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Caim (José Saramago)

Anica

Usuário
Se, em "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", José Saramago nos deu sua visão do Novo Testamento, neste "Caim" ele se volta aos primeiros livros da Bíblia, do Éden ao dilúvio, imprimindo ao Antigo Testamento a música e o humor refinado que marcam sua obra. Num itinerário heterodoxo, Saramago percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha, conforme o leitor acompanha uma guerra secular, e de certo modo involuntária, entre criador e criatura. No trajeto, o leitor revisitará episódios bíblicos conhecidos, mas sob uma perspectiva inteiramente diferente.
Para atravessar esse caminho árido, um deus às turras com a própria administração colocará Caim, assassino do irmão Abel e primogênito de Adão e Eva, num altivo jegue, e caberá à dupla encontrar o rumo entre as armadilhas do tempo que insistem em atraí-los. A Caim, que leva a marca do senhor na testa e portanto está protegido das iniquidades do homem, resta aceitar o destino amargo e compactuar com o criador, a quem não reserva o melhor dos julgamentos. Tal como o diabo de O Evangelho, o deus que o leitor encontra aqui não é o habitual dos sermões: ao reinventar o Antigo Testamento, Saramago recria também seus principais protagonistas, dando a eles uma roupagem ao mesmo tempo complexa e irônica, cujo tom de farsa da narrativa só faz por acentuar.
A volta aos temas religiosos serve, também, para destacar o que há de moderno e surpreendente na prosa de Saramago: aqui, a capacidade de tornar nova uma história que conhecemos de cabo a rabo, revelando com mordacidade o que se esconde nas frestas dessas antigas lendas. Munido de ferina veia humorística, Saramago narra uma estranha guerra entre o homem e o senhor. Mais que isso, investiga a fundo as possibilidades narrativas da Bíblia, demonstrando novamente que, ao recontar o mito e confrontar a tradição, o bom autor volta à superfície com uma história tão atual e relevante quanto se pode ser.

Lançamento previsto para 16/10/2009.

(a capa está bem legal pq segue o padrão das capas da companhia das letras para os livros do saramago, mas num esquema meio "invertido", é preta é vermelha. interessante.)
 
Muito bom.... meu rico dinheirinho não vai durar desse jeito... Eu li o Evangelho, e se Caim for no mesmo estilo é garantia de boa leitura...
 
detalhe: só quem leu (e releu) a bíblia toda consegue perceber a profundidade do evangelho 2º jc. o duro é q os leitores da bíblia e de saramago ñ costumam ser os mesmos, apesar dq deveriam.
 
Uma característica que acho louvável em um autor é saber ser o mesmo e ser diferente ao mesmo tempo. Ele tem aquele tom que é familiar ao leitor, alguns temas reaparecem, mas aí ele tem uma carta qualquer na manga que muda tudo, e faz com que o livro mais recente não seja só “mais um livro de fulano”. Tive o prazer de perceber isso em José Saramago e seu Caim (lançado ano passado pela Companhia das Letras). Aquele que leu O Evangelho Segundo Jesus Cristo vai pensar “Ok, Saramago explorando temas relacionados com a Bíblia…”. Mas aí entramos no como ele o faz.

Em O Evangelho… o que temos é, obviamente, um foco no Novo Testamento. Saramago desconstrói a imagem que temos de Jesus, humanizando ao mostrar defeitos e fraquezas. Mas talvez até por conta disso, a ironia de Saramago em O Evangelho… é sutil, e não é nem de longe o tom predominante de uma narrativa que é extremamente densa. E agora temos Caim, no qual Saramago ao focar o Antigo Testamento desconstrói ninguém mais ninguém menos do que Deus, mas com um tom completamente diferente: narrativa leve, rápida e com o humor quase como constante.

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oq achei

Anica disse:

anica, só uma dica (a rima ñ foi intencional):

acho q em "consegue convencer Deus de que o culpado do assassinato era Dele" vc quis dizer a culpa ao invés de o culpado. mas como na próxima sentença já aparece a palavra culpa, então uma opção seria Ele ao invés de Dele.

agora sobre a resenha. boa, mas acredito q os cristãos ñ se ofenderiam tto com caim qto com o evangelho 2º jc. diria q aquele é uma versão light deste. o ponto de viagens temporais foi genial, assim como a inclusão de lilith (personagem ñ bíblica, mas mto conhecida dos ñ crentes).

já o foco das situações em q caim aparece é q me soou mto forçosa, pois ele pegou somente as ocasiões em q poderia criticar a atuação de deus, oq me pareceu parcial. seria como se alguém falasse de vc somente narrando os episódios em q fez coisas ruins. mesmo q a crítica seja contra o todo-poderoso, deveria ter algum equilíbrio aí, ñ?
 
Vi esse livro na livraria hoje, mas nem tinha me interessado. Depois dessas informações aqui, to querendo lê-lo, assim como ler a Bíblia, mas pra essa, ainda me falta coragem.
 
Boa tarde a todos!

