Crítica de 2001: Uma Odisséia no Espaço
Luis F. Calil
Quem não estiver disposto a ler o review inteiro, aqui está o que acho do filme: 2001: Uma Odisséia no Espaço é o melhor, mais profundo, revolucionário, lindo, assustador, sombrio, enigmático, inspirador, filme de todos os tempos. Ele é perfeito em todos os aspectos. A direção, a atuação, a edição, os efeitos especiais muito melhores do que os dos filme de hoje, o roteiro, uma das estórias de ficção científica mais perfeitas, com a colaboração de dois gênios, Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke. O filme me fez passar por diferentes emoções, mas sempre manteve a estória e sua importância na frente. Eu acho que dificilmente algum filme vai chegar perto de ultrapassar o poder que esse filme tem.
Se tivessem que mandar um filme para o espaço para que fosse mostrado para alienígenas, esse seria o filme. Nem metade das pessoas deste planeta conseguem entender o que o Kubrick quis dizer e quis mostrar, mas esse filme mostra o potencial do ser humano.
Eu sou fã de ficção científica. 6 filmes dos meus 10 filmes favoritos são de ficção científica. Eu adoro ler livros de ficção, eu adoro ler sobre ficção, eu adoro discutir sobre ficção. E eu posso dizer, com absoluta certeza, que esse é o melhor filme de ficção científica de todos os tempos. Não é o tipo de ficção de Star Wars ou Senhor dos Anéis. Esses são fantasias. 2001 é do gênero de Solaris, de Blade Runner, de Laranja Mecânica, de Contatos Imediatos. O tipo que faz você pensar sobre o espaço, sobre as estrelas, sobre vida inteligente fora da Terra, sobre os sentimentos e a alma humana.
E Stanley Kubrick mostra todos esses temas em seu filme. Ele começa com um prólogo, mostrando a Terra em um passado distante, no início do homem, na época em que os macacos eram os principais na Terra. Ele mostra como tudo era mais pacífico, natural, inocente. Eles se alimentavam de plantas e folhas. Como a evolução começou então? Aparece, da noita para o dia, o monolito. O Monolito. Uma pedra negra, no formato de uma placa, alta, grossa. Perfeitamente lisa. Os macacos estranham aquele objeto, diferente de tudo que eles já viram no seu mundo. Os macacos tocam na pedra. Algo importante acontece, o suficiente para mudar a história da humanidade.
Agora os macacos comem carne ao invés de plantas. Eles misteriosamente aprenderam a usar ferramentas, armas feitas de ossos de animais mortos com o tempo. Agora eles sabem caçar. Usam suas armas para conseguir comida. E das armas vem a violência. Agora os macacos ficavam em bandos e se enfrentavam até a morte.
Com um corte, chegamos aos tempos modernos. O ano é 2001. Não o 2001 de hoje em dia. Mas o 2001 como era imaginado a 34 anos atrás, quando o filme foi feito. Eles imaginaram um espaço belo, cheio de naves, viagens a outros planetas, estações espaciais. Mesmo não sendo como é hoje, não importa. Um dia isso realmente vai acontecer e os humanos vão conquistar o espaço.
Kubrick mostra os poucos personagens do filme, frios. Ele imagina que a sociedade futurística será sombria, com pessoas vazias e com poucos sentimentos. A estória agora mostra um grupo de cientístas achando um monolito. Esse é diferente do que estava no começo, pois foi encontrado na superfície da Lua. Uma das melhores cenas do filme, na minha opinião, é a do grupo de cientístas que vão analisar de perto esse segundo monolito. Essa cena é tão bem feita, bem dirigida e com uma música tão assustadora que eu não consegui tirar os olhos da tela por um segundo, nem piscar. É realmente de outro mundo.
Depois do que acontece, eu não vou revelar muito. Existe uma expedição a Júpiter, e os 5 astronautas a bordo da nava não fazem idéia do porque dessa expedição. E junto com eles vem HAL 9000. Um computador que toma conta da nave inteira, possui uma inteligência artificial incrível e nunca cometeu um erro. Sua voz é fria, como os humanos do filme, mas ele provavelmente é o personagem mais humano de todos. Kubrick quis mostrar que até uma máquina pode ter sentimentos falsos mais convincentes de que os dos humanos. Lembra A.I., outro projeto do diretor. E os momentos em que HAL está na tela são momentos incríveis. Não vou revelar nada sobre o que acontece, mas posso dizer que é incrível.
E chega a parte final. O ritmo do filme, que antes havia sido lento, hipnótico, um jeito perfeito de mostrar o espaço, agora é rápido, confuso e assustador. O que os astronautas encontram em Jupiter os leva em uma viagem tão incrível que eu simplismente me levantei da cama que estava deitado e fiquei sentado, bem perto da tela. A viagem, chamada a sequência do Star Gate, é uma coisa tão estranha e enigmática, que você não sabe o que fazer além de manter os olhos grudados na tela, bem abertos. Durante esses 20 minutos finais, senti arrepios no corpo, como se estivesse lá, junto com os astronautas, naquela viagem. O fim é uma mistura entre o belo e o assustador, é poesia visual.
O filme é brilhantemente dirigido por Kubrick. Se você apertar pause em qualquer ponto do filme, a imagem que aparece pode ser considerada uma obra de arte. A fotografia é perfeita. A melhor já feita. Visualmente, o filme também não tem competição.
A trilha sonora que foi feita para o filme não foi usada por Kubrick. Um dia no set, ele colocou música clássica e vendo as imagens do espaço, gostou da combinação. O filme também tem a melhor trilha sonora, juntando músicas lindas como Danúbio Azul e que combinam com as imagens vistas na tela, como se um fizesse parte do outro.
A atuação de todos do filme foi perfeita. Exatamente o que o Kubrick quis. Principalmente a de Keir Dullea, o astronauta Dave Bowman, nos momentos de desespero dentro da nave Discovery. Ele conseguiu me atrair e me fez gostar do seu personagem o suficiente para torcer para ele. E o que posso dizer de HAL, com a voz de Douglas Rain, é que ele é o melhor personagem que já vi em um filme.
Esse filme foi o que me fez gostar de ficção científica do jeito que gosto hoje. Ele me fez amar cinema do jeito que amo hoje. Espero que quem leu esse review e ainda não viu o filme, vá nas locadoras agora e o assista. E quem já viu o filme, espero que concorde comigo nos temas e idéias que o filme passa para o público.
E lembre-se: "It´s full of stars!"...