Agora quanto ao bom e velho Denethor, filho de Echtelion, Senhor e Regente de Gondor... A frase diz por si só, ele não era apenas o Regente de Gondor, como foi Mardil Voronwé, (o último Regente a de fato ter um Rei) bem como o último a adotar seu nome em Quenya, Denethor era nada menos que que o 26º Regente Governante de Gondor. Por 25 gerações antes de Denethor II os Regentes haviam governado Gondor e acreditem quando eu digo, cada um desses Regentes enfureceu particularmente Denethor, incluindo seu pai Echtelion e qual a importância ou o motivo disso? Muito simples, eles eram Regentes e não Reis, alguns podem achar precipitado esse comentário, mas acredito firmemente que não é. Partamos do seguinte comentário de Faramir, que, apesar de ser feito em relação a Boromir, não deixa de ter seus reflexos originários em Denethor:
O Senhor dos Anéis As Duas Torres disse:
Nós da minha casa não somos da linhagem de Elendil, embora o sangue de Númenor corra em nossas veias. Sabemos que nossa linhagem remonta a Mardíl, o bom regente, que governou no lugar do rei quando este foi para a guerra. E este era o Rei Eãmur, o último da linhagem de Anárion, que não tinha filhos e jamais retornou. E os regentes têm governado a cidade desde esse dia, embora isso tenha acontecido há muitas gerações de homens.
— E disso eu me lembro a respeito de Boromir, quando ele era um menino e nós dois juntos aprendíamos a história de nossos antepassados e de nossa cidade: ele era um eterno insatisfeito com o fato de nosso pai não ser rei. “Quanto tempo leva para que um regente se torne um rei, se o rei não retornar?”, perguntava ele. “Alguns anos, talvez, em outros lugares de menor realeza”, meu pai respondia. “Em Gondor dez mil anos não seriam suficientes.” Ai de mim! Pobre Boromir. Isso não lhe diz algo sobre ele?
Realmente nos diz algo e não somente sobre ele...Denethor tinha realeza, força, e o sangue de Númenor corria em suas veias e ainda assim ele era “apenas” o Regente de Gondor e não seu Rei. Mas por muito tempo ele não se importou com isso, sendo senhor de seu domínio, “politicando” como muito bem colocou-se nos posts anteriores, mas sobretudo Denethor é em um ponto muito específico um reflexo do próprio Tolkien que desgostava profundamente de mudanças.
Não foi ele (Denethor) que construiu o Reino de Gondor, não foi ele quem definiu suas fronteiras, por certo que ele as teria aumentado, mas ainda assim, Denethor era um homem de grande força física e mental, e enxergava muito além de seu tempo. Viu que o coração de seu filho mais novo não era inteiramente (somente) seu, algo que simplesmente não pode suportar, principalmente pelas diferenças entre Boromir e Faramir, percebia com clareza o coração dos homens como bem o diz Gandalf:
O Senhor dos Anéis o Retorno do Rei disse:
— Ele não é como os outros homens de sua época, Pippin, e, qualquer que seja sua descendência de pai para filho, por algum acaso o sangue que corre em suas veias é praticamente o sangue legítimo do Ponente; como também o que corre nas veias de seu outro filho, Faramir, e apesar disso não corria nas de Boromir, a quem ele amava mais. Ele tem uma visão aguda. Pode perceber, se forçar sua vontade, muito do que se passa nas mentes dos homens, mesmo daqueles que moram em lugares distantes. É difícil enganá-lo, e perigoso tentar.
O Senhor dos Anéis o Retorno do Rei disse:
— Nada de errado? — gritou Denethor, e seus olhos de repente faiscaram. — Por que está perguntando? Os homens estavam sob o seu comando. Ou será que você quer saber o que penso sobre todos os seus atos? Na minha presença, sua postura é humilde; apesar disso, faz tempo que você não se desvia de seu próprio caminho a conselho meu. Veja, você falou com habilidade, como sempre; mas eu, então, não vi seu olho fixo em Mithrandir, procurando saber se você falou bem ou demais? Faz tempo que seu coração lhe pertence. Meu filho, seu pai está velho, mas não está decrépito. Consigo ver e ouvir, como sempre foi meu hábito; e pouco do que você deixou de dizer ou disse com meias palavras é segredo para mim. Agora conheço a resposta para vários enigmas. Lamento, lamento por Boromir!
