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A ponta do iceberg: Bem vindo à Terra-Média, peregrino!

<P align=left>Em "Rios e Vales de Gondor", J.R.R. Tolkien adicionou novos elementos para a complexa pseudo-história da Terra-Média. Ele inventou histórias para as palavras, explicando o porquê de certas regiões de Gondor terem os nomes que têm.
Arnach é dito ser de origem pré-numenoreana nos apêndices do Senhor dos Anéis (SdA), e essa hipótese é repetida no "Rios e Vales de Gondor". Mas uma história conhecida é atribuída ao nome Arnen, assim como uma explicação intuitiva é oferecida logo após, como correção. Arnen, ao que parece, foi o nome que Isildur deu à todas as terras que tomou como suas (Ithilien). Mas eventualmente ficou associado apenas com os vales, propriamente chamados de Emyn Arnen, que o autor anônimo de um documento gondoriano chamou de Ondonore Nomesseron Minaþurie (o símbolo þ é chamado de "thorn" e é associado com um som similar ao "th-" em "thanks").</P>
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O estudo "The Ondonore Nomesseron Minaþurie" é traduzido como "Estudo sobre os Nomes dos Locais de Gondor" e é atribuído ao período em que Meneldil reinou, já que "nenhum evento depois desse foi mencionado". O documento é citado apenas brevemente (e pode não existir, embora o texto "Rios e Vales" -- publicado no Contos Inacabados e Vinyar Tengwar nº 42 -- diz nada sobre Tolkien ter escrito um documento).</P>
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O nome Arnen, como argumenta esse escolástico gondoriano, deve ter sido uma errônea composição Quenya-Sindarin feita pelos numenoreanos que exploraram e colonizaram a região (eram soldados, colonizadores e marinheiros -- com certeza, a linha de frente da sociedade numenoreana). Apesar de derivar principalmente dos numenoreanos Fiéis do oeste de Numenor, onde muitos Beorians fluentes em Sindarin tinham feito moradia, essas pessoas tinham pouco ou nenhum conhecimento de Sindarin e Quenya. Ainda, o autor deduz, Arnen provavelmente significava originalmente "perto da água" (do Anduin), e Emyn Arnen simplesmente significava "os vales nascendo em Arnen"</P>
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Pelos numenoreanos Fiéis, num aparente ato de rebelião contra os Reis falantes de Adunaico, terem colocado nomes élficos nos marcos do norte da Terra-Média, os novos regentes (a Casa de Elendil) aceitaram os nomes incorretos que "se tornaram comuns". Isto é, os reis e senhores de tradição aceitaram qualquer nome que eram usados em larga escala no reino de Gondor.</P>
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A Casa de Elendil trouxe ordem ao caos linguístico que reinou na Terra-Média. Na região de Gondor, por exemplo, os Numenoreanos acharam "muitos povos misturados, e numerosas ilhas de povos isolados, que dominam velhas construções e constroem refúgios montanhosos contra invasores". Os "muitos povos misturados", infelizmente, são mencionados numa nota interminada sobre o nome Bel-, que coloca Círdan entre os Noldor. Christopher especula que seu pai percebeu a gafe e decidiu esquecer a passagem inteira. É esta nota que oferece a história alternativa pro porto de Edhellond, onde diz que este foi fundado por Sindar ressentido com os Noldor.</P>
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Apesar de tudo, ignorando a clara indicação de que Tolkien abandonou a nota etimológica em Bel-, parece claro que ele estava tentando permanecer fiel à informação que ele proveu nos apêndices do SdA. Também parece que ele estava tentando desenhar duas influências históricas como modelos para o começo de Gondor. Um desses modelos era pós-romano, pré-Bretanha medieval (por volta do meio do século V). Durante esse tempo toda a área estava em desenvolvimento, e as línguas migravam livremente entre os povos.</P>
