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Roverandom e as crianças

Pequei para ler dois contos infantis escritos pelo Mestre: Roverandom e Mestre Gil de Ham. O segundo eu já tinha lido na biblioteca da escola antes de comprá-lo. Roverandom não. O que foi uma surpresa.

Entre as várias versões da história do cãozinho Rover, estão muitas referências ao legendarium, ou às lendas do que hoje chamamos de Silmarillion como quando a baleia Uin (provavelmente referente a Uinen, esposa de Ossë e regente das ondas) mostra a Roverandom o caminho para as Ilhas Encantadas, além dos Mares Sombrios, de onde se pode ver as baias de Casadelfos. Existem indicações ade Gandalf quando somos apresentados aos três grandes magos: Artaxerxes, Psamatos e, claro, o Homem-da-Lua.
Outras dessas existem...

Mas não quero em desviar. Eu me desencantei quase totalmente das abordagens filosóficas do mundo, com exceção certa de Marx e Nietzsche. E é baseado na noção do ideal do homem-criança, sempre criativo e rindo de suas desgraças sem lamentá-las ou desejá-las, sem niilismo hipócrita, que me senti novamente criança.


Explico o que quero dizer: é uma história recheada de referências, não só da mitologia de Tolkien, mas também de inúmeros elemntos da cultura européia do século XIX e começo dos XX, da cultura medieval nórdica, anglo-saxã e até críticas a turistas porcalhões visitando Gales, em Snowdonia, além de defesa do meio ambiente durante as viagens de Rover.

O que mais me impressiona é a simplicidade, não com um sneso de humor camponês como vemos em Mestre Gil, mas um humor infantil e inteligente, para crianças e adultos. Eu parei para refletir um pouco sobre como a globalização afetou a mentalidade de nossas crianças.

Como eram as crianças no tempo de Tolkien? Falo da criança inglesa, culta e simples, inteligente e criança memso, não esses pequenos adultos que a indústria criou...isso me deixa mais pra baixo que a morte do MJ.
 
Última edição por um moderador:
Criança é criança desde a antiguidade até os dias atuais. A questão é que nós mesmos (sociedade) estamos retirando um pouco do encantamento de ser criança.

Vou dar um exemplo mas acho que estou fugindo um pouco do assunto. Crianças atuais pensam em nintendo 64, shoppings centers, celulares, entretenimentos via computadores e esquecem de ser o que são; crianças. É só deixar uma criança longe de todos esses recursos e possibilidades de hoje para ver como que vivenciariam a infancia como Tolkien viveu, cheia de mistérios, encanto, magia, o lúdico. Mas não que as crianças de hoje possuem isso, mas é muito artificial e passa mais rápido do que antes.

Bom, é isso....
 
Nossa que interessante!
Eu sou tão iguinorante que nem sabia que Tolkien havia publicado livros infantis.
Quanto mais eu fuço no forum mais eu aprendo, por isso que eu amo esse lugar!
 
Criança é criança desde a antiguidade até os dias atuais. A questão é que nós mesmos (sociedade) estamos retirando um pouco do encantamento de ser criança.

Vou dar um exemplo mas acho que estou fugindo um pouco do assunto. Crianças atuais pensam em nintendo 64, shoppings centers, celulares, entretenimentos via computadores e esquecem de ser o que são; crianças. É só deixar uma criança longe de todos esses recursos e possibilidades de hoje para ver como que vivenciariam a infancia como Tolkien viveu, cheia de mistérios, encanto, magia, o lúdico. Mas não que as crianças de hoje possuem isso, mas é muito artificial e passa mais rápido do que antes.

Bom, é isso....

Concordo com você, mas sabe eu me encantei demais com os livros, são belos em uma medida especial, simples, agradáveis de ler, não pude deixar de comentar. Ser criança hoje, como você disse, não tem encanto, mas já foi diferente...

Nossa que interessante!
Eu sou tão iguinorante que nem sabia que Tolkien havia publicado livros infantis.
Quanto mais eu fuço no forum mais eu aprendo, por isso que eu amo esse lugar!

O mais legal é que este, assim como Mestre Gil, é baseada em histórias que ele contava aos filhos.
 