Acabei de postar em meu blog (http://www.pensarexpresso.blogspot.com/) minha análise sobre o livro Caim. Quem puder e quiser me dar o prazer de lê-la, poderemos continuar a discussão sobre diversos pontos deste livro, que considero fraco.

Não posso falar sobre o Evangelho Segundo Jesus Cristo, pois não o li. Mas esta nova incursão de Saramago pelo texto Sagrado não foi feliz.

No meu entender, o principal ponto negativo do livro foi a natureza episódica empregada pelo autor. Caim viaja por diversas passagens conhecidas do Velho Testamento, mas em momento algum conseguimos nos afeiçoar aos personagens ou às situações. Talvez isso tenha ocorrido porque não havia tempo para isso, o personagem principal tinha que pular para "outro presente".

Às vezes fico até na dúvida de qualificar Caim como protagonista deste livro, pois em diversos momentos ele mais parece um coadjuvante. Várias são as passagens que sua presença é inútil e despropositada; apenas está ali, pois Saramago precisava citar a passagem e, assim, criticar Deus.

Quem sabe a vontade do autor de zombar de Deus e de sua forma de comandar a humanidade tenha se sobreposto à literatura. Se Saramago tivesse focado a narrativa na história de Caim (que na Bíblia é bem pequena), inventando um destino possível para o personagem, o texto se tornaria melhor. Afinal, quando o autor desprende-se do compromisso de descrever cenas bíblicas e passa a concentrar-se na história dos personagens, o texto cresce. Basta analisar a passagem de Caim pelas terras de Nod, quando tem um caso com Lilith.

Era uma bela ideia para um livro, infelizmente não foi bem aproveitada.

Agradeço, desde já, àqueles que quiserem dar uma olhadela na análise e continuar a discussão sobre o livro.

Um abraço!
 
ñ é q eu discorde totalmente de vc, luciano. tb achei sem sentido para a trama do livro as viagens temporais do caim, e como um bom ex-jogador de vampiro, a máscara, acredito q lilith renderia +. seria uma história q eu ansiaria ler.

mas consigo fazer uma analise comparativa deste livro com outros do saramago (q aprecio mto) e com a própria bíblia (q já li várias vezes). achei q houve pouca dose de humor (traço característico do autor) e mta repetição do velho testamento & crítica subjetiva. digo mta pq todo mundo sabe q ele é ateu militante e q iria criticar. mas só a crítica pela crítica acaba ñ saindo uma obra literária e sim um pseudo dawkins. nisto eu achei q o livro pecou e ñ vai pro céu. e se compararmos à sua melhor crítica, o evangelho 2º jc, apenas 1 parágrafo desse último é melhor q o caim inteiro. e pra quem já leu o vt pode perceber q 70% do livro é pura paráfrase, bem diferente do e2jc, q segue um rumo próprio.
 
Como você bem disse, mais da metade do texto de Saramago é apenas uma tradução maliciosa do Velho Testamento. Mas sinceramente acho que a paráfrase em si não é o problema principal do livro. Acho que a vontade dele de "abraçar" o máximo possível do Velho Testamento que foi o seu maior equívoco.

O início do livro é ótimo. Gostei bastante do senso de humor do autor (não é lá muito sutil, mas é bem engraçado). Assim como o relacionamento com a Lilith; até aquela hora, a história tinha um ritmo bacana, um cenário interessante e personagens complexos em seus dilemas religiosos. Mas aos poucos Saramago vai se perdendo da mesma forma que Caim se perde no tempo e no espaço. A partir da hora em que ele passa a viajar pelo Velho Testamento o protagonista quase deixa de ter importância para a trama.

Para mim o livro somente volta a crescer no final, quando ele volta para Lilith (uma pena, portanto, que a história de amor dos dois tenha tido um final tão abrupto) e após com Noé e sua família. Achei muito interessante o final do livro, contudo, acho que Saramago também falhou em descrever essa parte; pareceu que ele estava meio sem paciência para terminar a obra e a acabou de qualquer jeito. Poderia ter "perdido" mais três ou quatro páginas para esmiuçar um pouco a situação. Qualidade com certeza não lhe falta.

Até mais!

P.S.: Vou ter que procurar o Evangelho Segundo Jesus Cristo, pelo visto é muuuuuuito melhor que Caim! hehehehe
 
li caim anteontem. encontrei apenas uma crítica ao velho testamento, porque caim é apenas um observador na maior parte da trama. enquanto as partes que adicionam algo à mera narrativa bíblica, que é o caso dos diálogos de caim com deus, os anjos e o pastor, o caso amoroso com lilith e o desfecho com noé, são partes pouco desenvolvidas.

acho que a escrita de saramago é muito pesada. por enquanto, dele, só li todos os nomes e caim. não terminei de ler o evangelho segundo jesus cristo. ainda

em vampiro, a máscara, a história de caim e sua descendência é bem mais elaborada. mas eu não sou muito fã da white wolf. eles fazem tudo a mesma coisa, vampiros, lobisomens, magos, fadas, múmias, espectros.
 

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