Ótimo! Vomite, então, seu preconceito e desconhecimento longe... bem longe daqui...
Fica para outra pessoa responder sua pergunta...
(Acho meio falho responder questões sobre um sistema a partir de outro que o condena.... pq teria que responder a partir da filosofia? ela dá maior credibilidade ao tema? Não preciso desse aval...)
Nem eu preciso da teologia para ter fé em Deus. Mas ela é útil, interessante e muito me agrada. Vejamos:
Se eu puder considerar a relação sujeito-objeto como conhecimento, para falar em apreensão do último pelo primeiro em forma, pelo menos, posso chamar a magia de conhecimento?
Óbvio está que necessita de muito estudo e treino, como você disse, Daisy. Isso me faz pensar em contemplação e meditação. Não nos sentidos cristãos e/ou budistas, mas em termos mais objetivos, se possível. Um treinamento de volta para si, de retorno a um Eu mais profundo e muito menos subjetivo, um Eu que se impõe no mundo como Ente criador e mantenedor da Vida. Que vida? Não minha vida tomada pela ótica hodierna, contemporânea de realização de desejos carnais, consumistas, depravação moral e sexual.
Distinção prima: como pagão, não me obrigava a considerar libertinagem como depravação, mas assim a considerava se não associada a uma espiritualidade forte, vibrante,
simbólica. Simbólica tem a ver não com uma língua de signos, mas como uma procura pela outra metade, um encontro com meu Eu a partir de algo que não seja Eu. Como? Porque todos os seres estão ligados pelo amor, nem é amor sexual, natural, nem comum por laços (sangue, tribo, país, raça, religião), mas amor através do Eu.
Essa relação simbólica, a procura do meu Eu no que não seja eu mesmo (eu individual, eu enquanto ser do mundo material, homem, mesmo o Caio com toda a sua personalidade, atividade e pensamento prático) é o que os cristãos chamam de fé e os pagãos de magia. De que forma?
O leigo se engana com o cristão quando pensa em fé como puro 'creio' em uma lenda, história ou sacramentos. Há compromisso, busca do Eu em Deus, porque o cristão tem um atalho: sua fé, sua busca por seu Eu, está radicada na busca em Deus e ele a consegue pela fé eclesial, diferente da fé pessoal que só é misticismo barato, busca do Eu em uma filosofia que é pessoal, individual. Querendo ou não, essa é a natureza do pensar filosófico.
A fé eclesial, por outro lado, é uma reunião de pessoas que buscam seu Eu nas outras através da fé e do amor, alimentados pela esperança na vida eterna, que é, ao mesmo tempo, antinatural enquanto localizada fora da natureza animal do homem e naturalíssima, por ser gênese da natureza espiritual dele, uma busca de sua Natureza através do mergulho em si mesmo. O atalho cristão é a realização dessa 'viagem' pela via eclesial, grupal, pela via da comunhão entre os fiéis, sacerdotes, pastores, Igrejas, Sés. Essa comunhão é representada, atualizada e realizada pela Eucaristia.
Chega de cristianismo agora.
O leigo se engana com o pagão quando pensa que ele adere indefectivelmente a uma mitologia morta, um conjunto de práticas nada dogmáticas (o que é verdade) mas cheias de uma ritualística vazia. Quão pouco o cristão conhece do paganismo para considerá-lo inferior! Ainda que admitem a plenitude, maior sacralidade do Eu em Cristo, deveriam ver no paganismo uma religião mais crística que o hinduísmo, tão respeitado graças à grande mídia global e suas novelas exageradas. Aqui o atalho é árduo, mas muito curto! Fácil de se perder, pois não há garantia de repouso, de descanso na busca do Eu pagão. Esse Eu é buscado através de uma riquíssima simbologia, busca de Si enquanto elo espiritual em relação íntima com o Sagrado, com Mãe-terra ou com os Deuses, imanentes no mundo. Riquíssima simbologia, caminho ao divino, por que? Tanto a wicca como os paganismos hodiernos reconstrutivistas prezam a superioridade do espírito sobre a matéria, mas a matéria não é desprezada como pelos cristãos, é valorizada como verdadeiro symbolon, elo de fato, caminho de encontro ao Eu, esse Eu que nos encontra com Deus, que é, para o pagão, a sua própria imanência no Mundo, mundo que é o verdadeiro divino em sua essência ou pela onipotência caridosa de Gaia e/ou pelo equilíbrio imanêntico e natural do Mundo enquanto espelho e essência das divindades, a beleza de um rio expressa como a beleza de uma deusa, escondida pelas águas. Nada espiritual é superior ao material porque ambos são uma coisa só! Daí pra relativizar o Bem e o Mal é um pulo ou seria o platonismo doentio cristão o responsável pela moralidade excessiva e pelo superioridade do espírito, a obsessiva preocupação com o racionalismo, com o espírito filosófico?
Mas há ética no paganismo? Humana ou divina? Se for humana, não o torna falso? Se for divina, não é algo muito cristão? De forma alguma, pois o equilíbrio pagão é mais que uma convenção, é a metafísica pura da relação eterna do eu humano com o Eu Divino. Essa relação é pessoal, e contém traços eclesiais, grupais hoje em dia, o que é muito positivo do ponto de vista ético-espiritual, mas é eminentemente indivdual. Por isso, é muito mais perigoso perder-se mas a essa relação que os cristãos chamam de fé, os pagãos chamam de magia. Esse simbolismo todo, não é ritualística vazia, é a Eucaristia pagã: representação, atualização e realização. O feitiço é um desses sinais. Se o equilíbrio é quebrado em favor de uma manipulação ampla, se quebra a ética, a alma pagã, o equlíbrio morre e o eu individual se corrompe. Como com os cristãos.