E as vezes é pelo fato de muitas crianças de hoje não estarem passando por uma infância plena é que podem no futuro quando estiverem adultos cometerem crimes e atitudes infantis pelo simples fato de não terem passado pela infância, ou pela ordem natural das coisas.

Isso é muito comum em várias classes sociais.

Tolkien foi um privilegiado pois vivenciou uma infância diferente da que assistimos hoje com nossas crianças.

Esses livros Roverandom e Mestre Gil são boas ferramentas para iluminar o imaginário infantil.
 
O mais legal é que este, assim como Mestre Gil, é baseada em histórias que ele contava aos filhos.
Muitas dos livros do professor começaram assim, como uma maneira de entreter seus filhos. É o caso dos dois citados neste tópico, Roverendom e Mestre Gil, além de As Cartas de Papai Noel, As Aventuras de Bombadil e o próprio O Hobbit. Além de outros.

Realmente é revoltante ver como a infância é maltratada hoje em dia. Os antigos livros infantis, como é o caso da obra de Tolkien, Lewis e tantos outros, até mais antigos que eles, não subestimavam as crianças e ainda abriam a elas um mundo novo, davam-lhes a capacidade de sonhar. Não eram didáticos. Eram para a vida.

Hoje o entretenimento voltado à infância se baseia no aprendizado do B-A-BA. Basta ver os Telletubes e seus genéricos, sempre cheios de brincadeiras "didáticas".

O pior de tudo é que os adultos criados assim consideram muitos livros e fábulas como coisas infantis pelo simples fato de contar animais e coisas falantes, além de serem de fantasia. Mas o fato é que esses adultos não compreendem a história contada e acabam por achar besteira.

Já vi muitos adultos dizendo que as fábulas de Esopo e Da Vinci são coisas de criança. Cara, ultimamente, com a mentalidade que tenho visto à minha volta, nem as Crônicas de Lewis eu tenho achado infantis.

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Edit.: Desculpa ter fugido do assunto, é que ainda não li Roverendom.

Edit.2: Um bom texto para quem se interessa por literatura infantil é o "Três Maneiras de Escrever para Criannças", do C. S. Lewis! Realmente muito bom!!!
 
Última edição:
E as vezes é pelo fato de muitas crianças de hoje não estarem passando por uma infância plena é que podem no futuro quando estiverem adultos cometerem crimes e atitudes infantis pelo simples fato de não terem passado pela infância, ou pela ordem natural das coisas.

Isso é muito comum em várias classes sociais.

Tolkien foi um privilegiado pois vivenciou uma infância diferente da que assistimos hoje com nossas crianças.

Esses livros Roverandom e Mestre Gil são boas ferramentas para iluminar o imaginário infantil.


Gostei muito da sua opinião, hoje estavamos conversando com uma professora da faculdade essa questão da infância ter sido roubada. Eu tenho os meus 20 e poucos anos, e me acho privilegiada por ter tido uma infância normal. Hoje em dia as crianças tem sido roubadas em quase tudo: na infância, na inocência enfim...Eu acho que livros infantis são maravilhosos; isso me lembra o ultimo capítulo de As Cronicas de Narnia (Volume Unico) em que Lewis fala sobre a melhor forma de se escrever historias infantis.

Sorte daqueles que puderam ter uma infância digna.
 
Sim, Snaga!

Este texto citado no final está no fim do Volume Único de as Crônicas de Nárnia. Realmente, fantásticos. O ensaio do Professor, chamado Sobre Histórias de Fada (Tree and Leaf) também é fantástico. Recomendo.

[ame=http://pt.wikipedia.org/wiki/Tree_and_Leaf]Sobre Histórias de Fada[/ame].
 
Sim, Snaga!

Este texto citado no final está no fim do Volume Único de as Crônicas de Nárnia. Realmente, fantásticos. O ensaio do Professor, chamado Sobre Histórias de Fada (Tree and Leaf) também é fantástico. Recomendo.

Sobre Histórias de Fada.

Para quem não sabe, o Tree and Leaf, traduzido pelo Cisne, pode ser baixado na íntegra e gratuitamente aqui na Valinor. E não é pirataria!!!

Basta clicar aqui e procurar o link com o nome do livro!
Logo abaixo do link tem uma grande explicação do próprio Cisne.
 
