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40 escritoras para ler antes de morrer

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
A literatura é um espaço predominantemente branco, masculino e hétero. As listas de leitura obrigatória das escolas e de livros premiados são uma amostra de como mulheres escritoras são desvalorizadas pelas editoras e às vezes pelos próprios leitores. Clarice Lispector e Cecília Meireles, por exemplo, são os poucos nomes femininos que aparecem listados.

Como mulheres sequer são vistas como sujeito, a literatura escrita por elas é muitas vezes definida como “livros para mulheres”, como se mulheres não fossem capazes de escrever livros tão bons e interessantes como homens e como se o que é escrito por mulher não fosse digno de atenção da ala masculina. J. K. Rowling, autora da saga Harry Potter e do livro “A morte súbita”, recebeu o conselho da editora de usar suas iniciais para assinar seus livros para que assim eles também atraíssem a atenção masculina e vendessem mais.

Como os livros escritos por mulheres são vistos como componentes da chamada “chick lit”, até mesmo a arte das capas desses livros refletem estereótipos de gênero. Numa sociedade misógina como a nossa, capas delicadas, baseadas em normas de gênero, por exemplo, não atrairão um público tão amplo já que muitas pessoas querem se afastar ao máximo do que é considerado culturalmente como feminino.

Quando falamos sobre a baixa representatividade de escritoras mulheres ou de escritores negros, sempre ouvimos que mulheres, sejam negras ou brancas, e homens negros são mais raros nesse mundo bem restrito por “incapacidade” e não pelos motivos reais, que são a falta de oportunidade e até mesmo o apagamento dado aos membros desses grupos nos livros de história e literatura.

Diante desse cenário, projetos como a Alpaca Editora e Lendo Mulheres, que buscam incentivar a leitura de autoras, são essenciais. Se você é uma pessoa que está interessada em ler mais obras escritas por mulheres, quer valorizar “as minas”, mas não sabe por onde começar, seus problemas acabaram! Fique com essa lista de nomes de escritoras e suas principais obras:

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Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus

35 escritoras e suas principais obras

Carolina Maria de Jesus foi uma mulher negra e brasileira que teve um de seus livros traduzido para 13 idiomas. Sua obra mais conhecida é “O quarto de despejo”, um livro que é um diário que conta o cotidiano e as reflexões dela como mulher pobre e negra vivendo nos anos 50 numa cidade grande. Outras obras: “Pedaços da Fome” e “Casa de Alvenaria”.

Anne Rice escreve séries de livros de terror e fantasia. Seu maior sucesso literário é “Entrevista com o vampiro” que foi adaptado posteriormente ao cinema. Outras obras: “A rainha dos condenados”, “Tempo dos anjos”, “Os lobos da invernia” e “A dádiva do lobo”.

Alice Walker escreveu “A cor púrpura”, livro premiado com o Pulitzer e que foi adaptado para o cinema. Outras obras: Vários livros de poesia, romance e não ficção em inglês, como por exemplo: Once, Meridian e outros, mas em português sei que foi publicado no Brasil: “O templo de meus familiares”, “Vivendo pela palavra” e “Rompendo o silêncio”.

Ana Cristina César foi uma poetisa brasileira. Conheci um pouco de sua obra no livro “26 poetas hoje”, uma coletânea de vários poetas e poetisas de uma época. Obras: “Luvas de Pelica”, “A teus pés”, “Inéditos e dispersos” e outros. É possível adquirir o livro “Ana Cristina César – Poética” que contem toda sua obra reunida.

Alice Ruiz escreveu 21 livros, entre eles poesias, haikais, traduções e até uma história infantil. Recebeu o prêmio Jabuti pela obra “Dois em um”. Também compõe letras de músicas. Obras: “Nuvem feliz”, “Desorientais”, “Dois haikais”, “Estação dos bichos” e outros. Confira as outras obras nesse link.

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Chimamanda Adichie

Chimamanda Adichie é uma escritora nigeriana e muito conhecida pela sua palestra no TED sobre “O perigo das histórias únicas” e “Todos nós deveríamos ser feministas”. Ganhou ainda mais notoriedade quando seu discurso sobre feminismo foi incorporado na música Flawless da Beyoncé. Obras: “Americanah”, “Hibisco roxo”, “Meio sol amarelo”

Léonora Miano nasceu em Camarões e se naturalizou francesa. Foi a primeira autora de origem africana a ganhar o prêmio Femina. Obras traduzidas: Até então só achei “Contornos do dia que vem vindo”.

Louisa May Alcott escreveu obras infanto-juvenis. Obras: “As quatro irmãs”, “As filhas do Dr. March” e “Mulherzinhas”.

Marguerite Duras escreveu peças de teatro, novelas, filmes e narrativas curtas. Obras: “O amante”, “O amante da China do norte” “Barragem contra o pacífico” e “Cadernos da Guerra e outros textos”.

Xinran é uma chinesa que publicou vários livros, o título “As boas mulheres da China” conta diversas histórias de mulheres que ela entrevistou e mostra as dificuldades das chinesas quanto ao machismo. Outras obras: “Enterro Celestial”, “Mensagens de uma mãe chinesa desconhecida”, “O que os chineses não comem”, “As filhas sem nome” e “Testemunhas da China”.