— Se o que fiz lhe desagrada, meu pai — disse Faramir numa voz suave —, gostaria de ter sabido a sua opinião antes que o fardo de uma decisão tão dificil fosse jogado em minhas costas.
— E isso faria com que você alterasse a sua decisão? – disse Denethor.
— Você teria agido da mesma forma, julgo eu. Conheço-o bem. Seu desejo é parecer sempre nobre e generoso como um rei de antigamente, bondoso, gentil. Essas qualidades servem para alguém de sangue nobre, se essa pessoa detiver o poder em tempos de paz. Mas nas horas de desespero a recompensa pela gentileza pode ser a morte.
— Então, que assim seja! — disse Faramir.
— Que assim seja! — gritou Denethor. — Mas não se trata apenas da sua morte, Senhor Faramir: também da morte de seu pai, e de todo o seu povo, que você deve proteger agora que Boromir partiu.
— Gostaria então — disse Faramir — que nossos lugares tivessem sido trocados?
— Sim, realmente gostaria — disse Denethor. — Pois Boromir era fiel a mim, e não era pupilo de nenhum mago. Teria pensado na necessidade de seu pai, e não teria jogado fora o que lhe fosse oferecido pela sorte. Ele me teria trazido um presente valioso.
Por um momento, Faramir perdeu o controle.
— Eu lhe pediria, meu pai, que se lembrasse do motivo pelo qual eu, e não ele, estava em Ithilien. Pelo menos em uma ocasião o seu desejo prevaleceu, não muito tempo atrás. Foi o Senhor da Cidade que lhe designou a missão.
— Não remexa o amargor da taça que preparei para mim mesmo — disse Denethor. — Já não o provei por muitas noites em minha boca, pressentindo que um sabor ainda pior estava no fundo? Como realmente percebo agora. Gostaria que não tivesse sido assim! Gostaria que aquela coisa tivesse chegado até mim!
Soube das forças se juntando contra ele em Mordor e teve medo, não da morte ou do sofrimento, mas sim como o Eädsohn disse de perder seu poder. Denethor teve medo da mudança, medo, que posteriormente se transformou em ódio, e ele odiou tanto o Leste quanto o Oeste, à sua maneira Denethor recusou sua função e quis mais, quis em um tempo de mudanças manter o que sempre havia sido (entendam sempre como o tempo de vida dele próprio), recusou-se a entregar o cargo para o Rei que ele sabia legítimo (juridicamente falando), mas que ele acreditava ser inferior.
Eu muito poderia me alongar abordando aspectos que acredito sejam significativos da personalidade de Denethor, no entanto isso faria desse post imensamente mais longo do que já vai ficar e por isso eu já peço desculpas a vocês. Um dos últimos pontos que eu gostaria de ressaltar em relação a Denethor e em sua relação com Gandalf. Como deveria um Senhor dos Homens, orgulhoso como sabemos que Denethor o era, se portar diante de alguém que, além de infinitamente mais velho, sabe-se mais poderoso e sábio? Bom, ou reconhece-se tal poder como o fez Húrin perante Melian, ou então segue-se a linha que Ar-Pharazôn adotou, cresce-se em orgulho e em tolice. Infelizmente por suas “politicagens” Denethor acreditou que também Gandalf assim o era, e vemos nesse caso em que se assemelham Denethor e Sauron, incapazes que são de se abstrair de sua visão de mundo.
O Senhor dos Anéis o Retorno do Rei disse:
A porta se abriu, mas não se viu ninguém abrindo-a. Pippin divisou um grande salão. Era iluminado por janelas profundas ao longo dos amplos corredores dos dois lados, atrás das fileiras de altos pilares que sustentavam o teto.