Criança é criança desde a antiguidade até os dias atuais. A questão é que nós mesmos (sociedade) estamos retirando um pouco do encantamento de ser criança.



Acho que posso me arriscar a dizer, sem medo de errar, que qualquer historiador discordaria de você. Há diversos historiadores que trabalham com História da Infância. Um exemplo é o trabalho do francês Philippe Ariès, que defende a tese de que já no medievo a criança era tratada como um "Pequeno Adulto". Essa idéia que temos de infância em termos históricos é mais recente do que você imagina.

Eu não acho que a infância foi subtraída às crianças na contemporaneidade. Acredito que houve uma mudança de foco, sim. Estruturas socioculturais mudam. O importante é contextualizar. Roverandom e Mestre Gil de Ham foram escritos em um contexto diferente, e trabalha com as concepções inerentes ao seu tempo.
 
Acho que posso me arriscar a dizer, sem medo de errar, que qualquer historiador discordaria de você. Há diversos historiadores que trabalham com História da Infância. Um exemplo é o trabalho do francês Philippe Ariès, que defende a tese de que já no medievo a criança era tratada como um "Pequeno Adulto". Essa idéia que temos de infância em termos históricos é mais recente do que você imagina.

Eu não acho que a infância foi subtraída às crianças na contemporaneidade. Acredito que houve uma mudança de foco, sim. Estruturas socioculturais mudam. O importante é contextualizar. Roverandom e Mestre Gil de Ham foram escritos em um contexto diferente, e trabalha com as concepções inerentes ao seu tempo.
Mas você concorda que o entretenimento infantil de antes era mais inteligente que o de agora, não concorda?
Basta comparar os antigos jogos de tabuleiro (War, Jogo da Vida, Banco Imobiliário) com os video-games de hoje.
Ou os livros infanto-juvenis (Nárnia, Hobbit etc) com Xuxa, Telletubes e cia.
 
Basta comparar os desenhos animados: Enquanto eu cresci vendo Pingu, Pequeno Urso e outros desenhos, am, digamos, cult, e vocês cresceram vendo Caverna do Dragão, talvez?, a criançada de hoje assiste séries pré-adolescentes REPLETAS de mensagens e desenhos MAIS violentos do que os antigos.
 
Mas você concorda que o entretenimento infantil de antes era mais inteligente que o de agora, não concorda?
Basta comparar os antigos jogos de tabuleiro (War, Jogo da Vida, Banco Imobiliário) com os video-games de hoje.
Ou os livros infanto-juvenis (Nárnia, Hobbit etc) com Xuxa, Telletubes e cia.

Do meu ponto de vista sim... :yep:
Mas isso é questão de opinião... e também de "geração" (nossa, me senti tão velho agora :mrgreen:)...
 
Eu imagino que na época de Tolkien as crianças viviam num contexto de organização e unidade famíliar menos mutável.

Para a sociedade o ideal do bom cidadão era estreito para se alcançar e as crianças seguiam em grande parte a força da influência dos antepassados. Um filho de sapateiro possuía pouca mobilidade e tinha grandes chances de se transformar em sapateiro e a profissão nunca desapareceria, nem ele precisaria mudar num mundo que pouco relutava em alterar. Os que tinham talento mudaram essa perspectiva do homem.

Hoje, com o mundo aumentando a velocidade de transformação e profissões desaparecendo, famílias possuem núcleos diversos e outras habilidades foram despertadas para que essa geração também contribua com a evolução.

A responsabilidade por sua própria vida tem sido cada vez mais colocada nas mãos do homem. Ele terá cada vez mais ferramentas para alterar seu próprio corpo para o bem ou para o mal e isso pesará enquanto durarem os períodos instáveis dessa civilização.

O mundo está se tornando mais diverso e mais lúdico, com superfícies de estética mais femininas e dessa combinação de ferramentas as crianças precisarão achar uma maneira de se integrar com o que as cerca sem perderem o discernimento e sem esquecerem aquilo que elas foram e que ainda podem ser.

