Band of Brothers, de Steven Spielberg e Tom Hanks, é tão boa quanto, salvo as devidas diferenças, claro, já que é uma produção recente, apoiada pela parafernália tecnológica e dinâmica atual, e em formato de minissérie. O Mais Longo dos Dias é a reconstituição, momento a momento, dos preparativos para o famoso Dia D, a “Operação Overlord”, o desembarque de centenas de milhares de soldados Aliados nas praias da Normandia, França, em 6 de junho de 1944. A invasão aliada da Europa subjugada pelas tropas alemãs, reconstituída nesse filme, traz atores de várias nacionalidades, cada um representando os personagens então envolvidos. Alemães interpretando alemães, britânicos interpretando britânicos, americanos interpretando americanos, cada um falando sua respectiva língua, o que dá ainda mais veracidade a essa reconstituição, pois é narrado sob o ponto de vista de ambos os lados, e teve como base o livro de mesmo nome, de Cornelius Ryan, que acabou chamado para ser o roteirista. O filme tem grandes diálogos e falas. Uma das melhores [cuidado com o possível spoiler] é a do sargento alemão Pluskat que está em uma casamata, de fronte para o Canal da Mancha, e liga desesperado para seu superior que está confortavelmente instalado num hotel na Paris ocupada, muitos quilômetros dali. O motivo do desespero do sargento é justamente a visão que ele tem dos navios e barcos aliados se aproximando da costa francesa como uma cadeia de montanhas que de repente se ergue do mar na linha do horizonte. O comandante não acredita no sargento e diz que ele está vendo fantasmas, até ouvir o primeiro tiro de canhão que destrói parte do acampamento alemão. Pergunta que barulho foi aquele. “São seus fantasmas”, responde Pluskat.
A Queda – As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang – 2004)
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A Segunda Guerra é a “fatia” da história contemporânea que eu mais gosto de ler, estudar, conhecer. Já li muita coisa, e entre elas estão os livros de Joachim Fest “No Bunker de Hitler”, e de Traudl Junge “Até o Fim”, as memórias da última secretária de Hitler. O Filme A Queda teve esses dois livros como base, portanto, os 10 dias que antecedem a morte de Hitiler, seu suicídio covarde, o cerco soviético à capital Berlim, as medidas desesperadas, o ambiente lúgubre e irreal, tem de ser visto e entendido com sendo mostrado através do ponto de vista da então jovem Traudl. Mas o mais interessante desse filme é que também é contado sob o ponto de vista do perdedor, os alemães. Por isso, os clichês hollywoodianos não são vistos, e Hitler, apesar de ser comumente chamado de “monstro” e “demônio”, é mostrado como uma criatura ainda pior: um ser humano! Sim, isso é pior, pois assusta muito, já que os "monstros e demônios” são inalcançáveis, figuras sobrenaturais distantes da realidade, e o fato de aceitar esse homem como um ser humano, entre os piores de todos, mas ainda assim um humano, é bem interessante e ajuda a compreender o processo de admissão da culpa e, em seguida, a exorcizarão dela pelos próprios alemães contemporâneos. A atuação de Bruno Ganz no papel do ditador nazista é perfeita (por isso esse filme deve ser visto no original, jamais dublado!), a ponto de o ator admitir nos extras que passava mal nos intervalos, que se sentia um lixo humano, de tanto que ele encarnava o personagem e, ao mesmo tempo, vivenciava plenamente o ambiente claustrofóbico do Bunker e das catacumbas onde o ditador e seus asseclas mais próximos passaram seus últimos momentos. No início, a raça superior, fadada a dominar o mundo; no fim, ratos medrosos e dementes em farrapos, escondidos dezenas de metros debaixo da terra, na tentativa de fugir do mais amargo e inevitável fim.
O Nome da Rosa (Der Name der Rose – 1986)
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Adso de Melk: “O senhor acha que este lugar foi abandonado por Deus?”
Baskerville: “Já conheceste algum lugar onde Deus se sentiria em casa?”