Monolitos de mármore negro, eles se erguiam até grandes capitéis esculpidos na forma de muitas figuras estranhas de animais e folhas: bem acima, na sombra, a ampla abóbada reluzia num ouro pálido, combinado com esculturas de muitas cores. Não havia nada pendurado, nem tapetes mostrando cenas de histórias, nem objetos tecidos ou de madeira. naquele longo salão solene; mas entre os pilares erguia-se um exército de altas imagens gravadas na pedra fria.
De repente Pippin lembrou-se das rochas esculpidas dos Argonath, e ficou tomado de admiração, olhando aquela avenida de reis há muito mortos. Na extremidade, sobre uma plataforma de muitos degraus, erguia-se um trono alto sob um dossel de mármore, que tinha a forma de um elmo coroado. Atrás dele, gravada na parede e adornada com pedras, via-se a imagem de uma árvore em flor. Mas o trono estava vazio. Ao pé da plataforma, sobre o degrau inferior, que era largo e profundo, havia uma cadeira de pedra preta e sem adornos, e nela estava sentado um velho que olhava para o próprio colo. Em sua mão via-se um bastão branco com um botão de ouro. Não ergueu os olhos. Solenemente os dois caminharam pelo longo piso na direção dele, até ficarem a três passos de seu escabelo. Então Gandalf falou.
— Salve, Senhor e Regente de Minas Tirith, Denethor, filho de Ecthelion! Venho com conselhos e notícias nesta hora escura...
Então o velho ergueu os olhos. Pippin viu seu rosto esculpido, com ossos salientes e pele de marfim, com o longo nariz adunco entre os olhos escuros e profundos, que o fizeram lembrar-se mais de Aragorn que de Boromir.
— Realmente a hora é escura disse o velho —, e nessas horas espera-se a sua chegada, Mithrandir. Mas, embora todos os sinais prenunciem que o fim de Gondor se aproxima, menor para mim agora é essa treva que a minha própria treva.
Percebemos logo de inicio a importância do fato do Trono estar vazio, e também logo cedo Denethor “alfineta” Gandalf, claramente fazendo coro às palavras de Língua de Cobra. Continuemos então, pois pra mim é um dos embates mais memoráveis do Legendarium e é sem dúvida o mais longo.
O Senhor dos Anéis o Retorno do Rei disse:
— Tragam vinho, comida e cadeiras para os convidados – disse Denethor — e cuidem para que ninguém nos incomode pelo período de uma hora.
— É todo o tempo de que disponho, pois há muito mais coisas a fazer disse ele a Gandalf. — Muitas e mais importantes, pode parecer, e apesar disso para mim são menos urgentes. Mas talvez possamos conversar outra vez no fim do dia.
— E mais cedo, deve-se esperar — disse Gandalf — Pois eu não vim de Isengard até aqui, ao longo de cento e cinquenta léguas, na velocidade do vento, apenas para trazer-lhe um pequeno guerreiro, por mais cortês que ele seja. Não significa nada para você o fato de Théoden ter lutado numa grande batalha, e Isengard estar derrotada, e eu ter quebrado o cajado de Saruman?
— Significa muito. Mas já sei o suficiente sobre esses feitos para fazer meus próprios planos contra a ameaça do leste. — Voltou os olhos escuros para Gandalf, e agora Pippin percebia uma semelhança entre os dois, e sentia a tensão entre eles, quase como se visse uma linha de fogo latente traçada de olho a olho, que poderia de repente explodir em chamas.
Na verdade, Denethor se assemelhava muito mais a um grande mago que Gandalf, com mais realeza, mais beleza, mais poder e mais idade.
Apesar disso um sentido em Pippin, que não era a visão, percebia que Gandalf tinha o poder maior, e a sabedoria mais profunda, e uma majestade velada. E era mais velho, muito mais velho.
"Quanto mais velho?", perguntou-se ele, e então pensou como era estranho nunca ter pensado nisso antes. Barbárvore dissera algo sobre os magos, mas mesmo naquele momento ele não pensara em Gandalf como um deles, O que era Gandalf? Em que lugar e época distantes surgira no mundo, e quando o deixaria? Então suas meditações foram interrompidas, e ele viu que Denethor e Gandalf ainda estavam se olhando, olhos nos olhos, como se estivessem lendo a mente um do outro.
