sDr* disse:
foi mal por postar 2 vezes mas esse tópico tá indo meio rápido... hmm tu diz q eu acho que eu sou o dono da verdade... nesse aspecto eu estou beeeeem mais perto da verdade do que quem pensa que os sem-terras são "caras-pintadas"... a gente tá falando do MST que invade fazendas... se houvesse um movimento dos sem-tetos e eles invadissem a sua casa... eu acharia errado, a culpa não é sua se eles querem tudo na mão, conheço gente que saiu do 0 também e hoje consegue viver uma vida tranquila, acho q se vc diz q eu sou um "ombudsman" (se for o que eu to pensando) vc q eh o dono da verdade?
Nossa, você realmente não gosta de ler o tópico hein? Será que não ficou claro que eu estava me referindo a sua generalização em relação ao MST que só mostra o quanto você desconhece a verdade? Será que é tão difícil clicar em links que estão se não na página anterior, um pouco antes? Será que não percebe que está afirmando coisas como "Sem-terra quer tudo de mão beijada" sem avaliar o Movimento com o devido respeito e coerência? Sem avaliar a história brasileira e as raízes de nossos latifúndios? Sem avaliar antigas leis que se não me engano estão em voga até hoje? Como seria o caso da Lei de Terras de 1850? Poxa, buscar informação para poder contestar algo com algo mais do que "eu estou mais perto da verdade do que você" é um grande passo, não achas?
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Eu não vou citar ninguém, mas vou fazer um apanhado geral do porquê eu voto Sim no dia 23.
Era uma vez a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Tráfico Ilícito de Armas, foi das investigações dessa CPI e da pressão popular que surgiu o Estatuto do Desarmamento. O Referendo não deveria estar acontecendo. Mas isso é desculpa para mim votar Não baseado em que? Na comparação com carros? Ou ainda na idéia de que o referendo (pedido pelo Povo (mães) em passeatas por Brasília) é um tapa-buraco incoerente quando na verdade devíamos estar investindo na base? Nah. Não creio que eu deva jogar dados, que são ulteriores a qualquer idéia de Estatuto ou algo do tipo, no lixo. Não creio que todos estão aptos a reconhecer a diferença entre papel do cidadão e papel do Estado.
Nos últimos 24 anos as mortes cresceram mais de 400% enquanto a população cresceu cerca de 50% segundo dados da UNESCO. Claro, sempre vai ter alguém a dizer: as armas que mataram mais de meio milhão de pessoas eram ilegais. E quem disser isso vai ter a sua razão, mas afirmar isso assim, de maneira simples, é algo leviano.
Três frentes de pesquisa de meu conhecimento comprovam o irrefutável, dados que cercam entre os 70 % e os 80 % referindo-se a armas que entraram na ilegalidade não via tráfico, mas sim via legal. Armas brasileiras, produzidas aqui. Rastreadas pela CPI, por Ongs, por Secretarias, etc... Claro, pode-se duvidar desses dados, ao gosto do freguês acreditar no que se quer e não em mais de uma fonte que provam a mesma coisa.
Uma alegação comum é dizer que os orgão de pesquisa são politizados e servem ao interesse do governo. Mas volto a repetir, as Frentes Parlamentares são MISTAS, não existindo homogeneidade política e nem essa patota de controle governista. Além disso é salutar entender que não existem chances de uma Secretaria ou de um orgão da Polícia Federal ser 100% alienado. A burocracia da instituição não permite e nem o funcionalismo de carreira e concursado é sempre homogêneo para um lado ou para o outro. Do contrário como seriam possíveis as denúncias feitas pela Polícia Federal ou pela Promotoria Pública contra ações dos governos deste país? Querem vender mais uma generalização ilógica para nós: a de que todo orgão público federal ou não está a mercê da politização. Repito: isso não é fato.
Eu percebo uma divisão entre aqueles que acham que é um direito e uma necessidade que os cidadãos de bem tenham uma arma para se defender e aqueles (como eu) que acreditam que a arma é uma falsa defesa e pode muito bem afetar o próximo.
Pouca gente busca informação sobre a realidade de um Brasil na defensiva, numa espécie de auto-defesa or something... e quando o Datasus fornece dados, desconfia-se deles. Sem saber que o Datasus tem auditores internacionais.
Nos EUA aonde Condolezza Rice diz que assim como o acesso a saúde, a arma é um direito do cidadão, pesquisas feitas entre 87 e 92 apontam que não é frequente o uso de armas como autodefesa, embora elas sejam adquiridas com esse objetivo, devido a massiça maioria dos criminosos agirem de maneira furtiva e através do fator surpresa. O estudo vai mais afundo para provar que arma é uma falsa segurança e aponta um ponto não abordado: que se é ponto pacífico que uma arma deve ser bem guardada (longe do alcance de crianças, etc...) é muito mais difícil que se tenha tempo para essa reação. Ainda tenta-se provar que bandido algum se intimida ou analisa se a residência y ou x possui ou não arma, justamente pelo fator surpresa.