A primeira vez que vi esse filme foi numa apresentação em vídeo que meu professor de História nos passou na oitava série. Fui arrebatado. Até então, os filmes “medievais” que havia visto não tinham critério histórico e tão pouco isso me importava. O filme é baseado no livro de mesmo nome, de Umberto Eco. A história se passa num mosteiro beneditino italiano no século XIV (o mosteiro do filme é real, do século XII) onde diversos monges são assassinados misteriosamente. O monge franciscano William de Baskerville (Sean Connery) é convocado para investigar as mortes e, junto com seu noviço Adso (Christian Slater), depois de passarem muitas provações, chegam à uma conclusão impressionante sobre o real motivo das mortes, e que pode abalar os alicerces que sustentam a Igreja no período. Não vou revelar o final, pois quem não viu deve ver esse fantástico filme, mas posso adiantar que o filme mostra, às portas do Renascimento, a tentativa incessante de Baskerville de chegar ao desfecho dos assassinatos por meio de métodos então considerados uma heresia pela Igreja: a ciência e a razão. Na verdade é o embate (e o debate) entre o dogma e o misticismo religioso contra a razão e o método científico. Um bom filme para quem gosta do período histórico em questão, ou só para quem gosta de ótimos diálogos e atuações, além de muito mistério e suspense. O destaque na atuação também fica com Ron Perlman, o Hellboy, que no filme interpreta o corcunda Salvatore. Desde esse filme acompanho com interesse a carreira do ator, muitas vezes pouco valorizado.
Coração Valente (Braveheart – 1995)
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“O problema com a Escócia, é que ela está cheia de escoceses”. Edward I (Patrick McGoohan)
Não sou fã do Mel Gibson, mas esse filme tem tudo que eu gosto num bom épico (aventura, heróis barbudos, sujos e rudes; alianças e traições, batalhas, romance...) e o que é melhor: passa-se na Escócia! Adoro a Escócia, sua cultura, seus castelos assombrados, seus lagos cheios de monstros, suas poucas florestas povoadas de fadas, duendes e trolls; as Highlands cheias de ovelhas, os kilts, as gaitas de fole, sua gente ruiva e seu timbre característico na pronúncia do inglês. E o filme traz muita coisa desse tipo (exceto a parte das entidades mitológicas). Também foi a primeira vez que vi cenas de batalha tão impressionantes. O filme tem como pano de fundo a saga dos escoceses para se verem livres do domínio inglês, durante o século XIII. Mas o motor da história é acionado quando a esposa de William Wallace (Mel Gibson) é violentada e assassinada por um sargento do exército inglês. O Rei Edward I instaura a “Prima Nocte”, uma lei que garante aos senhores ingleses a primeira noite com as esposas dos escoceses recém-casados, na tentativa de humilhar e desestabilizar os escoceses, dando a eles um primogênito bastardo. Wallace busca vingança se aliando a outros patrícios descontentes com a lei, e rapidamente ganha fama e vira lenda, inspirando outros a se mobilizarem contra o jugo inglês. Obviamente o filme usou muitas liberdades para que a história fosse passada às telas, pois o pouco que se sabe sobre Wallace vem dos poemas de um bardo cego (aí já viu... ou melhor, não viu!). Mas é um ótimo filme, e interessante, pois nesse assistimos os ingleses, geralmente os heróis, sendo os vilões. Ah, sim, a trilha sonora de James Horner é um espetáculo à parte!
Conta Comigo (Stand By Me – 1986)
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Para finalizar, o filme que mais marcou a minha infância. O grau de identificação que eu tenho com Conta Comigo é muito grande. E os motivos para isso estão nas características dos personagens e na “saga” deles como grupo e como indivíduos: amizades que parecem que vão durar a vida toda, transgressão, autodescoberta, confrontação com o proibido, busca por aventura, necessidade de ser notado . Toda criança e adolescente passa por algo parecido, pelo menos por alguns desses aspectos. A história é baseada num conto de Stephen King, "The Body", e o título original do filme vem de uma música de mesmo nome, de Ben E. King. Mas não se enganem, apesar de ser do Stephen King, não tem nada de terror ou suspense na trama, que passa-se em 1959, numa cidadezinha no interior do Oregon, EUA, onde não há muito o que fazer. Richard Dreyfuss interpreta Gordi Lachance, um escritor contemporâneo (então anos 80) que começa a recordar e a escrever a aventura que viveu com seus três melhores amigos no verão de 1959. Ele e os amigos saem à procura do corpo de um menino da mesma idade, que está desaparecido numa linha de trem que passa por uma floresta muito longe dali. Essa viagem até o corpo é cheia de aventuras e descobertas, superação e provas de amizade. A conclusão que Gordie chega, já no final do filme, depois de se lembrar e escrever esses fatos, é algo que tem a ver demais com certa fase da minha vida, mas não vou dizer aqui para não estragar o fim para aqueles que se interessaram em ver esse filme simples, mas belo. E a música de B. E. King fecha o filme de maneira emocionante também. E uma curiosidade: essa história de Stephen King, apesar de fictícia, tem passagens e elementos que o próprio autor conheceu e vivenciou na adolescência.
Anexos
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