Nas religiões antigas existe o conceito curioso de lapsarianismo. Nele as gerações que se seguiam a partir da queda no paraíso sempre eram menos perfeitas que as anteriores até que em uma determinada data no futuro tudo culminaria no apocalipse ou fim dos tempos.

Eu faço uma interpretação mais realista desse conceito e penso que o fim dos tempos é na verdade a queda de algumas coisas e o nascimento de outras. Um mundo que ainda não vimos nasce e o mundo que conhecemos desaparece.
 
Gostei bastante da obra Roverandom quando a lí.

Excelente história, divertida e que prende a nossa atenção para sabermos logo após cada capítulo, o que vai acontecer com o cãozinho Rover.

História totalmente apropriada para eu contar ao meu filho na sua hora de dormir.
 
Mas você concorda que o entretenimento infantil de antes era mais inteligente que o de agora, não concorda?
Basta comparar os antigos jogos de tabuleiro (War, Jogo da Vida, Banco Imobiliário) com os video-games de hoje.
Ou os livros infanto-juvenis (Nárnia, Hobbit etc) com Xuxa, Telletubes e cia.

A questão é que o que é bom permanece e o lixo é gradualmente esquecido (com excessão da Xuxa que é ruim demais e já está a mais de 20 anos no ar), e temos uma tendencia de dizer que antigamente era melhor. E não era. Tinha coisas mais legais e outras péssimas.

Esse didatismos e esse tratar criança como retardado sempre houve. Se você ler Os Contos de Badley, o Bardo da JK vai ver uma linda tirada de sarro que ela faz com esse tipo de escritor.

Conheço muitos pré adolescentes que jogam War, que volta e meia lança novas edições.

Vila Séssamo e Castelo Ra Tim Bum, ou o Ratimbum que veio antes do Castelo mesmo, são programas didáticos mas que são realmente divertidos e são de épocas diferentes.

Eu gosto muito mais de Padrinhos Mágicos do que do Pica-Pau.

E novos livros para alimentar a imaginação existem sim. Artemis Fowl, Harry Potter, A Sétima Torre são alguns exemplos.

Sem contar os antigos e eternos que você citou, e aos quais eu acrescentaria pelo menos Monteiro Lobato e os contos de Grimm.

A literatura brasileira para crianças ou adolescentes eu não tenho acompanhado muito. Os poucos livros que eu li tinham aquele defeito de excesso de didatismo de ser politicamente correto (o que é uma me... e não ensina nada de bom, na verdade ensina a PARECER bom). Então se existe algo realmente legal que seja novo e escrito em português eu amaria que alguém citasse.

Eu li muita coisa sobre teatro, e há uma observação de uma ator (o problema é que como eu lia muito eu esqueci quem falou :roll:) sobre a arte de representar para crianças que pode ser estendida para a arte de escrever para crianças.

Esse ator dizia que representar para crianças é como representar para adultos, só que você tem de ser ainda mais realista no papel, porque o público é mais atento e exigente.

Tolkien, Lobato, Rowling, Eoin Colfer e muitos outros entendem isso. Mas a maioria, em qualquer época, não.
 
Como eram as crianças no tempo de Tolkien? Falo da criança inglesa, culta e simples, inteligente e criança memso, não esses pequenos adultos que a indústria criou...isso me deixa mais pra baixo que a morte do MJ.

Um dos posts comenta que a infância como a conhecemos/idealizamos é muito recente, que a idéia de criança-adulto na verdade não é novidade.

Os filhos de Tolkien, pode-se dizer que são as crianças de novos-ricos. Camponeses depois que seus filhos deixam as características de bebês, fazem seus filhos puxarem enxada, e donos de impérios estáveis não paparicam nem protegem demasiadamente seus filhos.

Claro que não é de todo ruim o ato de proteger a prole. Todo animal faz isso.

E "brincar" hoje em dia não é visto como perda de tempo, mas uma ferramenta lúdica útil até mesmo para adultos.

Uma amiga uma vez comentou que estamos em tempos de mudança e portanto difíceis. O papel do homem, da mulher, e como criar os filhos não é tão claro como antigamente. Na verdade, nunca foi fácil criar crianças, e como disse Freud a uma mãe preocupada com a forma de criar seus filhos:

"Não se preocupe, minha senhora. Não importa o que faça, vai errar"
 

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