Esses dados não são achismos meu, não. São dados de um estudo publicado em 94: Bureau of Justice Statistics: Guns and Crime: Handgun Victimization, Firearm Self-Defense, and Firearm Theft.
Aquele que possui porte de armas pode saber atirar, mas será que está preparado para matar? Eu sei, essa é uma interpretação estritamente pessoal, mas *eu* não acredito que seja uma defesa a reação. Eu fui assaltado a algum tempo a cerca de 150 metros de casa, na hora eu reagi, consegui recuperar minhas coisas com ajuda de um amigo, etc... entretanto nada vale o medo que fica de sofrer retaliação que pode custar mais que uma mochila vagabunda. Estamos aptos a exercer o papel de Lei?
Eu poderia entrar aqui na questão de acidentes com armas, etc... Crianças, ou ainda, poderia relatar caso de pessoas que conheço, mas isso tudo é de uma obviedade tamanha que creio que seja consenso entre as duas Frentes que Acidentes com armas seriam diminutos.
Para fechar essa questão as palavras do Sociólogo Glaúcio Ary Soares:
Precisamos de campanhas para demonstrar que as armas em casa matam muito mais gente da família do que assaltantes. Você compra a arma na ilusão de que vai matar um criminoso e descobre que o filho de 8 ano foi brincar com ela e morreu, e aí?
Lembrando que essa frase foi dita baseada em um caso noticiado há alguns anos pelo O Globo.
Ainda tem uma série de pontos que eu levo em consideração, um deles é uma comparação bem simples. Acompanhem.
Os EUA são bastante "armados" e tem toda aquela cultura de uso de armas que vemos em filmes, etc... E ironicamente, mesmo supostamente sabendo usa-las, a reação contra um criminoso através do uso de uma arma de fogo aumenta 185 vezes a chance da pessoa que reage sair mal da situação. No Brasil existe lógica para isso ser diferente? Ou os bandidos estadunidenses são melhores e mais habilidosos que os nossos?
Novamente, não estou inventando dados: Donna L. Hoyert: "Deaths: Final Data for 1999" e dados do FBI da seção de "Homicide Report". Ainda: Hemenway em "Survey Research and Self-defense Gun Use".
Claro, tem os dados brasileiros do ISER que são similares, mas alguns não dão crédito, etc...
Ainda quero comentar sobre o Sofisma:
"querem desarmar o cidadão e deixar os bandidos armados".
A primeira premissa é verdadeira, a intenção do Estatuto é desarmar o cidadão sim. Mas a segunda parte é tacanha. A maioria dos artigos do Estatuto do Desarmamento procura dar meios e obrigações as Forças de defesa pública para que elas tenham mais poder combativo em relação ao tráfico de armas, entre outras coisas.
O uso da Frase correta seria:
o desarmamento dará mais segurança aos lares, e a implementação do Estatuto mais insegurança aos criminosos.
São duas ações distintas em sua gênese mas que se complementam e podem como consequência de sua prática ajudar uma a outra, como a referência ao combate a fonte legal de armas que sofrem um processo de "ilicitação" que tantas vezes foi citado nesse tópico.
Dados citados do Small Arms Survey ou ainda do Instituto de Segurança Pública podem nos dar ainda mais luz antes de dizer que é balela afirmar que o roubo de armas legais não abastece a bandidagem. Até porque no Rio, segundo essas fontes, a cada 5 horas uma arma legal muda de mãos.
Ignorar essa pequena frente de idéias com o intuito de dizer que o Estado não está apto a dar segurança é incoerente, na minha opinião. Isso é sintoma de um povo acomodado. A coerência estaria na ação de exigir do Estado que faça a sua parte, exigir que cada unidade da federação também faça a sua e que eu, como cidadão de bem, não seja forçado a pensar que através dessa falsa impressão de que a arma defende sem aumentar riscos acabe agindo como um legislador e juiz daquele que de alguma maneira está em estado de marginalização.
Fala-se também em gastos com o Referendo, mas votar Não significa "continuar na mesma". Continuar na mesma significa continuar gastando o nosso $$$ em Saúde pública com as vítimas de Armas de Fogo, não é algo contraditório? Posso garantir que os dados do Datasus apontam para um número exorbitante de dinheiro que poderia ser melhor empregado.
Enfim, mesmo superficial perante o montante de argumentos e contra-argumentos, aí está a minha visão e interpretação pessoal da coisa.
Entre prós e contras, dia 23, eu vou votar Sim e com a consciência tranquila de quem buscou informação antes de tomar qualquer decisão a respeito.