Mas foi Denethor quem desviou o olhar primeiro.
— Sim — disse ele —, pois, embora as Pedras estejam perdidas, pelo que dizem, ainda os senhores de Gondor têm um olhar mais agudo que os homens inferiores, e muitas mensagens chegam a eles. Mas sentem-se agora! ...
... — Conduzam o Senhor Mithrandir ao alojamento preparado para ele — disse Denethor — e seu companheiro poderá se alojar com ele por enquanto, se quiser. Que seja divulgado que agora eu o tomei sob juramento a meu serviço, e ele deverá ser conhecido como Peregrin, filho de Paladin, e terá direito a aprender as senhas inferiores. Enviem ordens aos Capitães dizendo que devem me encontrar aqui, o mais cedo possível depois do soar da terceira hora.
— E você, meu Senhor Mithrandir, deverá vir também, como e quando quiser. Ninguém impedirá que venha até mim a qualquer hora, com exceção das minhas breves horas de sono. Deixe que a ira que sente em relação á tolice de um velho se esvaia, e depois retorne para meu consolo.
— Tolice? — disse Gandalf. — Não, meu senhor; quando for um parvo estará morto. Pode mesmo usar sua tristeza como um disfarce. Pensa que não entendo seu propósito em interrogar por uma hora alguém que sabe o mínimo, enquanto eu fico sentado observando?
— Se entende, então fique feliz — respondeu Denethor. – O orgulho seria tolice, se desdenhasse ajuda e aconselhamento na necessidade, mas você distribui essas dádivas de acordo com seus próprios desígnios. Apesar disso, o Senhor de Gondor não deve ser transformado na ferramenta dos propósitos de outros homens, não importa quanto sejam valorosos. E para ele não há propósito mais alto no mundo, como ele se apresenta agora, do que o bem de Gondor; e a lei de Gondor, meu senhor, é minha e de nenhum outro homem, a não ser que o rei retorne.
— A não ser que o rei retorne? — disse Gandalf. — Bem, meu senhor Regente, é sua tarefa manter ainda algum reino tendo em vista esse evento, que agora poucos esperam ver. Nessa tarefa terá toda a ajuda que estiver disposto a pedir. Mas vou lhe dizer isto: a lei de nenhum reino é minha, nem a de Gondor nem a de qualquer outro, grande ou pequeno. Mas todas as coisas que correm perigo no mundo como ele agora se apresenta, estas são a minha preocupação E, de minha parte, não terei fracassado inteiramente em minha missão, mesmo que Gondor venha a perecer, se alguma coisa atravessar esta noite e ainda puder crescer bela e dar flores e frutos de novo nos dias vindouros— Pois também sou um regente. Você não sabia? — E com isso virou-se e se afastou do salão, com Pippin correndo ao seu lado.
É apenas um dos embates entre o Senhor de Gondor e O Peregrino Cinzento, mas agora já me alonguei demais, apenas mais uma citação deveras importante e farei minhas conclusões finais.
O Senhor dos Anéis o Retorno do Rei disse:
— Nada de errado? — gritou Denethor, e seus olhos de repente faiscaram. — Por que está perguntando? Os homens estavam sob o seu comando. Ou será que você quer saber o que penso sobre todos os seus atos? Na minha presença, sua postura é humilde; apesar disso, faz tempo que você não se desvia de seu próprio caminho a conselho meu. Veja, você falou com habilidade, como sempre; mas eu, então, não vi seu olho fixo em Mithrandir, procurando saber se você falou bem ou demais? Faz tempo que seu coração lhe pertence. Meu filho, seu pai está velho, mas não está decrépito. Consigo ver e ouvir, como sempre foi meu hábito; e pouco do que você deixou de dizer ou disse com meias palavras é segredo para mim. Agora conheço a resposta para vários enigmas. Lamento, lamento por Boromir!
— Se o que fiz lhe desagrada, meu pai — disse Faramir numa voz suave —, gostaria de ter sabido a sua opinião antes que o fardo de uma decisão tão dificil fosse jogado em minhas costas.