Mary Shelley é autora do clássico da literatura Frankenstein e sua obra “O último homem” tem muita influência no mundo da ficção científica. Outras obras: “Mathilda” e “Lodore”.

Regina Navarro Lins é autora de 11 livros e escreve sobre relacionamento amoroso/sexual. Obras: as mais conhecidas são “A cama na varanda” e “O livro do amor”.

Ava Dellaira publicou seu primeiro livro, nomeado no Brasil de “Cartas de amor aos mortos”. No momento trabalha na indústria cinematográfica, enquanto escreve seu segundo livro. “Cartas de amor aos mortos” conta a história de uma menina que perdeu a irmã mais velha. Prestes a iniciar o ensino médio, mudou de escola para fugir das pessoas comentando o falecimento e no colégio novo, a professora propôs uma tarefa de escrever uma carta para alguém que já morreu.

Adélia Prado é uma poetisa que nasceu e vive em minha cidade, Divinópolis. Obras: “O Pelicano”, “O homem da mão seca”, “Terra de Santa Cruz”, “Manuscritos de Felipa” e outros.

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Xinran

Marjane Satrapi é uma romancista gráfica que nasceu em Teerã, no Irã. Obras em português: Persepolis e Bordados.

Suzane Collins escreveu a saga “Jogos Vorazes” e criou uma personagem feminina incrível que é a Katniss Everdeen. A saga é dividida em três livros e os dois primeiros já foram transformados em filmes. Obras: ela também escreveu “As crônicas do subterrâneo”, que é composto por cinco livros.

Lionel Shriver é jornalista e escritora. Escreveu “Precisamos falar sobre Kevin”, livro posteriormente adaptado para o cinema. Outras obras traduzidas para o português: “O mundo pós-aniversário” e “Tempo é dinheiro” (Título original: “So much for that”).

Maya Angelou tem uma vasta obra, mas infelizmente parece não haver muitos livros dela traduzidos para o português. Só achei o “Carta a minha filha”, mas para quem lê em inglês, cito “On the pulse of morning”, “I know why the caged bird sings” e “The heart of a woman”.

Marina Colasanti publicou 33 livros. Alguns contos, histórias infantis e poesia. Obras: “Hora de alimentar serpentes”, “Uma idéia toda azul, “Minha guerra alheia”, “Poesia em 4 tempos” e outros que você pode conferir nesse link aqui.

Simone de Beauvoir foi escritora e filósofa. Muitas pessoas acham que a única obra de Simone foi “O Segundo Sexo” e só a conhecem como feminista e não sabem que ela também escreveu romances. Outras obras: “Os Mandarins”, “A convidada”, “A cerimônia do adeus”, “A longa marcha”, “A mulher desiludida” e “As belas imagens”.

Anaïs Nin é um nome para quem gosta de literatura permeada de um certo erotismo. Obras: “Pequenos Pássaros”, “Delta de vênus” e “Fogo”.

Carola Saavedra é uma escritora e tradutora que nasceu no Chile, mas veio para o Brasil aos três anos de idade. Recebeu o prêmio APCA de melhor romance pelo livro “Flores azuis”. Obras: “Flores azuis”, “O inventário das coisas ausentes”, “Toda terça”, “Paisagem com dromedário” e “Do lado de fora”.

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Virginia Woolf

Charlaine Harris escreveu a série “The Southern Vampire Mysteries” que conta as aventuras de uma garçonete telepata que é amiga de vampiros, lobisomens e outras criaturas estranhas. A série True Blood é baseada nessa série de livros. Outras obras: série “Aurora Teagarden” e série “Shakespeare”.

Cora Coralina foi uma poetisa e contista brasileira. Obras: “Meu livro de cordel”, “Tesouro da Casa Velha”, “A moeda de ouro que o pato engoliu”, “Vintém de cobre – meias confissões de Aninha”.

Virginia Woolf foi uma das representantes do modernismo, escritora, editora e feminista. Pra mim a principal característica de sua escrita, é que cada linha diz mais do que aparenta dizer. Escreveu “Um teto todo seu”, “As Ondas”, “Noite e dia”, “Mrs. Dalloway”, “Orlando”, “Quarto de Jacob” e outros.

Elvira Vigna é uma escritora, ilustradora e jornalista brasileira. Já recebeu o Prêmio Jabuti como ilustradora e como escritora de livros infantis. Ela começou sua carreira escrevendo literatura infanto-juvenil, mas hoje tem romances e contos publicados fora desse nincho. Seu livro “Nada a dizer” recebeu o prêmio de ficção da Academia Brasileira de Letras. Outras obras: “Por Escrito” e “O assassinato de Bebê Martê”. Conheça mais títulos no seu site pessoal.

Jane Austen foi uma escritora inglesa que hoje é considerada autora de obras clássicas. Suas obras mais conhecidas são “Orgulho e Preconceito” e “Razão e Sensibilidade”, visto que foram adaptadas para o cinema. Outras obras: “Persuasão”, “Emma” e “Mansfield park”.

