Agora vocês conseguiram lembrar uma época tão boa da minha vida...
A pergunta foi bem objetiva, e poderia ser respondida com quatro ou cinco palavras.
Mas eu quero dividir isso com vocês...
Quando eu morava com a minha mãe(Meus pais são divorciados. Agora moro com meus avós paternos, por que fica perto de onde trabalho e por que precisam de companhia.)a vizinhança era toda da família: Quando meu Bisavô faleceu(O Vô Bruno. Ele era alemão. Ainda cheguei a conhecê-lo.), ele deixou o Sítiozinho dele como herança para os filhos e netos morarem.
Moro na grande São Paulo, mas o lugar era quase no Interior, próximo a São Roque e Ibiúna.
A casa era bem pequena, quarto, cozinha e banheiro.
Éramos só ela, minha irmã caçula e eu.
E, companheiros... Vocês não fazem idéia de como era maravilhoso!
Além do nosso muro dos fundos, havia(E ainda há. Minha mãe ainda mora lá.)um bosque com metros de cipós, um pinheiro, uma castanheira antiga pra caramba, esquilos... Pernilongos... RSRSRS
Às vezes, quando chegava da escola ou do trabalho que era meio período, eu levava um edredom que minha mãe fez de retalhos para lá e passava HORAS lendo...
No quarto, dormíamos todos juntos e eu fiquei com a parte de baixo do beliche.
Puxei uma extensão e pendurei uma lâmpada nos estrados da cama de cima para poder ler até de madrugada.
Minha mãe era costureira na época(Hoje ela cuida de idosos em uma Casa de Repouso)e fez uma cortina preta para que eu me fechasse lá, por que a luz atrapalhava o sono dela, que tinha que acordar muito cedo.
Eu não tinha uma cama: Tinha uma cabana!
Foi a época da minha vida em que mais li.
Todas as semanas estava na Biblioteca, e assim conheci Shakespeare, Stephen King, Marion Zimmerman Bradley, Clive Staples Lewis, Álvares de Azevedo, Edgar Allan Poe, José Saramago, Franz Kafka, Ernest Hemingway, Dee Brown, Alexandre Dumas e, óbviamente, Mestre John Ronald Reuel Tolkien.
Isso ocorreu de 1996 até final de 2003.
Mas a minha cabana no beliche sempre foi meu lugar favorito, e mesmo que tenha passado e eu não o tenha mais, sempre vai ser.
Hoje, leio em qualquer lugar, na varanda, no tapete da sala, no ônibus, no computador, em baixo do pé de pitanga do quintal da minha avó, no quarto de ferramentas do meu avô...
Mas nunca mais teve a mesma graça.
E não creio que voltará a ter.
Sou saudosista demais!