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Alguns estudiosos acreditavam, mesmo durante a época de Tolkien, que os Romano-Celtas foram apenas parcialmente doutrinados na cultura Romana depois de 400 anos, possuído as baixadas e residiram nas costas da Bretanha. Mais primitivos ou menos romanizados, os celtas moraram em País de Gales, Cornwall e Escócia. E, claro, ainda haviam celtas na Irlanda cujos contatos com Roma eram poucos (ao menos, na época de Tolkien, havia pouca evidência da intrusão romana na Irlanda). Nestes vários grupos de Celtas (sendo que alguns chegaram pouco antes que os romanos, e absorveram ou expulsaram povos ainda mais antigos) estavam mercenários alemães da Saxônia e Dinamarca, os seguidores de Hengist e Horsa.</P>
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O latim estava, então, misturando-se com os dialetos celtas e germânicos, e era eventualmente substituído pelos invasores germânicos, apesar de sobreviver em nomes de lugares (como Londres , de Londinium, Colechester, etc.) que os germânicos adotaram. Os germânicos aceitavam os nomes que estavam em uso corrente para regiões e cidades, mas deram seus próprios nomes para suas cidades, fortalezas, reinos e marcos.</P>
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Um desenvolvimento paralelo, do qual Tolkien estava plenamente atento, ocorreu na América do Norte entre os séculos XVII e XVIII. À medida que os colonizadores ingleses se espalhavam pela costa norte-americana, eles se misturaram com os povos nativo-americanos, espanhóis, franceses e alemães. Os exploradores ingleses , trouxeram consigo as fundações da língua e cultura inglesas, mas eles não eram pouco mais que foras-da-lei e rebeldes fugindo da opressão de sua terra natal, particularmente pela opressão religiosa. Os puritanos que colonizaram a Nova Inglaterra de certa forma lembram os Fiéis numenoreanos, que evitavam as crenças adotadas pelos seus reis.</P>
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A América do Norte, como a Inglaterra no começo, e como Gondor, está recheada de nomes de lugares de várias línguas. A mais antiga colônia européia na costa leste, por exemplo, é St. Augustine (São Agostinho), fundado pelos franceses, roubado pelos espanhóis, e ultimamente cedido aos EUA como parte da Florida. Mas há nomes de lugares de línguas nativo-americanas, e construtos híbridos, assim como feitos do latim e do grego (como Augusta de Filadélfia, respectivamente).</P>
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Quando a Bretanha virou Inglaterra, a antiga cultura romana foi jogada de lado ou abandonada, e os invasores germânicos tinham que construir uma herança cultural totalmente nova em termos de literatura, cultura e arquitetura. Enquanto as revoltadas colônias americanas formavam sua própria nação, eles batalhavam para reter sua identidade inglesa. Por décadas as famílias ricas mandavam seus filhos para estudarem em universidades inglesas. Eles esperavam a última moda sair da Inglaterra e da França. O novo EUA, como o novo Gondor, teve que começar sua nova sociedade quase do nada.</P>
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A América do Norte foi abençoada com uma leva de jovens filhos e filhas que, saindo das altas classes mercantis inglesas, trouxeram um riquezas, conhecimento e determinação para estabelecer suas famílias no Novo Mundo, nas colônias. Eles construíram uma fundação educacional, literária e industrial onde a cultura norte-americana foi aparecendo geração após geração (influenciada por imigrantes de todo o mundo).</P>
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No começo, Arnor e Gondor foram cortados de Númenor, assim como a Inglaterra cortou os EUA. Elendil e seu povo tiveram que construir sua civilização com menos recursos que os EUA possuíam. Os nove barcos dos Fiéis que sobreviveram à Queda de Númenor devem ter provido para as regiões fronteiras de Arnor e Gondor com uma pequena mas auto-sustentável classe intelectual. O "Rios e Vales" diz que os intelectuais - pessoas estudadas que entendiam Quenya e Sindarin - vieram por último. É então razoável dizer que a chegada de Elendil na Terra-Média inferiu uma revolução cultural que mudou para sempre o mapa socio-tecnológico do mundo do Norte.</P>