Eliane Brum é jornalista, escritora e documentarista. Escreve em alguns portais jornalísticos brasileiros como colunista, mas já se enveredou também para o mundo dos romances ao escrever “Uma Duas”. Obras: “A vida que ninguém vê”, “A menina quebrada” e “Meus desacontecimentos”.

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Conceição Evaristo

Conceição Evaristo é uma escritora brasileira que conciliou os estudos com o trabalho de empregada doméstica. Suas obras abordam temas como discriminação racial, de gênero e de classe. O romance “Ponciá Vicêncio” foi traduzido para o inglês e publicado nos EUA. Outras obras: “Becos da Memória” e “Insubmissas lágrimas de mulheres”.

Lygia Bojunga é uma escritora brasileira que escreve literatura infantil e infanto-juvenil. Sua obra já foi traduzida para 13 idiomas, entre eles japonês, sueco e espanhol. Obras: “Corda Bamba”, “Retratos de Carolina”, “O sofá estampado” e “Os colegas”.

Toni Morrison recebeu o Nobel de Literatura em 1993. Seus romances retratam a vida de mulheres negras nos EUA. Seu livro “O olho mais azul” é um verdadeiro estudo de raça e gênero. Obras: “Paraíso”, “Jazz”, “Amada”, “Amor” e “Tar Baby”.

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Paulina Chiziane

Paulina Chiziane nasceu em Moçambique e foi a primeira mulher de seu país a publicar um romance. Obras: “Balada de amor ao vento”, “Niketche: uma história de poligamia”, “O alegre canto da Perdiz” e “Ventos do apocalipse”

Nadine Gordimer publicou mais de trinta livros e foi uma das vozes sul-africanas contra o apartheid. Seus livros ganharam notoriedade internacional e ela recebeu um Nobel de Literatura em 1991. Obras: “O melhor tempo é o presente”, “O engate”, “De volta à vida” e “Contando histórias”.

Lygia Fagundes Telles é uma escritora brasileira que já ganhou o Prêmio Camões. Obras: “Ciranda de Pedra”, “Verão no Aquário”, “As horas nuas”, “O cacto vermelho”, “Seminário de ratos” e “Antes do baile verde”.

Cristiana Sobral é atriz e escritora. Obras: “Cadernos Negros”, “Não vou mais lavar os pratos” e “Espelhos, miradouros, dialéticas de percepção”.

Mais cinco escritoras feministas brasileiras da atualidade

Aline Valek é uma escritora feminista brasileira. Você pode acompanhar o trabalho dela através do seu site ou mesmo assinar a newsletter “Bobagens Imperdíveis“. Um dos textos dela que eu faço questão de indicar se chama “Apoie a escritora” e fala sobre o livro “Um teto todo seu”, escrito pela Virginia Woolf. Nesse texto, Aline mostras as dificuldades baseadas em machismo e misoginia enfrentadas pelas escritoras. Outras indicações: “Gatos são mulheres que não se dão ao respeito“, “Quem me estuprou“, “Corpo que“, “Troca de mensagens“, “A escola me ensinou“, “Dentucismo” e “Descobri que meu gato é deus

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Aline Valek

Lady Sybylla é uma entusiasta da ficção científica. Também é feminista, professora e geógrafa, além de blogar no site “Momentum Saga“. Junto com a Aline Valek organizou uma coletânea de contos chamada “Universo Desconstruído“. Seu conto no livro se chama “Codinome Electra”. Juntas também disponibilizaram “O sonho de Sultana“, escrito pela Roquia Sakhawat Hussain, tal obra é considerada a primeira história de ficção científica feminista.

Jarid Arraes é uma feminista que escreve cordéis e textos de opinião no “Questão de Gênero” da revista Fórum. Alguns títulos de seus cordéis são “Chica gosta é de mulher”, “Dandara dos Palmares”, “Dora, a negra e feminista”, e “A menina que não queria ser princesa”. Você pode adquirir os cordéis através do site pessoal da autora.

Alliah é genderfluid, feminista, escritora e artista visual. Você pode conhecer o seu trabalho assinando a newsletter “Alliahverso“.

Clara Averbuck é escritora e também feminista. Escreve no site “Lugar de Mulher” e já publicou alguns livros, como “Vida de gato”, “Das coisas esquecidas atrás da estante”, “Cidade Grande no Escuro” e está escrevendo “Toureando o Diabo”. Conheça seu site pessoal.

Observação: coloquei na lista escritoras que tivessem ao menos uma obra traduzida para o português. Gabriela Mistral, Audre Lorde, bell hooks, Emily Dickinson e outras ficaram de fora por isso. Tentei mesclar indicações de escritoras mais conhecidas com outras que não são tão famosas assim, por isso vocês vão sentir falta de nomes como Rachel de Queiroz, Hilda Hilst e Emily Brontë.

Alguns nomes históricos: Teresa Margarida da Silva e Orta, Pagu, Rosa Luxemburgo, Maria Firmina dos Reis e Maria Lacerda de Moura.

Literatura de/para/sobre mulher não é subgênero – texto de Gizelli Sousa

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