— E isso faria com que você alterasse a sua decisão? – disse Denethor.
— Você teria agido da mesma forma, julgo eu. Conheço-o bem. Seu desejo é parecer sempre nobre e generoso como um rei de antigamente, bondoso, gentil. Essas qualidades servem para alguém de sangue nobre, se essa pessoa detiver o poder em tempos de paz. Mas nas horas de desespero a recompensa pela gentileza pode ser a morte.
— Então, que assim seja! — disse Faramir.
— Que assim seja! — gritou Denethor. — Mas não se trata apenas da sua morte, Senhor Faramir: também da morte de seu pai, e de todo o seu povo, que você deve proteger agora que Boromir partiu.
— Gostaria então — disse Faramir — que nossos lugares tivessem sido trocados?
— Sim, realmente gostaria — disse Denethor. — Pois Boromir era fiel a mim, e não era pupilo de nenhum mago. Teria pensado na necessidade de seu pai, e não teria jogado fora o que lhe fosse oferecido pela sorte. Ele me teria trazido um presente valioso.
Por um momento, Faramir perdeu o controle.
— Eu lhe pediria, meu pai, que se lembrasse do motivo pelo qual eu, e não ele, estava em Ithilien. Pelo menos em uma ocasião o seu desejo prevaleceu, não muito tempo atrás. Foi o Senhor da Cidade que lhe designou a missão.
— Não remexa o amargor da taça que preparei para mim mesmo — disse Denethor. — Já não o provei por muitas noites em minha boca, pressentindo que um sabor ainda pior estava no fundo? Como realmente percebo agora. Gostaria que não tivesse sido assim! Gostaria que aquela coisa tivesse chegado até mim!
— Console-se! — disse Gandalf. — Não havia nenhuma possibilidade de Boromir trazê-la até você. Ele está morto, e morreu de forma nobre; que possa agora descansar em paz! Mas você se engana. Ele teria estendido a mão para essa coisa, e ao tomá-la teria sucumbido. Guardá-la-ia para si mesmo, e retornando não seria reconhecido por seu pai.
O rosto de Denethor se fechou, ficando duro e frio. – Na sua opinião Boromir era menos maleável em suas mãos, não é verdade? — disse ele em voz baixa.
— Mas eu, que era seu pai, digo que ele me teria trazido a coisa. Você talvez seja sábio, Mithrandir, e apesar disso, com todas as sutilezas, você não detém toda a sabedoria. Pode haver planos que não sejam nem as teias dos magos nem a pressa dos tolos. Nesse assunto, tenho mais conhecimento e sabedoria do que você supõe.
— Qual é então a sua sabedoria? — perguntou Gandalf.
— A suficiente para perceber que há duas loucuras que se devem evitar. Usar essa coisa é perigoso. Nesta hora, enviá-la nas mãos de um Pequeno desmiolado para dentro da terra do próprio Inimigo, como você fez, e também este meu filho, isso é sandice.
— E o Senhor Denethor, que teria ele feito?
— Nenhuma das duas coisas. Mas, com toda certeza, por argumento algum teria ele colocado essa coisa num perigo que elimina as esperanças de qualquer um, a não ser que se trate de um tolo, arriscando nossa completa ruína, no caso de o Inimigo recuperar o que perdeu. Não, ela deveria ter sido guardada, escondida, muito bem escondida. Não usada, eu lhe digo, exceto numa extrema necessidade, mas colocada fora do alcance dele, a não ser que ocorresse uma vitória tão decisiva que o que acontecesse depois não nos incomodasse, pois estaríamos mortos.
— Você está pensando, meu senhor, como é seu costume, apenas em Gondor — disse Gandalf. — Apesar disso há outros homens e outras vidas, e outro tempo ainda por vir. E, quanto a mim, condôo-me até dos escravos dele.