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O significado da chegada tardia da classe intelectual não pode ser enfatizada. Tudo pode ter mudado. Onde previamente os homens das fronteiras sobreviviam parcamente, possivelmente juntando-se com os clãs nativos de Gwathuirim e outros povos que habitavam o Ered Nimrais, Elendil e seus filhos trouxeram um grupo militar de puristas numenoreanos para as praias e decidiu reconstruir Númenor à sua imagem. O "Rios e Vales" diz que eles retiveram algumas das tradições botânicas numenoreanas (por falta de uma frase melhor).</P>
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Discutindo o significado de Arnach e Lossarnach, Tolkien decidiu que loss- referia-se às flores das árvores frutíferas da região, plantadas nos pomares pelos numenoreanos. Esses pomares ofereciam frutas frescas para Minas Tirith mesmo durante a Guerra do Anel. Eram importantes para Gondor como as oliveiras para os gregos. As flores de Lossarnach eram tão variadas e belas que o povo de Minas Tirith/Anor faziam "expedições rumo a  Lossarnach para ver as flores e árvores..."</P>
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Ioreth, a idosa senhora que trabalha nas Casas de Cura de Minas Tirith, falou de vaguear pelas matas com suas irmãs, e ela mencionouas rosas de Imloth Melui, que ela apreciava quando jovem. Ela era versada em velhas rimas e conhecia os nomes comuns das plantas (pelo menos, do athelas, que ela reconheceu como folha-do-rei). Algo da tradição fronteiriça sobreviveu à influência civilizante do grupo de Elendil, ou a civilização foi perdendo-se pelos anos nos altos e baixos da civilização gondoriana.</P>
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O Peoples of Middle-Earth indica que Isildur e Anarion fundaram as cidades de Minas Anor, Minas Ithil e Osgiliath. De fato, Osgliath foi a primeira cidade que eles construíram. Eles devem ter juntado o maior número possível de pessoas locais que encontraram e tentaram explicar-lhes como se constrói uma cidade. Cada passageiro nos 9 barcos deveria valer seu peso em mithril, pois seu conhecimento em como Númenor funcionava era insuperável. Os numenoreanos nativos deveriam ser para seus primos da Terra-Média como Noldor recém-chegados de Aman se hospedando em meio aos Nandor.</P>
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Acerca dos povos da Terra-Média, o "Rios e Vales" também contém uma passagem - cancelada por Tolkien - que discute a prática de construir templos, que os numenoreanos não seguiam por ser contra a doutrina de Sauron. Nas Sendas dos Mortos há um templo ancião, que o malfadado Baldor tentou invadir. Ele foi atacado por trás (provavelmente por Gwathuirim que reverenciavam a área), seguindo-o até as Sendas dos Mortos. Leitores tolkienianos resolveram assumir como certo a morte inexplicada de Baldor causada pelos Mortos, mas este aparentemente não é o caso.</P>
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Este ensaios proporcionam novos vislumbres da visão de Tolkien sobre a Terra-média. Mas também criam novas perguntas tanto quanto se esforçam para responder questões antigas. Uma porta foi aberta mas nós não podemos fazer mais nada além de espiar no canto, pois os tesouros que permanecem daquela porta antes proibida são inimigináveis. Nós nunca iremos, claro, tomá-los corretamente, pois o próprio Tolkien nunca o teve completamente. Mas com cada revelação nós chegamos um passo mais perto de ver o panorama se seu coração. As legiões paradas nas colinas e os clâs movendo-se silenciosamente pelas florestas, as garotas rindo nas campinas, os fazendeiros com seus pomares - mesmo os velhos marinheiros consertando seuas redes e relembrando como foram para o mar pela primeira vez - tudo se combina para nos mostrar um mundo repleto de maravilhas e prazeres da juventude do homem.</P>
Tradução de Aarakocra
 

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