Clarice Starling
Usuário
O que é... Coisa com Coisa
Quer fazer a coisa certa? Então trate de entender como a coisa funciona
Se tem uma coisa que anda incomodando a língua portuguesa, é a coisa. O único consolo é que "coisa" é uma dessas raríssimas palavras que existem em qualquer idioma, e em todos eles tem o mesmo significado, isto é, coisa.
No princípio Deus criou as coisas, ensina o Gênesis, para só depois criar o Homem.
Quer dizer, geneticamente falando, que tudo que nao era gente era coisa. Isso durou até 1963, quando finalmente o poeta Vinícius de Moraes decidiu elevar também o ser humano à categoria de coisa: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça..."A bem da verdade, nenhum grande escritor resistiu à coisa, e o próprio Shakespeare notou que existem muito mais delas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia.
Mas o que antigamente era um artifício poético e literário acabou virando arroz-de-festa. Tem até lugar onde a coisa passou a ser flexionada ("O coisa, como é mesmo o nome dele?") ou conjugada ("Eu estava coisando quando a máquina pifou"). ou por preguiça ou por econômia de neurônio, as pessoas passaram a abusa da coisa: por que aprender a falar empregabilidade se é bem mais fácil dizer "aquela coisa que eu não tinha e por isso perdi o emprego"? Nas empresas, a coisa já se tornou um sinônimo bastardo para qualquer coisa:
- Quer saber de uma coisa? Pra mim chega.
- Chega de quê?
- Cansei. E uma coisa eu digo: não sou só eu.
- Peraí, me explica melhor.
- Explicar o quê? Vai me dizer que você é a favor desse estado de coisas?
- Sei lá. Você nem me disse o que está acontecendo.
- Acorda, cara! A coisa tá preta nessa empresa.
- Taí, eu não acho.
- Como, não acha? Isso aqui é coisa de doido.
- E digo mais. Prá mim, tá tudo ótimo.
- Opa, até você? Eu bem que desconfiava. Aí tem coisa...
Convenhamos: a coisa já passou do ponto, e esse é o âmago da questão. Ao mesmo tempo que estão adquirindo fluência em inglês e em outros idiomas alienígenas, muitos profissonais insistem em espezinhar o português escorreito. A proliferação indiscriminada da coisa é um bom exemplo disso. Nas empresas, a hiperespontaneidade na comunicação está roubando aos diálogos a consistência e a praticidade. mas a boa linguagem corporativa jamais admitirá tais atalhos verbais. Quem realmente busca excelência em todas as suas dimensões tem por obrigação permear-se com um vocabulário eclético e dinâmico. O tempo ensinará aos despreparados que o sucesso só premia os que sabem administrá-lo multifacetadamente, e isso inclui o repúdio ao uso do palavreado fácil e o respeito ao vernáculo. Apenas após dominar as nuances de sua língua pátria é que alguém poderá alardear que atingiu a plenitude profissional.
Porque só aí terá compreendido e absorvido os três pilares básico em que se apóia a essência da filosofia corporativa, a saber:
Entender como a coisa funciona.
Fazer a coisa certa.
Falar coisa com coisa.
Max Gehringer
Consultor e palestrante.
--------------------------------------------------------------------------------------
E aí, a coisa te pegou tambem?
Eu tava reparando, que não consigo viver sem a coisa. Essa palavra ';e um vício! Mas que coisa, hein?!
Quer fazer a coisa certa? Então trate de entender como a coisa funciona
Se tem uma coisa que anda incomodando a língua portuguesa, é a coisa. O único consolo é que "coisa" é uma dessas raríssimas palavras que existem em qualquer idioma, e em todos eles tem o mesmo significado, isto é, coisa.
No princípio Deus criou as coisas, ensina o Gênesis, para só depois criar o Homem.
Quer dizer, geneticamente falando, que tudo que nao era gente era coisa. Isso durou até 1963, quando finalmente o poeta Vinícius de Moraes decidiu elevar também o ser humano à categoria de coisa: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça..."A bem da verdade, nenhum grande escritor resistiu à coisa, e o próprio Shakespeare notou que existem muito mais delas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia.
Mas o que antigamente era um artifício poético e literário acabou virando arroz-de-festa. Tem até lugar onde a coisa passou a ser flexionada ("O coisa, como é mesmo o nome dele?") ou conjugada ("Eu estava coisando quando a máquina pifou"). ou por preguiça ou por econômia de neurônio, as pessoas passaram a abusa da coisa: por que aprender a falar empregabilidade se é bem mais fácil dizer "aquela coisa que eu não tinha e por isso perdi o emprego"? Nas empresas, a coisa já se tornou um sinônimo bastardo para qualquer coisa:
- Quer saber de uma coisa? Pra mim chega.
- Chega de quê?
- Cansei. E uma coisa eu digo: não sou só eu.
- Peraí, me explica melhor.
- Explicar o quê? Vai me dizer que você é a favor desse estado de coisas?
- Sei lá. Você nem me disse o que está acontecendo.
- Acorda, cara! A coisa tá preta nessa empresa.
- Taí, eu não acho.
- Como, não acha? Isso aqui é coisa de doido.
- E digo mais. Prá mim, tá tudo ótimo.
- Opa, até você? Eu bem que desconfiava. Aí tem coisa...
Convenhamos: a coisa já passou do ponto, e esse é o âmago da questão. Ao mesmo tempo que estão adquirindo fluência em inglês e em outros idiomas alienígenas, muitos profissonais insistem em espezinhar o português escorreito. A proliferação indiscriminada da coisa é um bom exemplo disso. Nas empresas, a hiperespontaneidade na comunicação está roubando aos diálogos a consistência e a praticidade. mas a boa linguagem corporativa jamais admitirá tais atalhos verbais. Quem realmente busca excelência em todas as suas dimensões tem por obrigação permear-se com um vocabulário eclético e dinâmico. O tempo ensinará aos despreparados que o sucesso só premia os que sabem administrá-lo multifacetadamente, e isso inclui o repúdio ao uso do palavreado fácil e o respeito ao vernáculo. Apenas após dominar as nuances de sua língua pátria é que alguém poderá alardear que atingiu a plenitude profissional.
Porque só aí terá compreendido e absorvido os três pilares básico em que se apóia a essência da filosofia corporativa, a saber:
Entender como a coisa funciona.
Fazer a coisa certa.
Falar coisa com coisa.
Max Gehringer
Consultor e palestrante.
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E aí, a coisa te pegou tambem?
Eu tava reparando, que não consigo viver sem a coisa. Essa palavra ';e um vício! Mas que coisa, hein?!