— E onde os outros homens poderão buscar socorro, se Gondor cair? — respondeu Denethor. — Se eu tivesse essa coisa agora, nas profundas galerias desta cidadela, não estaríamos tremendo de medo sob esta escuridão, temendo o pior, e nossos planos não estariam sendo ameaçados. Se não confia que eu resista ao teste, você ainda não me conhece.
— Não obstante, não confio em você — disse Gandalf. – Se confiasse, poderia tê-la enviado para cá, a fim de que você a guardasse, poupando-me a mim e a muitos outros de uma grande carga de angústia. E agora, ouvindo-o falar, confiou menos ainda em você, não mais do que confiava em Boromir. Não, contenha sua ira! Não confio nem em mim mesmo nesse assunto, e recusei a coisa, mesmo quando me foi oferecida como um presente. Você é forte e ainda pode se controlar em alguns pontos, Denethor, mas, se tivesse recebido essa coisa, ela o teria derrotado. Se fosse enterrada embaixo das raízes do Mindolluin, ainda assim ela iria continuar queimando sua mente, enquanto cresce a escuridão, e sobrevém coisas ainda piores, que logo nos surpreenderão.
Por um momento, os olhos de Denethor voltaram a brilhar quando se fixaram em Gandalf, e Pippin sentiu mais uma vez a tensão entre as disposições de ambos; mas agora quase parecia que os olhares dos dois eram como lâminas de olho a olho, faiscando à medida que se digladiavam. Pippin tremeu, temendo algum golpe terrível.
Mas de repente Denethor relaxou e ficou frio de novo. Encolheu os ombros.
— Se eu tivesse! Se você tivesse! — disse ele. – Essas palavras e esses "sês" são inúteis. A coisa foi para dentro da Sombra, e agora apenas o tempo mostrará que destino está sendo reservado para ela e para nós. Não demorará muito. No tempo que ainda nos resta, que todos os que lutam contra o Inimigo á sua maneira fiquem unidos, e que mantenham a esperança enquanto puderem, e depois da esperança ainda a coragem de morrer em liberdade.
Aqui percebemos a Queda de Denethor, da mesma maneira que Thingol ao desejar as Silmarils enredou Doriath na Maldição de Mandos, Denethor se condenou quando sucumbiu à seu desespero e vontade de possuir o Anel Governante.
Denethor desde muito cedo apenas aprendeu sua tradição secular, não se importou em sair e ver o mundo, apenas o “mundo dos homens” o interessava, Minas Anor, os Reinados dos Homens, Akalabêth, não sabia, ou não se importava como acredito que tenha ficado demonstrado nos trechos que eu retirei da importância do “resto do mundo”, não tinha como ele se importar com isso da maneira que vamos dizer Gandalf ou Aragorn se importavam, o mundo para Denethor era Gondor e pouco ou nada havia fora disso. É como um filho mimado de pais ricos que não sabe o valor do dinheiro é alguém que mesmo com a sabedoria em nível razoável se deixa levar pelo orgulho e decai.
Denethor desprezava os homens inferiores, não só os estrangeiros como também os homens de Gondor que não possuíam o sangue de Ponente. A comparação entre Denethor e Saruman é exata na medida em que se dá a ela os parâmetros, Denethor e Saruman são personagens de grande poder que decaíram por orgulho acima de tudo...O orgulho é o verdadeiro Senhor do Escuro nas obras de Tolkien, não Sauron, não Melkor, mas não fosse o orgulho, as sementes lançadas por eles seriam infrutíferas. Por isso, Denethor foi humano, o único problema é que para ele o mundo era Gondor, se Gondor cair, pouco importa o resto, mesmo porque praticamente não existe resto e Eädsohn sua analogi foi excelente, em relação a Aragorn principalmente, mas o medo de Denethor em relação ao novo se estende até mesmo a Thorongil vcs se lembram? O orgulho e Denethor não poderia permirtir que ele aprovasse como seu pai fazia o forasteiro que adquiriu renome lutando por Gondor.
Em suma, me desculpem pelo tamanho do post, acredito q eu tenha me perdido em alguns locais ai no meio, espero que a mensagem possa ter sido passada e principalmente que eu não tenha destoado deste maravilhoso tópico.
Boa noite a todos.